quarta-feira, setembro 30, 2009
terça-feira, setembro 29, 2009
Actualização
O Cavaco maior empurrou o Cavaco mais pequeno para fora do ringue. O "30 Minutos" de hoje foi adiado para um dia de outras escutas e de outras vistas.
O Cavaco maior empurrou o Cavaco mais pequeno para fora do ringue. O "30 Minutos" de hoje foi adiado para um dia de outras escutas e de outras vistas.
O dinheiro dos contribuintes
Em casa. Na rua. Na Igreja. No arraial. No estúdio. No quarto. Calado. A gritar. Trabalhando. De férias. Hoje "30 Minutos" na RTP. A seguir ao Telejornal.
Em casa. Na rua. Na Igreja. No arraial. No estúdio. No quarto. Calado. A gritar. Trabalhando. De férias. Hoje "30 Minutos" na RTP. A seguir ao Telejornal.
segunda-feira, setembro 28, 2009
sexta-feira, setembro 25, 2009
O Sócrates Cristão
Já não é a primeira vez que José Sócrates fala sobre a sua fé cristã, cuidadosamente enxotada de catolicismo. Isto podia ser óptimo: um dos primeiros políticos portugueses de uma tradição não-romana. Mas é apenas bluff. Na última entrevista (DN de Domingo passado) o Primeiro Ministro voltava a repeti-lo logo depois de dizer que se benzia. Que desconhecido cristianismo não-católico é este? Nem protestantes nem ortodoxos fazem esse sinal da cruz*. José Sócrates é da Seita dos Selectivos, a religião onde se crê conforme se escolhe. Quase que sentimos saudades do ateísmo de Soares.
Publicado na Rua Direita.
* Os Ortodoxos também se benzem mas de maneira diferente. Obrigado ao João Sousa André.
Já não é a primeira vez que José Sócrates fala sobre a sua fé cristã, cuidadosamente enxotada de catolicismo. Isto podia ser óptimo: um dos primeiros políticos portugueses de uma tradição não-romana. Mas é apenas bluff. Na última entrevista (DN de Domingo passado) o Primeiro Ministro voltava a repeti-lo logo depois de dizer que se benzia. Que desconhecido cristianismo não-católico é este? Nem protestantes nem ortodoxos fazem esse sinal da cruz*. José Sócrates é da Seita dos Selectivos, a religião onde se crê conforme se escolhe. Quase que sentimos saudades do ateísmo de Soares.
Publicado na Rua Direita.
* Os Ortodoxos também se benzem mas de maneira diferente. Obrigado ao João Sousa André.
Joanesburgo
Disctrict 9 luta para o estatuto de "Encontros Imediatos de Terceiro Grau" desta geração. E resulta mais na intenção que propriamente no resultado. Mas há muita coisa certa no filme. Garra, delírio e uma história de amor "nós contra o mundo" que amacia os thrills. Hoje em dia África é a nova Califórnia.
Disctrict 9 luta para o estatuto de "Encontros Imediatos de Terceiro Grau" desta geração. E resulta mais na intenção que propriamente no resultado. Mas há muita coisa certa no filme. Garra, delírio e uma história de amor "nós contra o mundo" que amacia os thrills. Hoje em dia África é a nova Califórnia.
quinta-feira, setembro 24, 2009
Equívocos eleitorais
Apercebo-me envergonhado que, em plena reunião de oração, uso uma t-shirt dos Delta 72 (banda americana de roque retrógrado) que mostra um punho fechado semelhante ao do PS.
Apercebo-me envergonhado que, em plena reunião de oração, uso uma t-shirt dos Delta 72 (banda americana de roque retrógrado) que mostra um punho fechado semelhante ao do PS.
quarta-feira, setembro 23, 2009
Calendário
Passávamos em frente à Praia da Torre e o Sami disse que boiar é completamente mil novecentos e oitenta e quatro. Como é que não me apercebi disso antes?
Passávamos em frente à Praia da Torre e o Sami disse que boiar é completamente mil novecentos e oitenta e quatro. Como é que não me apercebi disso antes?
terça-feira, setembro 22, 2009
segunda-feira, setembro 21, 2009
Folhas da Estação
Comecei a ler o Diário de Etty Hillesum. Ouvi, extasiado, pela primeira vez o disco do Raul Seixas que a Patrícia me passou. Ontem a Casa de Oração em S. Domingos de Benfica estava praticamente cheia. Hoje o mar ainda se experimentou. Deixem o Outono começar.
