quarta-feira, dezembro 31, 2008

Dar música

Ano abençoado. Em Janeiro acreditei que 2008 poderia ser "Ano Guillul". Quem não gosta de se armar em Mourinho?
Mais concertos, mais gente nos concertos, mais gente a falar sobre os concertos e, pela primeira vez na vida em quase 10 anos de edição artesanal de discos, um número esgotado. Ainda mais inédito, e após esses 500 despachados, um disco nas lojas (basicamente Fnac). Claro que se vendem poucos discos e estávamos fritos se acreditássemos no consumo cultural (pelo parte que me toca I couldn't care less about esse tipo de consumo cultural). Mas é irónico encontrar a cara em posters promocionais no lugar onde há 5 anos abandonei à socapa na prateleira do fado um exemplar da edição de autor em que tinha investido o meu primeiro salário (história verdadeira).
A respeitabilidade crítica, ora aí está o demónio que Satanás me encomendou. Num minuto estamos a dar todas as entrevistas que nos pedem e a falar com jornalistas como se fossem velhos amigos. Depois lemos a edição final impressa e recordamo-nos com remorsos de João Baptista.
Mas há uma porta que se abriu para outros. O Sami, os Pontos Negros (aos ombros dos quais me encavalitei também), o Guel, o Coração, o Fachada e o Fúria são a música nacional mais excitante. Deus nos dê a humildade de saber aproveitar as oportunidades.
Foi um ano muito americano, alright. Matéria fantástica. Dois mil e nove será tão bom ou melhor, querendo o Senhor. Vou cantar menos e pregar mais. E isso, sim, é o que realmente interessa.

Prompte Et Sincere In Opere Domini.

terça-feira, dezembro 30, 2008

Nem de propósito
Acabadinha de chegar.



Mais aqui.

segunda-feira, dezembro 29, 2008

Go, Bento, Go

Não é preciso ser católico para gostar deste Papa.

sábado, dezembro 27, 2008

Discos
1- Vampire Weekend, "Vampire Weekend" *
2- Bon Iver, "For Emma, Forever Ago"
3- The Kills, "Midnight Boom"
4- The Dodos, "The Visiter"
5- Fleet Foxes, "Fleet Foxes"
6- Welcome Wagon, "Welcome to the Welcome Wagon"
7- Raconteurs, "Consolers Of The Lonely"
8- The Mae-Shi, "HLLLYH"
9- Why?, "Alopecia"
10- Ruby Suns, "Sea Lion"
11- Bowerbirds, "Hymns for a Dark Horse"
12- Dirtbombs, "We Have You Surrounded"
13- Sunn O))), "Domkirke"
14- Melvins, "Nude With Boots"
15- Harvey Milk, "Life... The Best Game In Town"

* Bem sei que os Vampire Weekend habitaram a minha lista do ano passado (altura em que o disco apareceu na net, amputado apenas de 2 canções que a edição oficial trouxe este ano) mas legalidades são legalidades e não é que o disco cresceu no meio das legalidades? Entreguem-lhes 2007 e 2008 de bandeja, se faz favor.

quarta-feira, dezembro 24, 2008

A melhor notícia do mundo
"Nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor" (Lucas 2:11).
Filmes
1- "Haverá Sangue", Paul Thomas Anderson
2- "O Acontecimento", M. Night Shyamalan
3- "Antes que o Diabo Saiba que Morreste", Sidney Lumet
4- "Nós Controlamos a Noite", de James Gray
5- "Tropa de Elite", José Padilha
6- "Este País Não é para Velhos", Joel e Ethan Coen
7- "Ensaio Sobre a Cegueira", Fernando Meirelles
8- "John Rambo", Sylvester Stallone
9- "O Nevoeiro", Frank Darabont

segunda-feira, dezembro 22, 2008

Livros
1- "Um Punhado de Pó", Evelyn Waugh, Cotovia
2- "Ortodoxia", GK Chesterton, Aletheia
3- "Sob um falso nome", Cristina Campo, Assírio & Alvim
4- "O Livro do Desejo" de Leonard Cohen, Quasi
5- "Histórias de Amor", Robert Walser, Relógio D'Água
6- "A Leitura Infinita - Bíblia e Interpretação", José Tolentino de Mendonça, Assírio & Alvim
7- "Só O Amor É Digno De Fé", Hans von Urs Balthasar, Assírio & Alvim
8- "Um Ano de Vida Bíblica", A.J. Jacobs, Caleidoscópio
9- "Regressa Coelho", John Updike, Civilização

