O Abc de 2011
A. Angry Birds. A tradição puritana não se dá bem com jogos e a minha info-exclusão leve da infância permitiu que, tirando o lugar de espectador perante o brilhantismo gráfico do Monkey Island no Amiga dos meus colegas do nono ano, fosse vício que nunca me tocasse. Excepção ao Prince of Persia. À semelhança do gordo do sexto nível do Prince of Persia, o Angry Birds também me trama no 21º quadro mas já o consegui passar duas vezes. Existe alguma coisa mais eficaz e entusiasmante que atirar objectos contra edificações e contemplar a derrocada? Iconoclastia pop, that’s right.
B. Baptismo da Filomena. O Baptismo da Filomena fica na história de SDB como o primeiro e na minha pela mesma razão. Tenho o melhor emprego do Mundo que se paga em moeda de Eternidade. O privilégio de assistir, contemplar e acompanhar o novo nascimento de uma pessoa é indizível. Imaginem o entusiasmo da Igreja por planear voltar à água por mais duas pessoas que desejam o mesmo. Agá, dois, ó! Agá, dois, ó!
C. Casamento. Como explicar que algumas das melhores ideias de sempre são simultaneamente as mais antigas? O casamento é uma maquete da Eternidade. A menos que Deus tenha expressamente chamado para o celibato o meu conselho a todas as pessoas legalmente solteiras é: casem-se. Vai ser decepcionante e terrível, assustador e chato, rotineiro e desinteressante. E no meio disso tudo, a melhor coisa da vida. Como explicar que a pessoa que mais me impacienta é também a que mais amo? E, perdoem-me a falta de pudor, não me custa nada dormir com ela.
D. Decepções. Houve umas quantas. Mas, se sem modéstia forçada, colocarmos a questão em perspectiva, devemos perguntar: qual a pessoa que melhor conheço e mais sei que ficou aquém das expectativas? A resposta, no meu caso, é óbvia. Eu próprio.
E. Espectáculos. Creio que nunca dei tão poucos concertos como em 2011. Dois. Todavia guardo a melhor memória deles. Os Lacraus com o Velhos num Musicbox repleto de Julho em combustão de invasão de palco e o Rapaz do Sul do Céu nas Dispersões Coloidais clarificando que havendo regresso a discos a solo tem de ser via nu-metal.
F. Família. Como demonstra o retrato aí em cima, tenho uma família que é uma categoria. O talento da fotografia da Vera Marmelo comprova-o.
G. Gratidão. Cada vez agradeço mais mas ainda agradeço de menos. Viver grato não é baixar os critérios mas elevá-los ao ponto de vivermos com mãos mais abertas que fechadas. A caminhada ainda é grande.
H. Heróis. Pessoas sem heróis são pessoas de pouca humildade. Os nossos Heróis servem-nos de inspiração e devolvem-nos a justa proporção das coisas. Tenho uns quantos. O John Piper e o Tim Keller são pregadores vivos gigantescos. Voltei ao C.S. Lewis aprofundei o Spurgeon e comecei a conhecer melhor Puritanos como o Edwards e Whitefield. O mundo é um lugar mais agradável por Deus também ser visível no heroísmo possível de uns quantos.
I. Igreja. Como dizer de uma maneira simpática que viver sem Igreja é uma coisa tristíssima?
J. Justiça. Quando lemos no início do Verão o livo de Miquéias no Velho Testamento animava-nos a perspectiva de estudar sobre a justiça de Deus. Uma lição preciosa foi compreender que a paz é um resultado dessa mesma justiça e não o oposto. A justiça tem muito pouco ou nada de passividade.
K. O kapa é uma letra com muito pouco uso para um português rezingão como eu.
L. Lamiré. O Lamiré é um restaurante muito simpático que abriu ao lado da Igreja. Tem um menu económico mas servido com requinte e o ambiente é óptimo. Segundo lugar de trabalho quase.
