sexta-feira, julho 28, 2006

Saio para férias moralizado
Acabo de gastar 50 euros na Zara que me permitiram trazer:
- dois pares de calças de ganga pretas à panque, justinhas (umas tamanho 40 e outras tamanho 42 porque nunca se sabe) - o look Ramone ainda funciona neste corpinho franzino. Preço por unidade: sete euros e noventa e cinco.
- um par de calças de ganga azuis escuras, banais, desinspiradas mas sempre úteis. Preço: sete euros e noventa e cinco.
- um blaser de gabardina que é suficientemente ambíguo para não o usar demasiado. Preço: doze euros e noventa e cinco.
- uma t-shirt de apoio à selecção inglesa no Mundial. É pirosa mas a mensagem política urge ser resgatada nestes dias maus. Preço: três euros e noventa e cinco.
- uns calções de banho azuis escuros curtos demais para o gosto da minha mulher. Roupa de praia dificilmente funciona neste corpo franzino. Ou se opta pelo roque ou se opta pelo surfe. Preço: nove euros e noventa e cinco.
Isto perfaz a mencionada quantia de cinquenta euros (e setenta cêntimos).
Comprei também o livro do Roger Scruton sobre o Ocidente e a salganhada restante. O problema da literatura em relação à roupa é que raramente nos permite a sensação de bom negócio. Preço: quinze euros redondos.
Ah, e no aniversário de quatro anos de casamento (comemorado na semana passada) a esposa ofereceu-me um leitor de mp3s de dois gigas no qual vou enfiar o "Maneater" da Nelly Furtado.
Encontramo-nos em Setembro.

quinta-feira, julho 27, 2006

A Revista Atlântico que está hoje nas bancas
Concedeu-me a graça de publicar um texto maiorzinho chamado "Darwin e os esqueletos da humanidade". Por lá aparece:

"A condição em que Darwin nos deixa é canina. O que nos legou ele? Ossos."

Mas também:

"Parece-me desagradável levar preocupações científicas ao texto bíblico. Se quisermos ler a Bíblia como o National Geographic nada nos impede de qualquer dia a lermos como o livro de Pantagruel. Uma má receita."

E o habitual Púlpito onde se discorre brevemente sobre os leitores deste blogue que se recusam a ler a Atlântico.

quarta-feira, julho 26, 2006

Uma vaidade
Já por duas vezes escrevi posts a pensar nos destaques do Diário de Notícias e nada. Julgo ter misturado com sucesso actualidade e humor, os critérios necessários para o êxito debaixo do sol. Quem me revela os segredos que permitirão alcançar esse quinhão de glória redactorial?

terça-feira, julho 25, 2006

Ando ocupado a aconselhar espiritualmente uns adolescentes baptistas
Mas ainda dá tempo para simplificar um pouco mais as coisas.

sexta-feira, julho 21, 2006

Ao discutir a relação entre Igreja e dinheiro
Um amigo adverte-me do perigo desta aliança recordando as abusivas taxas suplementares que no tempo de Jesus os levitas impunham aos fiéis para exercer as suas respectivas funções sacerdotais. Não me impressiono e explico-lhe que prefiro um clero que pode ser corrupto a um clero que tem de ser esfarrapado.

quinta-feira, julho 20, 2006

Raul
Morreu Raul Cortez, o homem que ia me representar a quando da realização do biopic sobre a minha vida. A ironia é que embora o actor seja careca eu nunca terei grandes problemas de calvície.
Será difícil encontrar outro para este papel e eu detesto castings.

terça-feira, julho 18, 2006

Hábito
Um crente não precisa de se envergonhar por não ter o hábito de orar antes da refeição. Mas também não precisa de ter orgulho.

segunda-feira, julho 17, 2006

Suceder
Os Países Nórdicos tornaram-se para a nação uma espécie de Adamastor invertido. Quando são mencionados há em todos um deslumbramento camoniano (até no Primeiro-Ministro). O gigante cortou a barba esquálida, tratou dos dentes e aloirou o cabelo. Aperalte-se a besta que Portugal precisa dos seus monstros para suceder.