sexta-feira, dezembro 19, 2008

Os sobrinhos de Karl Barth

Fotografia de Tiago Miranda

Esta noite a estrela do natal vai brilhar muito vivamente sobre o Cabaret Maxime. O que mais ameaça o natal é o próprio natal, isto é, a sua representação diminuída, estagnada culturalmente entre a quinquilharia dos símbolos e a oportunidade comercial, domesticada pela pieguice das frases feitas e das boas-maneiras. «Toda a repetição é anti-espiritual», dizia Oscar Wilde, não para acusar a acessibilidade permanente do mistério, mas para pôr-nos em guarda quanto ao uso sonâmbulo e aos melíferos tiques de freguês avezado. E, contudo, bastaria considerar como o Messias Jesus é ex-cêntrico ou é outro, desde o seu nascimento: por um lado cumpre as expectativas messiânicas linha a linha, mas depois também as despista, revolve e transcende. Jesus de Nazareth constitui aquela “infinita diferença qualitativa”, como explicaram Kierkegaard e Karl Barth nos últimos dois séculos. Um cristianismo cultural não basta.
Por isso digo que a estrela de natal vai brilhar sobre o Cabaret Maxime quando subirem ao palco da noite os músicos da editora “Flor Caveira”, uma laboriosa oficina com o epicentro na Igreja Baptista de Benfica, responsável por um apagão total na música portuguesa. O colectivo, capitaneado por Tiago Guillul, por mestre Samuel Úria, Pontos Negros, B(Fachada), entre outros, vai apresentar um alinhamento sobre o Advento, numa mistura em combustão de teologia e panque-roque. Com surpresa percebemos que o panque-roque pode construir-se com as mesmas premissas teológicas de uma cantata de Bach: não podemos conhecer e alcançar Deus; isso só acontece quando a graça da revelação nos faz tombar do cavalo ou nos faz erguer dos infundos do sofá doméstico. O programa de hoje anuncia o Maxime como “a manjedoura perfeita para o Natal musical de 2008”. Os sobrinhos de Karl Barth pregam o cristianismo como contra-cultura.


Texto de José Tolentino Mendonça para a Rádio Renascença.

quinta-feira, dezembro 18, 2008

E pronto


Não chateio mais ninguém com isto até porque os bilhetes já estão esgotados.
Até logo.

quarta-feira, dezembro 17, 2008

Os rumores do roque III
Estava mal se me pusesse a corrigir edições das entrevistas que tenho dado. Mas a Time Out de hoje coloca uma legenda infeliz numa fotografia minha e do Samuel Úria, dizendo "Tiago Guillul quer a fotografia da Mocidade Portuguesa no Natal, Samuel Úria sonha com uma ida ao Tarrafal". Sendo conservador e de direita não tenho qualquer apreço, e muito menos estético, pelo Estado Novo.
Quando falei com o Rodrigo Nogueira (que não fez a legenda da qual me queixo) sobre sentimentos patrióticos respondi: "o nosso patriotismo é provavelmente distante da visão tradicional de patriotismo da maioria. A rigor um português não pode ser bom patriota e protestante ao mesmo tempo. Todos os protestantes carregam um déficit de portugalidade porque habituam-se a existir logo como minoria, extirpados de uma das componentes que oferece, crendo-se e praticando-se ou não, uma coesão cultural a todo o país [o Catolicismo]. Culturalmente somos mais americanos que europeus (os missionários que desenvolveram as nossas igrejas vinham dos Estados Unidos ou do Brasil)".
Assim a piada das juventudes salazaristas perde qualquer sentido.

terça-feira, dezembro 16, 2008

Últimas ceias há muitas

Partilharmos a mesa com traidores é divino. Negarmos a comunhão a libertinos é humano.
Na imagem João Calvino diz: "chega p'ra lá!".

Para o Filipe Costa Almeida.

segunda-feira, dezembro 15, 2008

Procurem este disco nas Fnacs

Por cinco euros apenas levam para casa uma celebração dupla do Nascimento do Senhor Jesus e dos Finais dos Tempos.
E, depois, 2009 trará menos publicidade a este blogue. Garanto.

A entrevista ao Expresso desta semana está aqui, no blogue do João Lisboa, em versão integral.

quinta-feira, dezembro 11, 2008

Ay, caramba
A Visão de hoje tem o mérito de num fotograma apenas demonstrar porque não preciso de me simpsonizar na net quando a imprensa escrita se encarrega da tarefa.

quarta-feira, dezembro 10, 2008

terça-feira, dezembro 09, 2008

EBD
A Assírio é a Escola Bíblica Dominical deste país. Decorai a lição.

sexta-feira, dezembro 05, 2008

Regressar ao Egipto
Keith Green, cantor cristão americano que nos anos 80 morreria num acidente de avião (facto teológico: até os cantores cristãos podem morrer em acidentes de viação) tem um álbum que se chama "So You Wanna Go Back To Egypt".
Com que então queres regressar ao Egipto? Repito. Tens a distinta lata de querer regressar ao Egipto?

quinta-feira, dezembro 04, 2008

Pranto
Ultimamente tenho andado a pensar mais no choro. Li a introdução da Cristina Campo aos Padres do Deserto e impressionou-me, entre tantas coisas, a constância das lágrimas. Não falamos de arrebatamentos ocasionais, falamos mesmo de disciplina diária.
Dias depois encontrei no blogue do António as fotografias de Sam-Taylor Wood de homens a chorar. Mostrar Kris Kristofferson em pranto, ainda que curiosamente não lhe sejam visíveis eflúvios sobre o rosto, só pode ser uma celebração.

quarta-feira, dezembro 03, 2008

Um fartote
Em menos de uma semana cancelei cinco compromissos. Deixei as pessoas apeadas. A explicar que o artista ou prelector estava de cama. A vida continuou mesmo com o artista ou prelector na cama.