terça-feira, agosto 27, 2013

Xungaria não teme o F.U.T.U.R.O.


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A comunidade que endireita uma marreca é a mesma que encolhe um legalista. Isto deve ser inspiração para nós. Não há coisa torta que Deus não possa corrigir nem orgulho religioso que não vá censurar.
O sermão de Domingo passado aqui (clicar em cima de aqui).

segunda-feira, agosto 26, 2013

Imitando a irmã Cacilda
A Conferência Bíblica em Água de Madeiros foi muito boa. O Dr. Russell Shedd e o Pr. Valdemar Kroker formaram uma grande dupla. Levaram-nos à Carta aos Colossenses e à importância da pregação expositiva da Palavra (aplicando-a em exercício ao livro Malaquias). Eram mais de cem pessoas a assistir ao que esta equipa nos preparou com excelência no Brasil, de onde vieram. Foi um tempo formidável.
Mas se a Conferência foi marcada por estas notáveis presenças, foi para mim marcada também por uma notável ausência. A irmã Cacilda não esteve na Conferência. A irmã Cacilda esteve na Conferência no ano passado e conheci-a porque fazia parte do pequeno grupo de debate que eu integrava (na gíria evangélica, o mini-grupo). Já há um ano escrevi acerca dela (ver aqui, clicar em cima de aqui). Foi a sua companhia que me fez tomar uma das decisões mais importantes de 2012. Isto porque o convívio com a irmã Cacilda foi também o convívio com um conhecimento bíblico invejável feito do exercício mais simples mas eficaz: a leitura constante da Palavra. Por causa dela decidi ler a Bíblia toda todos os anos, num exercício constante que me acompanhe até ao fim dos meus dias deste lado da Eternidade.
Como se pode imaginar, ia de peito cheio para Água de Madeiros. Isto porque tinha a esperança de encontrar a irmã Cacilda e dizer-lhe que não só tinha decidido ser como ela, mais conhecedor da Palavra, como estava a consegui-lo, faltavam-me apenas 13 capítulos do Apocalipse para ler a Bíblia toda este ano. Queria que soubesse o quanto a minha vida tem melhorado por ter decidido imitá-la. E como essa decisão tem também uma influência profunda na minha família e na minha igreja.
Os cristãos são chamados a imitarem-se uns aos outros quando essa imitação é uma consequência do próprio Cristo ser imitado. Quando o Apóstolo Paulo diz para os cristãos imitarem-no  ("Admoesto-vos, portanto, a que sejais meus imitadores" em 1 Coríntios 4:16) não o faz por presunção mas por consciência de que as suas boas qualidades são-lhe dadas pelo poder de Cristo através do Espírito Santo. Na Bíblia as virtudes dos santos não são uma criação deles mas um contágio que recebem do Espírito. A igreja é uma comunidade de saudáveis plagiadores que quanto mais copiam, mais criativas tornam as suas possibilidades. Seguirmos a patente de Cristo quebra o ciclo viciado do nosso pecado, que confunde invenção com contrabando (o negócio do Diabo).
Queria encontrar a irmã Cacilda e confirmar-lhe que a melhor criatividade de um santo é a imitação. E que imitá-la tem sido bom. Porque quando a imito tenho ficado mais próximo do único que por natureza não imita mas cria - ao aproximar-me da Palavra de Deus aproximo-me do próprio Deus.

terça-feira, agosto 20, 2013

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Quem coloca pessoas em conflito na família humana é também quem as coloca em comunhão na família espiritual. Oremos para que os nossos membros de família que ainda não crêem possam compreender que o amor maior que temos à família espiritual não funciona contra eles, antes pelo contrário.
O sermão de Domingo passado aqui (clicar em cima de aqui).

