quarta-feira, julho 30, 2014

Uma Providência Agridoce
O que é mais cruel? Dizer que as maiores tragédias acontecem porque Deus tem um propósito bom nelas que nos é desconhecido, ou dizer que Deus é bom precisamente por não ter responsabilidade nas maiores tragédias? Como já se está a calcular, pessoalmente defendo que a segunda opção é a mais cruel. A primeira, sendo difícil para um mundo quase sempre convicto que tem à sua disposição as condições de avaliar o que é o melhor e o pior para si, pode ofender-nos precisamente pela afirmação clara que das coisas que acontecem no Universo quem percebe mesmo é Deus. Mas é uma perspectiva absolutamente coerente com a crença que há um Deus que é omnisciente e omnipotente. Defender que o mal é um resultado do livre-arbítrio não livra o pescoço do Criador da faca, apenas torna todos os acontecimentos mais absurdos e Deus menos poderoso.
Acreditar numa coisa destas não é nada de novo, ou, por outro lado, uma cena dos calvinistas. Basta estudar a História da Igreja. A acusação moderna contra a providência divina talvez se tenha tornado mais aguda, não necessariamente pelos seus méritos filosóficos, mas sobretudo pelos seus méritos emocionais. O que é que isto quer dizer? Quando os não-crentes se ofendem com a ideia do mal acontecer debaixo da supervisão de Deus, os argumentos tendem a ser gráficos. O abuso de crianças, a violação de mulheres, entre outras coisas que horrorizam justamente qualquer crente. De facto, o que é diferente no crente quando tendo em conta o descrente, e em relação a estes males que Deus permite, não é o facto do crente não se horrorizar com eles. Claro que o crente se horroriza com assassínios, estupros ou outros crimes hediondos. Basta ler a Bíblia para entender que ela não foi um livro saneado da indignação dos homens com o que Deus permite. Só um ignorante pode achar que as Escrituras fazem aparecer fé por fazerem desaparecer a maldade. A Palavra de Deus é um livro onde o que é abjecto surge em todo o seu perverso esplendor. Simplesmente esse esplendor não vence mas perde para o esplendor maior da misericórdia de Deus. Novamente, o que é diferente no crente quando tendo em conta o descrente, e em relação a estes males que Deus permite, é o facto do crente confiar que Deus está a cumprir alguma coisa boa mesmo quando o que vemos é apenas mal.
Por outro lado, o crente quando olha para toda a maldade do mundo, consegue não só reconhecê-la (que não é mesmo que relativizá-la), como ainda relembrar nela um auge. Que auge o crente encontra em toda a maldade do mundo? O auge foi a morte de Cristo, o pior mal de todos os que aconteceram no Universo. Ora, o cristão, como sabe que a morte de Cristo foi o pior mal de todos que aconteceram no Universo, ganha nesse mal uma lente para todos os outros. E se o cristão sabe que o pior mal de todos os que aconteceram no mundo foi a morte de Cristo, sabe ao mesmo tempo que, pelo impenetrável poder de Deus, o pior mal de todos os que aconteceram no mundo se tornou o maior bem de todos os que aconteceram no mundo. Logo, por definição um cristão é alguém que existe porque Deus tem a capacidade de tornar a pior tragédia na maior felicidade. A partir daqui toda a nossa capacidade de distinguir o que é bom do que é mau é transformada radicalmente. Do mesmo modo como um cristão sabe que Deus tem o poder de fazer do pior o melhor, o cristão confia que sempre que vir piores, melhores podem sair daí.
A Bíblia avisou-nos que os cristãos seriam odiados do mesmo modo que Cristo foi. Acreditar na providência divina é hoje patentemente uma experiência de sermos odiados. Porque é afirmar, contra tudo e contra todos, que o homem não pode querer compreender tudo e que há uma factura elevada a vir dessa incapacidade que se manifesta perante o sofrimento de pessoas à nossa volta. Com isto, claro está, o cristão no meio de uma tragédia não ganha uma prioridade em afirmar doutrina ("Deus está no controle!") mas em envolver-se na prática ("porque Deus está no controle e porque Deus não passou nos intervalos da chuva do sofrimento quando encarnou, eu enquanto cristão sou chamado a envolver-me no sofrimento dos outros aliviando-o"). Este foi o exemplo de Cristo e não tem como não ser o exemplo dos cristãos.
Esta longa introdução toda para aconselhar o livro de John Piper, "A Sweet & Bitter Providence". A história de Rute no Velho Testamento é uma história fácil de simpatizar por razões politicamente correctas. Afinal de contas é a história de uma pagã que é recebida no judaísmo, bem como de uma mulher (que é a mesma que é pagã) que se sacrifica além do que lhe era exigido (pela sua sogra). Mas a história de Rute também é fácil de antipatizar pela afirmação de coisas politicamente incorrectas. E é aí, como seria de esperar, que a coragem e a lucidez de John Piper nos ajudam especialmente. Noemi, sogra de Rute, é alguém que volta para Israel depois de morrer o seu marido e seus dois filhos. O que sobra da sua tragédia pessoal? Precisamente a sua fiel nora, Rute. Interessa salientar que Noemi declara que essa experiência de sofrimento lhe foi trazida por Deus. Assim, sem floreados. E John Piper ajuda-nos a entender que Noemi tem razão - Deus foi o responsável pelo sofrimento de Noemi. A maravilha é que a história não termina aí, mas desenvolve-se num enredo inesperado de persistência e esperança e, pasme-se!, confiança de que o Deus que trouxe o mal será o Deus que trará o bem. Este é tipo de happy ending que o livro de Rute tem e que toda a Bíblia também. Claro que inspira poucas comédias românticas.
Como é que Piper esclarece que os cristãos têm de ter carta de condução para estradas com curvas? "Life is not a straight line leading from one blessing to the next and then finally to heaven. Life is a winding and troubled road. Switchback after switchback. And the point of biblical stories like Joseph and Job and Esther and Ruth is to help us feel in our bones (not just know in our heads) that God is for us in all these strange turns. God is not just showing up after the trouble and cleaning it up. He is plotting the course and managing the troubles with far-reaching purposes for our good and for the glory of Jesus Christ." Como é que Piper explica que, apesar do aperto das curvas, podemos confiar em quem desenhou a estrada? "We ask: Can it really be that God governs the sinful acts of men to make them serve his wise purposes without himself being a sinner? Yes, he can. If he cannot, then there is no Christian gospel. The gospel is the good news that Christ died for our sins. “Now I would remind you, brothers, of the gospel... that Christ died for our sins in accordance with the Scriptures, that he was buried, that he was raised on the third day in accordance with the Scriptures” (1 Corinthians 15:1–4). Notice the repeated phrase “in accordance with the Scriptures.” That means that God planned it. God planned that Christ would die. There would be no gospel without the death of Christ. All the deeds that brought him to the cross were planned (...) There could be no crucifixion if there were no crucifiers."
Nem só de comédias românticas viverá o homem. A fé é uma matéria diferente. Porque é cozida num forno que queima e cosida na pele que se cicatriza. "To know that our Father in heaven has ordained our pain is not a comfortable truth, but it is comforting. That our pain has a loving and wise and all-powerful purpose behind it is better than any other view—weak God, cruel God, bumbling God, no God." Algum cristão está a querer tirar a senha para, sofrendo, ter uma fé maior? Claro que não. Mas sabe que se sofrer, a fé será o que o sustenta. É isto que nos vale o ódio do mundo e o amor de Deus. Amor? Claro. Isto é acerca do amor. "If we can keep our eyes on the cross of Christ, where God infallibly certified his love for us with no change possible (Romans 5:8; 1 John 3:16), then the pain he ordains for us will not undermine our sense of being loved."


