segunda-feira, junho 30, 2008
sexta-feira, junho 27, 2008
quinta-feira, junho 26, 2008
quarta-feira, junho 25, 2008
Sei que esta coisa dos concertos tem andado a monopolizar o blogue
Mas não é todos os dias que toco no mesmo evento com antigos Heróis do Mar. Verifiquem aí do lado direito e poupem nas sobremesas para nos encontrarmos sexta-feira.
Não abandonarei as minhas canções para tocar apenas dos Heróis do Mar. Por Toutatis! Sempre odiei bandas de covers.
Mas não é todos os dias que toco no mesmo evento com antigos Heróis do Mar. Verifiquem aí do lado direito e poupem nas sobremesas para nos encontrarmos sexta-feira.
Não abandonarei as minhas canções para tocar apenas dos Heróis do Mar. Por Toutatis! Sempre odiei bandas de covers.
terça-feira, junho 24, 2008
No Norte
No Norte as pessoas são mais desconfiadas. Está um tipo no palco e a suspeita integra o processo de assimilação do espectáculo pelo espectador. Também batem palmas. Mas com mais timidez. Quem sabe se no fundo não têm razão.
No Norte as pessoas são mais desconfiadas. Está um tipo no palco e a suspeita integra o processo de assimilação do espectáculo pelo espectador. Também batem palmas. Mas com mais timidez. Quem sabe se no fundo não têm razão.
segunda-feira, junho 23, 2008
Preço verde
Foram 15 anos (ok, 6 de um modo mais sério) de actividade musical largamente ignorada e incompreendida. Terminam com um disco nas prateleiras de uma superfície comercial respeitável (ler Fnac) acompanhado da aprovação do Nuno Galopim*. Adeus ao omnipresente consolo do ressentimento e à vaidade retroactiva que nasce da indiferença alheia. Perante vós um artista da dimensão de nove euros e noventa e cinco cêntimos. Com dinheiro ou multibanco?
* Não foram poucas as discórdias com as opiniões do Nuno Galopim. A faixa 17 do disco é reveladora. O que encontrei? Civilização e simpatia. Como Deus sempre deseja, o coração não pode permanecer endurecido.
Foram 15 anos (ok, 6 de um modo mais sério) de actividade musical largamente ignorada e incompreendida. Terminam com um disco nas prateleiras de uma superfície comercial respeitável (ler Fnac) acompanhado da aprovação do Nuno Galopim*. Adeus ao omnipresente consolo do ressentimento e à vaidade retroactiva que nasce da indiferença alheia. Perante vós um artista da dimensão de nove euros e noventa e cinco cêntimos. Com dinheiro ou multibanco?
* Não foram poucas as discórdias com as opiniões do Nuno Galopim. A faixa 17 do disco é reveladora. O que encontrei? Civilização e simpatia. Como Deus sempre deseja, o coração não pode permanecer endurecido.
sexta-feira, junho 20, 2008
quinta-feira, junho 19, 2008
quarta-feira, junho 18, 2008
Contemptus Mundi
Para aí há uns 15 anos. A minha irmã mais velha, com a mesma educação religiosa que eu, tornou-se carismática (isto não significa mudar de religião - os carismáticos representam uma sensibilidade pentecostal específica que atravessa todo o cristianismo: valorizam as expressões espirituais de vinco sobrenatural como o dom de línguas, a cura e a profecia). Para uma família de baptistas tradicionais (que necessariamente não negam estas manifestações mas que dificilmente as praticam em culto) esta evolução foi observada com perplexidade e benevolência.
Naturalmente a minha irmã mais velha tornou-se mais espiritual. Acordava de manhã e punha música de louvor (o praise anglo-saxónico, expressão branca e semi-rocada das grandes igrejas evangélicas da América, Inglaterra e Austrália), hábito que eu não apreciava especialmente (sou mais pelo gospel da velha guarda, negro e rude). E irritava-me um pouco aquela auto-satisfação beata tão matutina. Quase zen, demasiado mística.
Hoje, e apesar de permanecer um baptista tradicional, sei que a minha irmã tinha razão. Ouvir logo ao acordar uma música que proclama o nome de Jesus, ainda que de um modo burguês, caucasiano e pouco literato, é óptimo. O que poderia ser melhor? Não é raro ir no carro sozinho, Marginal fora, de braço levantado Assembleia de Deus-style. Sei que me torno simultaneamente um alvo próximo do escárnio e distante da compreensão. Mas, ó avassaladora qualidade dos que se deixam arrebatar: estamos nas tintas para o mundo.
