terça-feira, novembro 29, 2016

Ouvir

Como é que vivo o facto de Jesus ter vindo e de ter de vir outra vez de uma maneira que não é um detalhe do ano mas o sentido da minha vida?
1. Sabendo que a vinda dele e a minha própria vida não está nas minhas mãos mas nas de Deus.
2. Sendo sério com as coisas comuns.
3. Aceitando que esta vida vai chegar ao fim.

O sermão de Domingo passado, chamado "Ter a Vida Toda na Vinda de Jesus" e o primeiro do Advento deste ano, pode ser ouvido aqui.

sexta-feira, novembro 25, 2016

Flores em Nova Iorque

No espaço de um mês fui a Nova Iorque e a Roma. Não é possível fazer justiça escrita ao privilégio que foi visitar estas duas cidades, mas também não quero perder a oportunidade de tomar nota de algumas coisas. A memória é sagrada e é um sacrilégio não a usar enquanto está fresca.

Nova Iorque é a cidade moderna, que é cidade principalmente na medida em que anula a velha cidade - em Nova Iorque não se celebra uma identidade local específica mas celebra-se uma identidade feita de muitas localidades. Não quero ir longe demais nas minhas analogias de travo teológico, mas há uma característica de Nova Iorque que é como a da Nova Jerusalém, a cidade eterna onde viveremos para sempre com Deus. Em Nova Iorque não mergulhamos numa cultura específica porque Nova Iorque cresceu e desenvolveu-se em torno da ideia de que a América é a terra ideal porque é a terra que deve ser habitada por pessoas de todas as terras. Venham até mim, diz a Estátua da Liberdade. Mesmo que desiluda uns quantos, o projecto inicial é ainda acalentado por muitos. A pessoa que está em Nova Iorque está em muitas cidades ao mesmo tempo. De certo modo, Nova Iorque pode ser uma Roma refeita modernamente.

Estive numa conferência evangélica chamada "Global Movement Day" onde o conceito é precisamente o serviço às cidades. Fiz parte de uma pequena multidão de pessoas de todo o mundo que quer materializar a sua fé em Cristo servindo os seus concidadãos. Impressionaram-me sobretudo os cristãos da Índia, da China e da África do Sul. Os dois primeiros grupos falaram ao meu coração porque a Igreja da Lapa ora muito por eles, tendo em conta o contexto de perseguição religiosa que suportam (e porque o Sermão do Monte, que se tornou um texto mais diário para mim durante este ano, é tão claro a dizer que os que sofrem perseguições são maiores no céu do que os que não sofrem). Por outro lado, e por alguma razão que não entendi completamente, havia mesmo muitos sul-africanos. As reuniões promoviam alguns momentos de oração espontânea entre a assistência e, por causa disso, ao ficar com um sul-africano tive de pela primeira vez na vida orar em inglês. Uma experiência interessante - falar com o Criador numa língua diferente daquela em que nascemos.

Como passei uma semana completa em Nova Iorque, tive oportunidade de ter um Domingo inteiro para devotar à comunhão dos santos. A comunhão dos santos pode parecer um termo pomposo mas também quer dizer que qualquer cristão decente valoriza o Domingo de um modo especial. Se o Domingo não for especial para um cristão, não devemos confiar muito na credibilidade desse cristão. Porque a eternidade é um Domingo infinito, o Dia do Senhor é santificado e desejado por aqueles que crêem que o túmulo de Jesus ficou vazio. Agora imaginem-me num território tão protestantemente rico como Nova Iorque - foi turismo religioso a sério! A primeira igreja que visitei (juntamente com os outros portugueses que estavam comigo no grupo) foi a Redeemer Presbyterian Church do Pastor Tim Keller. Como devo ser dos maiores kelleristas lusitanos, tive a bênção imerecida de acertar no serviço de culto em que ele pregou. Esse serviço de culto é o mais litúrgico da Redeemer, onde a música é de sabor mais erudito e a ordem do culto detalhada. Foi muito bom. Sabem uma das coisas que mais me impressionou e mais me encorajou a ser um valente bota-de-elástico? A ausência de ecrãs. A Redeemer alcançava naquele serviço de culto mais de mil pessoas e não tinha um único ecrã. Funcionava à antiga com boletim impresso. Tele-dependentes do mundo, aprendam!

A segunda igreja que visitámos foi a Times Square Church, aberta pelo mítico David Wilkerson, já com o Senhor. Foi na Times Square que dois dos crentes da Igreja da Lapa nasceram de novo, por isso já amava aquela comunidade antes de a visitar. Apesar de ser non-denominational, o culto é um culto pentecostal à antiga, com cânticos velhos e novos, com coral potente e banda de fazer inveja aos talkshows americanos. Os pastores, todos sentados de lado, apresentam-se como deve ser: de fato e gravata (esta é uma pequena provocação aos meus colegas pastores novos, no geral mal-vestidos e sem sentido estético de como se apresentarem num culto ao Senhor - sim, é o Tiago Cavaco que vos diz para se vestirem como se fossem homens crescidos! - é por estas e por outras que os católicos romanos fazem pouco de nós e com razão).

