quinta-feira, abril 30, 2015

Não há nada...
como saltar de uma fotografia fofinha das nossas crianças para uma provocação sobre guardar o Dia do Senhor para o nosso Facebook adormecer. Siga! O que é pior: quebrar o descanso que Deus nos pede ou quebrar o lazer que o mundo nos impõe?

quarta-feira, abril 29, 2015

Quebrar o descanso
A última vez que não guardei o Dia Senhor estando presente no culto foi num Domingo de Agosto de 2009. Ainda por cima por razões musicais, as piores tendo em conta o impulso idólatra que sinto desde os meus 12, 13 anos de fazer do rock'n'roll a minha vida. Neste caso a FlorCaveira tocou no Festival Sudoeste (eu, o Sami, o Coração e os Pontos) na noite de Sábado e o regresso, sendo pela noite fora, colocou-me de volta a casa numa hora em que o culto da minha igreja já tinha acontecido. Podia pelo menos ter arranjado outro a que assistir mas, todo rebentado da noitada, acabei por não o fazer. É óbvio que pequei desonrando o Dia do Senhor.
Há outras coisas menos óbvias para mim. Esta questão do Dia do Senhor tem vindo a ganhar espaço na consciência da minha família e por isso cada vez estou mais certo de algumas coisas que não devo fazer. Mas isso não significa que já tenha uma posição firme quanto à correcta observância deste dia. O meu cunhado Tiago Oliveira, que vai mais firme e convicto à minha frente neste assunto, tem-me falado de algumas das suas decisões e eu ainda não estou no mesmo lugar. Até porque preciso de estudar o assunto mais profundamente nas Escrituras.
No próximo Domingo vou estar a pregar sobre o Quarto Mandamento, que é precisamente este de guardar o Sábado. Não vou partilhar com a minha igreja certezas que não tenho, mas vou certamente partilhar aquelas que tenho a partir da Palavra. Não deixa de ser curioso pregar o sermão sobre o 4º Mandamento num Domingo em que muitos usam o fim-de-semana prolongado para o quebrar. Durante os próximos dias planeio ir semeando umas provocações proféticas acerca do assunto. Andamos todos demasiado relaxados acerca da importância do descanso.


terça-feira, abril 28, 2015

Rude Boys Outta Jail


















E quem não percebe a gravata dentro das calças não percebe o ska.
Ouvir
Quanto mais santificamos o nome de Deus, mais olhos temos para o que é realmente bom à nossa volta.
O sermão de Domingo passado, sobre o Terceiro Mandamento, pode ser ouvido aqui (clicar em cima de aqui).

sexta-feira, abril 24, 2015

E mais agenda


















Amanhã há XNC no Príncipe Real mas daqui a 15 dias há barulho mais a norte. E estou disponível para pregar o evangelho em algum sítio na zona do Porto na manhã de Sábado.
Agenda em cima da hora


Aguardela entre a espada e a parede

[Escrevi este texto para a newsletter da Flur aqui há um par de semanas.]