M. Manel. O Manel tem sido aquilo que qualquer igreja sonha: almas conquistadas. Um jovem inteligente e sensível a caminhar atrás de Cristo diante dos nossos olhos. A sua reacção aos sermões, as questões colocadas, a sua oração em congregação recordam que o Espírito sopra onde quer e isso é que refresca verdadeiramente a nossa vida. Uma bênção sem igual.
N. Novos membros em SDB. 2011 foi um ano muito importante para a comunidade em SDB. Recebemos a companhia da Filomena, do João, da Eunice, da Rita, da Débora, do Tiago e do Joel. Somos um grupo pequeno a receber dons enormes.
O. Ordenados. Vivemos 2011 com ordenados mais baixos. E sobrevivemos. Não faltou comida nem cuidados de saúde às crianças. Andámos mais preocupados mas sabemos que dependemos da Graça de Deus. E essa é uma remuneração que não conhece atraso.
P. Praia da Vitória, Avenida. Entre Março e Julho passei muito tempo na Avenida Praia da Vitória com o Armando Teixeira a produzir o disco dos Lacraus. O disco saiu óptimo e o Armando amigo. We did it, Homem-Balla, we did it!
Q. Quasimodo. Se comecei a corrigir lentamente a minha má postura em muito se deve ao quase ano e meio de exercício regular. Eu nunca gostei de correr mas agora dou por mim com remorsos de cada vez que não posso correr (só não corro de manhã quando estou adoentado ou um compromisso extraordinário me impede). Tenho usado a corrida para ritmar as primeiras orações do dia. O exercício físico e o espiritual não têm de se dar mal.
R. Rockabilly. 2011 foi um ano Rockabilly. Os Rockabillies fazem do anacronismo uma virtude: a questão não é saber progredir mas escolher em que época parar.
S. Sola Scipta. Decorar as Escrituras é, para minha vergonha, um hábito recente. Mas crescente. Sentimos o cérebro a dilatar (ainda temos espaço para memorizar mais) e sentimos o coração a dilatar (ainda temos espaço para sentir mais).
T. Tumblr. O Tumblr não matou o blog antes pelo contrário.
U. U S of A. Um dos meus companheiros vai emigrar para os Estados Unidos. Anda estou a processar emocionalmente o facto do país que mais admiro se tornar um ladrão provisório de pessoas que amo.
V. Vera Cruz. Esteve quase quase a concretizar-se a minha primeira visita ao Brasil neste Abril passado mas a Providência não o quis. Quem sabe 2012. Quem sabe 2013. Quem sabe nunca. Mas que gostava muito, gostava.
W. Wallpaper-Cinema. Chamaram em pânico saloio cinema de wallpaper ao último Malick e ao último Von Trier. Como se de repente o deslumbramento visual fosse um crime fascista que um ecrã não pode manifestar. Aceitem isto de um filho da iconoclastia teológica and keep repeating after me: it’s just a movie. It’s just a movie.
X. X-Rated Videoclips. Estive envolvido num videoclip violento. Reconheço que julgava que ia ser fogo em gasolina mas não bateu. Os músicos portugueses fazem poucos e maus telediscos e provavelmente o País ainda não está preparado para estrelas a comportarem-se como buracos negros.
Y. O ípsilon é uma letra com muito pouco uso para um português rezingão como eu.
Z. Zuckerberg. Passados dois anos o Facebook continua a ser uma escola platónica e um Teatro dos Horrores. Creio que sobreviver à rede social implica habitá-la ao mesmo tempo que a evitamos. Sinto-me muito insatisfeito ainda em relação à mestria desta arte. Continuo a pensar que se de outro planeta nos observarem o Facebook aparentará uma nota de suicídio à escala global. Mas também é verdade que o Facebook permite a aproximação de pessoas, a partilha de ideias e, volta e meia, o contágio de boas atitudes. Vamos deixar a criança crescer mais bocadinho porque de maus augúrios estão os ecrãs da vida real cheios.