Por fim, fomos à Hillsong. A Hillsong, para quem não conhece, é uma igreja que ganhou asas com a força carismática da década de 90 e que, inesperadamente e contra tudo e contra todos, sobreviveu à onda calvinista e continua a crescer. A Hillsong não é definitivamente a minha praia e, tendo em conta que aquela que visitámos em Nova Iorque se reunia no Playcenter Theatre que na prática era um velha discoteca, não consigo e não quero apanhar ondas formadas na ideia de que o louvor é culturalmente neutro e portanto é igual adorar num contexto geralmente usado para a vida nocturna pagã. Não me quero meter em discussões à custa disto, simplesmente lembro as palavras do velho apóstolo Macluhan quando dizia que media is the message. Prefiro concentrar-me nas coisas boas que lá vi e que me impressionaram: aquela miudagem dá o litro para atingir pessoas que geralmente não entrariam em qualquer tipo de igreja e, nesse sentido, as Hillsongs desta vida têm muito para ensinar a calvinistas rabugentos como eu (e tive pena de não ser o Carl Lentz a pregar porque, apesar do ar que ele tem de quem acabou de sair dos saldos da H&M, reconheço que o homem tem magnetismo).

Por falar em espaços sagrados, a Barnes & Noble da quinta avenida (seria a quinta mesmo?) continua uma maravilha. Os americanos são um povo que valoriza o trabalho ao ponto da idolatria (que já é uma desvalorização) e por isso é sempre interessante voltar a ver os livros sobre negócios tratados com um destaque que impressiona uma alma latina, convicta de que o negócio é uma prostituição da literatura. Comprei o "Hillbilly Elegy" do J. D. Vance e o "You Are What You Love" do James K. A. Smith e recomendo os dois. Acompanhou-me na primeira digressão o meu amigo Nuno Fonseca, companheiro fiel de campanhas andadas e faladas (não é possível fazer nestas linhas justiça a quanto a companhia do Nuno Fonseca tornou para mim a viagem a Nova Iorque especial).

O que se torna cada vez mais difícil nestas viagens é a ausência da família. Estive uma semana sem a Ana Rute e sem os meninos e custa. Ainda por cima, Nova Iorque é a cidade do coração do casal Cavaco. Hoje em dia a internet alivia porque o wifi dava para chamadas via WhatsApp e sempre ouvia as vozes deles diariamente. Mas viajar também é uma lição de sobrevivência. No segundo dia senti-me doente (porque comi uma sopa de supermercado a escaldar que me queimou a garganta) e no quarto de hotel estupidamente central, perto da Times Square, só conseguia pensar na minha mulher e nos meus filhos - podemos estar no centro do mundo moderno mas de que nos serve isso quando os que mais amamos estão longe?

A meio da semana, na noite de quarta-feira fomos a uma reunião de oração na Calvary Baptist Church (que era a dona do hotel onde estávamos hospedados) e fiquei consolado por ver que Lisboa não é diferente de Nova Iorque: numa igreja americana de muitas mais pessoas que a Lapa, estavam cerca de 30 pessoas. As reuniões de oração durante a semana parecem ser uma verdadeira resistência contra-cultural, feitas de um pequeno grupo de teimosos que insiste em ir até à igreja mesmo quando a igreja fica longe de casa. Mas, ei-las! Humildes e garbosas! Com o mesmo tipo de dinâmica feita de velhinhos com preces demasiado longas e detalhadas em informação sobre a vida de terceiros, e pastores que os atropelam a favor da brevidade e do combate contra a coscuvilhice. Nova Iorque, Lisboa? É tudo a mesma coisa. Esta também é a universalidade da igreja.

O grupo português era feito de amigos e de algumas pessoas que conheci pela primeira vez. Foi um bom grupo! Os portugueses são especiais, perdoem-me a franqueza. Chegamos atrasados a uma reunião de europeus e fazemos estrilho quando assinalam a nossa chegada. Não somos italianos (já irei a este assunto em texto futuro) mas temos um certo prazer em notarem que existimos, nem que seja à custa de não permitirmos que a falta de ordem cancele a pertinência de estarmos vivos. São quase novecentos anos desta arte. No grupo português tentei evitar algumas discussões sobre assuntos polémicos que só servem para ficar na posição mais desconfortável, de defender causas perdidas e tidas como ultrapassadas (fugi da discussão sobre a ordenação feminina mas a discussão sobre a ordenação feminina apanhou-me). Ainda assim, conseguimos discutir mantendo a amizade. Diria que esta capacidade de manter a amizade no meio da discórdia é dos pontos fortes dos portugueses, ao mesmo tempo que também é um ponto fraco. Como assim? Porque amarmo-nos na divergência pode ser um valor do evangelho. Mas também é verdade que amarmo-nos em qualquer divergência também pode significar que subordinamos a verdade à amizade. Deus nos ajude a distinguir uma coisa da outra.