Vivo ao lado de um Centro Comercial que já foi importante. Vivo em Oeiras e esse Centro Comercial chama-se Palmeiras. Antes do advento dos multiplexes, estes sítios eram um luxo. O Palmeiras é parente do Fonte Nova, para dar um exemplo menos suburbano. Ora, no Palmeiras há todo o tipo de iniciativas que visem impedir a sua decadência (valeria a pena recuperar o seu cinema, por exemplo). Uma dessas iniciativas é uma feira do livro que, volta e meia, ocupa a sua praça central.
Essa feira do livro tem preços imbatíveis. Andei a oferecer Flannerys O'Connors e Evelyns Waughs aos meus amigos à custa disso. E também dá para comprar outros livros que, se não fosse um preço estupidamente baixo, provavelmente nunca compraria. Comprei "Morrer na Praia do Futuro" sobre o crime macabro de Luis Militão Guerreiro que levou a vida de seis empresários portugueses (que livro!). Mas divago. Queria chegar a outro lugar: "Esta Vida de Marinheiro" de Ricardo Alexandre, sobre a vida de João Aguardela.
Na minha memória há um concerto no Parque Central da Amadora, algures entre 1994 e 1995, em que os Sitiados provocaram um mosh pit medonho que juntava brancos, pretos, metálicos, xungaria, skins e punks, entre outros. Lembro-me que eu e o meu amigo Emanuel Conde aperfeiçoámos uma técnica de sobreviver na molhada que era abraçarmo-nos e usarmos as pernas como hélices que impedissem aproximações mais hostis. Funcionava. E funcionava sobretudo tendo em conta que um concerto de Sitiados era selvagem. Era gloriosamente selvagem.
Desde essa altura que passei a admirar João Aguardela. Desde essa altura e desde que a minha irmã gémea comprou o "E Agora?", o segundo álbum dos Sitiados. Os Sitiados ajudaram a criar em mim uma trégua entre o meu punk militante da adolescência e a convicção que o futuro tinha de vir de mãos dadas com a música da nossa tradição (nunca teria gravado o meu primeiro disco a solo, "Fados Para O Apocalipse Contra A Babilónia", sem isso). Fiquei triste quando Deus chamou tão cedo o João Aguardela em 2007. Como um bom fã, gostava de o ter conhecido para lhe dizer da importância  que ele teve para mim (uma vez vi-o com a Sandra, sua companheira de música e de vida, na Loja do Cidadão mas faltou-me a coragem).
O Aguardela tinha um credo que também confesso. Esse credo sugere que a música é tão mais interessante quanto stressada entre a espada e a parede. O que é que isto quer dizer? O coração do Aguardela não fervia pelos músicos habilidosos e que transmitem domínio da sua arte. O Aguardela dizia mesmo que a música portuguesa a partir dos anos 90 era desinteressante porque os músicos portugueses aprenderam a tocar tão bem como os músicos estrangeiros (e, consequentemente, a imitá-los na perfeição). Passaram a ser músicos aburguesados.
Se olharmos para o Aguardela, vemos que o seu credo não era só teoria. Os Sitiados nunca quiseram aperfeiçoar o seu trad-rock para se colocarem como versão local dos Pogues. Fizeram esquisitices com a electrónica, borrifaram-se para novos êxitos, acabaram quando acharam que não tinham mais nada de interessante para dar. A seguir, o Aguardela meteu-se no Megafone (uma coisa que, nunca me tendo dado muita pica, ainda assim me inspirou - o Aguardela fez uma coisa que também fiz que era deixar às escondidas os meus discos nas prateleiras de fado da Fnac quando não os conseguíamos distribuir comercialmente). O Aguardela ainda foi à Linha da Frente e à Naifa, coisas a que não prestei muita atenção mas que foram contra-a-corrente num contexto global de conformação e tédio.
Uma música entre a espada e a parede é uma música que não finge que antes de nós não veio ninguém. É uma música que nos aperta porque nos permite criatividade a partir de um princípio que não estamos sozinhos. É uma música que, se calhar, antes de celebrar génios, celebra entalados. Celebra músicos que andam às voltas com o antigo e com o novo, sem isenções espácio-temporais - somos daqui e estamos aqui agora. Nesse sentido, uma música entre a espada e a parede é, paradoxalmente, uma música mais comunitária. É com essa paz que cumprimento todos os músicos e amantes de música - shalom!


