Já foi

Dez-nove-oito
"I’ve been to some New Year’s Eve parties, even stayed up to bring in the New Year on a few occasions. The atmosphere has always struck me as tinged with desperation." escreve R.R. Reno. Talvez por causa disso resolvemos antecipar ontem em palco a chegada de 2011. O Ano Novo já cá anda.

Janeiro na Igreja
Bebés devoradores, Ricardo Araújo Pereira encostado à parede, tradução em simultâneo, cantores românticos, entre outros fenómenos possíveis.

Filmes de 2010
- O Laço Branco, Michael Haneke
- Frozen, Adam Green
- A Origem, Christopher Nolan
- Monsters, Gareth Edwards
- Buried, Rodrigo Cortés

Isto de cinema ainda foi pior. Devo ter falhado os bons filmes todos (facto de certo relacionado com praticamente ter deixado de ir ao cinema). Estes são apenas jeitosinhos e ainda assim aqueles que mais me ficaram. Não estão por ordem especial.

Guillul's Dead
Fecho o ano musical esta quarta-feira às 23h no Pavilhão dos Lombos em Carcavelos (no Congresso Evangélico da Máquina de Sonhos). Vou estar a juntar a minha banda à do Samuel Úria para uma confusa mas vibrante celebração (uma música minha, uma música dele, and so on). Aproveito para enterrar o nome Guillul. Foram dez anos que não esquecerei. Vale a pena seguir em frente. Isto não quererá dizer despedir-me da música (pode até ser o caso de fazer mais) mas procurar apurar o meu caminho. Devo muito aos que me acompanharam neste período por isso faz sentido misturar-me com o Sami, o Guel, os Pontos Negros e outros que estarão a tocar para a estocada final no ídolo.
Guillul's dead. Baza celebrar?

Quando os anjos cantam os homens não podem ficar calados
Jesus nasceu.

A véspera de Natal consigo compreender
Mas a véspera da véspera?

DISCOS 2010
1- "The Suburbs", Arcade Fire
2- "My Beautiful Dark Twisted Fantasy", Kanye West
3- "Ain't No Grave", Johnny Cash
4- "Contra", Vampire Weekend
5- "Odd Blood", Yeasayer
6- "Wilderness Heart", Black Mountain
7- "Halcyon Digest", Deerhunter
8- "Lisbon", Walkmen
9- "Treats", Sleigh Bells
10- "Before Today", Ariel Pink's Haunted Grafitti

Ano fraquinho. Os discos a partir do número quatro nem entrariam nos primeiros quinze dos anos anteriores. Não costumo falar sobre discos portugueses porque os bons são quase todos de amigos (há estatísticas assim) mas devo mencionar "O Caminho Que Eu Sigo" do Amil. É um disco duplo de hip-hop evangélico, tão descarado no proselitismo que até me senti pagão nas primeiras audições. Maravilhoso. É este o ânimo para 2011.

Solstício
Depois de um 2009 de fracas relações com o Inverno (blame it on chillwave), este é o ano da reconciliação com o frio. Na realidade, não há Inverno na Ibéria (ainda ontem mergulhei no mar às sete e meia da manhã). E a alegria de lembrar que a partir de agora os dias começam a crescer?

Criatividade editada
O jogging matinal não pode ser muito disciplinado porque Paulo diz que "o exercício corporal para pouco aproveita". O mergulho na praia deve ser rápido porque Deus "ajunta as águas do mar como num montão; põe os abismos em depósitos". Os miúdos devem ser levados cedo à escola porque os Provérbios mandam educar "a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele". A vantagem do cristão é ter a sua criatividade editada. Relaxa-se um pouco e confia-se mais.

José no sermão deste Domingo
Há uma passividade injusta atribuída a José. O marido semi-enganado pelo Espírito Santo que se conforma, o esposo paciente que na teologia católica tolera a ausência da consumação física do seu casamento, o pai do Messias por empréstimo. Ao ler a Bíblia encontramos outra pessoa. Um noivo que tomava a iniciativa de afastar-se de Maria para proteger-lhe a reputação, um chefe de família executando um plano de fuga para o Egipto, um pai impaciente pelo desaparecimento do filho pré-adolescente para discutir religião no Templo. Suspeitamos que essa opacidade cultural de José tem mais a ver com o deslumbramento inculto com as velhas insinuações matriarcais (que no imediato limpam lágrimas pagãs) que com os espaços preenchidos ou nem tanto da Palavra. Ler é um compromisso com um consolo que pode demorar.
Redescobrir José é festejar a fidelidade de Deus. Afinal, sem o marido de Maria, Jesus não seria linhagem de David. Há muito pai para o Messias.