terça-feira, julho 29, 2014

Ouvir
O amor não é o que acontece na Igreja quando o pecado já desapareceu dela (apesar de também poder significar isso). O amor é aquilo que trabalha para que o pecado desapareça.
O sermão de Domingo passado, o último sobre os dons do Espírito Santo, aqui (clicar em cima de aqui).

sexta-feira, julho 25, 2014

Uma igreja que pega pesado sempre que o assunto é o amor - para o sermão de próximo Domingo
Ao contrário do que diz o espírito dos nossos tempos, nós não somos chamados a amar porque o amor condiz connosco. Nós somos chamados a amar porque o amor condiz com Deus. E porque é Deus o único com capacidade de resolver os problemas que são nossos e que nós não conseguimos. Pessoas que apresentam o amor como uma característica que lhes é natural são mais perigosas do que as pessoas que mostram o ódio como sua característica natural. Porque são pessoas que sugerem que dentro de si transportam a solução para o seu próprio pecado, coisa absolutamente oposta ao que a Bíblia ensina.

quarta-feira, julho 23, 2014

Doze anos
Vão achar ridículo mas sabem qual é um dos prémios de andar em detox parcial de internet? É nos dias importantes não ter uma prioridade em assinalar essa importância na rede. A prioridade é assinalá-la no local certo, não necessariamente na web. Isso significa que posso comemorar o aniversário de casamento sem me angustiar acerca do que vou escrever sobre ele no blogue. Não imaginam o quão livre me sinto. São muitos anos de ciber-hábito, compreendam.
Por outro lado a tarefa passa a ser comunicar a importância dos dias às pessoas que contribuem para ela. Por exemplo, certificar-me que no dia do aniversário a minha mulher tem uma ideia de quão abençoado sou por ser casado com ela. Mas já que estou na internet agora, deixem-me através deste retrato das férias tentar mostrar alguma da muita felicidade destes doze anos de casamento. Dá para ver? Pois. A vida é sempre muito mais do que o ecrã projecta.