quinta-feira, abril 23, 2015

Correr em direcção à descompostura
Qual é a pior coisa que se pode chamar a uma senhora? Pois, essa mesmo. Prostituta. Prostituta é a versão longa mas consta que João Ferreira de Almeida, o primeiro tradutor da Bíblia toda para o português (quase toda, porque houve um restinho que ele não conseguiu traduzir), usou mesmo a versão curta da palavra.
Se um pregador estivesse a pregar a uma congregação e estabelecesse uma comparação entre a infidelidade dessa congregação e um acto de prostituição, a coisa ia ficar complicada. No entanto, é isso que Ezequiel faz com frequência, quando equivale o estado espiritual de Israel com o de uma mulher da má vida.
Os capítulos 16 e 23 são aqueles que mais duros me parecem. São textos bíblicos de digestão difícil e em que as palavras são usadas para, usando uma expressão da minha mulher, espetar a faca fundo e rodá-la. Se alguém quiser ficar horrorizado com os dispositivos literários da Bíblia, escusa de ir ao fogo e enxofre do Apocalipse. Basta estes dois textos de Ezequiel.
A coisa boa é que a Bíblia é assim mesmo porque não nos trata como incapacitados. E, mesmo que seja difícil o embate com a comparação, o que nos choca mais nem é chamar prostituta à Dona Jerusalém. É, no fim de tudo isto, entender que Deus continua interessado nela. A ira de Deus é grande? Certamente. Mas o seu amor é maior ainda.
O livro de Ezequiel também serve para nos fazer entender que, quando fugimos da descompostura que Deus nos quer dar, passamos ao lado de compreender a dimensão do seu amor. Os filhos bem educados não são aqueles que nunca viram os seus pais zangados. São aqueles que perceberam que a zanga dos pais existe em função do amor que eles nos têm.


quarta-feira, abril 22, 2015

Nas bancas
Já está nas bancas a Revista Ler onde escrevo acerca das semelhanças entre o Rei Salomão e Mark Twain no uso do cinismo.

O papel que Salomão desempenha na Bíblia não será muito diferente que o papel que Twain desempenhava num país com uma tendência persistente em ver sonhos mesmo no meio dos piores pesadelos. Salomão era sábio porque sabia entender que a beleza da existência não é só simplicidade. A grandeza de Twain era, por outro lado, acreditar pouco mas não fazer disso uma desculpa para não ver o que é bonito. Há uma equivalência entre os dois que pode ser um grande modelo para o uso apropriado do cinismo.


terça-feira, abril 21, 2015

Ouvir
Os bezerros de ouro que construímos na nossa vida não são um desejo de interrompermos a viagem para a Terra Prometida. Os bezerros de ouro que construímos na nossa vida são um desejo de chegarmos à Terra Prometida já.
O sermão de Domingo passado, sobre o Segundo Mandamento, pode ser ouvido aqui (clicar em cima de aqui).

segunda-feira, abril 20, 2015

"Filho de Deus" de Cormac McCarthy
Se me comparar com a maior parte das pessoas, leio muito. Mas não sou um leitor compulsivo. O prazer que a leitura me dá sempre foi equivalente à preguiça que sinto para ler. Por isso sempre preferi acabar de ler um livro a ler um livro. Raramente na vida tive aquela experiência de não conseguir parar de ler. Quase sempre eu consigo parar de ler com toda a facilidade. Mas Deus tem-me tornado um leitor mais estável nos últimos anos, de facto. E grande parte do meu tempo hoje passa por ler. Leio mais e melhor, ainda que duvide que alguma vez me torne um leitor compulsivo.
Todavia (e teria de haver um "todavia" neste texto), volta e meia há um livro que parece colar-se-me às mãos. Pelo que tenho vindo a entender, os poucos livros que parecem colar-se-me às mãos não têm a ver necessariamente com a sua qualidade literária. Antes pelo contrário, geralmente os grandes livros custam-me a ser lidos (amei o "The Portrait Of A Lady" mas foi custoso, estou a gostar muito de "A Divina Comédia" mas também me custa bastante, etc.). Há uns meses houve um livro que literalmente devorei: "Morrer na Praia do Futuro". Que fantástica obra literária é essa? Nada mais nada menos que o texto escrito por Luis Militão Guerreiro, o português que no Brasil matou seis empresários portugueses em Fortaleza. Lembram-se da história? Pois bem, os méritos literários do livro são escassos mas a história, caramba!, a história! Histórias de crimes terríveis - eis uma das receitas para que os livros se me colem às mãos.
Empreendamos um pequeno progresso estético: entra "Filho de Deus" do Cormac McCarthy. Eu ainda li relativamente pouco do Cormac mas o que li já me fez entender que tenho nele um escritor que fala a minha linguagem. O "The Road" é fantástico e o "Meridiano de Sangue" não fica muito atrás. O facto é que "Filho de Deus" colou-se-me às mãos. Li-o num fôlego e que fôlego!
"Filho de Deus" é a história de Lester Ballard, uma personagem que começa como pateta e acaba como psicopata. Como Paulo Faria, o tradutor de "Filho de Deus", diz bem no prefácio, as personagens monstruosas de Cormac McCarthy não são propriamente excepções ao ser humano comum mas antes a sua regra (que talvez só se distingam por uma intensidade superior). Isto não quer dizer que McCarthy escreve partindo do princípio que todas as pessoas são bestas, mas talvez escreva partindo do princípio que todas as bestas são pessoas. Só a partir daqui nasce uma literatura que genuinamente é acerca da redenção.
Hoje é um lugar-comum falar do valor da redenção na arte. Acontece que o valor da redenção na arte só pega quando há por parte do artista uma convicção sólida acerca do que pede pela redenção: o pecado. Por exemplo, em Portugal nós não temos arte que decentemente peça por redenção porque não temos artistas que decentemente acreditem em pecado. O que temos é geralmente uma sopa pós-moderna onde a emoção é procurada por efeito do tédio (o tédio é o melhor substituto para o pecado que conseguem aqueles que não acreditam em Deus), o que é completamente diferente de termos uma arte onde a redenção é um assunto concreto. McCarthy dá-nos uma escrita que é mesmo a sério acerca da redenção porque ele escreve mesmo a sério acerca do pecado.
O curioso é que, se McCarthy escreve mesmo sobre pecado, não deixa de o fazer mostrando aquilo que o pecado também é - ridículo. Daí Lester Ballard se tornar uma personagem inesquecível. Lester é o tal que começa pateta e acaba psicopata. Por andar a ler o Dante ando com esta lição mais fresca, esta de saber que o Inferno é um lugar tão sinistro quanto disparatado. Hoje podemos dar-nos ao luxo de fazermos do ridículo uma desculpa para o alívio moral, mas o ridículo sempre foi algo moralmente carregado. Nos círculos do Inferno de Dante os pecadores sofrem com um grau de horror ao nível do grau de absurdo, o que se num primeiro momento nos pode dar vontade de rir, num segundo dá-nos vontade de chorar. Não é à toa que o mesmo acontece com Lester, que a dada altura irrompe num choro que pura e simplesmente não é explicado. O humor que pode ser suscitado pelo pecado não significa que o pecado passa a ser inimputável. Não é por um pecador ser ridículo que ele deixará de ser punido enquanto pecador. "Filho de Deus" ajuda-nos a perceber isto melhor.
Talvez um dos aspectos que torna "Filho de Deus" viciante seja a expectativa que quanto maior o crime que vemos descrito nas suas páginas, mais preciso seja um castigo que se siga. E McCarthy trabalha esta tensão de um modo ilustre. A ironia é que, como este castigo acaba por não chegar à dimensão do crime, acabamos por terminar a leitura pedindo uma justiça maior do horrível com que nos deparámos. E é aqui que quero terminar assinalando uma característica verdadeiramente religiosa da escrita de Cormac McCarthy: pelo facto do mundo literário de McCarthy ser tão ostensivamente sem Deus (a malvadez anda realmente solta), nada há que seja tão pedido pela sua escrita como Deus. Por isso, creio que um dos trunfos de "Filho de Deus" nem é tanto empatizarmos com o criminoso (mesmo que o consigamos fazer); é muito mais sermos inclinados para a necessidade de um juiz divino. Talvez o próprio McCarthy não concorde comigo (não lhe conheço identificação religiosa), mas que um tipo sai a precisar mais de Deus depois de um livro do Cormac, sai.


quinta-feira, abril 16, 2015

Coroa


















"A godly wife does not just adorn herself; she adorns her husband. She is a crown of glory. She does this as a virtuous woman, and this is precious, in part, because of its comparative rarity. If it were easy, more would be happy to be virtuous. So at the heart of an adorned and adorning wife is her deep and abiding fear of God." - Douglas Wilson.