sexta-feira, agosto 16, 2013

A faca de dois gumes
Quando vejo filmes do John Carpenter sinto que vejo também a razão pela qual vejo filmes. Dito de outra maneira, quando vejo um filme do John Carpenter é como se estivesse a compreender porque vejo todos os outros que não são dele. Sei que pode soar meio exagerado até porque o Carpenter fez coisas maravilhosas e outras mazinhas. Mas o que o meu coração me diz quando vejo o Carpenter é que continuo a sentir que vale a pena arriscar em novas películas porque as dele permanecem seguras. E penso que é esta condição que torna alguns realizadores como bússolas para nós - avaliamos todo o resto do mundo a partir da posição deles. Isto para dizer que hoje revi o "Escape From New York".
Quando visitei Nova Iorque em 2001, seis meses antes do 11 de Setembro, fui um turista com medo da sua própria sombra. Parte da razão é porque sempre fui cobardolas. Mas outra parte culpo-a em John Carpenter: ele foi um dos muitos que encheu nos anos 80 a minha cabeça com o mito de Nova Iorque como cidade ingovernável. O que não deixa de ser admirável acerca daquela época. Os Estados Unidos, país que queria assegurar as nações que tinha o mundo debaixo de controlo, não controlava a sua própria capital cultural. Claro que em pouco tempo na minha visita a Manhattan me apercebi que era um dos lugares mais seguros que alguma vez tinha visitado e que, se um americano me perguntasse onde era a quinta avenida, isso não significava que me queria assaltar violentamente num beco com fumo a sair do sistema de esgotos, mas porque é absolutamente normal que Nova Iorque esteja cheia de americanos que a conhecem pela primeira vez como eu.
Hoje, que temos os efeitos especiais mais convincentes da história do cinema, falta-nos colocá-los a favor dos filmes e não os filmes a favor dos efeitos especiais. John Carpenter é um professor nisto. Apenas os primeiros planos de "Escape From New York" mostram em cena nocturna uma Nova Iorque transformada em prisão de máxima segurança com pouco mais que a iluminação certa e a urbe em maquete habilmente miniaturizada. Carpenter não está apenas preocupado em ser credível mas também em ser criterioso. Fico sempre com a impressão que sabe filmar a acção porque nunca lhe dispensa a arquitectura. Por exemplo, o "Halloween" é um filme realmente assustador porque mais do que mostrar um assassino monstruoso, mostra-o naquela distância em que uma coisa pouco nítida facilmente se transforma num monstro (monstros à proximidade só funcionam quando são autopsiados). Verifiquem a cena em que a Jamie Lee Curtis está no exterior com o Jason do outro lado da rua. Voltando a "Escape From New York", o seu êxito também é ser um thriller pós-apocalíptico que sabe deambular geometricamente pela cidade. Um labirinto bem filmado continua a ser assustador.
Outra das coisas que me encanta em "Escape From New York" é confirmar que Carpenter é alguém que não escolhe os bandidos dos seus filmes para funcionarem como anti-heróis. Assim no geral, não tenho pachorra para anti-heróis. Os anti-heróis dos filmes de hoje são colagens de clichés politicamente correctos para descansarem uma cultura que rejeita o heroísmo por preguiça e não por princípio. Os protagonistas contemporâneos desfazem-se em angústias psicológicas não porque vivem trucidados por dilemas existenciais mas porque angustiarem precocemente a sua psique funciona como antídoto contra realmente passarem por algum dilema existencial. Com Carpenter não há mariquices. Os seus bandidos, que são geralmente os heróis, não o são por truque pós-moderno mas por convicção moral. Snake Plissken é um genuíno bad-ass não por indiferença à autoridade mas por inimizade a ela. E isso vê-se nas opiniões que Carpenter dá nas entrevistas que lhe fazem. Frequentemente discordo delas. Mas elas existem. Carpenter é um realizador que me parece que ainda acredita nalgum tipo de heroísmo e essa parece-me das melhores razões para fazer filmes.
Já muito se escreveu sobre a mestria de Carpenter no som. Sobre o facto de ele próprio tocar a banda-sonora dos seus filmes e por saber criar melhor que ninguém a atmosfera certa. Tudo isto é tão ou mais admirável na medida em que é feito baixinho. A continuidade sonora dos filmes é garantida pelo modo murmúrio, que oferece calafrio e coerência. Ateste-se isto na infame cena do gelado no "Assalto à 13ª Esquadra". A geração da compressão tem muito a aprender com Carpenter neste capítulo.
Nesta colagem dispersa de louvores gostava apenas de acrescentar o génio saudavelmente demente de Carpenter. Em "Escape From New York" encontro-o em detalhes como o carro que transporta o big boss dos bandidos, o não menos irrepreensível Isaac Hayes, ser enfeitado por candeeiros de pingentes. Carpenter sabe que o pós-apocalíptico é um género produtivo porque permite não só imaginar um mundo que derivou eticamente. Ao derivar eticamente, o mundo deriva também esteticamente e essa derrapagem é libertadora porque permite imaginar os quadros mais surpreendentes a um nível puramente visual. A cena em que os mauzões alvejam o Presidente dos Estados Unidos por diversão tem mais graça e gravidade do que o realismo gore que hoje passa por arrojo gráfico.
Voltando ao início, e simulando que tinha de convencer algum miúdo que nunca viu nada do John Carpenter a fazê-lo, insistiria que a sua importância para mim passa por aí: Carpenter filma coisas muito graves com muita graça. O colapso de uma civilização, gangs de delinquentes, assassinos em série, monstros alienígenas, vampiros, fantasmas, etc. Essa graça não funciona como descompressão dos medos em forma de punchline (uma coisa que não suporto no novo terror). É uma graça que num minuto nos ajuda a pensar: "ainda bem que é só um filme". Mas essa graça também produz em mim logo a seguir o efeito oposto: "espera aí, isto é só um filme mas por que é que isso não me descansa?" Quando vejo filmes do John Carpenter vejo a razão porque vejo filmes porque o facto das coisas estarem na tela é uma faca de dois gumes. Não é apenas um filme. Pelo contrário, é também por estar em filme que sei que algo está fora dele. O Carpenter é um dos meus realizadores porque vez após vez me faz acreditar que fui eu mesmo que fui filmado.


