terça-feira, junho 30, 2020

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O sermão de Domingo passado, chamado "O privilégio de ser uma peste", pode ser ouvido aqui e no Spotify.

sábado, junho 27, 2020

Amanhã

O sermão de amanhã chama-se “O privilégio de ser uma peste”, e nele encontramos o Apóstolo Paulo no capítulo 24 dos Actos dos Apóstolos entalado entre dois impérios. De um lado, o da venerável Jerusalém, do outro a vigorosa Roma. Quando se defende da acusação de ser uma peste, Paulo, explicando que não é contra Jerusalém nem Roma, não perde a oportunidade de falar de Cristo como aquele que confronta os nossos pecados para nos dar uma vida nova.


sexta-feira, junho 26, 2020

Nudez Pastoral Parcial

quinta-feira, junho 25, 2020

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O sermão de Domingo passado, chamado "O que confessa o teu confinamento?", pode ser ouvido aqui e no Spotify.

sábado, junho 20, 2020

Amanhã

No sermão de amanhã, que pergunta: “O que confessa o teu confinamento?”, abriremos o capítulo 23 dos Actos dos Apóstolos e veremos que quanto mais preso Paulo está, menos morto Jesus fica. O texto bíblico mostra que os nossos confinamentos irremediavelmente exprimem vida ou morte, vigor ou medo. Onde estamos nós então? Quando a nossa liberdade fica limitada, que história vivemos e contamos?


segunda-feira, junho 15, 2020

Um texto re-aparecido por uma praga que não desaparece

[Deixei este texto na gaveta há ano e tal, bem aconselhado que fui a não me meter em grandes debates quando, cansado, me preparava para entrar na licença sabática. A verdade é que creio que volta a ser pertinente quando tantos evangélicos se afoitam em falar em nome de “A Igreja em Portugal” em iniciativas que incluem católicos romanos. Siga.]

Creio que uma das boas tradições que os cristãos evangélicos têm perdido (se é que em Portugal alguma vez a tiveram) é a da discussão pública fraterna. Assim para tentar despachar um assunto que tem as suas complexidades, diria que nós, mediterrânicos, sendo incorrigivelmente matriarcais (leiam o Miguel de Unamuno), sobrevalorizamos o valor da família a um ponto em que evitamos tudo o que pareça uma divisão entre pessoas que devem amar-se. Se a mamã fica triste quando os manos discutem, então talvez seja melhor os manos nunca discutirem. Acontece que a família não é só a mamã e, segundo as Escrituras, as qualidades paternas ainda servem para alguma coisa.

Mas não quero divagar. Os cristãos evangélicos em Portugal raramente debatem com integridade e muito mais facilmente resvalam para a intriga. Isto acontece mesmo entre aqueles que são pastores e é uma verdadeira tragédia. Mas o ponto onde quero chegar agora é outro: volta e meia é mesmo necessário vir publicamente explicar porque é que faço assim quando outros fazem assado. Não teria havido Reforma Protestante sem uma atitude parecida e, como continuo a acreditar nela, aguentem-me por um pouco.

Um ponto prévio é que não quero colocar em causa a boa intenção das pessoas das quais me vou demarcar, em relação ao assunto deste texto, e o qual ainda nem referi (ou melhor, já o referi no título). Mas, como o povo diz sabiamente, de boas intenções está o Inferno cheio. Atenção que não quero mandar para o Inferno as pessoas que têm uma perspectiva diferente da minha. Só quero relembrar que para nós, cristãos (e evangélicos em particular), deveria ser claro que não é por uma coisa ser bem intencionada que ela fica vacinada contra a asneira. Pelo contrário, os protestantes costumavam ser especialistas na arte da auto-suspeita, sobretudo aquela que se pratica com coisas que parecem bonitas. Afinal, o segundo mandamento recorda-nos que tão incorrecto quanto adorar outros deuses, é adorar o Deus certo da maneira errada - ou seja: as maiores astúcias do Diabo, que nos levam ao horror da idolatria, vêm precisamente do aparente bom instinto de querermos louvar o nosso Deus com tanta força que acabamos a dar prioridade à vontade do adorador sobre o cuidado de como deve ser feito o louvor ao adorado.

Tendo dito isto, quero honrar a persistência da convicção dos meus irmãos evangélicos que nos últimos anos têm promovido o chamado Encontro Cristão, que junta numa celebração católicos romanos e protestantes. Mais ainda: quero reconhecer aquilo que na perspectiva deles é um imperativo de unidade espiritual manifestado com uma generosidade assinalável, ao ponto de nele me quererem envolver, a mim e à minha comunidade. Estas pessoas têm nomes e rostos e alguns deles são meus amigos. Se não me tivessem qualquer tipo de amor, não insistiriam em convidar-me. Quero ser cada vez mais sensível ao amor que me têm porque eu ser amado antes de amar quem me ama é um padrão que foi iniciado na minha própria vida pelo próprio Deus. Neste caso, muitos destes irmãos amam-me e eu amo-os também. O intuito deste texto é, reconhecendo o amor, a amizade e fraternidade que nos une, expor simultaneamente as razões que creio serem de sobra para outra posição sobre este assunto ser mantida. Tomo o tema como importante e por isso exprimo-me agora em aberto, tentando encaixar-me na tal tradição evangélica que mencionava no primeiro parágrafo. Que a defesa da minha posição seja feita com o amor que é devido entre os irmãos. Por outro lado, quero permanecer aberto a ler a defesa deste Encontro de um modo que, sendo biblicamente sustentado, me mostre que estou errado - esse seria, por parte de quem discorda de mim, um gesto de grande fraternidade para comigo.

Número um: se considerasse que, no essencial, católicos romanos e evangélicos estão unidos, seria católico romano. Na Bíblia, o valor das coisas essenciais é demasiado sério para nos darmos ao luxo de não nos submetermos a elas. O Novo Testamento parte do princípio que é precisamente pelo facto de a Igreja se manter clara nas coisas essenciais (no evangelho de Jesus Cristo), que nos devemos submeter aos pastores dela. Portanto, e simplificando muito: não acham que, se chegássemos à conclusão de que no fundamental o catolicismo está certo, encarnando ele a Igreja tal como ela é revelada na Palavra, não deveríamos submeter-nos à autoridade dos seus pastores e, neste caso, à do Papa? Deixem-me endurecer um pouco mais o tom: se Roma não estiver seriamente equivocada, então por alma de quem é que eu seria um evangélico em Portugal, uma condição que me torna, no mínimo, pindérico diante do charme ancestral da Igreja Católica Apostólica? Acho incrível como é que há evangélicos que, por exemplo, pensando que no fundamental estão de acordo com católicos romanos, permanecem nas suas igrejas esteticamente pavorosas. Meus queridos: por muito que ame a minha casa de oração na Lapa, se pensasse que partilhava o essencial com a Igreja Católica Romana, já há muito me tinha mudado para a Basílica da Estrela.

Número dois: creio que aquilo que congrega as pessoas nestes encontros não é tanto a celebração da unidade na verdade, mas a celebração de quão subjectiva pode ser a unidade na verdade. Nesse sentido, o Encontro Cristão pode ser um encontro realmente pós-moderno. Irei mais longe sabendo que corro o risco de soar injusto. Provavelmente é mais atraente eu integrar um encontro com estas características por aquilo que sinto que ele faz por mim, prometendo-me uma reputação de abertura, tolerância e larga fraternidade, do que integrá-lo pensando seriamente nas consequências pessoais que deveria extrair da importância de estarmos unidos na verdade. Se a unidade é assim tão importante, por que razão é que no final vai cada um para seu lado, de volta para igrejas institucionalmente diferentes? E isto leva-me ao ponto seguinte.

Número três: para um evangélico a unidade é uma coisa diferente daquilo que é para um católico romano. Se não fosse, não permaneceria nenhuma separação desde o Século XVI. Os evangélicos concebem um tipo de unidade diferente, prioritariamente junto do texto bíblico e que, por isso, pode permitir corpos eclesiásticos distintos. Ou seja, para os protestantes o mesmo evangelho pode dar origem a igrejas formalmente diferentes, ao passo que para o catolicismo é essencial a Igreja ser institucionalmente una, ainda que com visões bem distintas acerca daquilo que o evangelho é. Isto deveria ser bê-á-bá para todos mas ainda não é. Não adianta promover um Encontro Cristão que celebra a unidade entre católicos romanos e protestantes se a unidade não for o mesmo para todos. O que me faz crer que a unidade promovida pressupõe aquele tipo de encontro que C.S. Lewis criticava, de quem se encontra nas margens das suas convicções - católicos pouco católicos e protestantes pouco protestantes naturalmente têm muito em comum.

Número quatro: aceitem com benevolência quando vos digo que provavelmente tenho mais experiência interconfessional do que a maioria dos pastores evangélicos que se junta no Encontro Cristão. Pode parecer arrogante mas a falsa modéstia também é um pecado. Em pouco mais de dez anos de ministério pastoral, já falei para católicos do Opus Dei, para jesuítas, para rádios e tevês católicas, para os Grupos de Jovens de Nossa Senhora, em inúmeras conferências e palestras, já promovi um encontro mensal entre católicos e protestantes (para outros fins - já lá vou), e, mais importante ainda, tenho amizades com católicos romanos que são uma bênção preciosa que Deus me tem dado. Se não faço por colocar em causa a fé destes meus amigos chegados, também não me cabe a mim pronunciar-me acerca dela além do que a Bíblia diz. Deus é que sabe aqueles que se salvam, não eu. Eu não sou Deus e felizmente o juízo final não depende de mim (se assim fosse, seria uma divindade tão miserável que nem a mim me conseguia salvar, quanto mais aos outros…). Mas não posso ignorar o que as Escrituras dizem porque as Escrituras são o que Deus diz. Nesse sentido, os erros do catolicismo são demasiado sérios para que, quando falo na fé de católicos romanos, dar uma de porreiro. São vidas eternas que estão em causa, não a minha reputação de pastor prá-frentex. Logo, e tendo esta experiência interconfessional, sei que uma coisa é interconfessionalidade, em que o propósito não é afirmar uma fé comum, e ecumenismo, em que é esse mesmo o propósito. O Encontro Cristão é claramente ecuménico no seu propósito. Eu frequentarei todos os encontros interconfessionais para os quais me convidarem e puder aceitar. Encontros ecuménicos, só em cadáver e contra a minha vontade.

Número cinco: católicos romanos e evangélicos precisam de estar juntos mas não é em encontros ecuménicos; é nas trincheiras. É na luta contra o aborto (onde, curiosamente, não encontro nas marchas organizadas boa parte destes evangélicos), é valendo os abatidos, é não arredando da influência cultural da nossa tradição comum judaico-cristã, é defendendo a família, entre outras guerras possíveis. Francis Schaeffer chamava a isto co-beligerância e eu digo três vezes amém. Durante um ano organizei na minha igreja uns almoços em que éramos perto de uma dúzia de preocupados com estas questões, maioriatariamente católicos. Até confesso que, como comíamos juntos, orávamos antes das refeições. A regra era os romanos saberem que tinham de emagrecer a sua prece de acordo com a sensibilidade reformada, e os reformados não serem desnecessariamente cismáticos. Foram grandes encontros, e até gostava de os reactivar. Quero pensar que até foram encontros de cristãos, mas essa não era a nossa preocupação porque todos os que estavam juntos eram suficientemente consequentes com a fé que tinham para não se consolarem com um mínimo denominador comum. Aliás, é revelador que sempre que a conversa se tornava mais teológica, os romanos tentavam convencer os reformados a “regressar a casa”, e os reformados tentavam convencer os romanos a “converterem-se”. É a minha convicção que um encontro entre católicos a sério e protestantes a sério é um encontro em que eles combatem, precisamente porque têm a verdade como mais importante do que o seu convívio.

Convívio no combate, é a maior fraternidade que consigo com católicos romanos. Ou, ecumenismo da porrada, como já escrevi há uns anos. Se tornarem o Encontro Cristão num fight club, contem comigo. Lembra-se de qual era a primeira regra?


quinta-feira, junho 04, 2020

Ouvir

O sermão de Domingo passado, chamado "Quando a Igreja tem ideias opostas do que Deus quer", pode ser ouvido aqui (e no Spotify).