terça-feira, julho 22, 2014

Ouvir
Uma das nossas maiores dificuldade é olharmos para a ordem e sentir que é alguma coisa que nos é imposta. Uma manobra de cima para baixo a esmagar a melhor espontaneidade que temos. Ora, a ordem do Novo Testamento é o oposto. É o que vai permitir que ninguém viola os direitos dos outros. A ordem é o que mantém a liberdade do Espírito a trabalhar.
O sermão de Domingo passado, o terceiro sobre os dons do Espírito Santo, aqui (clicar em cima de aqui).

sexta-feira, julho 18, 2014

A infância moral
No outro dia reparei que os meus filhos já não cantam o "Atirei o pau ao gato" como eu cantava. Foi enxertada uma quadra suplementar onde se canta o oposto do refrão, que não se deve atirar paus aos gatos. Ora, eu fui uma criança que passou a vida a cantar o "Atirei o pau ao gato" e que, juro, nunca na vida atirou um pau ao gato. Das duas uma: ou fui uma criança que não percebeu o encanto de uma canção me sugerir algo e passar imediatamente à acção ou pura e simplesmente fui uma criança que percebeu que o que se canta não tem de corresponder necessariamente ao que se faz. Gostaria de investir na segunda hipótese e de fazer nesse investimento aquilo que é uma educação para a poesia. Não quero ir longe demais a partir do "Atirei o pau ao gato" mas creio que cantá-lo pode contribuir para uma iniciação naquilo que é a compreensão poética. E a compreensão poética é saber que as palavras podem ir muito longe e não ficarem limitadas a servirem apenas para as distâncias curtas da obediência a ordens. Diria mais. Diria que a leitura da poesia é necessária para abraçarmos tanto a importância da imaginação como a importância da obediência (esta, muito menos popular hoje em dia mas que não é o ponto central deste texto).
Gostaria de partilhar mais um dado biográfico. Fui um amante de gatos até ter filhos. Na prática ainda hoje continuo a gostar de gatos acima de todos os outros bichos mas reconheço que a partir do momento que a minha vida foi invadidas por rastejantes humanos, grande parte do meu amor pelos felinos foi desinsuflado. O meu coração também tem os seus limites de uso e a pobre Gata Sombra, que vive connosco desde que nos casámos, passou a ser claramente uma personagem secundária. Neste período de pouco mais de uma década também desenvolvi uma alergia que não me permite os convívios de outrora com ela.  Mas partilho isto apenas para demonstrar mais uma vez que me parece absurda a ligação entre corrigir a letra do "Atirei o pau ao gato" e esperar crianças mais amigas dos animais. Creio que enquanto escritor de canções nunca me daria para pôr num refrão que me apetece sovar um bicho, mas gosto de pensar que se essa improbabilidade acontecesse era porque estaria em causa algum tipo de sentido não-literal. E esse seria um sinal que, independentemente da qualidade poética das canções à nossa volta, ainda sabemos lidar com elas como canções que são. Se a cultura não passar por isto, vai passar pelo quê? Não se ensina uma criança a ter coração à custa de perder os miolos.
Toda esta introdução para me desviar um bocado agora e chegar ao filme "Noah". Vi-o e dei o meu tempo por perdido (e já me tinham avisado!). Uma das coisas mais irritantes de "Noah" é a confirmação da nossa incapacidade de pensarmos nas histórias de ontem sem lhes enxertarmos à força as nossas lógicas de hoje. O negócio não seria mau partindo do princípio que nem todas as lógicas de hoje são inerentemente más. Mas há uma pontaria desastrada em filmes como o de "Noah" em suportar as personagens do passado apenas desde que elas sejam redimidas pelas nossas certezas éticas do presente. Não fica um bocado à mostra que isto descamba, no mínimo, num revisionismo moral que apaga a originalidade das obras que não pertencem ao nosso tempo? Na pior das hipóteses pode significar que estamos a ler sem ler, a ver sem ver, a pensar sem pensar. Do que nos serve mergulharmos no oceano da cultura do mundo se teimamos em querer permanecer-lhe impermeáveis? Há uma gigantesca diferença entre ler criticamente e ler pós-modernamente ao ponto que qualquer coisa pode tornar-se no seu preciso oposto desde que haja elasticidade hermenêutica suficiente. "Noah" navega nestas águas patéticas.
O realizador, claramente insatisfeito com o facto da história bíblica ser uma de maldade intrínseca ao homem, esforça-se por recontá-la em jeito de fábula terapêutica. Levando o raciocínio ao seu argumento final, em "Noah" as personagens que têm a verdadeira voz moral são os bichinhos, com um segundo plano para os homens que, no fundo no fundo, têm uma luz interior desde que se esforcem muita para encontrá-la. O que é verdadeiramente triste é que esta ecologia forçada é aquilo que melhor revela o zeitgeist de "Noah": uma época que expulsou dos homens qualquer noção consistente de bem e de mal naturalmente só consegue encontrar heroísmo nos animais. A única homenagem que o realizador consegue oferecer às personagens da história bíblica é tornar Noé e família numa proto-Sociedade Protectora dos Animais. É, no mínimo, chochinho.
A história de Noé é fantástica também pelo modo como combina coisas que nos parecem antagónicas. É uma história onde o castigo tem um papel fundamental mas é uma história onde a esperança tem um papel fundamental. Hoje estamos todos inclinados para pensar que onde há esperança não pode haver castigo e onde há castigo não pode haver esperança. A Bíblia ensina-nos o contrário. Eu, porque creio na verdade factual dos acontecimentos da história de Noé e a sua arca, fico ainda mais aberto para absorvê-la na sua generosidade poética. Não é uma coisa contra outra. É por isso que me parece que a poesia é uma consequência natural da verdade das coisas. Não uma sublimação ou uma criação de sentidos alternativos, certamente mais aliciantes quando se desistiu de um sentido final. O que nos torna sensíveis à poesia é saber que há muitas maneiras de contar a verdade sem que a verdade acabe por se perder nas maneiras. É, por exemplo, o que contribuiu para que crescesse a cantar o "Atirei um pau ao gato" sem que nunca o tivesse feito, e é o que contribuiu para que veja um filme como "Noah" e saiba que está ao mesmo nível da quadra que se acrescentou na canção. Há uma diferença entre ensinar coisas a crianças na certeza que elas vão crescer e aldrabar adultos para que eles permaneçam na infância moral.



