terça-feira, maio 31, 2016

Ouvir

Uma das coisas que amo na minha igreja é a frequência com que uma voz vinda de fora do país diz coisas que precisamos desesperadamente de ouvir. O Mark Bustrum prega um sermão num assunto que nunca ouvi pregado numa igreja baptista em Portugal. A Lapa é muito abençoada por coisas destas.

O sermão de Domingo passado, chamado "O sorriso no rosto do teu pastor", pode ser ouvido aqui.

sexta-feira, maio 27, 2016

Entrevista dada ao Ouvido Alternativo

É uma honra para nós apresentarmos o mais recente convidado de "Conversas d'Ouvido", Tiago de Oliveira Cavaco, mais conhecido como Tiago Guillul, cantor, compositor, pastor Baptista e membro fundador da editora independente FlorCaveira, fundada em 1999 e que "descobriu" nomes como Os Pontos Negros, Diabo na Cruz e Samuel Úria. Ultimamente ficou rendido ao mais recente disco de Benjamim Auto Rádio e no seu funeral gostava que tocasse "Império" de Samel Úria, no entanto há muito mais para descobrir nesta edição de "Conversas d'Ouvido"...

Ouvido Alternativo: Como surgiu a  paixão pela música?
Tiago Guillul: Não sei resumir com justiça a importância que a música tem para mim. Mas posso dizer que os momentos em que via a minha irmã Rute, 5 anos mais velha que eu, a ouvir a Rádio Cidade quando ainda era uma estação pirata na Amadora ilustram parte do processo que contribuiu para amar música.

Como surgiu o nome Guillul?
O nome Guillul surgiu quando, no final dos anos 90, numa aula do Seminário Teológico Baptista, um professor explicou que cavaco (pedaço de madeira) se dizia "guillul" em hebraico. Uma colega disse-me logo: "Tu és o Tiago Guillul", o que me pareceu uma designação poeticamente mais promissora que o meu nome de origem.

Como encaras o facto de a FlorCaveira ter em certa medida revolucionado a música em Portugal? Quando surgiu foi uma autêntica “pedrada no charco”.
O reconhecimento da FlorCaveira é posterior ao aparecimento dela. O reconhecimento acontece quase uma década depois de ela nascer. Se a FlorCaveira revolucionou a música portuguesa não foi por ter trazido nada de novo, mas por ter trazido coisas antigas que na altura pareciam inexistentes. Acreditávamos e acreditamos em canções em que as letras não são decorativas (e que devem ser entendidas na língua que falamos todos os dias), e acreditávamos e acreditamos que as limitações de meios não têm de ser um problema mas podem ser um caminho criativo (daí insistirmos no do it yourself).

Para além da música, tens mais alguma grande paixão?
A paixão da minha vida é a palavra. A palavra pregada, escrita e cantada.

Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
Por causa de dedicar-me à palavra, sou um músico mas não sou apenas um músico. Sou um pregador que também escreve. Logo, não vivo apenas como músico. Não tenho desvantagens vindas do facto de ser apenas músico.

Quais as tuas maiores influências musicais?
Para todos os músicos da FlorCaveira há uma resposta acerca de referências musicais: Bob Dylan, Johnny Cash e Leonard Cohen. É um dogma.

Como preferes ouvir música? CD, Vinil, K-7, Streaming, leitor de mp3?
O CD ainda é a maneira de ouvir música mais atentamente para mim. Um CD no carro.

O streaming está a “matar” ou a “salvar” a música?
O streaming não está nem a matar nem a salvar a música. É apenas mais um meio através do qual ela pode ser ouvida.

Qual o disco da tua vida?
Tenho uns quantos discos da minha vida. "In God We Trust" dos Stryper, "RDP Vivo" dos Ratos de Porão, "Nevermind" dos Nirvana, são alguns exemplos possíveis.

Qual o ultimo disco que te deixou maravilhado?
Cheguei quase um ano depois a ele mas o "Auto-Rádio" do Benjamim é um grande disco.

