quarta-feira, junho 29, 2011

segunda-feira, junho 27, 2011

Or die



Aos 33 o skate é sobretudo uma experiência no atrito que se quer mais contemplativa que emocionante. Para que se possa continuar firme no credo: skate or die.

sexta-feira, junho 24, 2011

Para o sermão deste Domingo (Miquéias 7)
É interessante este teste de felicidade: saiba o quão desgraçado é a partir da fruta que não come. Sem uvas e figos não pode haver barriga satisfeita. Não nos deve surpreender que o prazer judaico seja feito a partir das árvores. A Bíblia explica-o inúmeras vezes para nos recordar que o homem abençoado é aquele que colhe da Criação, que saboreia os gostos, que se alimenta daquilo que não pode inventar. A Natureza é um argumento teológico não porque seja uma Mãe, em cujas saias o paganismo órfão gosta de se abrigar, mas porque mostra que é o Senhor quem tudo sustenta.

quinta-feira, junho 23, 2011

Harmónio



Gauguin no harmónio. Tenho três harmónios. Um na sala, que comprei na extinta Livraria Alcalá antes de casar e no tempo em que tinha dinheiro (em razoável bom estado e que costumo usar nas gravações); um pequenino e portátil na Igreja em SDB, mesmo à entrada da sala de oração (a precisar de reparo); e um que era do meu avô que está muito desmontado na Igreja de Moscavide (a esperar intervenção profunda). Sou um homem musicalmente rico em instrumentos que sopram a partir dos pedais.

quarta-feira, junho 22, 2011

Filipe da Graça



Por alguma razão o que anda a bater é o roque. Rijo e directo. Este é um discão. O Filipe tem uma voz que não vem do nariz mas do descaramento. Oiço aqui grunge, Smashing Pumpkins, GNR antigos, voltinhas à Stones, métricas e letras tramadas que nos recordam que a música popular também serve para dizer coisas sobre pessoas normais. “Coisa Branca” é um clássico instantâneo.

terça-feira, junho 21, 2011

Agenda



Blá-blá-blá-fazer-História-blá-blá-blá.

segunda-feira, junho 20, 2011

Clarence
No ano em que mais ouvi o Bruce vai-se embora o fôlego do seu metal. Nos últimos tempos gerou-se uma aversão a saxofones que só pode ser perdoada a quem nunca ouviu o ataque daquela montanha de sopro que acompanhava o Boss. Como disse o Samuel Úria: “Mundo menos o Clarence Clemons, muito pior!”

sexta-feira, junho 17, 2011

Para o sermão deste Domingo (Miquéias 6)
Dizer que as colinas têm ouvidos implica tirá-los às cabeças dos homens. É também dizer que é mais fácil ter resposta de um monte de terra que de uma pessoa. É assumir que é triste que não se ouça. Na Bíblia ouvir nunca é apenas uma capacidade auditiva. É uma inclinação para Deus e para os outros. É uma disciplina de atenção para tudo o que está além de nós. Ouvir é o primeiro passo dos homens que não se alienam em si próprios, um método de olhar para o Céu. Miquéias acaba por sugerir que mais vale falar para os montes que gastar tempo com pessoas que não ouvem. A acusação tem tanto de cómico quanto trágico. E fala alto para uma época que corre o risco de escutar nada, de tão atarefada que está em comunicar.

quinta-feira, junho 16, 2011

The Ward
John Carpenter sempre foi bom a simplificar personagens, não a torná-las complexas. The Ward é de terceira categoria e não dignifica o realizador. Aliás, vem chegando um tempo em que as densidades psicológicas começam a estragar mais o cinema que a ajudá-lo. Não dá para regressar ao essencial? Escuro, luz, escuro, luz. A psicanálise tira a piada ao medo (acabei de ler “Moisés e o Monoteísmo” do Freud”, tenham paciência).

quarta-feira, junho 15, 2011

Casa nova
O Blogger é uma seca. Não se soube actualizar. Vou continuar a usá-lo por uma questão de arquivo (we're all about arquivos) mas façam o favor de me seguir aqui: vozdodeserto.tumblr.com.

terça-feira, junho 14, 2011

Lula
Hoje uma lula caiu-me em cima. Não veio do prato mas foi uma coisa aérea mesma. Estava a almoçar e o empregado de mesa mexia no armário de frescos quando um molusco lhe escapou das mãos directamente para o meu ombro. A t-shirt e as calças ficaram tingidas, daí que a minha mulher diga que não era uma lula mas um choco mas se era um choco era choco tamanho família. Passei o resto da tarde tresandando a cais. Uma das minhas companhias ao almoço disse que este era o tipo de episódios para o qual eu estava talhado. Não é uma questão de fatalismo mas de compreensão simbólica da realidade. Não somos escravos da imparcialidade dos factos mas experimentamos nas circunstâncias o que somos espiritualmente. E há uma medida de ridículo na qual me encaixo perfeitamente. Esqueçam o Karma e o zodíaco que o assunto é a soberania divina e a sua capacidade criativa de comunicação. Não é preciso exagerar metaforicamente para compreender que há muito que acontece quando uma lula nos aterra em cima.