terça-feira, julho 15, 2014

Ouvir
Se o dom de profecia acontece sem que dele tiremos aprendizagem ou consolo, é fajuto. Tem de ensinar e tem de consolar. Tem de alimentar a cabeça e tem de alimentar o coração.
O segundo sermão acerca do dons do Espírito Santo pode ser ouvido aqui (clicar em cima de aqui).

sexta-feira, julho 11, 2014

Deus, o alfabetizador
Este é um texto à boleia do livro "Taking God At His Word" do Kevin DeYoung. Como é sobre acerca do papel fundamental que a Bíblia tem no cristianismo, previsivelmente acaba por tratar das diferenças essenciais entre protestantes e romanos. Como sei que nestes textos o meu instinto tende a mostrar-se pouco gentil, e como desejo ser lido em boa-fé pelos meus companheiros católicos romanos, começo por bater palmas antes da palmada. Há umas semanas assisti a parte da entrevista que o Papa deu ao Henrique Cymerman. Os meus sensores, por força de 36 anos de experiência evangélica em Portugal, estão sempre ligados para primeiro não gostar do que o Papa diz, e depois, a custo, reconhecer-lhe algumas virtudes eventuais. Ainda mais agora que Ratzinger, o meu referido, se tornou o Papa que deixou de o ser (o que significa ainda mais uns degraus subidos na minha consideração - um Papa que deixou de o ser é o Papa perfeito para um protestante). Isto quer dizer que ouvir Francisco é uma actividade recheada de ambiguidade para mim. Mas, entre muita coisa que ouvi e previsivelmente discordei, houve também o que ouvi e concordei. E, devo reconhecer, é difícil não sentir empatia com este Papa no que diz respeito ao seu encanto social. A determinada altura, e se percebi bem, o Papa disse que todas as semanas lê todos os Salmos. Ora bem, é aqui que quero chegar. O texto que se segue, pode dizer-se, bate no Catolicismo Romano. Mas devo admitir que enquanto o Papa ler todos os Salmos todas as semanas, eu, enquanto protestante, tenho de me calçar nas minhas tamanquinhas até fazer o mesmo. O meu plano de leitura das Escrituras é por enquanto mais modesto pois a tarefa que tenho é ler a Bíblia toda todos os anos. Significa na prática que leio os Salmos pelo menos uma vez por ano, mas não todas as semanas. Como calculo que Francisco I não deve ficar apenas nos Salmos, quero bater no Catolicismo Romano reconhecendo que o Papa dá um excelente exemplo que eu (ainda) não dou em termos de leitura da Bíblia. Posto isto, vamos às palmadas.
Com "Taking God At His Word", Kevin DeYoung ajudou-me a perceber que uma das maneiras de definir o cristianismo evangélico é afirmar a a sua confiança na competência de Deus. Assim mesmo, simples como isto. Um cristão evangélico pode ser definido como alguém que acredita que Deus é competente. Mas dirão outros cristãos que não são evangélicos que, obviamente!, também acreditam que Deus é competente. E é a esta altura que a crença na competência concreta divina de um evangélico se distingue da crença na competência abstracta de um não-evangélico. Um cristão evangélico pode dizer que quando Deus se revelou em palavra escrita, o fez com competência objectiva. Um cristão não-evangélico não pode dizer o mesmo. Isto porque um cristão não-evangélico acredita que a competência com que Deus se revelou em palavra escrita depende sempre da competência de quem lê. E sublinho o verbo depender. Porque, naturalmente, também considero que é preciso competência do leitor, não apenas do autor. Mas um cristão evangélico subordina sempre a competência do leitor à clareza do que está escrito. Se nada houvesse objectivamente claro, nada poderia ser dado a ser subjectivamente compreendido.
A Reforma Protestante também se deu por questões de crítica literária, claro está. Quando a Europa se dividia entre aqueles que ficavam com o Papa e os outros, era também de uma questão de tomar partido acerca de como se pode ler o que está escrito num papel. Por isso não é casual que, como aponta Carl Trueman, professor no Westminster Theological Seminary, as igrejas reformadas pareçam salas de aula e as pessoas que as enchem sejam por natureza leitores. Nesse sentido, e por pouco excitante que pareça em termos de mística a aparência escolar de um santuário, os Reformadores estavam a devolver a uma cristandade medieval, que se tinha desenvolvido gingando com as exuberâncias pagãs dos gregos e dos romanos, a sua velha ética judaica: o culto pede sempre o nosso cérebro. As sinagogas eram espaços que louvavam a Deus lendo e explicando as Escrituras. O cristianismo, que traz rupturas necessárias ao Judaísmo, não tem como abandonar algumas das suas matrizes essenciais. A adoração não pode ser feita ao arrepio da argumentação. "Jewish worship focused on the reading and explaining of the sacred scroll."
E aqui chegamos a uma das mais irónicas estações obrigatórias da actualidade: aquela que nos mostra o Catolicismo Romano como uma religião apetecível aos pós-modernos. Quem diria? Há dois séculos Roma parecia nas trincheiras, tratando a modernidade por Diabo e, agora, voilá!, ei-la apetecível para aqueles que da modernidade se cansaram. No fundo, só podia ser assim. O problema é que o equilíbrio se revela instável. Ou seja, se por um lado Roma se torna um abrigo para aqueles que acham que é bom namorarmos com a verdade desde que o namoro seja feito em muita subjectividade, quando se alarga muito as fronteiras do namoro o mais provável é acabarmos em poligamias práticas. Tento explicar melhor. A Igreja Católica Romana não se pode dar ao luxo de convidar a que se beba a água directamente da nascente. Nesse sentido, o Catolicismo Romano promete um fim-de-semana na montanha mas proíbe que se consuma outra água que não a comprada previamente no supermercado. O Vaticano promove a Bíblia enquanto maravilhosa desde que essa maravilha seja qualificada: tirar conclusões dela é conspurcar-lhe a excelência. No Catolicismo há uma lógica teológica que é uma lógica literária. Um exemplo prático: o curso de Ciências de Comunicação que tirei na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas pode ter (e tinha!) padres católicos como professores de um modo como duvido que alguma vez pudesse ter pastores evangélicos. E não tem a ver com habilitações académicas mas com credos hermenêuticos. Por isso torna-se revelador que já a Faculdade de Letras Universidade de Lisboa tenha como professor catedrático de grego o Dr. Manuel Alexandre Júnior, Pastor Baptista. Porque a Universidade de Lisboa ainda acredita na leitura de um modo como a Universidade Nova de Lisboa já não.
O Catolicismo Romano pisca o olho aos netos de Nietzsche: já que a verdade é uma conversa complicada, que tal ficarmos pela beleza? Creio que dos maiores equívocos actuais é associar esta preguiça epistemológica burguesa a um novo misticismo. Não é preciso ser entendido em misticismo (como eu não sou) para compreender que a entrega dos antigos místicos não tinha nada a ver com este niilismo em versão de batina. Hoje uma palavra como "indizível" tornou-se a mesma desculpa para o padre erudito não evangelizar e para o ateu instruído não se converter. Até que ponto o crescimento do interesse de muitos intelectuais pela religião católica romana não pode ser uma tentação para o catolicismo romano perder a sua religião? No outro dia falava com um amigo que me fez uma observação certeira: para ele era mais fácil simpatizar com o Catolicismo Romano porque, comparado com o Cristianismo Reformado, promete movimento. E ele tinha razão. Roma, ao depender essencialmente da competência de quem lê a Bíblia (o magistério da Igreja), e não da competência de quem a escreveu (Deus revelado através da Bíblia), pode ir parar onde os leitores assim desejem. O Catolicismo Romano é a religião do futuro porque pode sugerir o progresso que quem confia na preponderância das Escrituras não. Assim como já não há limbo, pode deixar de haver Inferno e qualquer coisa que represente a leitura humanamente apropriada de um texto que supostamente é demasiado inseguro para poder ser compreendido. A abertura hermenêutica de Roma é a receita para a reciclagem de todas as doutrinas historicamente exigentes. Claro que ao mesmo tempo levamos com o ricochete real do modo como Roma defende a sua antiguidade - o Catolicismo Romano pode ser o lar de todas as inovações.