quarta-feira, abril 15, 2015

Listen all y'all, it's a sabotage

terça-feira, abril 14, 2015

Ouvir
O princípio do Primeiro Mandamento é este: uma vez que os judeus devem 100% da sua liberdade a Deus, Deus exige 100% da adoração do seu povo para si. Qualquer acto de idolatria insinua que não fomos libertados inteiramente por Deus.
O sermão de Domingo passado pode ser ouvido aqui (clicar em cima de aqui).

segunda-feira, abril 13, 2015

Praia com Jesus
Uma das coisas mais irritantes quando se prega acerca da lei, é ter de levar com a ignorância típica de muitos evangélicos. Para muitos evangélicos a palavra "lei" é um papão que os deixa a chorar traumatizados a um canto. Para esses evangélicos a lei é uma espécie de tempo chuvoso que esperava pelos primeiros raios de sol, em que Jesus chega triunfante pronto para a praia e declara que a partir de agora é férias para sempre. O problema é que estes evangélicos revelam que, na sua aversão pavloviana à lei, pouco sabem acerca do próprio Jesus que julgam ter dado cabo dela.
Ontem na igreja chegámos finalmente aos Dez Mandamentos. Uma das coisas que me parece necessário fazer hoje, quando se estuda os Dez Mandamentos, é dissipar as dicotomias preguiçosas feitas entre o evangelho e a lei (como se o evangelho fosse contra a lei). Ora, torna-se então necessário entender qual o tipo de embate que o Senhor teve com os legalistas. Os próximos parágrafos são excertos do sermão de ontem, que estabelecem uma distinção básica entre um legalista (coisa que um cristão nunca pode ser) e um não-legalista.
A antipatia que Jesus mostrava pelos fariseus não era por eles acolherem a grandeza da lei mas por eles reduzirem-na. Os fariseus eram legalistas e os legalistas são especialistas em fazer da parte o todo. O legalista é uma pessoa que ignora que a obediência à lei respeita a personalidade de quem a criou. Quando eu me lembro que o autor da lei é perfeito e integra totalmente a realidade espiritual e a realidade física, é absurdo cumprir a lei na sua forma sem permitir que ela se cumpra no meu coração. Na verdade, o legalista é alguém que parece que cumpre a Lei mas, de facto, faz o contrário. Por isso Jesus passou a vida a malhar em legalistas.
O legalista julga que cumpre a lei pelo facto de seguir os seus aspectos formais. Mas o seu coração fica incólume a ela, revelando na prática que o legalista, ainda que inconscientemente, torna o autor da lei tão imperfeito como o modo como ele a cumpre. Uma pessoa que cumpre a Lei na sua forma mas não no seu conteúdo é alguém que faz de Deus a mesma coisa. Quando eu sou legalista, eu não estou a ser transformado pelo princípio perfeito da lei; quando eu sou legalista eu estou a transformar a lei na minha imperfeição. Um legalista não é, por isso, uma criatura da lei mas da carne. Por isso o Senhor Jesus não foi um legalista mas alguém que cumpriu ele mesmo a lei. Porque o Senhor Jesus sabia que cumprir a lei era respeitar o carácter de quem a criou - Deus. Deus, cuja forma não difere do conteúdo, dá a lei para que ela seja cumprida em obras e no coração - segundo a sua própria natureza.
O legalismo parte do princípio que, desde que nenhuma regra seja quebrada, a lei é cumprida. Mas isto é de uma grande ingenuidade. Um legalista julga que nunca matou ninguém por nunca ter interrompido o batimento cardíaco de nenhuma criatura. Mas um não-legalista sabe que não matar ninguém é muito mais do que isso: é servir a vida de todos os outros à nossa volta. A lei é muito mais que uma aparência de cumprimento. Isto era algo que os fariseus não compreendiam.

sexta-feira, abril 10, 2015

Amanhã!
Olha aí o cantor da 1ª parte da tarde musical de amanhã! Um rocker de olhos azuis que também sabe baladear. Depois dele será sempre a descer.

quinta-feira, abril 09, 2015

Noite do Crime Eléctrico #3
As Noites do Clube do Crime Eléctrico já chegaram àquele ponto em que alguma imprensa levanta as orelhas. Alguns terão lido o texto do Observador sobre a segunda, em Março. Vale a pena (aqui: http://observador.pt/2015/04/02/ultimo-crime-eletrico-dos-pontos-negros/). Foi uma noite realmente memorável.
O Sabotage é o sítio apropriado para noites assim. Com mais de 100 pessoas o lugar começa a ficar apertado, o que facilita o elemento obrigatório de concerto de rock: o perigo. Mal os Pontos Negros começaram a agitação da assistência criou uma maré complicada junto ao pequeno palco. Pequenas ondas de gente a caíam aos pés dos guitarristas (eu fui um deles e a ferida que fiz na perna ainda me acompanha). Como dizia o Jónatas Pires depois do concerto, lembrando a ética de uma actuação eléctrica: ou há ferimentos ou não aconteceu.
O Cão da Morte empenhou-se solitário e corajosamente de guitarra e órgão, criando uma ligação tal que a assistência lhe sugeria no momento que repetisse alguns refrões. Os Velhos são das poucas bandas que se dá ao luxo de começar de novo, contra tudo e contra todos. Quantas das músicas antigas tocaram? Zero, zerinho. Só tocaram novas, todas lentas, todas a tresandar a casamento (é casar, meninos, é casar!). Mas sempre com a mesma força. Os Velhos mostram que a força não é um monopólio musical da rapidez.
O próximo concerto é daqui a uma semana. Topem a beleza do cartaz que o Silas Ferreira fez. É isso mesmo: Éme, Amamos Duvall e C de Croché. Marquem na agenda e espalhem a notícia.


quarta-feira, abril 08, 2015

Ouvir
Quantos de nós defendemos a ressurreição da maneira que mais convence, que é uma personalidade transformada e humilde?
O sermão de Domingo passado, chamado "Um coração transformado pela ressurreição é o que nos leva ao encontro daqueles que ainda não a meteram na cabeça", pode ser ouvido aqui (clicar em cima de aqui).

segunda-feira, abril 06, 2015

Online amanhã
Se a ressurreição não fosse algo que pudesse expor-se ao inquérito de pessoas, nomes de pessoas não eram dados para prová-la. Paulo dá a lista das pessoas a quem Jesus apareceu para que aqueles que não acreditam na ressurreição possam aparecer junto dessas pessoas e averiguar por si próprios. Acreditar na ressurreição não é usar menos os nossos neurónios.

quinta-feira, abril 02, 2015

Uma memória musical
O aspecto mais importante desta memória de há dez anos é aquele que levará menos das minhas palavras. Há dez anos casavam a Filipa e o Jónatas Lopes, amigos e companheiros nossos, que hoje servem a Igreja Baptista da Graça. Mas há dez anos também tinha um concerto na agenda que ainda hoje deixa recordações únicas.
Voltámos de Coimbra, deixando o casamento com a festa a meio (o Jónatas ainda não me perdoou esse abandono prematuro) porque as Borboletas Borbulhas e o Samuel Úria & as Velhas Glórias tinham um concerto na Casa Ocupada de Mem Martins (que, soube agora depois de uma googlada, foi demolida para dar lugar a um Hotel Ibis). Eu já tocava punk desde 1993 e já tinha dado concertos em diversos tipos de buracos mas, em 2005, tinha uma estreia numa genuína casa ocupada. Estávamos entusiasmadíssimos.
Mal chegámos, chega também uma viatura da polícia que pára à entrada. Ainda faltavam umas horas para o concerto e receámos que o concerto acabasse adiado. Mas a polícia passou e seguiu. A sala onde tocaríamos era uma espécie de encontro entre celeiro e garagem e tinha uma bola de espelhos que lhe dava um toque pleonasticamente decadente. Não me recordo se havia PA mas lembro-me que um dos nossos músicos teve de ir a Queluz buscar um adaptador para um dos cabos do microfone. Entretanto a organização da Casa (eram anarquistas mas eram organizados) ofereceu-nos um jantar que comemos numa sala imunda mas alegre enquanto víamos um jogo da bola (um Boavista-Sporting, creio). Era uma excelente feijoada que digerimos com alguma cautela porque a cozinha parecia uma caverna paleolítica.
Ainda antes do concerto recordo que os hóspedes da Casa Ocupada eram, naturalmente!, aqueles esquerdistas que não fazem da sua falta de fé religiosa uma desculpa para não terem religião. Antes pelo contrário, comparados com muitos crentes evangélicos eram muito mais rápidos na criação de um ambiente em que quem vem de fora rapidamente se sente irmão de quem o recebe. Foi nesse espírito de congregacionalismo instantâneo que me recordo de ver uma moça sair junto com os rapazes para fazer xixi na horta (aparentemente as instalações sanitárias da Casa ocupada não estariam nas melhores condições) e, tal como eles, fazê-lo em pé. Recordo que nessa altura ainda não era pastor e por isso, quando dei por mim, já estava a ver mais do que queria. Hoje em dia, certifico-me bem que que os urinóis que uso não se prestam a ecumenismos de género (e se for a uma horta, escolho uma horta sem mulheres por perto).
Começa o concerto. Connosco tocavam os Sexta Barra, uma banda de hardcore punk feio e forte, como se quer. Tinham uma estética skinhead mesmo tendo em conta que o vocalista era mulato. Samuel Úria & as Velhas Glórias foram a primeira banda a abrir o concerto e a coisa começou ágil na assistência, mesmo tendo em conta que não era muita (o Sami não esteve anos à espera de reconhecimento público para começar a rockar a sério - aqueles concertos do Sami eram inesquecíveis). As Borboletas Borbulhas despejaram em 15 minutos o disco "Tiago Guillul Quer Ser O Leproso Que Agradece", concluindo com o "Queluz Está A Arder" - a verdade é que o "Queluz Está A Arder" é desde o ano em que foi criado (2000) um (literal) firestarter, por isso a actuação acabava sempre em alta. No fim, veio uma banda em que tocava um sobrinho do Ribas que, por essa ligação familiar, andava com altivez nos pobres labirintos do punk nacional. A memória que tenho da banda é fraca mas lembro-me que a seca que estava a dar só foi interrompida por um daqueles diálogos que em concertos de punk começam do palco, seguem para a assistência e terminam no intercâmbio físico entre os dois. Meaning: rebenta pancada entre banda e público. Um dos intervenientes mais bravos na altercação era um fiel amigo nosso, filho de um pastor baptista e actual designer profissional bem sucedido no estrangeiro (we miss you, Barros!). O problema é que nós tínhamos de nos pirar porque na manhã do dia seguinte era dia de Escola Bíblica Dominical mas o nosso amplificador de baixo estava a ser usado. Foi uma das saídas de concerto mais inusuais que experimentei (e experimentei umas quantas): enquanto o pugilato acontecia algures na fronteira entre o palco e a assistência (que num concerto de hardcore é já relativamente flexível), nós sacámos o amp de baixo e pirámo-nos dali para fora sem beijinhos ou despedidas.
Pronto, era isto. Uma pequena memória musical. Se Deus quiser, em 2017 editarei o livro "Dor de Trono - Uma Memória Musical" que tratará de 25 anos de punk rock e que, eventualmente, ampliará esta e outras recordações queridas.


quarta-feira, abril 01, 2015

Agenda


















A vossa agenda precisa disto. Haverá um artista a fazer a 1ª parte, que será confirmado em breve.
Ouvir
A principal preocupação de Deus com os judeus não era fazer com que eles deixassem de ser escravos. A principal preocupação de Deus com os judeus era fazer com que eles passassem a ser sacerdotes.
O sermão de Domingo passado pode ser ouvido aqui (clicar em cima de aqui).