segunda-feira, janeiro 31, 2005

Petrae
É aceitável que socialmente escondamos os nossos pecados. A mulher adúltera não deve munir de pedras as mãos dos seus algozes.
Para ser compreendida a natureza humana
Devia ser estudado na escola o grito de Tom Araya no início da canção "Angel Of Death", do álbum "Reign In Blood" dos Slayer.

sexta-feira, janeiro 28, 2005

À mesa com amigos
Cito uma grande frase de João César Monteiro: "Deixa de ser parvo e romancista russo". Ninguém reage. Cabeças vazias. Eu não tenho amigos errados. Eles é que não vêem os filmes certos.
Num quadro branco
Na igreja alguma criança escreveu: "O Deus é o melhor". O cristianismo é cheio de tensões. O petiz aprende que as primeiras começam na gramática.
Precisamos de mais cristãos como estes
"A mãe natureza que me perdoe, mas bem que se pode ir lixar mais as suas árvores e serras e montes e cascatas e penedos e mares e praias e sei lá que mais". Deus também criou o mundo para gente como o meu amigo Paulo.

quinta-feira, janeiro 27, 2005

Bênção ou maldição?
Sou melhor pessoa para comer restos do que grandes repastos.
Moeda
O problema de quem não crê em Deus é estar assistido por uma série de razões. Tão coerentes quanto irrelevantes.
Voltemos a Iscariotes. Judas foi o discípulo mais razoável, na verdadeira acepção do termo. Jesus não cumpriu as aspirações que tinha provocado na maior parte das pessoas. O Messias é incompetente. Por isso os 30 dinheiros são uma justa indemnização. Incluindo danos morais. O segredo está na eternidade. Onde não existe câmbio para a quantia do racional traidor.

quarta-feira, janeiro 26, 2005

Além
Uma mulher de 30 anos vem mostrar-me o que está a ler: um grosso volume de Kardec. O que tem um pobre evangélico como eu a dizer sobre o fundador do Espiritismo? Amavelmente deixo entender que sou desprovido de interesse em falar com os mortos. Fico-me pelos filmes de zombies.
Origens que salvam
Antes de se tornar um chatíssimo defensor dos oprimidos Henry Rollins teve uma grande banda chamada Black Flag.

terça-feira, janeiro 25, 2005

Domingo passado preguei eu
Sobre os quatro homens que carregaram o paralítico até Jesus*. Exortei a congregação a tomá-los como exemplo.
Dar um sermão é uma tarefa curiosa: seria tanto melhor que a audiência se resumisse aos mais viciosos malfeitores - o pregador inflamar-se-ia e as lágrimas correriam satisfeitas pelos rostos dos arrependidos. Mas as coisas só raramente assim são. Os nossos pecadores sendo banais tornam mal-empregues prédicas à Padre António Vieira. Daí a adequação apologética: transportar em macas amigos deficientes já é um bom começo.

* Lucas 5:17-26.
Uma das mais agudas dores
Na vida em sociedade são as pessoas que têm um sentido sindical da existência.

segunda-feira, janeiro 24, 2005

Por que é que os americanos são melhores do que nós?
Porque têm uma palavra que nos faz muita falta: self-righteous.
A minha prateleira de discos
Inauguro uma nova rubrica neste blogue: a minha prateleira de discos. Como tudo o que por aqui se escreve, a coisa é catequista, ensimesmada e até ostensiva.
Ao lado do "Reencontros" do Marco Paulo (o primeiro álbum pós-cancro) segue o "What's Goin' On" do Marvin Gaye. Sim, arrumo tudo por ordem alfabética.

sexta-feira, janeiro 21, 2005

Outra das coisas
Que me afastou do metal em direcção ao punk: as medievalices. Histórias de bruxas agnósticas e bosques em trips de LSD não fazem o meu forte.
Pergunta
Pode uma pessoa que não foi à tropa dançar ao som de "I'm a soldier in the army of the Lord"?

quinta-feira, janeiro 20, 2005

O pecado apenas precisa de um motivo
"When I was kid going to school
It was a big legged woman made me break mama's rule
Oh when I was kid goin' to the public school
It was a big legged teacher made me break my mama's rule
"
(Big Legged Woman de Brownie Mcghee).
O bebé: um quinto de rosto
Quatro quintos de cabeça. Deus divertiu-se muito na Criação.

