Para o fim-de-semana
No Século XIX Robert Kalley, médico escocês na Madeira, é obrigado a fugir da ilha. Não por negligência clínica mas porque, como bom protestante, não soube guardar a sua fé para si e na altura o catolicismo não estava para modas.
Os tempos são outros e o pior que pode acontecer aos protestantes portugueses é viver de ancestrais choraminguices. Mas esta é uma história que vale a pena descobrir. Por causa disso a Igreja Baptista de S. Domingos de Benfica vai receber o Ferreira Fernandes (que escreveu o "Madeirenses Errantes" e suscitou um documentário sobre o êxodo, que a RTP transmitiu há um par de anos) e o David Valente. Próximo Sábado, às 19h.



E na sexta, agora a valer, está tudo a comprar o Público.

Ouvir
Quem quiser ouvir o "3 Pistas" da Antena 3 no qual participei pode fazê-lo aqui (começa aos 27 minutos e 34 segundos).

O caramelo duro de roer
Desde os anos 90 que Madonna é sobrevalorizada. O consenso à sua volta tem mais de carinho geriátrico que apreço concreto pela discografia recente. O último disco antes deste, divertido, tinha um trunfo na reciclagem de uma música dos Abba o que clarifica que a Rainha da Pop na era ambientalista é um elegante ecoponto.
É verdade que só ouvi Hard Candy uma vez, quantidade necessária para reconhecer um bom par de singles. "4 Minutes" tem a quota mínima de eficácia, por exemplo, mas faz mais sentido na boca de Nelly Furtado. Madonna comporta-se como uma bela adormecida que carece que meninas lhe dêem beijos na boca para acordar (Britney Spears, Christina Aguillera, Justin Timberlake - a minha preferida do trio). As letras são medíocres e a auto-celebração constrange-nos. É revelador que tenha sido capturada enquanto símbolo (pós) feminista de um século sexualmente estafado. Acontece que chegámos ao XXI.

Mais um Patrique

Este Patrick Petitjean (que começa a tornar-se popular junto das massas, basta ir à HM e vê-lo nos cartazes desta estação) exibe um ar fenomenal. Prova também que as pessoas mais suculentas e interessantes são aquelas às quais se gruda uma verdade antiga. Patrick Petitjean tem algo de Éden. O problema é que deixámos de acreditar em Adão e Eva porque já não sabemos arrancar maçãs das árvores (uma coisa que escrevi há uns anos).
À distância, quase que consigo ouvi-lo a trincar o fruto.

E ainda não é esta sexta-feira que o Público fala de mim.

Tocar numa livraria
É provavelmente uma afronta ao venerável espírito do roque-enrole. Faça-se a coisa sob os auspícios da música popular portuguesa então.
Comigo estará o Samuel Úria, que tem estragado os últimos concertos por ser tão escandalosamente superior.
Haverá discos baratos.

Hoje às 22h
Sintonizem a Antena 3 na Portugália do Henrique Amaro que toco três minhas e uma versão por entre apresentações breves das cantigas.

E este é o cartaz para os eventos culturais de amanhã.

Muito treble e muita oração
A mensagem é simples. Não há roque-enrole sem Evangelho. Na América é mais fácil de compreender isso porque é um país que ainda roca e ainda lê o Evangelho.
Elucidativa, Camille Paglia sobre o tema:

Wherever rock 'n' roll is played, a shadow of its gospel roots remains. Rock, which emerged in the 1950s from urban black rhythm and blues of the late 1940s, had several sources, including percussive West African poly­rhythms and British and Scots-Irish folk ballads. But a principal influence was the ecstatic, prophesying, body-shaking style of congregational singing in the camp meetings of religious revivalists from the late eighteenth century on. All gospel music, including Negro spirituals, descends from those extravaganzas, which drew thousands of people to open-air worship services in woods and groves.


O artigo pode ser lido aqui na íntegra.

Avizinha-se
A próxima semana será excessivamente musical:

- Na terça 22 o Henrique Amaro passa na Portugália uma sessão do "3 Pistas" comigo (três microfones, três cantigas originais e uma versão) às 22h.