O que andas a ouvir de momento/Qual a tua mais recente descoberta musical?
A minha descoberta dos últimos tempos é o Filipe Sambado. Deu o melhor concerto que vi nos últimos tempos, no Sabotage, no ano passado, com um estalo rock incrível. O disco dele, "Vida Salgada", que ando a ouvir, sendo menos rock, é um disco muito bom.

Qual a situação mais embaraçosa que já te aconteceu num concerto?
Acho que nunca me aconteceu uma situação num concerto que possa chamar embaraçosa.

Com que músico gostarias de efectuar um dueto/parceria?
Não sou de duetos. No geral, não aprecio duetos. Para mim um dueto é o Kenny Rogers com a Sheena Easton. Nessa linha, não me perfilo para duetar com ninguém.

Para quem gostarias de abrir um concerto?
Gostava de abrir para o Bruno Morgado.

Em que palco (nacional ou internacional) gostarias de um dia actuar?
Não há nenhum palco que tenha essa importância simbólica para mim. Sou mais de ambicionar tocar em sítios onde à partida não se espera um concerto. É mais punk.

Qual o melhor concerto a que já assististe?
Um dos melhores concertos que assisti na vida foi o Goran Bregovic em Belém - um concerto à pala.

Que artista ou banda mais gostavas de ver ao vivo e ainda não tiveste oportunidade?
Gostava de ver os Rancid ao vivo.

Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de teres nascido) que gostavas de ter estado presente?
Gostava de ter visto os primeiros concertos dos Heróis do Mar.

Qual o teu guilty pleasure musical?
I don't believe in guilty pleasures.

Projectos para o futuro?
Tocar o "Bairro Janeiro" numas quantas actuações pequenas.

Próximos concertos?
Braga, 27 de Maio.

Que música  gostarias que tocasse no teu funeral?
“Império” de Samuel Úria

Obrigado pela atenção e boa sorte para o futuro.

Relembramos que Tiago Guillul regressou este ano, com novo disco, Bairro Janeiro, gravado na Igreja da Lapa por Luís Severo e que pode ser ouvido na plataforma Youtube.

terça-feira, maio 24, 2016

Ouvir

O que ganho por depender da Palavra de Deus? Inteligência, independência e (boa) dependência.

O sermão de Domingo passado pode ser ouvido aqui.

sexta-feira, maio 20, 2016

Agenda

Daqui a uma semana planeamos viajar para Braga para um fim-de-semana repleto. Pequeno concerto na sexta à noite, conferência sobre família durante todo o Sábado, e adoração com a Igreja Baptista de Braga no Domingo. Quem quiser, junte-se a nós.



quinta-feira, maio 19, 2016

Levar com a porta na cara

"Nem todo o que me diz «Senhor, Senhor!» entrará no reino dos céus; mas o que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão-de dizer-me: «Senhor, Senhor, por ventura não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demónios, e em teu nome não fizemos muitos milagres?» Então, lhes direi explicitamente: «nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade»." Mateus 7:21-23

Na maior parte das vezes, quando ouço este texto citado é para malhar na insuficiência da palavra. Como quem diz: "estão a ver? Apenas dizer coisas não basta, é preciso fazer coisas!" E quem começa a ler este texto, pode ser levado a concordar - não basta dizer que se tem Deus como Senhor, é preciso fazer a vontade dele. O verso 21 parece dar palmada ao "dizer" e bater palmas ao "fazer". A questão é que o texto não fica por aí.

Quando Jesus explica melhor quem é a pessoa que apesar de dizer "Senhor, Senhor!" não vai entrar no céu, Jesus explica que essa pessoa não é uma pessoa especializada em apenas falar. O que é que vai dizer essa pessoa quando vir a porta da comunhão eterna com Deus a ser-lhe barrada? Ela vai dizer: "espera aí, Jesus! Eu disse coisas em teu nome e eu fiz coisas em tem nome". Portanto, a pessoa a quem Jesus está a barrar o caminho de entrada no céu não é apenas uma pessoa de fala - é também uma pessoa de fazer. Essa pessoa expulsou demónios e fez muitos milagres.