Mateus 6:28 ("Olhai os lírios do campo")



Stefano Ughetti, costureiro da Camo, faz roupa bonita.

Gostar de homens XXXVI

Conan, o Rapaz do Futuro. Gostar muito a sério.

Partiu nesta madrugada o irmão José Gomes, da Igreja Baptista de Moscavide
Dava o testemunho que mais me marcou em quase dez anos desde que chegámos à comunidade. Um reconhecimento doído da existência de Deus. Uma conversão relutante à Sua soberania. Uma fé persistente. Uma presença constante na Casa de Oração mesmo quando o corpo oferecia resistência. Uma cultura rara. Já sentimos a saudade. Encontramo-nos em breve.

O sermão deste Domingo
Este Domingo escutamos Maria. Não ergue a voz como Isabel mas canta inteira em cada sílaba. Provando que a humildade vem com uma dose de exuberância. Celebrar hoje o Natal é fazer questão na festa. Somos obstinadamente agradecidos.

Duzentos anos
É menos aquilo que podemos adivinhar e mais o que já vimos.

A ressurreição da televisão
Era difícil "Walking Dead" manter o fôlego extraordinário do primeiro episódio. A brevidade excessiva da temporada também não ajudou, despachando em seis sessões uma acção que podia ser mais abrangente, pelo menos, ao nível das personagens. Ainda assim, registe-se que próximo Outubro há mais e que este final teve algo do excelso "Dawn Of The Dead" do Romero.

De ontem
Terminar o sermão, cantar o último hino, orar em silêncio e pouco e pouco sentir a chegada de uma pressão no estômago chamada gastroentrite (no big deal e pálido exemplo comparado com o martírio dos santos ao longo de dois milénios). Uma igreja pequenina que durante a prédica nos perdoou a falta de fôlego e o tempo investido a tentar fazer justiça a João Baptista. Daí o encorajamento ao ler hoje a frase de Kevin Twit: "the work of preaching and worship is to present Jesus as more beautiful and more believable than he was before". Para a semana, esperamos sem redemoinhos no ventre, será, curiosamente, a vez de falar sobre Maria.

Acerca do sermão deste Domingo
No contexto evangélico é hoje comum preferir falar sobre Reino de Deus do que Igreja. O que não é completamente injusto na medida em que a Escritura distingue-os e não nos deve custar reconhecer o excesso de triunfalismo de épocas anteriores na maneira como opunham uma Igreja aparentemente perfeita em detrimento de um mundo sem esperança (incorrendo até num equívoco teológico de emagrecimento prático da soberania divina sobre toda a Criação). Preocupa-nos, todavia, de que parte desta opção emocional pelo Reino resulte numa fuga pelintra do compromisso com a Igreja (e numa desmobilização estética na contemplação do casamento cósmico entre Cristo e a Igreja, esse amontoado de pecadores sem beleza particular pelo qual, por razão misteriosa, Deus se apaixonou). Assim, odiar a Igreja (ainda que não se admita) é odiarmo-nos a nós próprios esperando que o mundo nos louve por isso (vamos culpar Freud por esta desajeitada adolescência epistemológica?).
Entusiasmamo-nos ao ler o grito de João Baptista em Mateus 3:1-12, associando o arrependimento ao anúncio do Reino de Deus prestes a chegar. Como quem diz, queres gabar-te das qualidades universais do Reino de Deus? Fala-lhe a língua então. Arrepende-te.

Timbre
Ao preparar o sermão para o segundo Domingo do Advento, acerca de João Baptista, fico convencido que o profeta comedor de gafanhotos teria de necessariamente possuir o mesmo timbre vocal do Lemmy dos Motorhead.

Pazes com o Diabo no Dia da Independência
Doug Wilson: "We should note again that God’s hymnbook, the psalter, is just full of enemies. Our modern hymnbooks very rarely encounter anything like that. A central part of the reason is that we have worked out a truce with the devil. We don’t have to deal with him attacking us, for we have agreed not to attack him. If we really were to attack him, we would have tumults to sing about soon enough."