sexta-feira, julho 14, 2006

Efeitos retro-activos
No passado Domingo baptizaram-se três pessoas na igreja. Como os evangélicos não baptizam crianças, de cada vez que alguém desce às águas existe um clima de festa. Que os meus amigos católicos me perdoem mas pingar sobre bebés e encher o estômago a seguir é fácil. Já entrar pelos próprios pés no baptistério e mergulhar (porque o nosso baptismo corresponde ao que o termo no original grego significa - submergir) envergando uma bata branca e lançar-se nos braços do Pastor não é para qualquer um. É descer sequinho e sair molhado. Faz toda a diferença.
Dias depois recebo um mail do Pastor convocando uma pequena equipa para uma missão inesperada: esvaziar a balde o baptistério. A escoação não funcionara. Neste capítulo os romanos civilizaram-se poupando recursos hídricos. As mini-piscinas evangélicas são abençoadas esbanjadoras (não posso negar a atracção que estas duas qualidades em comum exercem sobre mim).
Quando o comité se juntou éramos quatro. Um tio meu avançou para a tarefa pronto para descer às águas não para testificar da sua fé mas para assim melhor retirar o líquido à baldada. Trazia uma muda de roupa e tudo. Como não ficava bem ir o sexagenário para o tanque, ofereci-me eu para a substituí-lo. Mais de duas horas de molho, entornado para dentro de uns calções da Tommy Hilfiger que eram um espanto mesmo uns quantos tamanhos acima, servi umas centenas de baldes vertidos na sanita mais próxima.
Nunca havia participado nos efeitos retro-activos do baptismo.

quinta-feira, julho 13, 2006

A escolinha da minha filha
Vou buscar a filha a casa dos sogros para depois ir visitar uma escola. Nasceram uns quantos primos e a benevolência de horário das avós complicou-se. Próximo Setembro a criança ingressará na sua primeira instituição de ensino.
Antes liga a mulher a dizer que ficou sem combustível numa saída da CREL. Disparo sem grande entusiasmo. Aguento eu na viatura imobilizada ao compasso dos 4 pistas e prelúdio de triângulo enquanto ela acelera na outra em direcção ao reabastecimento. Um homem tem de ser cavalheiro. Vinte minutos a merecer a solidariedade e impaciência dos automobilistas que se desviam pela direita. Quando a mulher acode, com ela surge a tarefa mais complexa.
Despejar um pequeno garrafão de gasóleo numa estrada inclinada, com condições atmosféricas ventosas e munido de um funil da cozinha da sogra é tarefa para guerreiros gregos. Teve de se fazer. Quando chegamos ao infantário, esse covil de fêmeas pedagogas (uma espécie que me atemoriza ainda mais que a Maria Filomena Mónica) e infantes abertos à aprendizagem, esperava-nos uma directora que nos mostraria os cantos do estabelecimento. Tudo muito bem, pareceu-me. O pior era o cheiro a gasóleo que não saía das minhas mãos. Fiz por não cumprimentar a respeitosa professora. Em menos de meia-hora deu para entender que o espaço preferido da comunidade educativa era um rectângulo de cimento e borracha ao ar-livre, libertador das criancinhas claustrofobizadas em elevadores e apartamentos minúsculos, segundo os termos da mesma comunidade educativa. Entendi igualmente que embora existissem alguns exemplares da Anita naquele edifício o apreço da comunidade educativa por aquele tipo de literatura era nulo. Todavia o seu consumo continuava, teimosamente e contra o espírito dos tempos, a satisfazer as necessidades gráficas da pequenada. Aquela condescendência editorial foi o que de mais humano encontrei na comunidade educativa.
A minha filha vai para a escola. E, se eu conseguir apanhá-la diariamente sem cheirar a combustível das mãos, não vejo razões para que não possa ser feliz por lá.

quarta-feira, julho 12, 2006

Acho que por causa do Mundial comecei a gostar dos italianos
"You cannot make Italians really progressive; they are too intelligent. Men who see the short cut to good living will never go by the new elaborate roads".
G. K. Chesterton in "Father Brown Stories".

terça-feira, julho 11, 2006

Ainda aguentamos
Quando julgamos ter encontrado o fundo do poço descobrimos um alçapão - ainda há mais abismo pela frente. Com Job foi assim. Após o disco de platina dos Dzr't ainda aguentamos o da Floribella.

segunda-feira, julho 10, 2006

Gostar de homens XI

Materazzi. Ou gostar de futebol por critérios não-futebolísticos.

sexta-feira, julho 07, 2006

Os olhos azuis do Miguel
O blogue do Miguel faz três anos. O Miguel é meu amigo, meu parceiro de banda, meu cunhado. E, não me canso de dizer, giro como o caraças. E é o único, no meio da esfero-euforia, capaz de reparar no facto de Figo aparecer agora com o torso depilado.

quinta-feira, julho 06, 2006

Ilustração do concerto de sexta-feira passada
É divertido tocar cantigas sobre histórias da Bíblia a raparigas da Universidade de Letras.

quarta-feira, julho 05, 2006

Segunda
A criatura intra-uterina que habita na minha mulher revelou-se uma menina.

terça-feira, julho 04, 2006

segunda-feira, julho 03, 2006

Era um pecador
Que alcançou tanta misericórdia que acabou por ser desclassificado.