O mau apenas ou "Mal posso esperar para ser Rei"
O que falta a The Good The Bad And The Queen são precisamente as canções à Rei Leão que os produtores evitaram. Não se põe um baterista preto a espanejar os pratos durante um disco inteiro. Aumenta-se-lhe o som da tarola e do bombo e espera-se pelo êxtase.

Esmagando o demónio da avareza
As Escrituras não podem ter tudo escarrapachado mas desde já posso adiantar que deitar fogo a notas de 100 euros é bíblico.

Hipnótico
Este blogue é perfeito.

Voluntas
E nestes dias de tantas preocupações ambientais, quem reabilita o pecado da inveja?

Aspas
Melhor que ser lido e não entendido é ser lido, não entendido e citado.

Matéria psico-alguma coisa III
E os púlpitos protestantes nasceram nos reality-shows (Lutero, claro, Lutero - não só mas muito também).

Matéria psico-alguma coisa II
Os reality-shows nasceram nos púlpitos protestantes.

Matéria psico-alguma coisa
Uma vantagem óbvia dos católicos é que os seus sacerdotes estão mais protegidos de fazer do púlpito o seu divã.

Revista cultural muito breve
- Ouve-se com prazer o novo disco dos Queens of the Stone Age.
- Finalmente vi o "Still Life" e se é certo que apenas aquele plano do prédio a cair vale os 5 euros ainda assim sinto que fiquei aquém do deslumbramento generalizado.
- Algo me diz que a moda das declarações amorosas escritas em sítios públicos que nos últimos tempos tem ganho expressão por Lisboa fora tem algo a ver com a imigração brasileira (não é só uma questão de posicionamento de pronomes e verbos).
- Um tipo vai de carro e ouve um início de cantiga vagamente conhecido. Uma bateria, umas guitarras, um grito. De repente apercebe-se que é a sua própria banda que passa na rádio. É verdade que eram quase dez da noite.
- Admiro Jorge Tadeu (o chefe da Igreja Maná) e vou participar num programa no Canal de Televisão dele.

Um pregador
Sobe um pregador convidado ao púlpito e de repente estou nos anos 40.
O pregador limita-se a dizer "Deus quer isto, Deus quer aquilo" sem um apelo minimo à inteligência da congregação. É um moço de recados do Divino. Qualquer carteiro poderia fazer o seu trabalho.
O pregador não quer cristãos nos seus ouvintes mas uma milícia.
Substitui a palavra cristão por crente e é o Maligno que o inspira a tal.
Ao distinguir aquilo que Deus diz do que o Diabo diz dou por mim a concordar quase sempre com o segundo.
A única parte em que me identifiquei com o pregador foi quando pediu dinheiro.

Nunca digas banzai
De umas leituras avulsas em revistas apercebo-me que o Japão é um país que desesperadamente precisa de Cristo (coelhinhos fofos sem boca, homens adultos a ler pornografia no metro, moda dos suicídios em grupo, etc.). O charme que a sua arte popular exerce sobre o Ocidente é igual àquela ponta de inveja que qualquer cristão sente quando vê um pecador afogado em vícios. Ninguém deseja a perdição mas os seus perversos fascínios até num coração convertido encontram ninho.
Urge desinidificar primeiro o nosso interior e depois evangelizar à séria o país dos kamizakes.

Contar dias
O meu pai fez 60 anos. Sixty is the new forty, pois, pois. O meu pai é sexagenário e a minha vida não será mais a mesma.

O que aprendo nas reuniões de oração de quinta-feira
Um dos cálculos aponta para que Noé tenha demorado 120 anos a construir a arca. Calcula-se também que durante esse tempo tenha pregado publicamente acerca do castigo divino vindouro. No final, pelo que a Bíblia nos diz, não terá levado mais ninguém na embarcação para além da sua família e, se quisermos ser rigorosos, dos animais. O que diz muito ou sobre a qualidade pulpitular de Noé ou sobre a teimosia dos pecadores que o ouviram.
Registe-se ainda que o nome Noé significa descanso.

Quiosque II
E comprem a Vanity Fair. Bruce Willis em forma. Amigo das filhas, amigo da ex-mulher, amigo do marido da ex-mulher, em suma, amigo de todos os seres humanos de bem. Para que não seja acusado de enquanto republicano restringir as suas amizades, declare-se que Bruce Willis até é amigo de Susan Sarandon.

Quiosque
Comprem a Rolling Stone. Bob Dylan e Jack Nicholson a dizer coisas bonitas. E uma capa que vale o investimento.

