segunda-feira, fevereiro 27, 2006

Pregando o Evangelho
A Revista Atlântico tem Maria Filomena Mónica na última página, tem José Manuel Fernandes a dar que falar mas, sobretudo, tem-me a mim. É um momento histórico, caros leitores. Pela primeira estou vez na imprensa escrita não-gratuita. Singelos dois mil trezentos e cinquenta e quatro caracteres com espaços. Comprar, comprar, comprar.

sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Um desperdício
Morreu e nenhum dos seus familiares reparou que tinha o cartão Fast Galp cheio de pontos.

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Uma memória
1984. O Externato "O Cisne" ainda tinha chão de cimento. Corríamos com umas pistolas feitas de lego. A dada altura o blackout. Acordo 15 minutos depois sem entender a multidão à minha volta. Muito sangue sobre o meu ombro esquerdo. Na casa de banho a Tia Lina (as professoras no Externato "O Cisne" eram todas tias) lava-me o ouvido, inundado de vermelho vivo. Urgências num Hospital que não recordo. Sou recambiado para outro numa ambulância com a sirene ligada (nunca mais experimentei travessia igual). Traumatismo craniano. Quando regresso a casa ganhara um mês de férias da escola. Na televisão os Chapi Chapo faziam sapateado ao som de uma das melhores melodia que estes ouvidos, agora para sempre desequilibrados, alguma vez ouviram.

A melodia: clicar AQUI.

Nota: À posteriori soube que o motivo da minha queda havia sido uma rasteira pregada por um miúdo mais velho. Quando regressei ao Externato "O Cisne" o rapaz prontificou-se a pedir-me desculpas embora eu desconhecesse que o tombo possuia razões para além do acaso. Declarou a transgressão oculta. O meu sangue estava sobre as suas mãos (pés, neste caso) e clamava por justiça. Aceitei o seu arrependimento. Foi a primeira vez que lidei com o pecado do Outro. Tinha seis anos.

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Na minha casa
Cresce-se.
Osborne
À saída do Ozzy os Black Sabbath deixam de ser uma grande banda para passar a ser uma grande banda de heavy metal.

terça-feira, fevereiro 21, 2006

Inclinações
O maradona escreve o post mais elogioso que alguma vez li. Se ficássemos os dois sozinhos numa montanha não tenho dúvidas que a coisa ia ser concupiscente.
Uma extrapolação
No Alabama dez igrejas baptistas foram incendiadas. Pouco alvoroço causou o facto na comunicação social. Jeff Jacoby, no Boston Globe, questiona se teria sido diferente caso o alvo do fogo fossem dez mesquitas ou dez livrarias gay. Os baptistas rendem pouco no casting para o papel da vítima. Perdoem-me o choradinho mas sou baptista. Quando a Câmara Municipal de Loures retirou à Igreja Baptista de Moscavide o lugar de estacionamento não se perfilaram daniéis oliveiras no horizonte. República, laicidade e bolachinhas de água e sal. God-fearing white people não é sexy que chegue.

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Da equivalência
Há uma série de pessoas com problemas com a minha liberdade de expressão. Mas eu também tenho problemas com a liberdade de expressão de uma série de pessoas. Não nos irritemos demasiado. Temos muito campeonato pela frente.

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Movies
Johnny Cash saindo da Primeira Igreja Baptista de Hendersonville após o funeral de June Carter Cash.

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Amar como Mark Twain amou
Amar como Mark Twain amou
Sonhar como Mark Twain sonhou
Pensar como Mark Twain pensou
Viver como Mark Twain viveu
Sentir o que Mark Twain sentia
Sorrir como Mark Twain sorria
E ao chegar ao fim do dia
Sei que dormiria muito mais feliz
.
Drum'n'bass
Nestes dias ando muito Death From Above 1979.

E Charlie don't surf e essas coisas.

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Que se saiba
Meninos, meninas, esquerda, direita, católicos, protestantes, ateus, agnósticos, cristãos, muçulmanos, machos, maricas, beberrões, abstémios, solteiros e casados: sábado há música no Lótus Bar e todos devem estar lá.

