Pequena história de ressonâncias protestantes
Ele lia a Palavra de Deus mas Deus não lha dirigia.

Pós
Depois de uma quarta-feira de cinzas Žižek não é grande nome para citar. Ainda assim vale a pena até para mostrar as suas limitações. Escreve: "o verdadeiro milagre não é que o Cristo ande morto de um lado para o outro, mas o amor no celectivo dos crentes". Este é o grande problema nos materialistas: serem materialistas. O Žižek não entende que o fantástico é mesmo o Cristo morto andar de um lado para o outro, não nos poupando a susceptibilidade perante estas coisas sobrenaturais. O amor no colectivo é importante, certamente, mas nunca apenas para sossegar preguiças cognitivas. Andou morto de um lado para o outro, sim senhor, algo que não deve ser subestimado por aqueles por quem Ele se deu ao trabalho.

Cabral-roque
Oficial: dois mil e nove é o meu ano do tropicalismo.
No sleep til Vera Cruz.

Nunca salvou ninguém
O facto de hoje a meditação espiritual, ao ser abstraída da religião institucionalizada, surgir como o grau zero da religião a salvo de distorções, assenta no facto desse tipo desse tipo de meditação ser a forma ideológica que melhor se adapta ao capitalismo global actual.

Prega Žižek em "A Monstruosidade de Cristo" e com razão. Organized religion is true religion e o capitalismo nunca salvou ninguém.

Um desígnio cristão
Carnaval passado em casa.

Gostar de homens XXV


Eduardo Nogueira Pinto.
Um tipo quase que renega a causa e deseja casar com um homem destes.

Orienta fotografias melhores para a net. Portugal precisa de ti.

Ainda Teixeira de Pascoaes, em "São Paulo"
"A bela Tarso, com palácios, escolas, teatros, fóruns e o seu deus tutelar, Sardanapalo; o deus da orgia, vestido de mulher. Lia-se, no seu pedestal, esta inscrição: Bebe, come e goza. O resto não é nada."
Dawkins, os autocarros britânicos, the whole lot... Na pasmaceira pagã mais antiguinha do mundo.

Impopularíssima qualidade da fé
Teixeira de Pascoaes, falando sobre os literatos de Atenas com quem Paulo debateu no Areópago, refere as gargalhadas da Descrença, eternas gargalhadas. Recordamos forçosamente o riso de Sara, ao saber que ia ser mãe na velhice.
Impopularíssima qualidade da fé que tantas vezes suspende o riso.

A luxúria de uma apologética bruta
Na melhor revista do mundo, a First Things, Alan Mittleman escreve: "It is one thing to be unable to present credible evidence for the existence of your God. It is another thing to glory in your inability to do so". Precisamente. Reconheço a dificuldade que é não sucumbir à luxúria de uma apologética bruta. Os adversários actuais não ajudam.

Telegrama
Aveiro foi bom stop Porto hoje stop Fnacs Santa Catarina às dezoito e NorteShopping às vinte e duas stop Comi a pior francesinha da minha vida stop

Contrição, once again
Trinta e um anos sem ouvir isto. Os Céus me perdoem.

Vou andar pelo norte
Nos próximos dias. Aí nos cartazes ao lado.

Homens nus
Por lapso este disco falhou-me na lista dos meus melhores do ano passado. Sempre tive um preconceito com os Sigur Rós (que um videoclip lamentável com dois pré-adolescentes maricas tratou de endurecer) até que cheguei aqui. É certo que a fronteira entre a grandiloquência e a mariquice é ténue em algumas canções (a sétima parece a banda sonora do Highlander - montanhas escocesas como lenços das nossas abundantes lágrimas) mas o risco compensa. A quinta canção é um triunfo.
Claro que nem ouso escrever os títulos dos temas. O que só valoriza o modo atento e disciplinado como as locutoras da Radar fazem questão de os dizer no original islandês. Quando os homens se efeminam as mulheres passam a ter de pronunciar todos os érres.

Hoje à noite
Vou estar a falar sobre a Carta aos Filipenses com o Padre Miguel Almeida às 21.30 na Igreja de Santa Isabel, ao Rato.

Respeito
Morreu Lux Interior, o vocalista dos Cramps. Apercebo-me que tinha 62 anos. Sessenta e dois anos. Pouco mais velho que o meu pai. O homem que era meio-zombie meio-Elvis em tanga de cabedal e sapatos de senhora nasceu meses antes que o meu pai. Haja respeito com a década de quarenta.

O vinte e três
No pior das hipóteses conhecemo-lo dos filmes americanos: rara é a cena de um funeral que não coloca no Reverendo de serviço as suas palavras. "O Senhor é o meu Pastor, nada me faltará". E continua. Amanhã o Daniel Jonas e o Jacinto Lucas Pires falarão sobre este texto sublime (e quando uso o termo sublime, I mean it). Igreja Baptista de S. Domingos de Benfica (junto à entrada do Hospital da Cruz Vermelha Portuguesa), 19h.

Hoje leio na Spectator o Paul Johnson a aconselhar a tal moderação ao Carnaval Darwinista que por aí anda. Vão por nós: "It is one of the tragedies of humanity that brain-power is so seldom accompanied by judgment, sceptical moderation or even common sense. The vacuum left by the retreat of formal religion is most commonly filled, today, by forms of pantheism. Zealots devote their lives to ‘saving’ the rainforests, deserts or habitats of endangered species. They believe, passionately, in pseudo-scientific myths like climate change, global warming and the greenhouse effect. Some worship science as a faith and a way of life. (...) My guess is that Darwin’s general theory will eventually be overthrown, or fundamentally modified, as Newton’s was by Einstein’s relativity. Unlike his fundamentalist followers, Darwin was not afraid of change, even if it proved him wrong about some things. He saw science as progressive". Vão por nós.

Calma
Num país de darwinistas românticos como o nosso faz sempre falta um criacionista sóbrio. Na Ler que amanhã chega às bancas, entre tanto louvor ao velho Charles, também se escreve:

"Darwin animalizou os homens. É justo que agora os darwinistas precisem de humanizar Darwin. Esta é a premissa de uma celebração pertinente, pelos rigores do calendário, mas também suspeita pelo zelo dos adeptos. Ou muito nos enganamos ou o dia do nascimento de Charles Darwin corre o risco de se tornar feriado religioso em Inglaterra".



O melhor é claramente a barba (grande barba!). Haja calma, românticos darwinistas, haja calma.

Como é que este disco


Me passou ao lado no ano passado?

Ardeu o Cinema Lido
O mais triste é que ao passar por lá para me certificar dos efeitos do incêndio poucas diferenças encontrei do estado de decadência que já exibia nos últimos anos.
A Amadora nunca foi propriamente um lugar bonito (tem os seus cantos, tem os seus encantos) e sem o Lido só piora.

Idade Média
"While Middle Ages took injustices for granted, such as would affront the conscience of our day, it cannot be denied that they elaborated amenities, urbanities and delicate refinements of life and art which must make our age seem, in comparison, like the recrudescence of barbarism", Reinhold Niebuhr em "Moral Man And Immoral Society".

E por falar subtis urbanidades, podem verificar aqui o vosso Guillul, esse Padre Borga versão dois ponto zero, na SIC.

Agenda para próximo Sábado


Duas das maiores figuras da nova literatura portuguesa falam sobre um dos maiores textos literários de sempre.