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Os cristãos são menos chamados a odiar as riquezas desta vida e mais a fazerem pouco delas. Nenhum cristão sai elogiado por detestar dinheiro mas por desejar Deus.
O sermão de Domingo passado aqui (clicar em cima de aqui).

quarta-feira, agosto 14, 2013

A escandaleira graduada
Para uma geração que conheceu Dustin Hoffman no "Kramer Contra Kramer" ou, mais tarde, no marcante "Rain Man", ver o "The Graduate" começa por parecer arqueologia. Até porque a repetição do nome "Mrs. Robinson" sublinha a época dos nossos pais, cantada ao ritmo das canções de Simon & Garfunkel que pontuam toda a película. Mas vale a pena ir a "The Graduate" até porque a zonzura de Ben, a jovem personagem principal, soa muito mais autêntica que as zonzuras típicas e forçadas que hoje se colam invariavelmente a todos os jovens no grande ecrã. Ou seja, os nervos dos miúdos de 1967 parecem mais credíveis do que os de agora.
É certo que "The Graduate" terá a sua parte de culpa na influência para a criação de uma espécie de teen-sex-exploitation-semi-erudito que hoje é uma instituição cinematográfica americana. Há versões mais de acordo com Hollywood e as mais independentes. Mas a crença contemporânea ainda passa muito por encontrar nas angústias carnais da juventude uma porta para o auto-conhecimento. Na prática todos gostaríamos de perceber melhor que tipo de sabedoria estamos a retirar da liberdade sexual que nos é oferecida como uma das grandes conquistas civilizacionais do nosso tempo. Mas essa não é certamente questão para ser respondida por The Graduate. Talvez seja mais o contrário.
Uma das coisas mais engraçadas é The Graduate começar pelo oposto das fantasias da puberdade: o rapazinho tem a desejada quarentona oferecida de mão beijada. E isso funciona tanto melhor porque o estranho fenómeno é vivido em contragosto pelo agraciado. Há uma sequência bestial onde Ben mergulha de escafandro na piscina e toda a inadequação da cena encaixa na inadequação do próprio Ben. Afinal, diz-nos o filme, pior que não ter as fantasias sexuais atendidas, é tê-las atendidas a uma escala extraordinária.
The Graduate avança restituindo alguma normalidade etária ao romance e talvez seja aí que acaba por perder o seu maior interesse. Para redundar na típica escandaleira matrimonial que faz as delícias das novelas populares. A verdade é que, mesmo para um cristão bota-de-elástico como eu, há que reconhecer que a última sequência é divertida na sua provocação pagã. O final feliz é a bordo de um autocarro, tão itinerante quanto as certezas acerca do amor em 1967.
Roger Ebert, que em 1967 adorou o filme mas que em em 1997 nem por isso, disse que: "Today, looking at "The Graduate", I see Benjamin not as an admirable rebel, but as a self-centered creep whose put-downs of adults are tiresome." Consigo compreendê-lo. O que não falta em 2013 são cinquentões e sexagenários convencidos da sua admirável rebeldia por se comportarem como adolescentes em 1967. É uma cena que dá sempre um filme chato.