Vamos mais fundo: se partirmos do princípio que expulsar demónios e fazer milagres não são acções que beneficiam apenas aqueles que as praticam, mas que são acções que sobretudo beneficiam aqueles sobre quem essas acções são praticadas, podemos dizer que as pessoas que expelem demónios e fazem milagres são pessoas que objectivamente tornam melhor a vida das pessoas à sua volta. Pessoas que expulsam demónios e fazem milagres são pessoas de acção para os outros, são pessoas que representam uma mudança positiva concreta na sociedade. Pessoas que expulsam demónios e fazem milagres não são pessoas com teoria religiosa, são pessoas com resultados práticos.

Logo, o que Jesus está a dizer neste texto não pode ser o que tantas vezes me disseram que ele estava a dizer. Jesus não está a malhar em pessoas que apenas têm palavra porque estas pessoas que não vão entrar na comunhão eterna com Deus são pessoas que tinham muito mais que palavra - tinham prática. Jesus está a ir mais longe que esta divisão preguiçosa (e irritantemente greguinha e gnosticazinha) que separa o que se fala do que se faz. Separar o que se fala do que se faz é um hábito irritantemente greguinho e gnosticozinho que continua a encantar evangélicos palermas. Separar o que se fala do que se faz é a persistente alergia de quem ainda não percebeu a justificação pela fé - não somos salvos pelo que fazemos mas fazemos porque fomos salvos. O meio evangélico está hoje cheio de pessoas que teoricamente separam o que se fala do que se faz porque são protestantes apenas de rótulo.

Alguém pode dizer-me a esta altura: "aguenta lá, Tiago! Então e o apóstolo Tiago quando diz que a fé sem obras é morta?" E lá vai um protestante ter de explicar uma vez mais que o que Tiago estava a fazer não era contradizer Paulo (que disse explicitamente que somos justificados pela fé e não pelas obras), mas a criticar um fingimento de fé que se vê que é fingimento quando precisamente se mostra uma fé sem obras. Tiago não estava a dizer que nos salvamos pelas obras; Tiago estava a dizer que se a nossa fé não mostra obras, ela não é fé. Fé que é fé, não sendo causada pelas obras, causa obras. O catolicismo romano processa este assunto de uma maneira diferente porque o catolicismo romano não vê tanto problema na Bíblia poder conter aparentes contradições entre os seus autores, uma vez que as aparentes contradições da Bíblia confirmam que ela não pode ser interpretada por qualquer um, mas pelos membros oficialmente designados pela igreja para isso. Mas isto já é muita areia para a camioneta deste texto (e espero que a minha observação à Igreja Católica não tenha sido feita em má-fé).

Voltando ao sermão do monte. O que Jesus nos está a dizer neste texto é uma lição muito mais assustadora do que aquilo que temos feito dela. É muito confortável eu dizer que Jesus não quer apenas pessoas de palavras mas que quer pessoas de prática quando eu sou um tipo muito seguro da bondade das minhas práticas. Por isso é que dava um jeitaço ler todo o sermão do monte e entender de uma vez por todas que Jesus está a distribuir fruta (meaning: pancada) aos que estão muito convencidinhos que são bons pelo que falam, como aos que estão muito convencidinhos que são bons pelo que fazem. Onde Jesus está a chegar também é aqui: tu obviamente não te salvas quando finges que és bom, seja esse fingimento através de um cumprimento legalista das regras religiosas. Mas onde Jesus está a chegar é ainda aqui também: tu, de uma maneira menos óbvia, também não te salvas quando estás honestamente convencido que és bom. Por isso é que este texto é fogo! Jesus está a dizer-nos uma coisa terrível: não nos salvamos por sermos maus fingindo que somos bons, nem nos salvamos por sermos bons.

