Finis
Deus é bom! Para todos os efeitos 2009 também foi isto:



Venha 2010.

Filmes do Ano
1. Inglorious Basterds, Quentin Tarantino (o quanto me custa ter no Tarantino o nº1 de ano)
2. The Wrestler, Darren Aronofsky (e, independentemente da media frenzy, Rourke ficou mesmo cá dentro)
3. O Estranho Caso de Benjamin Button, David Fincher (o Sami não me perdoa a cena do passarinho em alto-mar mas as lágrimas que verti foram reais)
4. A Troca, Clint Eastwood (o Gran Torino é um grande carro mas este é o grande filme).
5. Gran Torino, Clint Eastwood (um grande carro também merece espaço no cinema)
6. District 9, Neill Blomkamp (este é que merecia o 3D, the kind of alien love we all need)
7. Up, Pete Docter (este ano sou todo prantos)
8. Hurt Locker, Kathryn Bigelow (nos anos zeros os filmes de guerra são areia, areia, areia)
9. Paranormal Activity, Oren Peli (a ver se o terror se recompõe depois do trágico advento da torture porn)
10. The Knowing, Alex Proyas (tivesse os efeitos do 2012 e tinhamos aqui o Ben-Hur da cinematografia apocalíptica)

Discos do Ano
1. Ducktails, "Ducktails" (estou longe de o ouvir muitas vezes - demasiado instrumental - mas 2009 foi o ano dos Ducktails)
2. Discovery, "Discovery LP" (os Ducktails com mais canção e fidelidade mas com menos angst)
3. Julian Casablancas, "Phrazes for the Young" (já disse que os Strokes acabaram)
4. Jay-Z, "Blueprint III" (o disco para ouvir quando se caminha pelas ruas e owná-las)
5. Regina Spektor, "Far" (a Miriam Macaia vai inevitavemente ter de gravar um disco a solo)
6. Animal Collective, "Merriweather Post Pavilion" (lamento mas o Strawberry Jam mete este no bolso, ainda assim o que é que o Colectivo faz mal?)
7. Pearl Jam, "Backspacer" (fantasmas do passado, conquistadores do presente)
8. Pink Mountaintops, "Outside Love" (passando ao fundo, sem estrilho, e deixando-nos discos impolutos)
9. The Drums, "Summertime! EP" (viva o hype)
10. Stryper, "Murder By Pride" (na Escola Secundária Delfim Guimarães assinava nas carteiras "Tyago Stryper")
11. Lightning Bolt, "Earthly Delights" (não é a mais extraordinária mas a delícia continua lá toda)
12. Rancid, "Let the Dominoes Fall" (o leitor de CDs do carro foi feito para os Rancid)
13. Krallice, "Dimensional Bleedthrough" (o Seca-Metal ganhou novas unhas para arranhar)
14. The Pains Of Being Pure At Heart, "The Pains Of Being Pure At Heart" (e eu que nunca liguei muito aos Rádio Macau)
15. Bruce Springsteen, "Working On A Dream" (perdoar-te-emos tudo, Obamania incluído)

O Salvador nasceu!
Feliz Natal a todos.

Segredos filmográficos
E bate uma saudade de quando James Cameron não propunha harmonias ecológicas mas entregava-se de cabeça às vilezas da Natureza. Piranha II: The Spawning, anyone?

Locus
Acabo de aprender com Etty Hillesum que a pergunta não é que livro levaria para uma ilha deserta mas que livro levaria para um campo de concentração.

Demita-se
Estas declarações de Mário Soares devem envergonhar qualquer português. Enquanto "protestante evangélico muito fanatizado" peço: demita-se de Ex-Presidente da República.

Publicado também no Blogue de Direita da Sábado.