A. Angry Birds. A tradição puritana não se dá bem com jogos e a minha info-exclusão leve da infância permitiu que, tirando o lugar de espectador perante o brilhantismo gráfico do Monkey Island no Amiga dos meus colegas do nono ano, fosse vício que nunca me tocasse. Excepção ao Prince of Persia. À semelhança do gordo do sexto nível do Prince of Persia, o Angry Birds também me trama no 21º quadro mas já o consegui passar duas vezes. Existe alguma coisa mais eficaz e entusiasmante que atirar objectos contra edificações e contemplar a derrocada? Iconoclastia pop, that’s right.
B. Baptismo da Filomena. O Baptismo da Filomena fica na história de SDB como o primeiro e na minha pela mesma razão. Tenho o melhor emprego do Mundo que se paga em moeda de Eternidade. O privilégio de assistir, contemplar e acompanhar o novo nascimento de uma pessoa é indizível. Imaginem o entusiasmo da Igreja por planear voltar à água por mais duas pessoas que desejam o mesmo. Agá, dois, ó! Agá, dois, ó!
C. Casamento. Como explicar que algumas das melhores ideias de sempre são simultaneamente as mais antigas? O casamento é uma maquete da Eternidade. A menos que Deus tenha expressamente chamado para o celibato o meu conselho a todas as pessoas legalmente solteiras é: casem-se. Vai ser decepcionante e terrível, assustador e chato, rotineiro e desinteressante. E no meio disso tudo, a melhor coisa da vida. Como explicar que a pessoa que mais me impacienta é também a que mais amo? E, perdoem-me a falta de pudor, não me custa nada dormir com ela.
D. Decepções. Houve umas quantas. Mas, se sem modéstia forçada, colocarmos a questão em perspectiva, devemos perguntar: qual a pessoa que melhor conheço e mais sei que ficou aquém das expectativas? A resposta, no meu caso, é óbvia. Eu próprio.
E. Espectáculos. Creio que nunca dei tão poucos concertos como em 2011. Dois. Todavia guardo a melhor memória deles. Os Lacraus com o Velhos num Musicbox repleto de Julho em combustão de invasão de palco e o Rapaz do Sul do Céu nas Dispersões Coloidais clarificando que havendo regresso a discos a solo tem de ser via nu-metal.
F. Família. Como demonstra o retrato aí em cima, tenho uma família que é uma categoria. O talento da fotografia da Vera Marmelo comprova-o.
G. Gratidão. Cada vez agradeço mais mas ainda agradeço de menos. Viver grato não é baixar os critérios mas elevá-los ao ponto de vivermos com mãos mais abertas que fechadas. A caminhada ainda é grande.
H. Heróis. Pessoas sem heróis são pessoas de pouca humildade. Os nossos Heróis servem-nos de inspiração e devolvem-nos a justa proporção das coisas. Tenho uns quantos. O John Piper e o Tim Keller são pregadores vivos gigantescos. Voltei ao C.S. Lewis aprofundei o Spurgeon e comecei a conhecer melhor Puritanos como o Edwards e Whitefield. O mundo é um lugar mais agradável por Deus também ser visível no heroísmo possível de uns quantos.
I. Igreja. Como dizer de uma maneira simpática que viver sem Igreja é uma coisa tristíssima?
J. Justiça. Quando lemos no início do Verão o livo de Miquéias no Velho Testamento animava-nos a perspectiva de estudar sobre a justiça de Deus. Uma lição preciosa foi compreender que a paz é um resultado dessa mesma justiça e não o oposto. A justiça tem muito pouco ou nada de passividade.
K. O kapa é uma letra com muito pouco uso para um português rezingão como eu.
L. Lamiré. O Lamiré é um restaurante muito simpático que abriu ao lado da Igreja. Tem um menu económico mas servido com requinte e o ambiente é óptimo. Segundo lugar de trabalho quase.