segunda-feira, agosto 12, 2013

Cinco coisas que trouxe do Acampamento Familiar de Água de Madeiros

1. Uma tosse tramada. O tempo em Água de Madeiros consegue ser sempre mais criativo do que a nossa maneira de o fintar. Talvez não tenha sido uma boa ideia ir experimentar o Oceano na Segunda-Feira porque a minha pele está habituada às gentilezas do mar da Linha e em Água de Madeiros os rigores são outros.

2. Pouco descanso. Pela primeira vez desde 1999 fiz parte da tarefa de dirigir o Acampamento. Passava pelas minhas mãos a maneira como ia correr a semana para cerca de cento e vinte pessoas. Por isso a descontracção que Água de Madeiros costuma proporcionar ficou sem efeito.

3. Muita conversa. E muito boa conversa. O Acampamento tinha como título "A Bíblia está no Centro da Casa" e os objectivos passavam por: a) celebrar a importância do lugar do Acampamento enquanto palco de decisões cristãs muito importantes na vida dos campistas; b) deixar clara a ligação que na Bíblia existe entre fé individual e fé da família; c) observar na Palavra exemplos dessa ligação; d) interagir com modelos quotidianos dessa ligação; e) compreender a ligação entre fé da família e a igreja; e f) tomar novos compromissos individuais e familiares que abracem a centralidade da Palavra. Para estes objectivos serem atingidos havia um tempo devocional matinal em família seguido do estudo bíblico. Depois havia um período de reflexão em pequenos grupos e à noite uma reunião que procurava testemunhos dos campistas e um texto da Palavra que enfatizasse o tema de cada dia. Apesar de haver uma mensagem que chegava vinda da direcção, digamos de cima para baixo, a vontade era horizontalizá-la na comunicação entre os campistas. No geral, e pelos comentários das pessoas, os propósitos foram cumpridos.

4. Orgulho no primeiro golo do meu Joaquim num jogo com grandes. Como é costume, o Acampamento organizava um pequeno campeonato de futebol. O Jorge Sousa, que o organizava, fez bem e juntou os jogadores pequeninos aos grandes. O nosso Joaquim, que perdeu os três jogos em que participou, na primeira parte do primeiro ganha um penalti e concretiza-o em golo. É a minha convicção que nunca mais esquecerá esse momento. Até porque acho que eu também não. Uma glória fugaz no tempo mas provavelmente funda na memória.

5. Certeza que férias rima com fraternidade. Talvez tenhamos entregado o conceito de férias nas mãos do conceito da fuga mas estou convencido que não compensa. Claro que muitas vezes me apetece fugir. Mas a companhia daqueles que crêem no que cremos acrescenta-nos coisas óptimas, que provavelmente nos escapariam nos tais cenários paradisíacos onde nos julgamos abençoadamente sós. Para o cristão a solidão nunca é escape porque Deus é omnipresente. Por isso mais vale que a usemos conscientemente a favor dele e dos outros. Porque isso é a nosso favor também.

quarta-feira, agosto 07, 2013

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Quando tudo na vida se resume a dinheiro afastamos dela quem vale mais do que ele.
O sermão de Domingo passado aqui (clicar em cima de aqui).

sexta-feira, agosto 02, 2013

All you need













Is Adidas.
A linguagem labuta
Não deixa de ser interessante que a cultura que mais desconfia do sentido das palavras precise de usar tanto as palavras para lhes dar sentido nenhum. Ou seja, o Ocidente escreve livros e livros e livros para dizer que é improvável que alguma coisa possa ser lida. Ou de outro modo, a contemporaneidade multiplica autores que nos garantem que quem cria são apenas os leitores. Uma espécie de empresa que quanto mais declara falência mais aumenta a produção em série. Quando determinados cérebros fritam é preciso lembrar que o papel também é inflamável. Existe um fogo posto à lógica que só quem não tem nariz não lhe sente o cheiro. Por menos destruíram-se maiores capitais de Impérios.
Vern Poythress escreve um livro muito útil para os interessados nos caminhos íngremes da linguagem. É um livro que pode parecer ofensivo pela tese que sustenta. "The trinitarian character of God is the deepest starting point for understanding language." Pode soar meio alquímico para uma geração subnutrida em Filosofia Antiga mas se essa geração fizer o seu trabalho de casa rapidamente perceberá que a Trindade como conceito tem mais créditos dados que grande parte das vacas sagradas da geração pós. "In the Beginning Was The Word" é um volume aplicado em acreditar no sentido das palavras porque a Palavra é a coisa mais palpável na história do Mundo. Estão a ver onde isto vai dar: se Deus se fez verbo então é porque alguma coisa há para lhe compreendermos.
Este livro ter-me-ia dado jeito quando na licenciatura de Ciências da Comunicação aprendia sobretudo a desaprender. Com isto não quero parecer ingrato porque o meu curso foi-me absolutamente útil mas hoje sugeriria aos meus professores que mostrassem menos ânsia de actualidade e mais disponibilidade para o Pensamento Clássico. Eu e mais uns setenta colegas fomos instruídos a desejar derrotas ao logocentrismo europeu e estaria tudo bem se ao menos lhe tivéssemos compreendido as vitórias. Há muitos miúdos a deslumbrarem-se com os velhos escritos porque os velhos escritos dão-lhes o fruto hoje proibido do sentido. Há um ano quando lia o "Da Trindade" do Agostinho sentia-me a cometer um crime maior do que se fosse apanhado no Acampamento Baptista com o "Trópico de Capricórnio" do Henry Miller (que, by the way, nunca li). Talvez duvidar fosse uma grande ousadia quando os reinos se declaravam parte da cristandade. Mas agora que a cristandade perdeu os reinos acreditar parece a verdadeira subversão. Getting things right is the new punk rock.
"In The Beginning Was The Word" não é de leitura fácil. Tem aquelas partes esquemáticas meio impenetráveis para mim que há quase vinte anos me angustiavam nos manuais que lia na Avenida de Berna. Trouxe-me o sabor amargo à boca de uma cadeira que se chamava Pragmática da Comunicação dada pelo professor Adriano Duarte Rodrigues que ainda hoje não sei como passei. Saussure, Searle, Wittgenstein, Chomsky, todos dão um ar da sua graça e recordam-nos que o Século XX divertiu-se a disparar para todos os lados no que à linguagem diz respeito. É normal que Babel (frequentemente citada a partir de Borges e não tanto a partir do Velho Testamento) se tenha tornado a cidade santa deste pessoal: ninguém se entende na tarefa do entendimento.
Quem lê este texto só pode fazê-lo por causa de Cristo. "The designation of the Son as «the Word» indicates that he is analogous to a person's speech." A presunção desta afirmação é cósmica e não há outro modo de ser feita. Até aquele que usa as palavras para negar a existência de Deus só pode fazê-lo porque é o facto de Deus existir que permite o uso das palavras. É isto que os cristãos crêem. Este Credo não é uma redução monótona das possibilidades da linguagem porque "the diversity of languages is a positive reflection of the Trinitarian diversity of persons." Logo, a lógica liberta porque a linguagem labuta. Quem diria? Soltem os prisioneiros.


















P.S. Obrigado ao meu cunhado Tiago Oliveira que me ofereceu o livro.