- Na quarta vou com o Samuel Úria dar música à Feira do Livro de Espiritualidades, da Assírio e Alvim. Às 13h estaremos na Aillaud & Lello no Chiado (peçam ao chefe mais meia-hora de almoço) e às 18.30h na Assírio & Alvim da Passos Manuel

- Na sexta comemoraremos o 25 de Abril comprando o Público (agora sim) e lendo um artigo sobre a minha humilde persona musical.

Contrição III
Entrei no Frágil pela primeira vez aos trinta anos (se querem que vos diga, e sem desejar ferir susceptibilidades, nem é bem contrição mas apenas uma oportunidade de aproveitar esta fantástica rubrica que versa sobre inadequações culturais e disposições pentateucas).

Lapso testamentário
Quem acusa Deus de no Velho Testamento ser violento esquece que é no Novo que Ele mata o seu filho.

E de amanhã a oito devem comprar o Público.

A dialéctica
"Moderns such as Feuerbach, Marx and Nietzsche saw themselves as completing the work of Luther and Calvin, who set up God and men as rivals, by eliminating God altogether", diz Richard John Nehaus, um bom católico.
O protestantismo tem nessa oposição uma dialéctica considerável. Deus de um lado, o homem do outro. Ou te resolves com Ele ou te tramas. O catolicismo, fortemente conciliador, perde sentido de urgência.
Já Feuerbach, Marx e Nietzsche deixaram que a dialéctica lhes subisse à cabeça. E a dialéctica quando sobe à cabeça de alguém só dá chatice.

O Patrique
Uma imagem de um homem sem roupa dá mais serenidade ao coração dos que, por ortodoxia quanto ao ensino sobre a moral sexual, se sentem incomodados por uma fotografia de uma mulher nua. Ainda assim continuamos crendo no ensino do Apóstolo Paulo quanto à inadequação da sodomia. Patrick Petitjean é uma evangelização estética a favor da crença, recruscedente nos nossos dias, em que os homens devem ser homens e as mulheres devem ser mulheres.
Poses na espuma das ondas? Faz todo o sentido.

Representar
"There is tendency among Americans to suspect that acting is insincere, which is why they prefer their actors to be celebrities rather than be able to act". Diz o Padre George Rutler.

Nota dominante
Semana demasiado musical, bem sei. Mas fui ao Goucha, caramba. Sou o que aparece menos, à esquerda, com o baixo metrelhadora-style. O alto, com aspecto de Robert DeNiro esticado, é o Samuel Úria. E o da direita, que por detrás dos RayBans tem uns luminosos olhos azuis, é o Miguel.

Ponto da situação
Houve gente bonita ontem no concerto. O Disco Digital apreciou o meu disco. Estou na TVI e vou ali ao Goucha fazer um playback a tocar baixo para o meu amigo Jorge Cruz e volto já.

Uma noite de roque-enrole

Dêem à minha carreira musical uma chance e apareçam hoje pelas 22h no Cabaret Maxime (na Praça da Alegria). Por cinco euros têm direito a um disco (o último que gravei ou outro) e ouvirão ainda o grande Samuel Úria.

Biblicamente falando, rapar o cabelo e barbear-se representa arrependimento ou tristeza

A providencial e persistente alegria de Patrick Petitjean.

O exorcista reticente
Ele não acreditava em demónios mas que os expulsava, expulsava.

Da agenda
Não se esqueçam de pegar na Bíblia, ler Lamentações de Jeremias (que está no Velho Testamento) e amanhã chegarem por volta das 18.30h para a Palestra com o Joaquim Rogério e o Pacheco Pereira na Igreja Baptista de S. Domingos de Benfica (que fica mesmo à entrada do Hospital da Cruz Vermelha Portuguesa).

Contrição II
Tenho 30 anos e entrei ontem na Buchholz pela primeira vez.

Um lema para este ano
Assumir o negócio do entusiasmo.

No próximo Sábado

Acordem pela manhã e digam: hoje é um bom dia para pôr os pés numa Igreja Baptista.