Pensamos que as pessoas a quem Jesus está a barrar o caminho do céu são pessoas que desvalorizam o fazer? Estas pessoas põem-nos no bolso a nível de fazer. Quantos de nós já expulsámos demónios e fizemos milagres? Em termos objectivos, e se formos sérios a comparar-nos com estas pessoas, elas são muito melhores que nós. Como é que Jesus justifica então a situação complicada de impedir que gente que faz coisas boas tenha comunhão com ele? Precisamente demonstrando que até as coisas boas podem ser, aos olhos de Deus, coisas más. Como assim? É isso que Jesus faz quando, dizendo explicitamente, revela àqueles grandes faladores e fazedores que na realidade as maravinhas que andam a falar e a fazer eram, no fim de contas, "iniquidade".

É por isso que o cristianismo não é uma fé de agentes do bem público. E com isto não quero desvalorizar a importância do bem público - os cristãos são chamados a fazer o bem a todos (como Jesus explica neste mesmo sermão do monte). Mas o bem público é para o cristianismo uma consequência e não uma causa. O cristão não deve relativizar o bem e dizer "no fundo, no fundo, para Deus é indiferente se faço bem ou mal" - esta seria uma lição muito errada a tirar das palavras de Jesus. Onde o cristão deve chegar é à noção de que, até nas coisas onde estamos absolutamente certos que estamos a fazer o bem, podemos estar a fazer mal. É por causa desta possibilidade de erro constante e persistente em nós que precisamos de uma solução que seja completamente perfeita. Creio que os homens a quem Jesus está a barrar o caminho do céu estavam certamente convictos que profetizar em nome de Jesus, expelir demónios e fazer milagres eram coisa boas. É por isso que o erro deles é mais perigoso - é um erro cheio de coisas boas.

O erro constante e persistente dentro da nossa natureza, visível até no melhor que em nós há, tem um nome e chama-se pecado. Mas a solução para esse erro constante e persistente em nós também tem um nome e esse nome é Jesus. Por isso é que a Bíblia descreve Jesus como nosso salvador. Só precisamos de ser salvos se estivermos metidos num sarilho sério. Jesus acreditava que estamos metidos num sarilho sério. Por isso é que ele gastou tanto tempo a explicar situações-limite como as deste texto. E o que ele nos diz é: não confies no melhor que falas e no melhor que fazes. Confia antes no pior que és e que fazes mesmo quando falas bonito e fazes bonito. Quando tiveres a certeza do pior que és mesmo quando falas e fazes bonito, é que vais perceber a necessidade que tens de Jesus. Aí é que vais amar Jesus até ao infinito e desejar que haja eternidade para que a tua oportunidade de amá-lo não termine. É aí que o vais ver à porta do céu e ele vai deixar-te entrar. Jesus vai deixar-te entrar não pelo que falaste e fizeste. Jesus vai deixar-te entrar porque vai ver em ti o amor que lhe tens por ele te ter salvado.

O céu não é o lugar dos que falam e fazem. O céu é o lugar dos que amam. E porque amam, falam e fazem na terra. Não falam e fazem na terra para abrir a porta do céu. Falam e fazem na terra porque Jesus já lhes abriu a porta. A fé é isto.

terça-feira, maio 17, 2016

Ouvir

Corro o risco de poder ser injusto mas acredito que existe uma cultura baptista portuguesa da mediocridade, onde os padrões elevados ficam sempre à porta da igreja. Pois Ageu e Esdras querem ensinar-nos o contrário.

O sermão de Domingo passado, chamado "Estás a dedicar a tua vida àquilo que o inferno vai demolir?", pode ser ouvido aqui.

segunda-feira, maio 16, 2016

Para ouvir

O Bairro Janeiro pode ser ouvido aqui. Tenho recebido algumas críticas encorajadoras e planeio tocá-lo nuns serões ou matinés simples e bonitos. Na Sexta-Feira, 27 de Maio, vou estar em Braga numa noite musical onde serei acompanhado pelos meus miúdos, às 20h na Igreja Baptista. Vai ser uma estreia. Venham!