quinta-feira, junho 09, 2011

Para o sermão de Domingos (em Miquéias 5)
Os cristãos não se salvam pelo facto de ler, mas por acreditarem que Deus se revela através de um livro acabam por ter uma relação especial com a literatura. A interpretação, fruto desta árvore, não é um fechamento mas uma abertura. Acreditar na revelação particular da Bíblia é ser transformado pelo que ela diz e pela maneira como ela diz. Esta declaração de exclusividade, nada cómoda para o pluralismo dos tempos, assusta porque muitas vezes os crentes parecem estar em fuga de compreender melhor quando na verdade a Palavra chama-os a isso. A dificuldade da tarefa confirma-lhe a urgência.

quarta-feira, junho 08, 2011

Sete razões para ler "Alçapão" do João Leal
1. Não há nenhum livro no mercado português remotamente parecido com este.
2. Num momento “Alçapão” é um policial sinistro, no outro é uma fábula fantástica.
3. A escrita é ritmada, poupada, magra. O texto trabalha a favor da história e não o contrário.
4. Apesar da acção ser muitas vezes violenta e a linguagem desabrida (é uma história de órfãos, caramba) João Leal escreve de uma maneira quase inocente. Há uma dinâmica próxima da literatura juvenil, como se estivéssemos perante “Uma Aventura no Fim da Inocência”.
5. É uma história acerca da amizade. De uma amizade feita também de silêncios e equívocos mas que procura leal e constante.
6. É um livro que não quer morder os calcanhares à alegria só porque isso é popular. A alegria não é exuberante e na maior parte das vezes anda escondida mas irrompe sem vergonhas no final. Não estamos perante um produto do cinismo e por isso não se criminaliza o triunfo.
7. “Alçapão” é um delírio. É um devaneio que desafia muitas convenções de narrativa, é propositado no seu desequilíbrio, brioso do seu compromisso com a história extraordinária que conta. Tenta manter a ética na digressão que sugere. É uma história tão impossível que só pode ter um fundo de verdade.

terça-feira, junho 07, 2011

À séria
Numa igreja evangélica tradicional existe uma coisa chamada rol de membros. Hoje a lentidão é o nosso estilo de compromisso e sentimo-nos deprimidos por quase tudo o que nos cheire a institucionalização. Em SDB aqueles que são membros são uma minoria na generalidade de pessoas que assistem ao cultos no Domingo. Mas ultimamente tem havido um crescimento do interesse por fazer parte da igreja a sério. Ao conversar sobre o assunto tenho partilhado que "a partir da membrazia é sempre a perder". Talvez seja uma maneira demasiado radical de colocar as coisas mas pelo menos enxota ronhas místicas. Podem imaginar o prazer que senti quando ontem ouvi o Tim Keller numa conferência dizer:

Não sei se existe algum benefício em ser membro. A disciplina da igreja é um benefício de ser membro. De uma perspectiva americana de consumo a membrazia não faz muito sentido. A membrazia da igreja não é como nenhuma outra membrazia.

É mesmo isto. Um dos seguros privilégios de ser membro da igreja é ter a garantia que ela nos pode destruir a cálida existência de consumo e preferências. Se não nos quebram o coração, não é amor.

segunda-feira, junho 06, 2011

Agenda
Amanhã estarei a dizer umas palavras sobre o "Alçapão" do João Leal, às 18h30 na Fnac do Chiado. Vale a pena ir preparado para comprar o livro.

sexta-feira, junho 03, 2011

Sermão deste Domingo
Há quem se possa queixar de tonturas na leitura de um profeta do Velho Testamento. O rumo do livro pode parecer abrupto. Saímos da pronúncia de um castigo para a revelação de um alívio num ritmo tão rápido quanto inesperado. Ainda agora Miquéias sugeria o Monte do Templo transformado num matagal para já a seguir falar na sua proeminência. Há segundos líamos acerca da hipocrisia dos poderosos e religiosos de Jerusalém e neste momento encontramos palavras de esperança até para os pagãos. Os tempos da profecia parecem demasiado largos para a nossa compreensão que pede sequência lógica. O que novamente reforça o que acontece quando ouvimos um profeta: antes de ampliarmos a nossa informação somos impressionados pelo que Deus sente.

quinta-feira, junho 02, 2011

Já está nas bancas
... a Revista Ler onde carinhosamente tento destruir de uma vez por todas a má teologia do Padre Carreira das Neves. Não é fácil mas esforço-me.

Demasiada explicação mata a inspiração. A alta cultura de Carreira das Neves desanima ao mesmo tempo que desprotege. O que agora encontramos é um oráculo actualizado: cada sílaba das palavras do teólogo é uma epifania posterior, um esclarecimento derradeiro de equívocos prévios, uma iluminação que nos tortura de tédio de tão segura das suas certezas modernas. Não raramente sentimos que o texto bíblico foi apenas um rascunho que Deus fez para então descansar na clarividência do Padre Joaquim português [rima e tudo! Mas foi sem querer].

quarta-feira, junho 01, 2011

Cravo na G-3
Num certo sentido o Dia da Criança é o meu 25 de Abril.