M. Manel. O Manel tem sido aquilo que qualquer igreja sonha: almas conquistadas. Um jovem inteligente e sensível a caminhar atrás de Cristo diante dos nossos olhos. A sua reacção aos sermões, as questões colocadas, a sua oração em congregação recordam que o Espírito sopra onde quer e isso é que refresca verdadeiramente a nossa vida. Uma bênção sem igual.
N. Novos membros em SDB. 2011 foi um ano muito importante para a comunidade em SDB. Recebemos a companhia da Filomena, do João, da Eunice, da Rita, da Débora, do Tiago e do Joel. Somos um grupo pequeno a receber dons enormes.
O. Ordenados. Vivemos 2011 com ordenados mais baixos. E sobrevivemos. Não faltou comida nem cuidados de saúde às crianças. Andámos mais preocupados mas sabemos que dependemos da Graça de Deus. E essa é uma remuneração que não conhece atraso.
P. Praia da Vitória, Avenida. Entre Março e Julho passei muito tempo na Avenida Praia da Vitória com o Armando Teixeira a produzir o disco dos Lacraus. O disco saiu óptimo e o Armando amigo. We did it, Homem-Balla, we did it!
Q. Quasimodo. Se comecei a corrigir lentamente a minha má postura em muito se deve ao quase ano e meio de exercício regular. Eu nunca gostei de correr mas agora dou por mim com remorsos de cada vez que não posso correr (só não corro de manhã quando estou adoentado ou um compromisso extraordinário me impede). Tenho usado a corrida para ritmar as primeiras orações do dia. O exercício físico e o espiritual não têm de se dar mal.
R. Rockabilly. 2011 foi um ano Rockabilly. Os Rockabillies fazem do anacronismo uma virtude: a questão não é saber progredir mas escolher em que época parar.
S. Sola Scipta. Decorar as Escrituras é, para minha vergonha, um hábito recente. Mas crescente. Sentimos o cérebro a dilatar (ainda temos espaço para memorizar mais) e sentimos o coração a dilatar (ainda temos espaço para sentir mais).
T. Tumblr. O Tumblr não matou o blog antes pelo contrário.
U. U S of A. Um dos meus companheiros vai emigrar para os Estados Unidos. Anda estou a processar emocionalmente o facto do país que mais admiro se tornar um ladrão provisório de pessoas que amo.
V. Vera Cruz. Esteve quase quase a concretizar-se a minha primeira visita ao Brasil neste Abril passado mas a Providência não o quis. Quem sabe 2012. Quem sabe 2013. Quem sabe nunca. Mas que gostava muito, gostava.
W. Wallpaper-Cinema. Chamaram em pânico saloio cinema de wallpaper ao último Malick e ao último Von Trier. Como se de repente o deslumbramento visual fosse um crime fascista que um ecrã não pode manifestar. Aceitem isto de um filho da iconoclastia teológica and keep repeating after me: it’s just a movie. It’s just a movie.
X. X-Rated Videoclips. Estive envolvido num videoclip violento. Reconheço que julgava que ia ser fogo em gasolina mas não bateu. Os músicos portugueses fazem poucos e maus telediscos e provavelmente o País ainda não está preparado para estrelas a comportarem-se como buracos negros.
Y. O ípsilon é uma letra com muito pouco uso para um português rezingão como eu.
Z. Zuckerberg. Passados dois anos o Facebook continua a ser uma escola platónica e um Teatro dos Horrores. Creio que sobreviver à rede social implica habitá-la ao mesmo tempo que a evitamos. Sinto-me muito insatisfeito ainda em relação à mestria desta arte. Continuo a pensar que se de outro planeta nos observarem o Facebook aparentará uma nota de suicídio à escala global. Mas também é verdade que o Facebook permite a aproximação de pessoas, a partilha de ideias e, volta e meia, o contágio de boas atitudes. Vamos deixar a criança crescer mais bocadinho porque de maus augúrios estão os ecrãs da vida real cheios.