Sempre que ouço cristãos de outros lugares falarem acerca dos seus problemas apercebo-me que aquilo que nos chega via comunicação social é uma pequeníssima e muito parcial parte do que realmente acontece. Por exemplo, os cristãos do Líbano têm uma visão bem diferente da recente crise de refugiados, bem longe das afirmações fáceis da filantropia distante europeia - para quem tem custos em receber refugiados o mundo é mais do que uma Disneylândia movida a generosidade teórica. Sempre a aprender...

Dormir perto da Times Square significa o cliché na prática: Nova Iorque é mesmo a cidade que nunca dorme. Estávamos no nono andar e mesmo assim a noite amplificava permanentemente os táxis e carros de serviço que mantêm a metrópole a funcionar 24 horas por dia. Os supermercados Duane Reade não fecham, as sarjetas expelem aquele vapor que julgávamos um exagero cénico dos filmes, há pessoas a fazer jogging em qualquer hora - Nova Iorque não pára.

Uma vez fui correr para o Central Park. É: sou esse tipo de homem cosmopolita. Deveriam ter visto a camisola que usei, emprestada pelo meu parceiro de quarto Nuno Ornellas (que me aturou pacientemente.) Era florida e dizem que colocava os nova-iorquinos a olhar para mim. That's the way I am, muito macho mas sempre com uma superfície floral que me amacia.


quinta-feira, novembro 24, 2016

Ouvir

O último sermão da série sobre os livros de Esdras e Neemias, pregado pelo Filipe Sousa na Igreja da Lapa, pode ser ouvido aqui.

terça-feira, novembro 22, 2016

Fui ali a Roma pregar um sermão em inglês

terça-feira, novembro 15, 2016

Ouvir

Por um lado, queremos encontrar o sentido para a vida. Por outro lado, já nos fizemos confortáveis com o facto de a vida não ter grande sentido. Depois, esbarramos de frente com pessoas parecidas com os judeus neste texto de Neemias 12. Esbarramos com pessoas que fazem coisas estranhas, com coreografias e músicas e rituais, porque acreditam que há um sentido espiritual para as coisas físicas.

O sermão de Domingo passado, chamado "Tornar Sagrado é o Segredo", pode ser ouvido aqui.

sexta-feira, novembro 11, 2016

Imitar os que amamos













Obrigado Pai e obrigado Daniel Jonas.

quarta-feira, novembro 09, 2016

Num dia tão político como hoje

Que tal pensarmos um pouco sobre fé e espaço público enquanto assistimos a uma conversa com a Assunção Cristas?

terça-feira, novembro 08, 2016

Ouvir

Jerusalém é uma cidade que serve para honrar Deus e, em função disto, servir todos os homens. Jerusalém pode ser uma cidade boa porque é sensível ao facto de Deus ser bom.

O sermão de Domingo passado, chamado "Viver na cidade como Jesus morreu na cruz", pode ser ouvido aqui.

sexta-feira, novembro 04, 2016

Para entrarmos felizes no fim-de-semana

Vejam esta conversa animadíssima que tivemos com a Ana Bacalhau na Lapa, com direito a três músicas e tudo!

quinta-feira, novembro 03, 2016

A Mafalda Ribeiro esteve na Lapa no Fim-de-Semana Cheio

E partilhou a sua fé connosco. É uma conversa rara que vale a pena ser ouvida.

quarta-feira, novembro 02, 2016

Ouvir

A morte de Jesus na cruz é o sinal de que a palavra pede comportamento. Se o comportamento não fosse um resultado da palavra, Jesus não precisava de ser ter exposto a morrer crucificado. De cada vez que vivemos a fugir de que a palavra tenha um resultado prático no modo como vivemos, é como se disséssemos que Jesus só morreu na cruz porque foi um legalista. E Jesus não foi um legalista. Jesus morreu e ressuscitou para que vivamos em prática a palavra da vida que nos foi dada.

O sermão de Domingo passado, chamado "Se a fé não for prática, Jesus é um legalista", pode ser ouvido aqui.

terça-feira, novembro 01, 2016

Num dia de descanso como o de hoje

É instrutivo entender o esforço de uma família americana para viver em Portugal. Vejam a Hannah e o Mark Bustrum a explicarem-nos como é que se faz.