quarta-feira, janeiro 19, 2005

Os Adidas Superstar fazem 35 anos
Tenho dois pares. Para comprar o primeiro tive de correr Olissipo de norte a sul (em 95 estes meninos eram excentricidades de importação). Encontrei-os ali para a Avenida de Roma. Ainda cumprem. Como dizem os americanos chungas e a minha amiga Patrícia: Respect!
.
Sem predilecções
Deus não faz acepção de pessoas: nem escritores com bronze de solário rejeita. Desde que devidamente arrependidos, claro está.
Um post semi-político
Temos maus católicos. Temos maus protestantes. Temos maus ateus. Temos maus agnósticos. Temos maus machos. Temos maus maricas. Temos más feministas. Temos más fêmeas. Temos maus jornalistas. Temos maus leitores. Temos más estrelas de rock. Temos maus adeptos. Por que haveríamos de ter bons políticos?

terça-feira, janeiro 18, 2005

Iscariotes
Até Judas teria o seu locus amenus. Uma praia secreta onde se sentiria um ser humano mais completo.
Há bandas que são grandes bandas
Por terem gravado o mesmo álbum em todos os seus discos. Os AC/DC são, provavelmente, o exemplo mais flagrante.

segunda-feira, janeiro 17, 2005

Visito uma igreja baptista
Com um organista medonho. Uma mão esquerda que se limita a um acorde para todo o hino. Não há escala maior que suporte tão brutal simplificação. No entanto a congregação parece não incomodar-se. O cântico flui com naturalidade. Eu, o visitante, sou o desestabilizador. A consciência de plasma. O viscoso grilo-falante. O fiscal dos zooms consecutivos. Sossego-me.
O silêncio tem o condão de relativizar a verdade à névoa apropriada.
I was there
Ressentidos não dão boas testemunhas de nada.

sexta-feira, janeiro 14, 2005

Esclarecimento
Da vossa eu não sei mas a minha fé é daquelas que explica às crianças que não existem glutões nas embalagens de Presto, que os almoços do Papa com o Dalai Lama nada têm a ver com religião, e que as pessoas que usam a expressão "eu penso pela minha própria cabeça" são as que mais misericórdia merecem.
Harmonia revisitada
Comprei o "New Jersey" nos usados. Um quarto dos meus anos 80 foram os Bon Jovi e o desejo de eu próprio perpetuar em palco as segundas vozes do Richie Sambora.

quinta-feira, janeiro 13, 2005

Um dos meus maiores defeitos?
Desconfiar das pessoas pela sua aparência. Uma das minhas maiores virtudes? Desconfiar das pessoas pela sua aparência.
Lamento patriótico
Há uma telenovela portuguesa em que uma senhora é má porque maltrata uma criancinha que anda de cadeira-de-rodas.
A seguir
À paz no mundo e ao fim da fome as candidatas a Miss Universo deveriam desejar a extinção dos advérbios de modo. A mim dava-me um jeito desgraçado.

quarta-feira, janeiro 12, 2005

Há pessoas
Que são simpáticas demais para poderem ser credíveis. O eterno sofá onde sentam Deus e o diabo. O templo pode estar a abarrotar de vendilhões que ninguém há-de expulsá-los. O tilintar das moedas já entrou no ritmo dos cânticos.
Bom é que ao conhecer alguém lhe avistemos as boas maneiras e o cabo do chicote. Ficam mais bem feitas as apresentações.
Babas
Ao perguntar ao grupo de jovens que temas gostariam de ver estudados na Escola Dominical uma boa parte exprime ânsias académicas pelo Apocalipse. A Segunda Vinda, as profecias, a Besta, o Armagedão. Estes evangélicozinhos lêem a Bíblia mas salivam mesmo é pelo Nostradamus.

terça-feira, janeiro 11, 2005

Uma ressalva
Passo a vida a lamentar-me mas não quero ser um murmurador. Abomino murmuradores. O murmurador acha sempre que está acima das circunstâncias. O país não o merece. O emprego não o merece. A mulher não o merece. A blogosfera não o merece. O murmurador é como aquele emigrante que volta à pátria trazendo na boca eflúvios reparos. No primeiro lanche no deserto o murmurador lembra Moisés das panelas de carne no Egipto*. Além de ser ex-escravo o murmurador é um chato. E não tem vergonha na cara.