DeYoung começa por reconhecer debilidades actuais entre os evangélicos. Ler a Bíblia não pode ser o mesmo que ler um manual de instruções. E esta rasura técnica é uma tentação recorrente para os cristãos evangélicos, de facto. E dá o exemplo do Salmo 119: "Too often, Christians reflect on only what they should believe about the word of God. But Psalm 119 will not let us stop there. This love poem forces us to consider how we feel about the word of God." Os cristãos evangélicos têm a ganhar em aumentar os seus músculos estéticos, a sua capacidade de contemplação (e nisso, temos muito a aprender com o Catolicismo Romano). Mas sentir a Bíblia é necessariamente compreender que o que sentimos em relação a ela não deve sobrepôr-se a ela mesma. Ou seja, sentir a Bíblia é feito na medida em que a sua autoridade é abraçada. "You can't establish the supreme authority of your supreme authority by going to some other lesser authority." Este é uma das crateras lógicas no modo como Roma coloca a autoridade das Escrituras debaixo da autoridade da Igreja, revelando que na prática crê mais facilmente no modo como alguns poucos lerão competentemente a Bíblia (aqueles que são autoridade na Igreja) do que no modo como Deus se revelou competentemente nela a muitos mais. "The perspicuity of Scripture upholds the notion that ordinary people using ordinary means can accurately understand enough of what must be known, believed and observed for them to be faithful Christians." Muito simplificadamente: ser cristão evangélico é ter fé que quando Deus se mete na tarefa de se revelar em palavra escrita, vai safar-se perfeitamente. Claro que há um requisito mínimo exigido ao crente: aprender a ler. O Ocidente protestante alfabetizou extraordinariamente os seus, comparativamente com outras culturas, por causa disto - se Deus escreveu, temos de ler.
E é aqui que quero estabelecer uma opinião muito pessoal. Ainda agora acabei de ler o artigo do António Guerreiro sobre a pantheonização da Sophia de Mello Breyner Andresen. Eu raramente concordo com o António Guerreiro porque somos ideologicamente adversários. Mas, graças a Deus, também podemos concordar com adversários e aprender com eles. Basicamente o argumento justíssimo do António Guerreiro é dizer que a poesia hoje é apreciada na mesma medida em que não é compreendida. Quando se fala de poesia fala-se com os pudores da sacristia, invocado a palavra "sublime" como quem reza uma religião civil possível. Guerreiro dizia ainda que Miguel Sousa Tavares, o filho de Sophia, dizia por isso que a poesia da sua mãe estava acima de crítica.  Ou seja, interpretar é corromper a aura extra-terrestre das letras poéticas. Guerreiro tem toda a razão quando desmonta este deslumbramento como uma ignorância consentida. Essa é a razão pela qual considero que Portugal é um País tão precocemente poeta: a Reforma Protestante nunca nos alfabetizou. Nada tenho contra a poesia, reparem. Mas sei que a poesia não está intrinsecamente acima de um telegrama. Há boa e má poesia como há bons e maus telegramas. Certamente preferirei a poesia ao telegrama como despertamento dos meus sentidos, mas não os quero adormecer para que o meu transe poético sobrevoe acima dos mortais. Na Bíblia há poesia porque a verdade é a mãe da melhor imaginação. Mas a poesia ou a prosa são sempre manifestações subsidiárias daquilo que é real, e não o oposto. O perigo fica à vista: terrenos sublimes são campos de fácil domínio sobre o outro. Uma Igreja sobretudo estética é menos exposta ao escrutínio. Reparem: "The Protestant doctrine of perspicuity is one of the foundations for religious liberty in the West. Implicit in the affirmation of Scriture's clarity is the recognition that individuals have the responsability and the ability to interpret Scripture for themselves: not apart from community, or without attention to history and tradition and scholarship. But in the final analysis, the doctrine of perspicuity means that I should not be forced to go against my conscience. Only Jesus Christ, speaking through the word, is lord of the conscience."
Termino. A Bíblia não é o folheto de instruções dos móveis do Ikea. Os evangélicos têm de reconhecer que muitas vezes resumem a sua relação com a Palavra a uma desinpirada tarde a montar mobiliário pré-fabricado nórdico. Mas, por outro lado, não é preciso cair na tentação molenga de acreditar em Deus desde que não se tente compreendê-lo. É que é uma má educação terrível ignorar-lhe o trabalho a que se deu para nos escrever. Lê-lo com os miolos ligados é o mínimo que lhe devemos. "At the heart of the postmodern skepticism about knowing God is an inferior conception of what God is like. (...) The question is whether God is the sort of God who is willing to communicate with his creatures and able to do so effectively. Can God speak? Or is he gagged? (...) These high-sounding debates about perspicuity and hermeneutics really have to do with the character of God. Is God wise enough to make himself known?"


