Compacto Voz do Deserto Férias de Verão- Casei uma irmã com um brasileiro. Ando bastante ecuménico,
I must say.
- Num acampamento baptista uma criança de seis anos olha para um rapariga africana e diz que "
é preta". Depois acrescenta em jeito de relação causal: "
é feia". Digo-lhe: "
tu é que és feio. És louro e isso não tem jeito nenhum". Ele dá-me o troco: "
e tu usas brinco e isso é de menina". A conversa não tem pernas para andar.
Não vale a pena falar com demónios.
- Pratico desporto. Basquetebol é sexo. É imperativo não mostrar sinal de esforço. O desporto não é a estiva. Marcar é apenas uma desculpa para poder continuar a jogar. Entre um falhanço com estilo e um ponto sem ele é sempre preferível o primeiro. O suor pode até ser necessário mas arduamente se torna desejável.
- Passo duas semanas privado do uso do bidé. Uma afinidade que partilho com as prostitutas francesas, segundo consta. Facto semi-aceitável: o lazer pressupõe concessões no conforto. Facto inaceitável: o relativismo cultural é uma desculpa para tomarmos banho menos vezes. Não sendo um apóstolo da higiene apraz-me o frio da louça entre as pernas. Especialmente antes da caminha. Basta.
- Uma semana em casa de amigos (com bidé). Acontece o inevitável. A mulher do casal diz-me: "
és insuportável". Explico-lhe que a minha idade mental está nos 62 anos. Que poderia ser pior. Mais três e começo a relaxar.
- Experimento uma estupenda estupeta. Parece carninha mas é atum. Mete-se gelo em cima para manter o prato fresco. Os algarvios não brincam em serviço.
- Nunca serei um
skater decente. De qualquer modo já consigo sacar
ollies da altura de um palmo. Os homens não se medem assim, não se esqueçam.
- Deixo crescer a barba almejando o patamar Variações. Não sucedo. O homem podia ser maricas mas tinha-a rija. Aqui o heterossexualzito tem-na de adolescente.
- Verdade: aos jovens católicos que foram à Alemanha ver o Papa (mau sítio para ver o Papa - sinal dos tempos?) falta estilo. Um pouco do charme discreto dos subúrbios no qual os evangélicos são prósperos. Mas o que aborrece de morte os críticos destas jornadas é o facto de ser possível juntar mais de um milhão de gente nova sobre outra inspiração que não o
sex, drugs and rock'n'roll.
O Maio de 68 não tolera o Agosto de 05.