Do comer
No rescaldo de uma festa de aniversário recente o frigorífico preenche-se de sobremesas que sobraram. Na ausência de uma mulher que auxilie na tarefa, cabe-me a mim comer doces como quem come restos, numa triste execração do princípio gastronómico.
Hoje à tarde competiu ruminar um bolo que há 5 dias vem perdendo propriedades e capacidade de sedução. À medida que engolia reparei numa espécie de sumo que se espalhava no tupperware (quando é assim como as coisas directamente do tupperware), traduzindo com indubitável eloquência que a passagem do estado sólido para o líquido mesmo na pastelaria é uma operação concretizável.
Dificilmente engordo e dificilmente perco este hábito, que de certeza herdei da minha família da Marinha Grande, de que a comida não se estraga. Considero mesmo este fantasma eticizante como um valor religioso.

O Pioneiro
Para saberem sobre protestantismo em Portugal este site vai passar a ser obrigatório.

Gostar de homens XIV

Cindy Blackman, a baterista do Lenny Kravitz.

Não nos doa a cabeça
O Pedro Mexia fala sobre as pessoas com fascínio pela celebridade, o que me toca em cada poro da pele. Eu tenho um forte fraco por celebridades chegando ao ponto de, regional e ciberlogicamente, querer ser amigo pessoal de todos os bloggers de quem gosto. Já almocei com praticamente todos (mesmo com o Maradona - só eu e ele, ali no Medeia do Monumental). Poderá ser uma debilidade de carácter. Mas por enquanto tenho pecados muito piores.

Interromper o latim
No meio da contenda sobre o livre-arbítrio quando Lutero responde a Erasmo interrompe a certo ponto o latim para escrever em alemão: das ist zu viel (já chega!).

O meu post final sobre A Bela e o Mestre
Para além de uma cena brilhante em que Lipari vai dando a mão a Marina num jantar supostamente romântico e ela o reprime com veemência quando ele tenta entrelançar com ela os dedos (uma clara fronteira nos afectos que nem um reality show deve pôr em causa) - Lipari tem aqui o papel da sua vida - uma das grandes virtudes de A Bela e o Mestre é mostrar esse fenómeno frequente mas sobre o qual tão raramente se reflecte que coloca um grupo específico de homens solícito para um grupo específico de mulheres que os desprezam.

De quando o mar se abriu
Era tão inculto em matérias religiosas que julgava que a lei mosaica tinha a ver com construção civil.

Para além do conhecimento de Deus
Enquanto acabo a leitura de um teólogo protestante alemão do Século XX e passo para a leitura de outro teólogo alemão do Século XX penso que tudo seria mais perfeito se quase cinco anos depois de me casar já dispusesse de uma situação económica que comportasse a presença regular de uma mulher-a-dias (não digo mais do que duas vezes por semana, pronto).

Explicações
Tenho andado blogosfericamente absorvido por uma discussão no Trento na Língua acerca de quem tem mais medo: católicos ou protestantes.
A ver se não me desleixo com este belo horizonte de esperança que é a Voz do Deserto.

O tipo de ethos autoral que me agrada
"Ah, once I am dead, Fear And Trembling alone will be enough to immortalize my name as an author" dizia Kierkegaard em 1849.

Credo
Tenho orgulho em ser evangélico porque somos os pretos do cristianismo.

Outro conselho
A cena é andar de skate ao som do "Tie Your Mother Down" dos Queen.

Uma confissão (des)necessária
Se me encostassem à barriga uma seringa infectada com HIV e me obrigassem a sintetizar numa regra única a minha visão ética da existência eu diria: "não faças nada que envergonhe os teus filhos". Isto vem no seguimento da minha mais velha ter feito anos e eu andar compreensivelmente emocionado. Eu meto muito livro nesta cabeça mas a verdadeira transcendência recebi-a por intermédio das minhas meninas. Aquilo que de mais importante tenho para fazer na vida, converter pessoas ao cristianismo, só conhece sombra de rival na possibilidade de persuadir algum coração empedernido a gerar.

Conselho
Amanhã comprem o Sol e leiam a crónica da Carla Quevedo.

Da realidade
A Atlantic (a original americana) deste mês traz um artigo em defesa dos reality shows. Não é o melhor mas é o possível. Os Céus sabem o quanto me insurgi contra o primeiro Big Brother (passei um primeiro de Janeiro fechado no meu quarto em reclusão espiritual auto-imposta enquanto pais e irmãs chafurdavam na vitória do Zé Maria - escrevi mesmo na altura uma cantiguinha chamada "As pessoas deviam ter vergonha", sucesso local e inesperado persistentemente pedido nos concertos dos Gratos Leprosos). Hoje não faço apologias mas creio que entre outras coisas este género televisivo tem o condão de devolver às suas estrelas aquilo que só a própria realidade permite: o esquecimento. E isso em termos de espectáculo parece-me um progresso e uma providencial superação do star system.

A blogosfera divide-se
Entre aqueles que sabem fazer os chapeuzinhos nos zês de Zizek e os outros.

Subsídio para a Pátria nas horas difíceis
Aqueles que em busca de um Portugal maior se desiludiram com a derrota do Chelsea encontraram algum consolo no programa do António Barreto.