quarta-feira, julho 09, 2014

Cabanas de Tavira mais offline 4
O ano passado fomos à Ilha da Culatra. Este anos não quisemos perder o embalo e fomos à de Tavira e da Armona. Tinha estado há 32 anos na Ilha de Tavira. Tenho na memória umas vaguíssimas imagens do parque de campismo. Mas na prática chegar lá era como se fosse a primeira vez. Vimos os preços e apercebemo-nos que longe vão os tempos em que o campismo servia para a classe média (ver o teledisco da "Praia Verde" onde já teorizei melodicamente sobre a matéria). Agora o campismo parece corresponder mais àquela matéria do Expresso que há uns tempos deu brada quando uma senhora financeiramente bem na vida dizia que gostava da Comporta porque dava para brincar aos pobrezinhos.
Chegámos à Ilha de Tavira e almoçámos numa zona de pinhal com umas mesas. Não resisti e dei logo um mergulho aí, onde a água era mais ria que mar. E valeu a pena. Depois comemos uns gelados no bar do parque de campismo, que dá para entrar e espreitar o espaço. Tínhamos de descansar até chegar a hora de ir para a praia por isso procurámos uma sombra onde pudéssemos ficar. Encontrámos. Parecíamos uma família de ciganos, de toalhas estendidas no chão e crianças deitadas nelas. Mas as toalhas eram finas e as crianças sentiam demasiado o chão do pinhal. Não deu para os Cavacos brincarem aos pobrezinhos na proporção que conseguem.
Fomos então à praia. Temperatura continuava excelente. Algumas algas que davam para amealhar na mão, apertar (sai uma espécie de espuma quando o fazemos) e atirar às cabeças dos meninos. Achavam o máximo. Talvez tenha sido o período mais comprido que passei dentro de água. Cerca de 20 minutos. Que eu gosto muito do mar mas a minha magreza não perdoa e rapidamente fico cheio de frio. Regressámos mais uma vez convencidos que as ilhas da Ria Formosa são um tesouro.
A da Armona visitámos uns dias depois. Diria que a Ilha da Armona está entre a de Tavira e a da Culatra. Tem uma quantidade intermédia de vegetação, muitas casas (eventualmente até mais que a da Culatra?) e o que me pareceu ser uma presença maior de estrangeiros. Gostei muito. Mas, por enquanto, a minha preferida continua a ser a da Culatra.
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Quando me tornei Pastor uma das últimas perguntas que me foi feita durante o Concílio Examinador foi acerca do facto de usar brinco. Permiti-me uma resposta mais irreverente em jeito de "se a minha mulher não conseguiu convencer-me a deixar de usar brinco não vai ser nenhum Pastor a conseguir." Mas a verdade é que me apercebi que o risco em continuar a usar o brinco enquanto Pastor era tornar-me o Pastor que usa brinco. E eu definitivamente quero ser mais do que o Pastor que usa brinco. Ou, vistas as coisas de outra perspectiva, quero ser menos que o Pastor que usa o brinco. Com isto tudo o certo é que mesmo quando a minha orelha não carrega nada, no meu coração está o brinco. O brinco é certamente o resultado de ter sido um miúdo demasiado abandonado em frente aos telediscos apresentados pelo Adam Curry, às Bravos da minha irmã Rute, e ao impacto que a chegada do meu primo Carlos da Alemanha provocou em mim quando exibia um pingente na sua orelha. Volta e meia em casa meto um brinco para me certificar que o buraco não fecha. Os miúdos gozam logo comigo chamando-me menina. Nas férias, então, aproveito e assumo o suburbano da Linha de Sintra que nunca há-de morrer dentro de mim. Não tendo púlpito onde pregar, e que turve a visão descomplexada de um brinco no profeta, volto a ser o Tiago que desejou com tudo o que tinha o dia em que furou a orelha numa ourivesaria do Centro Comercial Babilónia.
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A estadia em Cabanas de Tavira só se completa com a viagem nostálgica a Ayamonte (para abastecer - coisa que este ano acabámos por não fazer), à Praia Verde e a Cacela Velha. No que consta à Praia Verde, o empreendimento turístico cresce de ano para ano. Bem como a minha eterna saudade da velha mata de lonas da classe média. Já Cacela tornou-se o cenário da nossa fotografia oficial de férias. Este ano chegámos lá mais cedo e o sol fechou-nos mais os olhos na fotografia. Mas como diz a minha mulher, "a Ria fica-nos tão bem." Somos muito gratos a Deus por estas férias.


