Exegese para aquele com nome de discípulo
O
André chama-me à exegese. Tentarei estar à altura do desafio.
O século XIX foi o papão em cima do telhado das mentes modernas. O pânico foi tal que na fé muitos julgaram que a sobrevivência estaria na fuga eterna dos monstros anti-científicos das Escrituras. Ou seja, já que muitos sucumbiam ao embaraço intelectual de uma Bíblia com coxos a andar, pragas de gafanhotos, multiplicações de pães e
tablettes de demónios, trate-se de inventar um cristianismo
user-friendly. Este vagalhão varreu protestantes e, como é costume, uns tempos mais tarde, católicos.
Uma das soluções da estação foi deslocar o discurso religoso para o
humanismo. Faziam-se as pazes com Darwin e com Marx. A escapar à moda subsistiram as igrejas mais fragmentárias da Reforma. Os radicais. Aquilo que, de alguma forma, deu origem ao que hoje chamamos de evangélicos. Ora, os evangélicos nunca tiveram vergonha na cara. É um dom de Deus. Desde
pretos da Rua Azusa a
académicos de Oxford, criou-se uma espécie de gente que se manteve a olhar para as Escrituras sem temer pelas ferocidades do animal.
Como o André calcula, é desta margem que este aplicado oponente lhe escreve.