Cervantes, you look so good.

terça-feira, fevereiro 14, 2006

O homem que se esquecia que tinha uma adundante vida sexual
Havia um homem que padecia de um problema: após ter relações sexuais esquecia-se. Ou seja. Com o orgasmo vinha não o sono mas a desmemória. A sua esposa, que até apreciava adormecer à mesma velocidade do homem, começava a preocupar-se. Isto porque durante o dia o marido vivia infeliz. Apesar de ter uma abundante vida sexual estava convencido do oposto. Que não praticava. Como a maioria dos católicos do país.
No emprego o homem pensava na noite anterior procurando vestígios de efervescência carnal e nada. Perante uma recordação nula o homem julgava-se portador de um corpo por satisfazer. Resultado: ao chegar a casa recriminava a mulher. A mulher julgava estar no meio de uma charada. Mas como era paciente atendia os pedidos e proporcionava ao queixoso marido noites de ímpar desfrute dos sentidos. No dia seguinte a cena repetia-se.
Este casal tinha, como pode ser antecipado, um índice de actividade sexual verdadeiramente invulgar. Acima de qualquer família chilena na Primavera. A ironia era a inexistência de consenso entre os próprios praticantes da modalidade. O marido, campeão de infinitas erecções, ao olhar-se ao espelho via-se pré-adolescente. Rabiscando nas valas do quotidiano possibilidades de maturação libidinal. A sua infelicidade era crescente.
Um dia o homem que se esquecia que tinha uma abundante vida sexual divorciou-se da sua mulher. Ambos à beira de esgotamentos nervosos. Junto dos seus amigos o homem justificava a quebra matrimonial por razões de incompatibilidade física. Junto das suas amigas a mulher justificava a quebra matrimonial por razões de incompatibilidade mental. Casar pode ser um acto colectivo. O divórcio é sempre individual. Uma coisa da modernidade e dos efeitos do existencialismo nas sociedades ocidentais.
Claro que há uma moral nesta história. E não tem nada a ver com supostamente o cérebro ser o verdadeiro orgão sexual. Em verdade, em verdade vos digo que o corpo é importante mas a memória é sagrada. Como teria sido diferente o destino do homem que se esquecia que tinha uma abundante vida sexual se o soubesse.

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Levezas
A filha de 21 meses tem uma reacção comum à música que ouço. Abrir levemente os braços e rodopiar devagarinho sobre si mesma. Pode ser o Cohen ou os Napalm Death, é-lhe indiferente. No último disco dos Strokes a coisa flui com grande continuidade.
Julian Casablancas é o homem mais bonito do roque da década de zeros. Não se pode deixar engordar.

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Os blogues nasceram para isto
"Uma mão lava a outra" na Nibelunga do Cabelo Duro.

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

As ruas do Chiado
Que no Ocidente somos mais civilizados que os outros dou de barato. Isto só incomoda quem tenha remetido para o conceito de civilização algum tipo de poder salvífico. Acontece que Jesus é que salva, não a civilização. Este é o problema de grande parte da esquerda: saiu do Egipto mas o Egipto não saiu deles. Recusam a religião mas comportam-se religiosamente com sucedâneos (a civilização, a cultura, o progresso, a poesia, o ecumenismo e as ruas do Chiado).
Há ainda outro argumento forte mas, ele próprio, pouco civilizado. Que fica mal escrever nos jornais mas para isso é que servem os blogues. Os grandes defensores da relatividade entre as civilizações vivem em locais que lhes colocam poucos desafios. Dou algo mais concreto. Raramente cresceram na Amadora, poucos amigos têm de outras raças que não pertençam ao seu estrato cultural, não sabem distinguir um cabo-verdiano de um angolano, ainda estão para dançar forró numa festa de brasileiros, desconsideram Hélder o Rei do Kuduro em favor do Coltrane, nunca tentaram distribuir Bíblias em Marrocos, etecétera, etecétera. Um símbolo forte deste fenómeno está em Diana Adringa que no ano passado incorporou o mais vergonhoso acto de liberdade de expressão num documentário videográfico que ilibava ad aeternum a raça negra da Grande Lisboa de qualquer acção pecaminosa. Jesus não precisa de morrer pelos pretos, segundo Adringa, porque os pretos não "pecaram e destituídos estão da glória de Deus". Esta blasfémia ninguém apontou.
Segunda parte do meu forte argumento: eu que cresci na Amadora, eu que certamente tenho mais amigos de outras raças que estes apóstolos da relatividade cultural, eu que sei distinguir um cabo-verdiano de um angolano, eu que já dancei forró em festas de brasileiros, eu que não desconsidero o Hélder Rei do Kuduro em favor do Coltrane, eu que já tentei distribuir Bíblias em Marrocos, etecétera, etecétra, asseguro-vos o seguinte: o Ocidente é mais civilizado que tudo o resto. Provisoriamente isto importa e muito. Dá-nos mais higiene e melhor prestação de serviços. Não devemos abdicar da higiene e da boa prestação de serviços. Em termos absolutos a conversa é outra. Deus pouco se interessa pela higiene e pela correcta prestação de serviços. Para Deus o salivante árabe vale o mesmo que o justo tibetano. Quer Bento XVI quer Robert Mugabe carecerão da misericórdia divina no Dia do Juízo sem que possam influir grande coisa no veredicto. Mas isto é da fé. O que sobra, e com todo o respeito pelos meus amigos que discordam, é de pouca valia no câmbio eterno. Útil mas de pouca valia.

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Noite passada
Meia-noite. Uma. Duas. Três da madrugada. Expulsar tudo do estômago. Quando se julga ter-se chegado ao fim ainda há coisas amarelas lá dentro que servem para o efeito. A mulher? A mulher dorme. Não tenho quem me segure a testa. Estou só no mundo. Ampara-me o mármore. Roca, diz a marca. Este dificilmente é um tempo para danças.

terça-feira, fevereiro 07, 2006

Evangélico Pride
O Ruy (do grande blogue Pura Goiaba) menciona traficantes evangélicos que impedem a macumba nas favelas. É verdade, sim senhor. O irmão Neemias que chegou há quatro meses à minha igreja já me contou uma série de histórias dessas.
Eu seria rico nos Estados Unidos. Mas no Brasil também me safaria bem (e na Coreia do Sul, e na Coreia do Sul).
Óquei
O linque do Kierkegaard já funciona. O site em causa não me parece tão bom quanto o anterior mas serve de momento.
Já agora, Dinamarca über alles.

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

Um subsídio para o tema do dia
Em criança disseram-me com tanta convicção que vínhamos do macaco que fui obrigado a anuir que cada indivíduo é livre de escolher a sua ascendência independentemente do que a Palavra de Deus sugere.
Era adolescente quando vi "A Vida de Brian". Os meus primos, à altura razoavelmente ímpios, riam a bom rir. Fez-me impressão uma ou outra coisinha mas aguentei até ao fim sem problemas de digestão.
Uns anos mais tarde adiei a minha rendição estética aos AC/DC muito pelo "Highway To Hell". Era excessiva aquela frontalidade viciosa.
A nossa vantagem é que o cristão aprende a conviver com a blasfémia. A sorte que todos temos.
Cada coisa a seu tempo
"In the very order of events, we ought diligently to ponder on the paternal goodness of God toward the human race, in not creating Adam until he had liberally enriched the earth with all good things". João Calvino, Institutes of the Christian Religion, Cap. XIV.

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

A actualidade é uma coisa fascinante
O casamento de Maomé com duas habitantes de Lesbos. Um enredo polígamo, blasfemo, promíscuo, progressista e com uma fantástica mise-en-scéne. Pasolini andou a dormir.
Ide

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

Compra
Ontem, Carrefour de Oeiras, catorze euros e noventa. Os Adidas Super Skate são uma delícia retrógrada criada em 1978. Da mão barata chinesa para os meus pezinhos sofisticados. Viva o multiculturalismo.

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Eu sei e tu sabes
Vão ao MySpace dos Gratos Leprosos e saquem a música nova. Chama-se "Dentro de cada libertino há um rato de sacristia".
Melhor que os blogues é a música, caros leitores.

Repararam no soul do refrão?
Discos

The Beautiful New Born Children - Hey People!

Architecture in Helsinki - In Case We Die

Lightning Bolt - Wonderful Rainbow