terça-feira, julho 08, 2014

Ouvir
No cristianismo há um pacto entre o culto e o cérebro. Mas o facto da fé pedir inteligência não significa que a inteligência é fé.
O sermão de Domingo passado, o primeiro sermão sobre o importante assunto dos dons do Espírito Santo, aqui (clicar em cima de aqui).

sexta-feira, julho 04, 2014

Cabanas de Tavira mais offline 3
Durante as férias de Cabanas de Tavira um dos períodos mais sujeito a mudanças é aquele depois do almoço. Este ano, e ao contrário do ano passado, não serviu para sestas nem para aventuras de bicicleta (que lamento um bocadinho). Dediquei-o à oração e leitura. É verdade que a oração também já o integrava nos anos anteriores, até quando pedalava (e uma oração que vai além de pedir a Deus que me dê força nas pernas para chegar aos lugares). Este ano fixei-me, em termos de leitura, em dois livros. O primeiro, que se Deus quiser ainda escreverei à parte sobre ele, foi o "Taking God At His Word" do Kevin DeYoung. O segundo foi o "The Portrait Of A Lady" do Henry James, que ainda só vou a metade. Foi-me oferecido pelo meu amigo fiel Filipe Costa Almeida e é de facto esplendoroso. É engraçado porque de alguma maneira a escrita de Henry James parece nos antípodas do ambiente de uma semana algarvia. Mas o consolo da leitura também passa por baralhar as voltas aos lugares onde ela é feita.
Por duas ocasiões passei este período de oração e leitura na companhia da minha filha Marta. Quando me prepava para sair de casa, e numa altura em que os rapazes dormiam a sesta (porque as meninas de 10 e 7 anos já estão dispensadas dela, apesar de volta e meia ainda a fazerem), a Marta perguntou-me onde eu ia e eu expliquei-lhe que ia orar e ler, e que ela podia vir comigo se quisesse. Tinha era de me acompanhar na oração. Ela disse logo que sim.
Já noutras ocasiões tenho escrito acerca de como a minha Marta é uma surpresa para mim. Ao contrário dos outros manos, nos quais mais facilmente encontro semelhanças comigo, a Marta parece vir com um sistema absolutamente seu. Claro que reconheço nesse sistema muitas semelhanças com o lado da família da minha mulher. Mas ainda assim, continuo a sentir-me perplexo com ela. A disponibilidade que ela mostra para acompanhar pessoas independentemente daquilo que essas pessoas vão fazer deixa-me sempre admirado. É que eu, ao contrário dela, tenho muita dificuldade em sentir vontade de acompanhar alguém se não observar rapidamente uma vantagem para mim nessa companhia. Não é uma maravilha termos filhos distintamente melhores que nós?
Expliquei-lhe enquanto saíamos de casa que eu ia orando pelo caminho, enquanto andava. Uma vez que estava com ela, ia orar em voz alta para ela me acompanhar na oração. E assim aconteceu por duas vezes. Lá fomos nós pela rua, eu agradecendo e pedindo a Deus, e a minha filha ao meu lado de mão dada comigo. Se eu hesitava no nome de alguém da igreja, por quem intercedia, ela completava. No final dava o seu amén e chegou mesmo a fazer a sua prória oração (um hábito normal dos nossos meninos que tentamos desenvolver em momentos fixos e em momentos espontâneos). Então sentávamo-nos e eu punha-me a ler e ela punha-se a ler a Bíblia dela que tinha trazido. Ao fim de algum tempo punha-se a brincar. Brincava sozinha. Às escolas sobretudo, pelo que me parecia. Chegava uma altura em que se cansava e me perguntava se faltava muito tempo para eu terminar a leitura. Dizia-lhe está quase. Este tempo de oração e leitura não chegaria a duas horas. E sabia-lhe bem quando chegava ao fim, claro está.
Descansar é importante também por causa disto. Para ganharmos novas oportunidades para coisas que por vezes no ritmo de trabalho são mais improváveis. Para os cristãos a importância de uma ética do trabalho obriga a uma ética do descanso. Este ano Cabanas de Tavira deu-me mais descanso não só pela mencionada dieta mais offline mas por companhias como a da minha filha Marta. Em férias não é difícil ouvir os pais a queixarem-se do quão exigente é passar as 24 horas com os filhos multiplicadas pelo período de dias que tiraram. O que é uma bênção suplementar é nesse reconhecido esforço encontrar uma companhia além da companhia. Foi preciso estar no Algarve para ter a minha Marta mais perto de mim no tempo de oração que costuma ser só meu.

quarta-feira, julho 02, 2014

Ouvir
Precisamos de dizer aos Steves Jobs, aos Kanyes Wests, aos Josés Mourinhos que andam a desperdiçar as suas vidas em ninharias se se apresentarem a Deus sem um currículo consistente de receber discípulos, profetas e justos e servir copos de água frescos a pequeninos.
O sermão de Domingo passado aqui (clicar em cima de aqui).