sexta-feira, maio 13, 2016

Os brasileiros não brincam

Foram à cata do áudio dos sermões contra a preguiça originais (meio perdidos na net há quase 3 anos) e colocaram no Youtube - obrigado Leandro Ribeiro! A partir deste podem ouvir todos os seis (o quarto é do Pr. Jónatas Lopes). Para quem não tem o livro, sempre dá para conhecer as pregações tais como aconteceram. Entretanto, o livro dá para comprar via net (ainda ontem o William Truax recebeu o dele nos EUA). Go!

quinta-feira, maio 12, 2016

Catálogo de fantasia

Não estou dentro e não percebo desta questão dos contractos com escolas privadas. Escapa-me por isso quais devem ser os melhores procedimentos a seguir, na relação entre Estado e ensino provado. Não racho lenha num assunto para o qual não me preparei. Mas, em vez dos procedimentos, gostava de arriscar dizer uma coisa acerca dos princípios.

Diz o ponto 1 e 2 do artigo 43 da Constituição da República Portuguesa, sobre liberdade de aprender e ensinar:
1. É garantida a liberdade de aprender e ensinar.
2. O Estado não pode atribuir-se o direito de programar a educação e a cultura segundo quaisquer directrizes filosóficas, estéticas, políticas, ideológicas ou religiosas.
3. O ensino público não será confessional.
4. É garantido o direito de criação de escolas particulares e cooperativas.

Vamos por partes. Eu sou a favor de viver num país com uma Constituição. Para mim, a Constituição, não sendo a voz de Deus, é certamente uma possibilidade de voz do povo. Como acredito nos méritos de uma democracia, a Constituição pode e deve ser um instrumento eficaz de o povo ter uma boa voz a partir de bons princípios. Devemos ser gratos pela existência de uma Constituição - os povos não têm, por defeito, Constituições. Os povos são mais inclinados a ter Constituições quando foram influenciados por uma cultura que valoriza a palavra, como defesa da vida em sociedade. O que quero dizer é que a Constituição como instrumento democrático é uma herança da cultura judaico-cristã, onde o que se escreve não é casual mas fruto da convicção que o Criador se revela a nós através da palavra escrita. Logo, ter palavras escritas é uma coisa boa para que haja boa vida entre as pessoas.

Ora, crendo eu que a Constituição é boa para o mundo, deixem-me dizer que não acredito no mundo desta Constituição. O que o artigo 43 sugere é uma leitura da realidade que me parece absurda. Da mesma maneira como há pessoas que não acreditam em Deus, eu não acredito que o Estado deve programar a educação e a cultura sem directrizes filosóficas, estéticas, políticas, ideológicas ou religiosas. Da mesma maneira como há pessoas que não acreditam em anjos, eu não acredito em neutralidades filosóficas, estéticas, políticas ideológicas ou religiosas. Em que é que eu acredito então? Acredito que tudo é filosófico, estético, político, ideológico e religioso. Acalentar a expectativa de uma realidade independente do que pensamos em termos de filosofia, estética, política, ideologia ou religião é, para mim, acreditar num milagre que não aconteceu. E parece-me um facto mais que provado em 2016, o de dizer que a neutralidade filosófica, estética, política, ideológica e religiosa é um milagre que até hoje não aconteceu.

Não é por não acreditar no mundo desta Constituição que vou passar a dizer que ela não serve para o meu mundo. As coisas são mais complicadas do que isso. Vou tentar ser um bom cidadão português mesmo quando a Constituição do meu país me parece padecer de um erro tão infantil de leitura da realidade. Espero dar o meu melhor sobretudo quando acho que a Constituição não me dá grande coisa.

A partir daqui, certamente que aparecem assuntos complicados ligados à boa separação entre Igreja e Estado. Sou a favor dessa separação. Mas uma coisa é decidirmos sobre o assunto complicado de separarmos Igreja e Estado a partir do entendimento de como as linhas se cruzam. Outra coisa é decidirmos sobre o assunto de separarmos Igreja e Estado a partir de um suposto milagre de elas não terem uma coisa a ver com outra. