Escutai Patrick Petitjean quando diz


"Não desistam do Verão tão depressa, filhinhos!"

O primeiro Festival de Verão foi assim - quem quer saber do sol?
A minha nudez iconográfica por um fotograma excepcionalmente venerável.



O registo é do Tiago Miranda.

Um eterno Beat It


Porque todos os caminhos vão dar a Queluz.

Verdadeiro orgulho
Eu já levei gente de esquerda a comer em centros comerciais. Eu já levei artistas consagrados a gravar discos em CD-Rs. Eu já levei lisboetas aos subúrbios. E nesta pequena lista nasce o meu verdadeiro orgulho.

Amanhã vou tentar dizer alguma coisa séria
Sobre música popular e santidade.

Um ano como deve ser
10 anos da FlorCaveira.
25 anos da morte do António Variações.
400 anos dos Baptistas.
500 anos do nascimento de João Calvino.
É bom estar vivo.



Esta sexta, mediante uma entrada livre mas onde se convida o ouvinte a contribuir voluntariamente com pelo menos um euro, a Cave da Igreja Baptista de Queluz recebe o primeiro festival de Verão. A partir das 21h a felicidade é possível.

Mergulha na minha onda
Há uma semana e pouco atrás fez 25 anos que o António Variações morreu. Actualmente, e só no estreito contexto da FlorCaveira, existe uma espécie de concurso de "Will The Real Next Variações Please Stand Up?" O que podendo ser aborrecido até acaba por ser um bom sinal. Nunca será demais procurar inspiração nos lugares certos. É mais fácil ser um excêntrico morto que um pregador vivo mas a vida é mesmo assim. Deal with it.

Sapatos vermelhos
"Dançar é amar na vertical, perder com nobreza é empatar". Estas palavras vão ser cantadas logo no Maxime pelo João Coração. O disco novo dele tem a barba mais curta, o Brian Ferry a intercalar com o Dylan e graficamente inclina-se para o verde-calippo-de-limão. Foi gravado às escondidas em casa, numa pressa amuada pelas atenções da FlorCaveira estarem na altura viradas para o Fachada (edição fonográfica é babysitting). A capa tem muita lata e as nove canções seguem o mesmo caminho.
O João Coração não merece o disco que gravou. De algum modo, os grandes momentos do roque-enrole foram sempre assim.

Os Mutantes
A tristeza portuguesa passa por nem na década de zeros do Século XXI conseguir o que o Brasil teve nos setentas.

Suburban kids with biblical names
E num dia apenas um novo sobrinho e um primeiro filho de amigos. Ambos com nomes bíblicos. Certeiros. Muito para além de um antídoto ao enfadonho paradigma da criatividade parental da época os nomes bíblicos desafiam as crianças que chamam e renovam os pais que os atribuem.
Portugal seria um país melhor se desse mais nomes bíblicos aos seus filhos.

Gostar de homens XXVIII


A foto é pequena mas o homem é grande: Mário Gomes.

Verão
Já tinha metido isto no Facebook (o Facebook é a melhor invenção desde o pedal de distorção); summer is the new black. Apercebo-me que não está a acontecer só comigo: está a acontecer com muita gente ao mesmo tempo. Esta convicção shyamalaniana está além da simples nostalgia. Se a mim me deu para procurar fotografias da Praia Verde durante a década de 80 (aceitam-se em vozdodeserto@gmail.com) e começar a ver a Guerra dos Sexos no Youtube a outros tem provocado irrequietudes criativas mais interessantes. Por exemplo refiro os discos de Verão. Há discos de Verão a rebentar pelas costuras e com toda a pertinência (eu próprio também me meti numa coisa parecida). O João Coração, a título de mais um providencial exemplo, lança o seu esta sexta no Maxime. O pessoal quer celebrar a vida com aquele colorido reagânico; mandar o Muro de Berlim abaixo ao som de teclados electrónicos; orientar maneira de passar um dia num iate (ofertas para vozdodeserto@gmail.com).
Talvez haja um subtexto teológico que ainda ofereça algum perigo a esta fruição materialista. Tenho de estar atento. Até lá ouço o Discovery LP (que junta um tipo dos Ra Ra Riot ao teclista dos Vampire Weekend - os Vampire Weekend merecem tudo de bom do mundo). Olham-me para esta capa! Um tipo até chora. 1984 über alles, caramba!

Músicos
Back to Chesterton again ("Tremendous Trifles"). Tantas vezes já tinha pensado nisto e eis na boca dos melhor católico britânico de sempre: "The good musician loves being a musician, the bad musician loves music". A história da minha vida.
Logo às 18h30 no Largo de S. Carlos!

