quinta-feira, setembro 30, 2010
terça-feira, setembro 28, 2010
Agenda Cultural
George Romero vai estar cá esta semana. T-H-E George Romero. O realizador de Dawn Of The Dead, um dos melhores filmes de sempre (que usa zombies como pretexto para apreciar a solidão). No MotelX.
George Romero vai estar cá esta semana. T-H-E George Romero. O realizador de Dawn Of The Dead, um dos melhores filmes de sempre (que usa zombies como pretexto para apreciar a solidão). No MotelX.
segunda-feira, setembro 27, 2010
Uma má metáfora com pretensões existenciais
E quando julgávamos ouvir já a banda toda apercebemo-nos de que o baixo e bateria acabaram de entrar.
E quando julgávamos ouvir já a banda toda apercebemo-nos de que o baixo e bateria acabaram de entrar.
sexta-feira, setembro 24, 2010
Para Domingo
No capítulo 6 da Carta aos Coríntios o Apóstolo Paulo pergunta aos cristãos da comunidade como se atreveram a processarem-se uns aos outros nos tribunais. A esta altura do texto é como se cada linha fosse uma nova desilusão. Confirmando que a rasura ética é também uma oportunidade para o Espírito.
No capítulo 6 da Carta aos Coríntios o Apóstolo Paulo pergunta aos cristãos da comunidade como se atreveram a processarem-se uns aos outros nos tribunais. A esta altura do texto é como se cada linha fosse uma nova desilusão. Confirmando que a rasura ética é também uma oportunidade para o Espírito.
quinta-feira, setembro 23, 2010
Teologia do corpo
O Outono chegou ao leitor de CDs do automóvel com a Regina Spektor cantando: "I’ve got a perfect body cause my eyelashes catch my sweat".
O Outono chegou ao leitor de CDs do automóvel com a Regina Spektor cantando: "I’ve got a perfect body cause my eyelashes catch my sweat".
quarta-feira, setembro 22, 2010
O detalhe, a cor, o tom, o ar, a vida
"The general principles of any study you may learn by books at home; but the detail, the colour, the tone, the air, the life which makes it live in us, you must catch all these from those in whom it lives already." escrevia John Henry Newman. Via blogue da First Things.
"The general principles of any study you may learn by books at home; but the detail, the colour, the tone, the air, the life which makes it live in us, you must catch all these from those in whom it lives already." escrevia John Henry Newman. Via blogue da First Things.
terça-feira, setembro 21, 2010
segunda-feira, setembro 20, 2010
Correspondência Olissiponense
Estimado João Lisboa,
de facto o negócio da pregação do cristianismo não combina com vaidades. Mas, e como o programa demonstra, é difícil não exibir no escritório da igreja o cartaz da palestra em que o João participou nessa mesma casa. Deixe-me voltar a afirmar que foi uma sessão memorável (temos a gravação!) e certamente, no tempo certo, será usada para atenuar o cadastro laicista do João.
Por outro lado devo reconhecer ao que venho. A música que faço é uma fraude (you can quote me on that). Ou melhor, é uma fraude na medida em que toda a música é apenas um pretexto para dizer coisas boas acerca do Criador. Isto não era um problema até há um, dois séculos. Agora que o Ocidente se emancipou da sua condição filial parece escandaloso. A ética artística é um valor pouco comovente porque a arte, existindo, deve encontrar a sua raison d'etre neste princípio de utilidade pró-divina (se os artistas se entretêm a construir obras a probabilidade de Deus sugerir a algum cristão um momento de inspirada iconoclastia é alta - meet the puritans!). Claro que nem tudo é linear. A prova é que muitos cristãos acham a música que faço pouquíssimo ortodoxa (a minha mais velha fez-me esse reparo nos seus 4 anos) e eventualmente degenerada. Tento aceitar a acusação com humildade. E talvez esteja mesmo a amolecer. Quando hoje penso em fazer música sou atraído sobretudo pelo desejo de dizer que Deus é bom, acima de, por exemplo, fazer crónica de costumes da música portuguesa independente. Não censuro que as pessoas se assustem com o dispositivo. Já a pensar nesse encarceramento proselitista saí recentemente da direcção dos destinos da FlorCaveira (para tentar cantar menos e pregar mais).