Comecei a ler o Diário de Etty Hillesum. Ouvi, extasiado, pela primeira vez o disco do Raul Seixas que a Patrícia me passou. Ontem a Casa de Oração em S. Domingos de Benfica estava praticamente cheia. Hoje o mar ainda se experimentou. Deixem o Outono começar.
sexta-feira, setembro 18, 2009
Agenda cultural
A Vera Marmelo tem sido a lente de uma série de coisas boas que têm acontecido musicalmente. Tem uma exposição no Museu da Música (Metro do Alto dos Moinhos). A ver. A ver.
A Vera Marmelo tem sido a lente de uma série de coisas boas que têm acontecido musicalmente. Tem uma exposição no Museu da Música (Metro do Alto dos Moinhos). A ver. A ver.
quinta-feira, setembro 17, 2009
Vindo de uma semana de labor físico entre a tinta o calvinista confessa-se
Antes fosse apenas o pecado da preguiça. Mas é o de ter duas mãos esquerdas também.
Antes fosse apenas o pecado da preguiça. Mas é o de ter duas mãos esquerdas também.
quarta-feira, setembro 16, 2009
Campanha
É inevitável que comecemos a sentir saudades de um tempo em que os políticos podiam ser sisudos.
É inevitável que comecemos a sentir saudades de um tempo em que os políticos podiam ser sisudos.
terça-feira, setembro 15, 2009
I had the time of my life
Patrick Swayze partir é um amargo mas justo encerramento do Verão mais nostálgico que os meus quase trinta e dois anos viram.
Patrick Swayze partir é um amargo mas justo encerramento do Verão mais nostálgico que os meus quase trinta e dois anos viram.
sexta-feira, setembro 11, 2009
Antevisão do sermão de Domingo
Não é sobre a Transfiguração mas sobre os eventos seguintes, retratados no plano inferior da pintura de Rafael. Há um rapazinho possesso por um espírito imundo que tem um pai extraordinário mas já com pouca fé. O encontro com Jesus é tão arrebatador quanto comovente. Está tudo em Marcos 9:14-29 e na Igreja Baptista de S.Domingos de Benfica às 17h de Domingo.
Não é sobre a Transfiguração mas sobre os eventos seguintes, retratados no plano inferior da pintura de Rafael. Há um rapazinho possesso por um espírito imundo que tem um pai extraordinário mas já com pouca fé. O encontro com Jesus é tão arrebatador quanto comovente. Está tudo em Marcos 9:14-29 e na Igreja Baptista de S.Domingos de Benfica às 17h de Domingo.
Em The Fugitive, de 1947
O Padre pergunta e o revolucionário, que se prepara para o executar, responde.
- When did you lose your faith?
- When I found a better one.
Mas no fim os credos antigos resistem.
Parece que a partir de agora vou ter de começar a ver com disciplina os filmes do John Ford.
O Padre pergunta e o revolucionário, que se prepara para o executar, responde.
- When did you lose your faith?
- When I found a better one.
Mas no fim os credos antigos resistem.
Parece que a partir de agora vou ter de começar a ver com disciplina os filmes do John Ford.
quinta-feira, setembro 10, 2009
Não me esqueci, Miguel
Na Ler deste mês pergunto:
Como pode Paulo permanecer tão anónimo num país europeu? E aqui falamos de Europa sem qualquer sabor salvífico, antes pelo contrário. Falamos de Europa enquanto aldeia dilatada por figuras como o próprio Apóstolo. Havendo algum tipo de defunto continental por chorar apresentemos as condolências ao proto-missionário. A luz mediterrânica pagã, frequentemente invocada por escritores de pouca fé como Miguel Sousa Tavares, é um mito. Sem a Carta aos Filipenses o Velho Continente nunca teria chegado a novo.
Na Ler deste mês pergunto:
Como pode Paulo permanecer tão anónimo num país europeu? E aqui falamos de Europa sem qualquer sabor salvífico, antes pelo contrário. Falamos de Europa enquanto aldeia dilatada por figuras como o próprio Apóstolo. Havendo algum tipo de defunto continental por chorar apresentemos as condolências ao proto-missionário. A luz mediterrânica pagã, frequentemente invocada por escritores de pouca fé como Miguel Sousa Tavares, é um mito. Sem a Carta aos Filipenses o Velho Continente nunca teria chegado a novo.
quarta-feira, setembro 09, 2009
Ninguém te lembra, João
A lamentação do ano: 500 anos de Calvino que passam ao lado (honrosas excepções para o António Marujo do Público e o Henrique Raposo no Expresso). Na Christianity Today:
One of the mysteries of the mystique of Calvinism is how such a high predestinarian theology could motivate so many of its adherents to such intense this-worldly activism. Calvinism was certainly a dynamic force in shaping the contours of the modern world, including features of it that most of us would not want to live without, such as the rule of law, the limitation of state power, and a democratic approach to civil governance.