Festividades
Amanhã sexta, no 12 de Junho que ensombra todos os individualistas lisboetas, estarei com o Samuel Úria e outros camaradas a celebrar musicalmente os 120 anos do nascimento do Pessoa. Às 18h30 no Espaço Pessoa, Largo de S. Carlos. A rua é nossa.

Big Brother
Hoje (é feriado, bem sei, e não devia estar a escrever mas) o Sami vai estar a compor e gravar um pequeno disco. Em directo para a Central Musical. Aqui.

Emo-lodos
Quando Jesus fala com Nicodemos, no terceiro capítulo do Evangelho de João, a conversa segue ritmada por um refrão "em verdade, em verdade te digo" e explicações contra-picadas. O que o ancião gentilmente pergunta, o Messias assertivamente responde (não te espantes que te peça o impossível, parece afirmar no versículo 7). Embora se fale do amor de Deus existe um tom quase áspero. Um lema para os emo-lodos dos nossos dias.

Reprovação
True story: a minha mais velha, 5 anos, no banco de trás do carro acusa-me. Diz que, ao invés do Joel e da Inês (amigos que cantam em cedês evangélicos), eu não falo de Deus nas minhas canções. Tento defender-me, que vou mostrar-lhe algumas em particular, mas ela é peremptória a reprovar a lacuna de Jesus na minha discografia. De repente, de uma boca de dentes de leite, o uso musical da minha vocação sofre a mais dura crítica de todos os tempos.

Vida social
Com três filhos a vida social readquire outro significado. A disponibilidade dos outros pode ser vista com inveja ou altivez. A surpresa é quando espontaneamente se perde o interesse. Esse é um dos mais assustadores efeitos da paternidade (e quando falo de paternidade só começo a contar ao terceiro filho porque ter um filho é apenas uma experiência no campo da reprodução biológica, ter dois filhos é mera sucessão burguesa e só a partir dos três se pode afirmar que se é pai): a diminuição da mundanidade.
Ter filhos, mais do que construção social, é apagamento. O indispensável apagamento que as pessoas precisam para se fazerem autónomas.

Por falar em quota mínima de socialização pedagógica: não esquecer amanhã a palestra sobre "Os Cristãos e o Dinheiro" com o Henrique Raposo e o Luís Aguiar Santos. Igreja Baptista de S. Domingos de Benfica (em frente ao Hospital da Cruz Vermelha Portuguesa) às 19h.

O trabalho
Os evangélicos quando falam do trabalho referem-se à pregação do Evangelho. Vamos iniciar o trabalho, quando viemos para o trabalho, o trabalho espera por ti, etc. Pensar no trabalho enquanto actividade profissional, enquanto obrigação social, é posterior. Possivelmente o Max Weber ajuda a explica isto (ler o Max Weber nunca foi o meu trabalho até hoje). Sorriso no rosto: o lazer é bom mas o trabalho é melhor.

Na grafonola
- "Let the Dominoes Fall" dos Rancid: a melhor banda de punk da segunda geração não sabe gravar discos maus. E de repente lembramo-nos porque a era digital inventou o botão repeat.
- "Estudando O Samba" do Tom Zé: este é o acordo ortográfico no qual acredito.
- "Ducktails" dos Ducktails: baixa fidelidade estival ou praia e pedais de efeitos baratos ou americanos estilosos sem necessidade de refrões.
- e filmes, na maior parte antigos, que agora são os novos discos que ouço.

Agenda
Dizem que em tempos de crise as pessoas correm a ouvir sobre finanças. Melhor é impossível: próximo Sábado o Henrique Raposo e o Luís Aguiar Santos estarão na Igreja Baptista de S. Domingos de Benfica às 19h a falar sobre "Os Cristãos e o Dinheiro". Evento de mão cheia.

Ontem celebrámos o Dia de Pentecostes
A história é longa e mais vale pegar no Novo Testamento e ler directamente o segundo capítulo do livro de Actos dos Apóstolos. No entanto, apenas notar uma coisa que já escrevi há 3 anos:

Quando o Espírito Santo desceu sobre os discípulos no dia do Pentecostes os incrédulos julgava-nos embriagados. Desde esse dia que o consenso acerca da acção do Espírito Santo é impossível. O profeta de um é o bêbado do outro.

E isto não serve para alimentar ambiguidades mas para confirmar que o Espírito Santo está muito à frente. Até dos que vivem tragicamente libertos para apenas se sentirem felizes. Deste copo não bebe qualquer um.