sexta-feira, janeiro 29, 2010

Do próximo Dia do Senhor
No sermão deste Domingo Jesus transforma a surpresa dos seus concidadãos em decepção (o Mestre na sinagoga em Nazaré, Lucas 4:21-30). Daí para o ultraje será um passo pequeno. O escândalo deveria ser valorizado não na perspectiva da folclórica bainha à mostra mas quando leva as pessoas a precisarem de assumir diferenças. Perdoarão a extrapolação mas a ausência desta dignidade é o que continua a fazer de Portugal um país pobre.

quinta-feira, janeiro 28, 2010

Report e regresso à normalidade blogosférica
Oito dias úteis em estúdio são o suficiente. A voz vai perceber-se um bocadinho mais, as batidas são de há mais de 20 anos, as razões para embirrar permanecerão. Não tem a lata do IV mas é mais dançável. Fazer discos é divertido e um privilégio para mim que sou pregador. O Silas Ferreira foi o grande companheiro da aventura (que co-produziu), o Ben o mais fiel músico e o Nelson Carvalho um anfitrião paciente. Ao todo participaram 30 pessoas: consagrados, lendas do underground, amigos curiosos, criancinhas da pré-primária, cristãos disponíveis. Das 14 cantigas escolherei provavelmente 13 (lá se vai a música de intervenção para o Mário Soares, inábil nesta versão). Menos de 45 minutos para um Verão feliz.
Em Março, Abril mais tardar.



A fotografia é do Tiago Miranda.

quarta-feira, janeiro 27, 2010

Verão
Este blogue é serviço público. Avante, piratas! Saquem o Clube Naval e, como o Manel diz, dêem as boas-vindas ao Verão de 2010.


terça-feira, janeiro 26, 2010

Telegrama musical
Descobri que tenho canal cabo NBA stop.

segunda-feira, janeiro 25, 2010

And the beat goes on



Fotografia do Tiago Miranda.

sexta-feira, janeiro 22, 2010

Do sermão de próximo Domingo
Antes de nos concentrarmos na rejeição que Jesus sofreu na terra onde cresceu, Nazaré, devemos recordar a sua reivindicação prévia: o Espírito de Deus estava sobre ele. Gostar de marginais é fácil. Adorar ungidos é outra coisa (Lucas 4:14-21).

quinta-feira, janeiro 21, 2010

O Toque Invisível
Porque hoje já se pode gostar do Phil Collins.

quarta-feira, janeiro 20, 2010

Disco, Day Three
Samples de música evangélica americana dos anos 80, africanadas de Hemisfério Norte, gritos de amigos, cassetes recônditas de bandas protestantes portuguesas, anúncios antigos de refrigerante (com saxofone e tudo, céus), espírito do México 86, projecções sonoras avulsas. Trabalha-se e em horário de expediente. Futuro com F grande, arriscaria, no meio de tão veneráveis artefactos.

segunda-feira, janeiro 18, 2010

No bunker
Pela primeira vez gravo um disco meu num estúdio (já trabalhei em estúdio mas a produzir amigos). Duas semanas a fazer o expediente em Paço de Arcos. Tenho ao meu lado o Nelson Carvalho. Trabalho, trabalho e mais trabalho. Great!

sexta-feira, janeiro 15, 2010

Do sermão de próximo Domingo
Não poderia ser mais apropriado. Este Domingo falamos sobre o primeiro milagre de Jesus, nas bodas de Caná. Para além de um certo prazer que existe para qualquer protestante em focar a censura de Jesus à sua mãe (obrigado, amigo Pedro Sobrado!), a transformação da água em vinho é algo que agrada a muitos que nestes dias se queixam da chuva.
De qualquer maneira a Palavra segue além das nossas próprias expectativas.

quinta-feira, janeiro 14, 2010

Amigo Lourenço
Sabes que aprecio a arrogância dos convertidos. É honesta, frontal e séria. Os meus sustos chegam sempre das humildades (inclino-me mais para humildades impostas que orgânicas).
Por outro lado, o casamento que defendo não é necessariamente esse casamento. Tem em conta que como protestante radical não reconheço no casamento um sacramento (algo que o enquadra no catolicismo de uma maneira distinta). Tenho mais certeza acerca daquilo que o casamento não é do que sobre o que ele é (sem truque pós-moderno).
Uma das desvantagens de como esta discussão tem sido feita é que até hoje não sei o que é realmente a homofobia. Aliás, sei que aos olhos de muitos serei visto como homófobo, o que, como compreenderás, pouco me perturba. Preocupa-me a perseguição dos homossexuais (ou qualquer outro crime), impossível de ser entendida numa sociedade livre. Mas daqui para o seu casamento vai um salto epistemológico de quatro sílabas: disparate. O discurso sobre a homofobia contrói-se sobre o medo e a ignorância: as pessoas que não têm objecções à homossexualidade não querem lidar com a existência das pessoas que têm objecções à homossexualidade. Embora lá convencer todos que alguém que tem objecções à homossexualidade está desejoso de bater em homossexuais (ou cometer crimes contra eles).
Mais que combater a homofobia urge combater um Estado que controla as fobias dos seus cidadãos. A liberdade não é um dominó dialéctico ad eternum mas a possibilidade de o nosso parceiro de jogo passar a sua vez e aí, quem sabe, sabermos seguir com as nossas vidas.
Um abraço.