Para aí há uns 15 anos. A minha irmã mais velha, com a mesma educação religiosa que eu, tornou-se carismática (isto não significa mudar de religião - os carismáticos representam uma sensibilidade pentecostal específica que atravessa todo o cristianismo: valorizam as expressões espirituais de vinco sobrenatural como o dom de línguas, a cura e a profecia). Para uma família de baptistas tradicionais (que necessariamente não negam estas manifestações mas que dificilmente as praticam em culto) esta evolução foi observada com perplexidade e benevolência.
Naturalmente a minha irmã mais velha tornou-se mais espiritual. Acordava de manhã e punha música de louvor (o praise anglo-saxónico, expressão branca e semi-rocada das grandes igrejas evangélicas da América, Inglaterra e Austrália), hábito que eu não apreciava especialmente (sou mais pelo gospel da velha guarda, negro e rude). E irritava-me um pouco aquela auto-satisfação beata tão matutina. Quase zen, demasiado mística.
Hoje, e apesar de permanecer um baptista tradicional, sei que a minha irmã tinha razão. Ouvir logo ao acordar uma música que proclama o nome de Jesus, ainda que de um modo burguês, caucasiano e pouco literato, é óptimo. O que poderia ser melhor? Não é raro ir no carro sozinho, Marginal fora, de braço levantado Assembleia de Deus-style. Sei que me torno simultaneamente um alvo próximo do escárnio e distante da compreensão. Mas, ó avassaladora qualidade dos que se deixam arrebatar: estamos nas tintas para o mundo.
Vítimas mesmo
A citação que o Bruno Sena Martins faz do Žižek é oportuna. Diz o filósofo que os Estados Unidos e Israel, um casamento inesperado entre a nação desenvolvida mais religiosa preconizadora da separação entre Igreja e Estado e a nação mais irreligiosa fundada na natureza religiosa do seu estado, se apresentam como vítimas (assim como os Árabes). A questão é que Estados Unidos e Israel estão carregados de razão. São vítimas mesmo. Mas com isto já não concordará o bom Žižek. E o bom Bruno.
A citação que o Bruno Sena Martins faz do Žižek é oportuna. Diz o filósofo que os Estados Unidos e Israel, um casamento inesperado entre a nação desenvolvida mais religiosa preconizadora da separação entre Igreja e Estado e a nação mais irreligiosa fundada na natureza religiosa do seu estado, se apresentam como vítimas (assim como os Árabes). A questão é que Estados Unidos e Israel estão carregados de razão. São vítimas mesmo. Mas com isto já não concordará o bom Žižek. E o bom Bruno.
terça-feira, junho 17, 2008
Audio-questão
Como enfrentar o cinismo pós-moderno de nos sabermos desembarcados no Graceland de Paul Simon à conta da boleia marítima dos Vampire Weekend ou dos Yeasayer? Humilhando-nos no reconhecimento que partilhamos esta nova terra firme com o velho residente Luís Represas.
Como enfrentar o cinismo pós-moderno de nos sabermos desembarcados no Graceland de Paul Simon à conta da boleia marítima dos Vampire Weekend ou dos Yeasayer? Humilhando-nos no reconhecimento que partilhamos esta nova terra firme com o velho residente Luís Represas.
segunda-feira, junho 16, 2008
South will rise again
Dá para ver aí ao lado que vou estar no próximo fim-de-semana rocando pelo Norte.
Dá para ver aí ao lado que vou estar no próximo fim-de-semana rocando pelo Norte.
quinta-feira, junho 12, 2008
5 dias ao sol
Vinha por este meio declarar o meu estado de encantamento com o Algarve (much respect to Cabanas de Tavira) mas um prenúncio de insolação refreou-me os ânimos - três dias de exposição solar sem protecção entre as 10h e as 12h (ou um homem se bronzeia à séria ou não se bronzeia).
Prestes a acabar as "Notes Toward The Definition Of Culture" do Eliot, obra que me fez imenso bem. A meio de um Chesterton ("are you still so sunk in superstitions that you believe in facts?" questiona a página 31 do "The Club Of Queer Trades") e com a First Things de Maio ainda às costas.
Entretanto: Ur-tu-gal, Ur-tu-gal!
Vinha por este meio declarar o meu estado de encantamento com o Algarve (much respect to Cabanas de Tavira) mas um prenúncio de insolação refreou-me os ânimos - três dias de exposição solar sem protecção entre as 10h e as 12h (ou um homem se bronzeia à séria ou não se bronzeia).
Prestes a acabar as "Notes Toward The Definition Of Culture" do Eliot, obra que me fez imenso bem. A meio de um Chesterton ("are you still so sunk in superstitions that you believe in facts?" questiona a página 31 do "The Club Of Queer Trades") e com a First Things de Maio ainda às costas.
Entretanto: Ur-tu-gal, Ur-tu-gal!
quarta-feira, junho 11, 2008
O Velho Testamento é assim (os teus filhos serão eunucos)
O Rei Ezequias adoece. O profeta Isaías avisa-o que vai morrer em breve. O Rei não se conforma. Tinha feito o que era recto aos olhos do Senhor e, alicerçado nessa convicção, chorou muitíssimo. Deus decide rectificar: viverá mais 15 anos.
Ezequias, já recuperado, recebe o Rei da Babilónia, impressionado pela rápida convalescência, e mostra-lhe a riqueza da sua casa. Isaías pergunta a Ezequias: estás fora de ti? A mostrar o ouro ao bandido? Fica sabendo que tudo o que tens um dia estará na Babilónia. Os teus filhos serão lá eunucos.
Da justa indignação à falta de calma num fósforo.
O Rei Ezequias adoece. O profeta Isaías avisa-o que vai morrer em breve. O Rei não se conforma. Tinha feito o que era recto aos olhos do Senhor e, alicerçado nessa convicção, chorou muitíssimo. Deus decide rectificar: viverá mais 15 anos.
Ezequias, já recuperado, recebe o Rei da Babilónia, impressionado pela rápida convalescência, e mostra-lhe a riqueza da sua casa. Isaías pergunta a Ezequias: estás fora de ti? A mostrar o ouro ao bandido? Fica sabendo que tudo o que tens um dia estará na Babilónia. Os teus filhos serão lá eunucos.
Da justa indignação à falta de calma num fósforo.
terça-feira, junho 10, 2008
Da providencial destruição da abóboda decibélica
Que Scarlet Johansen tenha chamado David Bowie para as segundas vozes do seu disco exige-nos o reconhecimento de, no mínimo, uma dialéctica certeira. A actriz, com uma voz demasiado baça, sem brilho, em oitava baixíssima (nunca conseguirá aguentar um concerto ao vivo), quase alemã (no que à frieza diz respeito), com alguma boa vontade remetendo para Nico (muito boa vontade), encontra na enunciação efeminada e no semi-esganiçado do fiel David uma simbiose tão inesperada quanto feliz.
De resto, o disco nunca chega sequer a aproximar-se de mau. Antes pelo contrário. Somos levados a crer que a inépcia vocal de Scarlet é apenas mais um papel irrepreensivelmente representado. A voz, esse conceito burguês, sempre foi o esconderijo de quem transforma a ausência de discernimento em programa de ataque.
Que Scarlet Johansen tenha chamado David Bowie para as segundas vozes do seu disco exige-nos o reconhecimento de, no mínimo, uma dialéctica certeira. A actriz, com uma voz demasiado baça, sem brilho, em oitava baixíssima (nunca conseguirá aguentar um concerto ao vivo), quase alemã (no que à frieza diz respeito), com alguma boa vontade remetendo para Nico (muito boa vontade), encontra na enunciação efeminada e no semi-esganiçado do fiel David uma simbiose tão inesperada quanto feliz.
De resto, o disco nunca chega sequer a aproximar-se de mau. Antes pelo contrário. Somos levados a crer que a inépcia vocal de Scarlet é apenas mais um papel irrepreensivelmente representado. A voz, esse conceito burguês, sempre foi o esconderijo de quem transforma a ausência de discernimento em programa de ataque.
segunda-feira, junho 09, 2008
Do sermão de ontem
Deus envia Jonas para pregar o arrependimento aos Ninivitas (pagãos do norte do Iraque). Jonas apanha um barco para Társis, convicto que poderia fugir de Deus e do seu plano de salvar aqueles pecadores inféis. Deus provoca uma tempestade em que Jonas, assumindo perante os marinheiros que a intempérie resultava da sua desobediência, é lançado ao mar para aplacar a legítima ira divina. Aparece o grande peixe que engole o profeta (engole-o, não o mastiga). Do estômago do monstro marinho Jonas arrepende-se e arrepende-se em poesia (na Bíblia é comum). Diz: "As águas cercaram-me até à alma, o abismo rodeou-me, e as algas enrolaram-se na minha cabeça". A rebeldia do profeta coroou-o sub-aquaticamente.