Blogue do ano
E o blogue do ano é o Facebook (na verdade o meu blogue do ano é o Jansenista, um blogue ao qual tinha resistido por causa de uma entronização levada a cabo pela Carla Quevedo há uns anos que me fez sentir colocado de parte - o Jansenista é único blogue snob que leio). O Facebook ameaça arruinar algumas vidas, entre as quais a minha. Após um deslumbramento de Verão e a entrada no Outono com mais de 700 amigos chegou a altura em que sou obrigado a seleccionar as pessoas que efectivamente quero acompanhar. A agressão a Berlusconi não poderia ser mais oportuna - todos aqueles que a celebraram foram ocultados (ou bloqueados). A lista inclui pessoas que estimo: evangélicos afáveis, músicos independentes, jovens charmosas. No culminar de 2009 uma das palavras que na minha vida veio para ficar é unfriend. Desamigarei, com certeza.

Amanhã
Vai lotar por isso não se dêem ao trabalho.

Ler nas bancas
Onde me calhou o "Livro de Horas" de Rilke.

Estaremos nós em condições de usufruir de poesia religiosa? O país que somos sugere-nos um fato de linhas descosidas. Os católicos não têm grande facilidade em ganhar à vontade com Deus e quando o fosso se tenta transpor o salto sai psicadélico (ver Alexandra Solnado). Na multidão de intermediários é fácil que anjos plumados e senhoras de montes sortidos se candidatem a resultados mais visíveis. Por isso a nossa devoção é rica em bibelots e de lacónica nudez semântica. No que à literatura moderna diz respeito as referências de uma escrita sobre o Sagrado são escassas. Entre a prosa do Padre António Vieira e os poema de Ruy Belo quem sugere uma sucessão temporal minimamente consistente? Em Portugal a intimidade com o divino é um amor de perdição onde os enamorados raramente sobrevivem.

Agenda
Hoje à noite o agrupamento Diabo na Cruz (os nomes e capas menos ortodoxos da FlorCaveira) lança "Virou!" no MusicBox. Jorge Cruz, Bernardo Barata, João Pinheiro, João Gil e B Fachada. Cinco razões para não faltar.

Maria
Calma. A Maria José Nogueira Pinto perdoo tudo menos a blasfémia contra o Espírito Santo (pecado que a Escritura diz ser imperdoável). Ontem não se tratou disso, pois não? Então calma. A prudência, categoria teologicamente atestada, também serve para a Democracia.

Publicado no Blogue de Direita da Sábado (aquele que tem pessoas como eu e o Maradona que não são formalmente convidadas para as festas do 31 da Armada).

Actividade
"Paranormal Activity" efectivamente destaca-se da multidão de filmes de terror por saber mostrar pouco. Mas podia mostrar menos ainda. O cinema é sensível ao Deus Abscondito de que falava Pascal. Sem bons véus não há boas telas.

Estação, once again
Este ano acho que deixei de acreditar um bocado no Outono mas isto tem-me acalmado.

Agenda
Hoje às 18h30 no Teatro Nacional S. João. Porto.

The season
Grande entrevista esta do Bob Dylan. Como já era esperado o seu disco de Natal é recebido com reserva pós-moderna.

BF: You really give a heroic performance of O’ LITTLE TOWN OF BETHLEHEM The way you do it reminds me a little of an Irish rebel song. There’s something almost defiant in the way you sing, “The hopes and fears of all the years are met in thee tonight.” I don’t want to put you on the spot, but you sure deliver that song like a true believer.

BD: Well, I am a true believer.

(...)

BF: Do you have a favorite Christmas album?

BD: Maybe the Louvin Brothers. I like all the religious Christmas albums. The ones in Latin. The songs I sang as a kid.

BF: A lot of people like the secular ones.

BD: Religion isn’t meant for everybody.

Por outro lado, hoje no carro, quando ponho o disco no leitor de CDs a conversa vai assim:

Minha mais velha, de 5 anos: Este é o Bob Dylan, não é?
Eu: É.
Minha mais velha, de 5 anos: O Bob Dylan já morreu?
Eu: Não.
Minha mais velha, de 5 anos: O Bob Dylan ainda não morreu?!

Esta Quinta-Feira
Estarei no Porto, no Teatro Nacional S. João, falando sobre o que resta de Deus. Imerecidamente cercado de Daniel Jonas e Clara Pinto Correia. Às 18h30. Aqui há mais detalhes.