Sou, portanto, um interesseiro. Tenho lançado discos para, a pretexto da distracção audiofónica alheia, falar sobre a Cruz. Sem querer vou fazendo amigos (um pregador não procura amizades, procura livrar almas do inferno) entre ouvintes e, escândalo!, até mesmo entre críticos. Como o João Lisboa deve calcular a relação de uma pessoa que faz música com quem escreve sobre música é meio complicada. Mas não nego que nos últimos dois anos a coisa nos tem genericamente corrido bem. Por isso caí no erro de voltar a ler a imprensa especializada como reflexo de um tardio narcisismo. Agora que tento a purga não posso negar que me afeiçoei ao hábito de seguir os textos do João. Por isso senti com tristeza a estrela solitária aos Arcade Fire, entre outros exemplos possíveis (um disco que nos concentra nas canções e não na preservação de um mau sinfonismo geracional). Procurando largar os elogios: que utilidade maior podemos ter com alguém a quem admiramos a escrita que facilitar-lhe a salvação? Por isso não tenho alternativa a reafirmar que espero não "falhar miseravelmente na conversão do João Lisboa". Troco a minha discografia inteira (a que vale quatro estrelas e a restante) por esse momento concretizado.
Um abraço,
Tiago.
Estimado João Lisboa,
de facto o negócio da pregação do cristianismo não combina com vaidades. Mas, e como o programa demonstra, é difícil não exibir no escritório da igreja o cartaz da palestra em que o João participou nessa mesma casa. Deixe-me voltar a afirmar que foi uma sessão memorável (temos a gravação!) e certamente, no tempo certo, será usada para atenuar o cadastro laicista do João.
Por outro lado devo reconhecer ao que venho. A música que faço é uma fraude (you can quote me on that). Ou melhor, é uma fraude na medida em que toda a música é apenas um pretexto para dizer coisas boas acerca do Criador. Isto não era um problema até há um, dois séculos. Agora que o Ocidente se emancipou da sua condição filial parece escandaloso. A ética artística é um valor pouco comovente porque a arte, existindo, deve encontrar a sua raison d'etre neste princípio de utilidade pró-divina (se os artistas se entretêm a construir obras a probabilidade de Deus sugerir a algum cristão um momento de inspirada iconoclastia é alta - meet the puritans!). Claro que nem tudo é linear. A prova é que muitos cristãos acham a música que faço pouquíssimo ortodoxa (a minha mais velha fez-me esse reparo nos seus 4 anos) e eventualmente degenerada. Tento aceitar a acusação com humildade. E talvez esteja mesmo a amolecer. Quando hoje penso em fazer música sou atraído sobretudo pelo desejo de dizer que Deus é bom, acima de, por exemplo, fazer crónica de costumes da música portuguesa independente. Não censuro que as pessoas se assustem com o dispositivo. Já a pensar nesse encarceramento proselitista saí recentemente da direcção dos destinos da FlorCaveira (para tentar cantar menos e pregar mais).
Sou, portanto, um interesseiro. Tenho lançado discos para, a pretexto da distracção audiofónica alheia, falar sobre a Cruz. Sem querer vou fazendo amigos (um pregador não procura amizades, procura livrar almas do inferno) entre ouvintes e, escândalo!, até mesmo entre críticos. Como o João Lisboa deve calcular a relação de uma pessoa que faz música com quem escreve sobre música é meio complicada. Mas não nego que nos últimos dois anos a coisa nos tem genericamente corrido bem. Por isso caí no erro de voltar a ler a imprensa especializada como reflexo de um tardio narcisismo. Agora que tento a purga não posso negar que me afeiçoei ao hábito de seguir os textos do João. Por isso senti com tristeza a estrela solitária aos Arcade Fire, entre outros exemplos possíveis (um disco que nos concentra nas canções e não na preservação de um mau sinfonismo geracional). Procurando largar os elogios: que utilidade maior podemos ter com alguém a quem admiramos a escrita que facilitar-lhe a salvação? Por isso não tenho alternativa a reafirmar que espero não "falhar miseravelmente na conversão do João Lisboa". Troco a minha discografia inteira (a que vale quatro estrelas e a restante) por esse momento concretizado.
Um abraço,
Tiago.
sexta-feira, setembro 17, 2010
Este Domingo em SDB
A indiferença custa. Não é um abandono ou um desencanto mas um esforço blindado. Mais facilmente os pós-modernos estão irritados que aborrecidos.
O Apóstolo Paulo entendeu isso na Igreja de Corinto. Os pecados mais desgraçados que os cristãos aí praticavam não resultavam de distracção espiritual mas da recusa de se submeterem a algum tipo de autoridade. Por isso o capítulo 5 é pura acção. O pregador já arregaçou as mangas da camisa.
A indiferença custa. Não é um abandono ou um desencanto mas um esforço blindado. Mais facilmente os pós-modernos estão irritados que aborrecidos.
O Apóstolo Paulo entendeu isso na Igreja de Corinto. Os pecados mais desgraçados que os cristãos aí praticavam não resultavam de distracção espiritual mas da recusa de se submeterem a algum tipo de autoridade. Por isso o capítulo 5 é pura acção. O pregador já arregaçou as mangas da camisa.
quarta-feira, setembro 15, 2010
Romanos, novo take
Continuando a falar sobre católicos que me encantam, a incontornável Flannery:
She made fun of the Baptist preacher who came to the school at commencement to give the devotional. She would pull down her mouth and hold her forehead as if she were in agony and groan, "Fawther, we thank Thee", exactly the way he did and she had been told many times not to do it. She could never be a saint, but she thought she could be a martyr if they killed her quick.
Porque não há graça sem estranheza, gente amedrontada. Agora com maiúscula. Graça.
Continuando a falar sobre católicos que me encantam, a incontornável Flannery:
She made fun of the Baptist preacher who came to the school at commencement to give the devotional. She would pull down her mouth and hold her forehead as if she were in agony and groan, "Fawther, we thank Thee", exactly the way he did and she had been told many times not to do it. She could never be a saint, but she thought she could be a martyr if they killed her quick.
Porque não há graça sem estranheza, gente amedrontada. Agora com maiúscula. Graça.
A Minha Fúria
A última vez que falei sobre os Golpes contribui sem querer para uma discussão animada. Hoje talvez me exprimisse diferentemente até porque dois dos Golpes nunca mais me falaram da mesma maneira (curiosamente os que melhor estão neste novo teledisco). Aproveitando a oportunidade para reforçar: sociologizar é também a minha maneira de mostrar amor. Veja-se a parte dos créditos finais. Os apelidos das pessoas envolvidas. Se isto não é sair do armário, senhores! A tal luta de classes no século XXI é para ser celebrada, já não combatida. Nos planos da festa no arraial é patente que os festivos dançam como que pisando o túmulo de Engels. E eu gostava de pensar que não estando lá (naturalmente ninguém me convidou) também contribui para este momento ecumenizando a batida aos "verdugos do proletariado".
Só não é o teledisco do ano porque eu já gravei dois e ainda tenho três meses de actividade pela frente. De resto, está aqui tudo. Deixem os odiadores odiar. A festa é do povo.
A última vez que falei sobre os Golpes contribui sem querer para uma discussão animada. Hoje talvez me exprimisse diferentemente até porque dois dos Golpes nunca mais me falaram da mesma maneira (curiosamente os que melhor estão neste novo teledisco). Aproveitando a oportunidade para reforçar: sociologizar é também a minha maneira de mostrar amor. Veja-se a parte dos créditos finais. Os apelidos das pessoas envolvidas. Se isto não é sair do armário, senhores! A tal luta de classes no século XXI é para ser celebrada, já não combatida. Nos planos da festa no arraial é patente que os festivos dançam como que pisando o túmulo de Engels. E eu gostava de pensar que não estando lá (naturalmente ninguém me convidou) também contribui para este momento ecumenizando a batida aos "verdugos do proletariado".
Só não é o teledisco do ano porque eu já gravei dois e ainda tenho três meses de actividade pela frente. De resto, está aqui tudo. Deixem os odiadores odiar. A festa é do povo.
terça-feira, setembro 14, 2010
Sonhos
Nos reality-shows quando se está em dúvida acerca da avaliação de alguém a pergunta sagrada é: "até que ponto é o teu sonho seres bem sucedida neste programa?" E os concorrentes desfazem-se em lágrimas, provando que a autenticidade de um sonho é contemporaneamente o selo da dignidade pessoal. Infelizmente mesmo nas igrejas evangélicas protestantes a tendência é atrair as pessoas ao Evangelho porque Deus quer concretizar os sonhos das suas criaturas (ou, de uma maneira menos aberrantemente materialista, que Deus quer que as suas criaturas sonhem os Seus sonhos). A ironia é que quando lemos a Bíblia os sonhos que os profetas têm raramente são agradáveis. A bem da ortodoxia devemos dizer que na maior parte das vezes Deus tem pesadelos para os Seus filhos. E que não há nada melhor do que isso.
Nos reality-shows quando se está em dúvida acerca da avaliação de alguém a pergunta sagrada é: "até que ponto é o teu sonho seres bem sucedida neste programa?" E os concorrentes desfazem-se em lágrimas, provando que a autenticidade de um sonho é contemporaneamente o selo da dignidade pessoal. Infelizmente mesmo nas igrejas evangélicas protestantes a tendência é atrair as pessoas ao Evangelho porque Deus quer concretizar os sonhos das suas criaturas (ou, de uma maneira menos aberrantemente materialista, que Deus quer que as suas criaturas sonhem os Seus sonhos). A ironia é que quando lemos a Bíblia os sonhos que os profetas têm raramente são agradáveis. A bem da ortodoxia devemos dizer que na maior parte das vezes Deus tem pesadelos para os Seus filhos. E que não há nada melhor do que isso.
segunda-feira, setembro 13, 2010
Seis
Há um desequilíbrio emocional natural em achar que as conquistas dos nossos filhos são extraordinárias. Hoje ao deixar a minha filha de 6 anos pela primeira vez na Escola Primária senti que a sua coragem é tão superior à minha. Quando entrei na escola ia amedrontado e à sombra da minha irmã gémea. Lembro-me de ainda no hall da entrada ter chorado com um berro de um rapaz mais velho, convictamente farejando a minha cobardia.
Hoje a escola é supostamente mais atenta, mais lúdica, mais holística. Por isso deixar a minha filha no recreio a preparar-se para pinturas faciais traz um elemento indígena que nos estava ausente. Mas estou certo, e aí vai a parte do desequilíbrio emocional, que mesmo por trás daquela tinta de boas-vindas o rosto da minha menina brilha.
Há um desequilíbrio emocional natural em achar que as conquistas dos nossos filhos são extraordinárias. Hoje ao deixar a minha filha de 6 anos pela primeira vez na Escola Primária senti que a sua coragem é tão superior à minha. Quando entrei na escola ia amedrontado e à sombra da minha irmã gémea. Lembro-me de ainda no hall da entrada ter chorado com um berro de um rapaz mais velho, convictamente farejando a minha cobardia.
Hoje a escola é supostamente mais atenta, mais lúdica, mais holística. Por isso deixar a minha filha no recreio a preparar-se para pinturas faciais traz um elemento indígena que nos estava ausente. Mas estou certo, e aí vai a parte do desequilíbrio emocional, que mesmo por trás daquela tinta de boas-vindas o rosto da minha menina brilha.
sexta-feira, setembro 10, 2010
Do sermão de Domingo
"Que quereis? Irei ter convosco com vara ou com amor e espírito de mansidão?", pergunta Paulo. A comunidade é um ringue.
"Que quereis? Irei ter convosco com vara ou com amor e espírito de mansidão?", pergunta Paulo. A comunidade é um ringue.
quinta-feira, setembro 09, 2010
Douglas Wilson sobre o ministério
"If we recognize that the Word of God not only excludes women from becoming women ministers, but also excludes men from becoming women ministers as well, we will be on the road to recovery".
"If we recognize that the Word of God not only excludes women from becoming women ministers, but also excludes men from becoming women ministers as well, we will be on the road to recovery".
quarta-feira, setembro 08, 2010
A Time Out Lisboa pede-me uma canção do Leonard Cohen a propósito do concerto desta semana
"Hallelujah" do Various Positions - O meu pai sempre ouviu o Cohen. Por isso, quando na universitária adolescência me pareceu bem atenuar a restritiva dieta de punk/hardcore, voltar aos seus discos foi fácil. Hoje reconheço que muito do deslumbramento desses dias se sustinha em algum existencialismo instantâneo (daquele que alimenta muitos alunos da FCSH como eu), mas as canções perduraram. Ele tem um lugar na minha trindade musical (Dylan, Cohen, Cash). Tudo o que canta, faço por ouvir, mas a “Hallelujah” é a melhor música dele. É uma canção de louvor a Deus, ainda que a fé de quem a canta possa estar severamente abalada. Quem conhece o Antigo Testamento sabe que quem crê também se zanga. Mas nem isso suspende que remetamos tudo ao Senhor da Canção. Foi tremendo há dois anos em Algés.
"Hallelujah" do Various Positions - O meu pai sempre ouviu o Cohen. Por isso, quando na universitária adolescência me pareceu bem atenuar a restritiva dieta de punk/hardcore, voltar aos seus discos foi fácil. Hoje reconheço que muito do deslumbramento desses dias se sustinha em algum existencialismo instantâneo (daquele que alimenta muitos alunos da FCSH como eu), mas as canções perduraram. Ele tem um lugar na minha trindade musical (Dylan, Cohen, Cash). Tudo o que canta, faço por ouvir, mas a “Hallelujah” é a melhor música dele. É uma canção de louvor a Deus, ainda que a fé de quem a canta possa estar severamente abalada. Quem conhece o Antigo Testamento sabe que quem crê também se zanga. Mas nem isso suspende que remetamos tudo ao Senhor da Canção. Foi tremendo há dois anos em Algés.
terça-feira, setembro 07, 2010
Compacto Férias Voz do Deserto 2010
- É no Verão que damos conta do que fizemos. Cinco semanas ininterruptas passadas com os quatro filhos gerados cortam qualquer possibilidade de vaidade procriativa. Há também o risco oposto, de nos tornarmos insuportáveis na vocalização altiva da nossa via dolorosa. De uma maneira ou de outra a chegada da Escola é vivida com desejo. É preciso chegar aos profissionais trinta para compreender a alegria contida no slogan do Regresso Às Aulas. E, claro, os filhos são o nosso melhor e mais difícil. Sentido de humor de Deus check!
- Testemunho que é possível: um Verão de praia, chuveiros públicos e passeios na areia sem nunca calçar chinelos. O ódio aos chinelos é das mais preciosas recusas estéticas dos nossos dias. Quero pensar que não é uma anti-brasileirização reactiva (até porque o Brasil me conquista cada vez mais e, já lá vamos) mas uma réstea de bom-senso na vida em sociedade. Urge distinguir entre uma joie de vivre que vem da contemplar a Criação e o abandono pagão à preguiça. As pessoas só abusam chinelos porque cada vez caminham menos. É esse o pé de atleta que evitam.
- Aos quase 32 anos sou obrigado a reconciliar-me com a cafeína. É como se renascesse. Deixo de me arrastar de manhã e de ter de me levantar da sesta com a impressão que fui enterrado vivo numa cama sem caixão. É o mais fiável revigor. Claro, os efeitos secundários. Falo ainda mais, projecto discografias infindáveis, ganho vontade de praticar desportos sérios. Mas depois tudo vai passando devagarinho. E reabastece-se assim que for necessário.
- Viva o último disco dos Arcade Fire! É a Pedra de Tropeço que precisávamos. Lamentamos que o João Lisboa se tenha perdido na batalha mas rejubilamos nos efeitos deste audio-Himalaia. Subimos ao pico e vemos a muito maior Cordilheira Springsteen. Não paramos até lá. Ainda há muita ansiedade adolescente para xilofanar na maturidade.
- Mas o disco oficial deste Verão foi "Pra Enlouquecer" da Baby Consuelo, de 1979. Devo-o à Bárbara e ao Tomás que partilharam no Facebook esse irrepreensível "Menino do Rio" que nas teclas iniciais nos mergulha nostalgicamente no genérico da "Água Viva" (o meu aniversário é a 17 de Outubro e acaba de ser comercializado no Brasil o "Roque Santeiro" em DVD - quem se chega à frente?). Começa a haver uma forte probabilidade de acabar no Brasil. Nunca fui ao Rio mas raramente o Rio sai de mim. Fantasia televisiva projectada, ancestralidade religiosa reclamada, devir tropical recalcado. Anyway. O Padre António Vieira só percebeu que o Apocalipse era português porque o seu coração era de Vera Cruz.
- Três acampamentos evangélicos (ou campos de férias, no dialecto dominante). O último, na semana que encerrou as férias, entre juventude (sobretudo nos vintes). Caramba. Gente talentosa, rapazes esbanjadores na sua genica, raparigas giríssimas e educadas. Todos os dias ao fim da tarde ouviam-me uma hora a discorrer sobre o Reino de Deus. Depois, à noite, quando devia recolher-me acercavam-se e faziam perguntas. Céus. Pediam-me conselhos. A minha auto-estima de pregador sai em alta. Em baixo apenas o ânimo por já não ter 18 anos. Explico: a minha vida é melhor aos 32 que aos 18 mas há uma torrencialidade que nos escapa. Como se cada minuto do quotidiano fosse toureado. Não sou da Festa Brava mas agora que reconheço uma espanholização ancestral a preservar é que cortam as pontas ao bicho?
- E tal como desejei as férias foram oportunidade de reflexão. À sombra das Escrituras e das palavras de D.A. Carson, John Piper, Michael Horton, Flannery O'Connor e Joseph Ratzinger encontrei repouso e refrigério para novas decisões. O Ano Novo chegou (Janeiro é sobrestimado, September is here) e peço a Graça de Deus para o caminho. Só sei falar da Cruz e que a mão não me trema.
- É no Verão que damos conta do que fizemos. Cinco semanas ininterruptas passadas com os quatro filhos gerados cortam qualquer possibilidade de vaidade procriativa. Há também o risco oposto, de nos tornarmos insuportáveis na vocalização altiva da nossa via dolorosa. De uma maneira ou de outra a chegada da Escola é vivida com desejo. É preciso chegar aos profissionais trinta para compreender a alegria contida no slogan do Regresso Às Aulas. E, claro, os filhos são o nosso melhor e mais difícil. Sentido de humor de Deus check!
- Testemunho que é possível: um Verão de praia, chuveiros públicos e passeios na areia sem nunca calçar chinelos. O ódio aos chinelos é das mais preciosas recusas estéticas dos nossos dias. Quero pensar que não é uma anti-brasileirização reactiva (até porque o Brasil me conquista cada vez mais e, já lá vamos) mas uma réstea de bom-senso na vida em sociedade. Urge distinguir entre uma joie de vivre que vem da contemplar a Criação e o abandono pagão à preguiça. As pessoas só abusam chinelos porque cada vez caminham menos. É esse o pé de atleta que evitam.
- Aos quase 32 anos sou obrigado a reconciliar-me com a cafeína. É como se renascesse. Deixo de me arrastar de manhã e de ter de me levantar da sesta com a impressão que fui enterrado vivo numa cama sem caixão. É o mais fiável revigor. Claro, os efeitos secundários. Falo ainda mais, projecto discografias infindáveis, ganho vontade de praticar desportos sérios. Mas depois tudo vai passando devagarinho. E reabastece-se assim que for necessário.
- Viva o último disco dos Arcade Fire! É a Pedra de Tropeço que precisávamos. Lamentamos que o João Lisboa se tenha perdido na batalha mas rejubilamos nos efeitos deste audio-Himalaia. Subimos ao pico e vemos a muito maior Cordilheira Springsteen. Não paramos até lá. Ainda há muita ansiedade adolescente para xilofanar na maturidade.
- Mas o disco oficial deste Verão foi "Pra Enlouquecer" da Baby Consuelo, de 1979. Devo-o à Bárbara e ao Tomás que partilharam no Facebook esse irrepreensível "Menino do Rio" que nas teclas iniciais nos mergulha nostalgicamente no genérico da "Água Viva" (o meu aniversário é a 17 de Outubro e acaba de ser comercializado no Brasil o "Roque Santeiro" em DVD - quem se chega à frente?). Começa a haver uma forte probabilidade de acabar no Brasil. Nunca fui ao Rio mas raramente o Rio sai de mim. Fantasia televisiva projectada, ancestralidade religiosa reclamada, devir tropical recalcado. Anyway. O Padre António Vieira só percebeu que o Apocalipse era português porque o seu coração era de Vera Cruz.
- Três acampamentos evangélicos (ou campos de férias, no dialecto dominante). O último, na semana que encerrou as férias, entre juventude (sobretudo nos vintes). Caramba. Gente talentosa, rapazes esbanjadores na sua genica, raparigas giríssimas e educadas. Todos os dias ao fim da tarde ouviam-me uma hora a discorrer sobre o Reino de Deus. Depois, à noite, quando devia recolher-me acercavam-se e faziam perguntas. Céus. Pediam-me conselhos. A minha auto-estima de pregador sai em alta. Em baixo apenas o ânimo por já não ter 18 anos. Explico: a minha vida é melhor aos 32 que aos 18 mas há uma torrencialidade que nos escapa. Como se cada minuto do quotidiano fosse toureado. Não sou da Festa Brava mas agora que reconheço uma espanholização ancestral a preservar é que cortam as pontas ao bicho?
- E tal como desejei as férias foram oportunidade de reflexão. À sombra das Escrituras e das palavras de D.A. Carson, John Piper, Michael Horton, Flannery O'Connor e Joseph Ratzinger encontrei repouso e refrigério para novas decisões. O Ano Novo chegou (Janeiro é sobrestimado, September is here) e peço a Graça de Deus para o caminho. Só sei falar da Cruz e que a mão não me trema.