E ainda o livro vai a metade.
Deus envia Jonas para pregar o arrependimento aos Ninivitas (pagãos do norte do Iraque). Jonas apanha um barco para Társis, convicto que poderia fugir de Deus e do seu plano de salvar aqueles pecadores inféis. Deus provoca uma tempestade em que Jonas, assumindo perante os marinheiros que a intempérie resultava da sua desobediência, é lançado ao mar para aplacar a legítima ira divina. Aparece o grande peixe que engole o profeta (engole-o, não o mastiga). Do estômago do monstro marinho Jonas arrepende-se e arrepende-se em poesia (na Bíblia é comum). Diz: "As águas cercaram-me até à alma, o abismo rodeou-me, e as algas enrolaram-se na minha cabeça". A rebeldia do profeta coroou-o sub-aquaticamente.
E ainda o livro vai a metade.
sexta-feira, junho 06, 2008
O meio-dia
A verdade é esta: pouco passa do meio-dia e já fiz as minhas leituras devocionais, rodei de skate (espalhei-me com algum estrépito por duas vezes), experimentei a água do mar pela primeira vez este ano, deixei discos aos distribuidor (nas lojas muito em breve) e preparo-me para almoçar. Ainda há um ensaio e um sermão para preparar da parte da tarde.
Fiel é a Palavra: se alguém aspira ao episcopado, excelente obra almeja (I Timóteo 3:1).
A verdade é esta: pouco passa do meio-dia e já fiz as minhas leituras devocionais, rodei de skate (espalhei-me com algum estrépito por duas vezes), experimentei a água do mar pela primeira vez este ano, deixei discos aos distribuidor (nas lojas muito em breve) e preparo-me para almoçar. Ainda há um ensaio e um sermão para preparar da parte da tarde.
Fiel é a Palavra: se alguém aspira ao episcopado, excelente obra almeja (I Timóteo 3:1).
quinta-feira, junho 05, 2008
Ler T.S. Eliot é anti-climático
A frase inicial promete mas o parágrafo vai andando sem a conclusão magistral que julgávamos o resultado natural das expectativas lançadas. Eliot trabalha na ilusão que é nas próximas páginas em que tudo fará sentido e em grande estilo. É mais fértil apontando os problemas que sugerindo as soluções. E empenhado. Nota-se, todavia, que se preocupa tanto quanto crê. Eliot é um Nietzsche que correu bem.
A frase inicial promete mas o parágrafo vai andando sem a conclusão magistral que julgávamos o resultado natural das expectativas lançadas. Eliot trabalha na ilusão que é nas próximas páginas em que tudo fará sentido e em grande estilo. É mais fértil apontando os problemas que sugerindo as soluções. E empenhado. Nota-se, todavia, que se preocupa tanto quanto crê. Eliot é um Nietzsche que correu bem.
quarta-feira, junho 04, 2008
Do álbum de família
Ora, o tempo começa finalmente a melhorar. Deixa-nos todos mais saudáveis. Vamos para o ar-livre (vamos!) e exibimos joie de vivre e bênção divina. Ter um filho não é ter filhos, seus preguiçosos. Três é o mínimo (porque corresponde aos 5 de há 30 anos). E não é que quando damos por eles estão a escalar rochas artificiais?
Ora, o tempo começa finalmente a melhorar. Deixa-nos todos mais saudáveis. Vamos para o ar-livre (vamos!) e exibimos joie de vivre e bênção divina. Ter um filho não é ter filhos, seus preguiçosos. Três é o mínimo (porque corresponde aos 5 de há 30 anos). E não é que quando damos por eles estão a escalar rochas artificiais?
terça-feira, junho 03, 2008
O que o mundo civilizado diz sobre o calvinismo
"One of the reasons that Calvinism is stirring today is that it takes both truth and mystery seriously".
"One of the reasons that Calvinism is stirring today is that it takes both truth and mystery seriously".