* Êxodo 16:3.
A igreja
Não deve ser um espaço em que qualquer pessoa ao entrar se sinta bem. A igreja deve apelar aos que querem lá estar. O mínimo de respeito que aqueles que não querem lá estar nos merecem é o de não moldarmos a igreja à medida deles. A igreja pertence aos que lá estiveram, aos que estão e aos que hão-de estar. Não aos outros.
A igreja deve ser como um filme do João César Monteiro. Não deve ser atraente para o adepto do Jackie Chan.

segunda-feira, janeiro 10, 2005

Uma noite de Domingo
Ao colocar no DVD um filme de zombies esqueço-me de fazer o culto doméstico (prática razoavelmente generalizada entre os evangélicos que consiste em juntar todo o agregado familiar à volta da mesa para um momento de oração e leitura da Bíblia). No final da película apanho o programa do Francisco José Viegas na RTPN. Os convidados são o Pedro Mexia e o Daniel Oliveira. Fico a ver. Ao falar em preferências bloguísticas o Pedro menciona a Voz do Deserto. O Francisco especifica o meu nome, "Tiago Cavaco". Sofro um tiro de adrenalina. Sigo para a cama inchado pelo meu próprio sopro a caminho do altar (a melhor acusação que me fizeram no ano que passou). Penso em acordar a minha mulher. Não vale a pena. Tenho dificuldade em adormecer. Recordo-me daquela passagem de Lucas 12:20: "Louco! Esta noite te pedirão a alma". Torno-me ridiculamente sensível ao ritmo cardíaco. Adormeço assustado. Mas acordo.
Preferências
É óbvio que prefiro os cristãos que dão o dízimo aos outros.

sexta-feira, janeiro 07, 2005

Vontade de Ano Novo
Eu tenho silenciado os meus lábios sobre matérias políticas (apenas comecei a ler a Spectator há uns meses atrás). Mas o meu desejo para 2005 é que mais velhinhos em cadeiras de rodas levem com mísseis em cima. Por uma questão de rigor, transparência e tomates.
Confissão de sexta-feira
Eu sou tão conservador que a minha filha já nasceu de orelhas furadas.
Uma menina de dez anos
Na igreja pergunta-me se "o Ericsson em cima do orgão" é meu. Não é "o telemóvel em cima do orgão". É "o Ericsson em cima do orgão". A vaidade é uma coisa cruel. Nem as criancinhas poupa.

quinta-feira, janeiro 06, 2005

Nas palhas deitado, nas palhas estendido
Pois. O Jesuzito das palhinhas é provavelmente o mesmo que gosta de ver todos amigos uns dos outros. Os tímidos confundem justiça com bonomia por isso gostam de prender o Cristo à manjedoura. Rico e preguiçoso equívoco.
Repisemos o exemplo dos lares divididos por causa do Messias*: o filho contra pai, o irmão contra o irmão e mesmo, o que mais nos interessa agora, o marido contra a mulher. Suspendam as cópulas que o cristianismo desenha fronteiras até no leito! Sublime religião a minha.

* Mateus 10:21,22; Lucas 12:52,53
Este é um blogue proselitista mas que não quer levar ninguém para a igreja
Deixemos a visão da beleza das coisas para serem contempladas por aqueles que a podem ver, graças ao auxílio de Deus. Quanto àqueles que são incapazes de a ver, não tentemos levá-los a contemplar o inefável mistério, por palavras (De "O Livre-Arbítrio" de Santo Agostinho).

quarta-feira, janeiro 05, 2005

Caesar
Que tipo de manifestação, não demasiado estrepitosa, é permitida a quem adquire a filmografia completa do João César Monteiro?
Anátema para franco-amantes e para a Academia
Tenham paciência filhinhos, mas se há filme que merece ser destacado no ano que passou é "A Paixão de Cristo", de Mel Gibson.

terça-feira, janeiro 04, 2005

Johnny Rotten, o bem-aventurado
Ocasiões há em que nos voltamos a lembrar que às vezes o que faz um bom disco não são boas letras (quem liga às letras nestes dias maus?), não é uma boa voz, nem tão pouco uma boa dose de estilo. Basta um microfone com muitos médios.
Muita da graça
Dos Franz Ferdinand está na mistura do jeito efeminado do vocalista Alexander Kapranos com os ritmos picados em contratempo da bateria. Cria uma coisa que tem muito a ver com Agostinho. Com a vantagem de, ainda por cima, ser muito divertida.

segunda-feira, janeiro 03, 2005

Primeira coisa de 2005
O meu amigo Vincent Bengelsdorff está de volta neste blogue: estrada perdida.