A lamentação do ano: 500 anos de Calvino que passam ao lado (honrosas excepções para o António Marujo do Público e o Henrique Raposo no Expresso). Na Christianity Today:
One of the mysteries of the mystique of Calvinism is how such a high predestinarian theology could motivate so many of its adherents to such intense this-worldly activism. Calvinism was certainly a dynamic force in shaping the contours of the modern world, including features of it that most of us would not want to live without, such as the rule of law, the limitation of state power, and a democratic approach to civil governance.
terça-feira, setembro 08, 2009
segunda-feira, setembro 07, 2009
Cristão não rima com auto-comiseração - Teologia explicativa
Estive distraído; no inimigo
este meu eu em partes dividido.
Ó meu Deus, todos os que riram, de mim riram
e todos os bebedores me beberam.
Rilke n'O Livro das Horas.
Estive distraído; no inimigo
este meu eu em partes dividido.
Ó meu Deus, todos os que riram, de mim riram
e todos os bebedores me beberam.
Rilke n'O Livro das Horas.
sexta-feira, setembro 04, 2009
Antevisão do Sermão de Domingo
No Evangelho de Marcos (o mais conciso que terá sido referência para Mateus e Lucas) a partir do capítulo sete, e após a estrondosa multiplicação dos pães e peixes do capítulo seis, os doentes passam a ser trazidos até Jesus por iniciativa popular. Do encontro pessoal e voluntário em que as pessoas esperançadamente acreditavam que poderiam ser curadas passa-se para uma encaminhamento colectivo pré-confiante naquele agente de saúde. Pelo silêncio que Jesus continuamente pede aos que cura parece haver mais consentimento que iniciativa. Um temor atravessa-nos, esse de que Deus na vida dos acorrem a Ele consinta mais que inicie. E uma valorização clara: a cura material não é necessariamente o mais importante que Messias tem a fazer.
No Evangelho de Marcos (o mais conciso que terá sido referência para Mateus e Lucas) a partir do capítulo sete, e após a estrondosa multiplicação dos pães e peixes do capítulo seis, os doentes passam a ser trazidos até Jesus por iniciativa popular. Do encontro pessoal e voluntário em que as pessoas esperançadamente acreditavam que poderiam ser curadas passa-se para uma encaminhamento colectivo pré-confiante naquele agente de saúde. Pelo silêncio que Jesus continuamente pede aos que cura parece haver mais consentimento que iniciativa. Um temor atravessa-nos, esse de que Deus na vida dos acorrem a Ele consinta mais que inicie. E uma valorização clara: a cura material não é necessariamente o mais importante que Messias tem a fazer.
quinta-feira, setembro 03, 2009
Atlas
Já aqui antes escrevi da agradável surpresa que foi aperceber-me na Faculdade (FCSH) que havia hipótese para os feios (não quero fazer-me de sonso e classificar-me na categoria dos realmente feios, tenho apenas aquela linha mínima de assimetrias que me afastando do ideal grego abre as possibilidades do extra-estético granítico). Ora, na Faculdade (FCSH) havia grande hipótese para os magros (não estou a fazer-me de sonso quando me classifico na categoria dos realmente magros e a Faculdade foi há mais de dez anos). Os Céus impediram-me que cometesse a insensatez de ser bem sucedido com pagãs e daí escrever estas linhas eivado de sábio ressentimento (o condimento que, no fundo, reabilita um invejoso em pregador). Não perco oportunidade para nos dias que correm encorajar outros feios (sejam suaves, médios ou acentuados): há para nós uma infinita margem de progresso vedada aos belos.
Isto para chegar a Bradford James Cox, o cantor. A sua feiura é biológica (Síndrome de Marfan, segundo a Wikipédia) mas a sua superação em exposição triunfalista não se resume a ricochete pós-moderno. É adequado senso de justiça histórica. O roque-enrole sempre foi dos feios (se alguém acha o Elvis bonito porque lhe olha para os olhos carece urgentemente de descobrir todo um outro hemisfério). Até chegar aos monstros é um instantinho.
Esta capa é do último disco dos Atlas Sound (o Bradford James Cox sozinho) que me está a soar bestial para Setembro. E já agora, coloca-nos no modo apropriado para o MotelX que congrega burgueses desocupados no S.Jorge.
Já aqui antes escrevi da agradável surpresa que foi aperceber-me na Faculdade (FCSH) que havia hipótese para os feios (não quero fazer-me de sonso e classificar-me na categoria dos realmente feios, tenho apenas aquela linha mínima de assimetrias que me afastando do ideal grego abre as possibilidades do extra-estético granítico). Ora, na Faculdade (FCSH) havia grande hipótese para os magros (não estou a fazer-me de sonso quando me classifico na categoria dos realmente magros e a Faculdade foi há mais de dez anos). Os Céus impediram-me que cometesse a insensatez de ser bem sucedido com pagãs e daí escrever estas linhas eivado de sábio ressentimento (o condimento que, no fundo, reabilita um invejoso em pregador). Não perco oportunidade para nos dias que correm encorajar outros feios (sejam suaves, médios ou acentuados): há para nós uma infinita margem de progresso vedada aos belos.
Isto para chegar a Bradford James Cox, o cantor. A sua feiura é biológica (Síndrome de Marfan, segundo a Wikipédia) mas a sua superação em exposição triunfalista não se resume a ricochete pós-moderno. É adequado senso de justiça histórica. O roque-enrole sempre foi dos feios (se alguém acha o Elvis bonito porque lhe olha para os olhos carece urgentemente de descobrir todo um outro hemisfério). Até chegar aos monstros é um instantinho.
Esta capa é do último disco dos Atlas Sound (o Bradford James Cox sozinho) que me está a soar bestial para Setembro. E já agora, coloca-nos no modo apropriado para o MotelX que congrega burgueses desocupados no S.Jorge.
quarta-feira, setembro 02, 2009
Compacto Férias de Verão 2009
Qual será/foi o primeiro blogger a contrair a Gripe A?
Discutia com um amigo dez anos mais novo que eu (logo solteiro) acerca de miúdas. Especulava possíveis envolvimentos amorosos e advertia-o para evitar miúdas descrentes (não-evangélicas, na gíria evangélica). E mencionávamos uma em particular. O meu amigo, nascido e criado na igreja como eu, a determinada altura parece surpreendido com a recomendação. Mas acabou por concordar com um esclarecedor: "também, ela tem celulite nas pernas...".
É relevante: eu mais uns companheiros de editora tocámos no Sudoeste. Foi um palco secundário e assistiram escassas centenas mas foi simbolicamente incontornável. A música independente de travo religioso chega aos palcos do hedonismo oficial veraneante.
Li o "Convite Para Uma Decapitação" do Nabokov e, céus, não ficou nada (como eu queria gostar do livro). Avancei desconfiado para o "Meridiano de Sangue" do Cormac McCarthy e, céus, ficou tudo.
A verdade pura e dura é que desconhecia o Oeste Próximo (Santa Cruz e imediações). Não são praias fáceis: dão-nos nevoeiro, vento e mar agreste quando lhes apetece. Mas no fim não somos nós que vamos à praia, é a praia que vem até nós.
Como alguém disse o Facebook faz em 2009 o que os blogues fizeram em 2003. E, escândalo supremo, poucos suspendem a actividade durante as férias (eu incluído). Claro que o regresso do Pedro aos blogues no dia 1 de Setembro do Ano da Graça de 2009 pode sempre prenunciar alguma coisa além.
As férias ajudaram-me a sair do armário: votarei no CDS-PP. Participarei no blogue Rua Direita (Eduardo, vê se te começas a mexer). É um partido que precisa de se descascar e nutrir a classe média suburbana. Todos sabemos que beto is the new hipster mas a perenidade eleitoral do proletariado carece desesperadamente de uma identidade conservadora além do Partido Comunista.
Os odiadores conquistam-me. O Apóstolo Paulo era um odiador e vejam bem o que aconteceu. O meu fraco por odiadores leva-me a equívocos precoces (o potencial de um odiador é irresistível) mas quase sempre compensa. Agora também é verdade que não se pode confundir um mesquinho com um odiador. Os dois mil anos do cristianismo provam que Deus facilmente esquece o ódio mas dificilmente a mesquinhez.
Dois filmes que saquei e vi no Verão e que merecem menção: "The Cars That Ate Paris" de Peter Weir e "Night Of The Hunter" de Charles Laughton. O primeiro é uma espécie de proto-Crash cronenbergiano meets Mad Max e o segundo uma parábola twainiana com ressonâncias profundas nas tatuagens do final do século XX.
O ano está quase no fim e os Lightning Bolt dão-nos do melhor que sabem. A FlorCaveira já deu B Fachada, João Coração e ainda vai dar Samuel Úria, Diabo na Cruz e Bruno Morgado. Dois mil e nove já não deve dar Vampire Weekend, o que muito lamentamos.
A RTP gasta mais de dez horas de fita a seguir-me os passos (casa, igreja, estúdio, férias, ensaios, concerto). Lembro-me sempre que sai do nosso bolso e temo. Mas sou surpreendido por perguntas inteligentes, pesquisa, esforço físico e simpatia. E reconcilio-me com a classe jornalística. Summertime love? Certamente que não (e que o Senhor abençoe a montagem).
Qual será/foi o primeiro blogger a contrair a Gripe A?
Discutia com um amigo dez anos mais novo que eu (logo solteiro) acerca de miúdas. Especulava possíveis envolvimentos amorosos e advertia-o para evitar miúdas descrentes (não-evangélicas, na gíria evangélica). E mencionávamos uma em particular. O meu amigo, nascido e criado na igreja como eu, a determinada altura parece surpreendido com a recomendação. Mas acabou por concordar com um esclarecedor: "também, ela tem celulite nas pernas...".
É relevante: eu mais uns companheiros de editora tocámos no Sudoeste. Foi um palco secundário e assistiram escassas centenas mas foi simbolicamente incontornável. A música independente de travo religioso chega aos palcos do hedonismo oficial veraneante.
Li o "Convite Para Uma Decapitação" do Nabokov e, céus, não ficou nada (como eu queria gostar do livro). Avancei desconfiado para o "Meridiano de Sangue" do Cormac McCarthy e, céus, ficou tudo.
A verdade pura e dura é que desconhecia o Oeste Próximo (Santa Cruz e imediações). Não são praias fáceis: dão-nos nevoeiro, vento e mar agreste quando lhes apetece. Mas no fim não somos nós que vamos à praia, é a praia que vem até nós.
Como alguém disse o Facebook faz em 2009 o que os blogues fizeram em 2003. E, escândalo supremo, poucos suspendem a actividade durante as férias (eu incluído). Claro que o regresso do Pedro aos blogues no dia 1 de Setembro do Ano da Graça de 2009 pode sempre prenunciar alguma coisa além.
As férias ajudaram-me a sair do armário: votarei no CDS-PP. Participarei no blogue Rua Direita (Eduardo, vê se te começas a mexer). É um partido que precisa de se descascar e nutrir a classe média suburbana. Todos sabemos que beto is the new hipster mas a perenidade eleitoral do proletariado carece desesperadamente de uma identidade conservadora além do Partido Comunista.
Os odiadores conquistam-me. O Apóstolo Paulo era um odiador e vejam bem o que aconteceu. O meu fraco por odiadores leva-me a equívocos precoces (o potencial de um odiador é irresistível) mas quase sempre compensa. Agora também é verdade que não se pode confundir um mesquinho com um odiador. Os dois mil anos do cristianismo provam que Deus facilmente esquece o ódio mas dificilmente a mesquinhez.
Dois filmes que saquei e vi no Verão e que merecem menção: "The Cars That Ate Paris" de Peter Weir e "Night Of The Hunter" de Charles Laughton. O primeiro é uma espécie de proto-Crash cronenbergiano meets Mad Max e o segundo uma parábola twainiana com ressonâncias profundas nas tatuagens do final do século XX.
O ano está quase no fim e os Lightning Bolt dão-nos do melhor que sabem. A FlorCaveira já deu B Fachada, João Coração e ainda vai dar Samuel Úria, Diabo na Cruz e Bruno Morgado. Dois mil e nove já não deve dar Vampire Weekend, o que muito lamentamos.
A RTP gasta mais de dez horas de fita a seguir-me os passos (casa, igreja, estúdio, férias, ensaios, concerto). Lembro-me sempre que sai do nosso bolso e temo. Mas sou surpreendido por perguntas inteligentes, pesquisa, esforço físico e simpatia. E reconcilio-me com a classe jornalística. Summertime love? Certamente que não (e que o Senhor abençoe a montagem).