Cabanas de Tavira não se gasta 4
- Consegui! Depois do almoço de ontem fui de bicicleta de Cabanas até à Fábrica onde, com a maré baixa, atravessei a Ria para uma Praia onde nunca tinha estado. Excepcional. Um cristão sabe que tem de ter os olhos abertos porque de cada vez que olha a Criação à sua volta junta-se a uma manifestação de louvor colectivo que todo o Planeta presta ao Criador. No Algarve a minha adoração aguça-se.
- Ao regresso, e a passar a Ria em maré baixa, o piso foi dos mais escorregadios que já alguma vez pisei. Um casal alemão com idade para serem meus pais estava parado com a senhora no chão. Perguntei se precisavam de ajuda (em inglês) ao que responderam que a mulher tinha acabado de cair e tinha partido a perna. Olhei e de facto do joelho para baixo já havia uma cor azulada que naquelas circunstâncias se torna sinistra. Já tinham pedido e a ambulância vinha a caminho. Disse-lhes que me ia certificar disso e deixei-lhes um "God bless you" que me pareceu que não entenderam. Ao chegar à margem o INEM não demorou muito e lá foram dois bombeiros para o meio do sapal, receosos daquela que ia ser uma travessia complicada pelo meio do lodo. Deus abençoe aquele casal alemão que rapidamente passou de uma vista do Céu algarvio para uma tremenda chatice. E Deus abençoe as pessoas que trabalham no INEM, são-nos bem preciosas.
- O João e a Filomena, da nossa igreja, visitam-nos. Embora a casa seja da Tia Lena, partilhei-a com eles com o orgulho que teria se fosse minha. É dessa maneira que a Tia Lena nos faz sentir aqui. Como se a casa fosse nossa. Por isso esforço-me por passar o deslumbramento que tenho por esta semana aos nossos amigos. Creio que o João e a Filomena, mesmo sem terem ido à Praia, terão saído fãs de Cabanas (e da varanda da Tia Lena em particular).
- Hoje depois do almoço permiti-me a viagem nostálgica à Praia Verde. O pinhal da Praia Verde ainda ribomba forte cá dentro, seguindo o eco da memória do Parque de Campismo que me marcou na infância. Aquele cheiro seco dos pinheiros misturado com o mar é uma coisa que devia ser patenteada, engarrafada e vendida em frascos, para os dias de demasiada urbanidade em Lisboa.
- Curiosamente terá sido o ano que li menos. Ou seja, li menos porque como do ano passado para cá ganhei uma rotina mais firme de leitura, noto que agora as férias não ganham o destaque de outrora. O que li em férias não se destaca para o que leio fora delas. O "God, A Biography" do Jack Miles, o "Brothers, We Are Not Professionals" do John Piper e o "Religião Para Ateus" de Allain de Boitton estão quase no fim. Os dois primeiros são pérolas, o último é daqueles que se lêem para se não perder totalmente de vista o momento agnóstico dos nossos dias.
- Amanhã, permitindo Deus, ainda daremos um bocadinho de praia e piscina aos meninos de manhã, antes de saírmos. A semana de Cabanas de Tavira chega ao fim e a nossa satisfação é grande. Sei que isto soa um bocado aos anúncios do Mourinho para o banco mas, de facto, temos um País formidável. Com botas de ouro e praias ainda melhores.