quarta-feira, janeiro 13, 2010

Gostar de homens XXXIII



Viggo Mortensen. O filme não chega aos calcanhares do livro mas ainda assim.

segunda-feira, janeiro 11, 2010

Segue
Usar o argumento de seguir com as nossas vidas para lidar com o casamento homossexual é preguiçoso, estimado Lourenço. E pior que preguiça, parece-me aquela maneira mediterrânica de querer estar bem com Deus e o Diabo. Perdoarás o meu excesso germânico. A tua tese é, no fundo, a mesquinhez de todos os que não seguem com as suas vidas.
Mete os olhos neste parágrafo do Eduardo, que provavelmente acarinha os seus macacos no sótão:

O paralelismo entre as leis que aboliram a escravatura e a lei do casamento gay assenta num pressuposto particularmente canalha: a certeza de que todos aqueles que hoje se opõem a tal casamento seriam, ao tempo, racistas e esclavagistas. Não nos espantemos, pois, se logo à noite dermos de caras com as nossas vanguardas a festejar a derrota da Alemanha Nazi.

E neste do Pacheco Pereira:

A ilusão de que o acesso ao casamento quebra uma barreira simbólica que ajuda a terminar com a homofobia efectivamente existente, o argumento mais hábil de Vale de Almeida, repousa numa ambiguidade e numa hipocrisia. Porque Vale de Almeida sabe perfeitamente que ele e muitos outros a última coisa que pretendem é casar-se, ou sequer imaginam no casamento qualquer virtude especial. Eles sabem bem que o casamento é algo dos "outros", não por causa da lei que os exclui, mas porque o que vem virtualmente no pacote do casamento, a instituição familiar convencional, os "deveres conjugais", não correspondem ao mesmo mundo cultural e emocional do seu entendimento da "causa" dos homossexuais e lésbicas. Para eles o que conta é a "causa", não o mérito da instituição a cujas portas pretendem aceder e por isso a questão é outra, bem longe da luta por um direito, é um ataque a uma determinada forma de viver em sociedade, que abominam e desprezam e tem pouco a ver com a sua cultura e a sua mundovisão. Sabem que ao romper na lei a relação do casamento com a família nuclear, que implica possibilidade real da procriação, erodem para outros um valor que não desejam.

Vês por que me parecem mórbidas as pessoas que nos mandam seguir com a nossa vida?

sexta-feira, janeiro 08, 2010

Do Tempo
O Estado quer fazer o arco-íris cair-nos na cabeça.

quinta-feira, janeiro 07, 2010

Nas bancas
Para encontrar a Eternidade na malha urbana londrina de há dois séculos necessitamos de uma topografia tão detalhada quanto elástica. Os conhecimentos periféricos da catequese mostrarão ser manifestamente insuficientes. Blake reabilita para a frente do palco personagens velho-testamentárias subestimadas. Para descortinar o sentido ético do poema carecemos de um código tão rígido quanto desobedecido. Os consensos morais da doutrina revelarão ser claramente limitados. Blake propõe libertinagem aos culminares teleológicos. Para saborear a dieta ocular do texto precisamos de um menu tão recheado quanto macrobiótico. A frugalidade logocêntrica dos letrados exibirá ser obviamente reduzida. Blake esbanja pintura no rosto dos iconoclastas.

William Blake é cá uma trip.

quarta-feira, janeiro 06, 2010

Do Oriente
Os Magos demoraram tempo a chegar ao menino (calcula-se que um par de anos ou mais). Se o conceito de caminhada hoje se vulgarizou na linguagem religiosa falta o de demora. Não por preguiça mas por persistência.

terça-feira, janeiro 05, 2010

Lhasa


É para chorar mesmo.

segunda-feira, janeiro 04, 2010

Do Sermão de ontem
José e Maria fogem com o pequeno Jesus para o Egipto (Mateus 2:13-15). Herodes não pouparia nenhuma criança abaixo dos dois anos, não fosse o novo rei tirar-lhe a dignidade monárquica (não compreendendo que o Messias vinha precisamente restituir a dignidade aos outros, diz Agostinho). Nova ironia esta de uma terra pagã ser o refúgio da maldade da gente supostamente santa.
E que dizer do cuidado extremo de José em proteger Jesus, como se nenhum lugar fosse suficientemente seguro? A Escritura não deixa de nos supreender: um Deus que encarna mas que tem de ser defendido. No Cristianismo a omnipotência divina é também um convite a que os homens se preocupem.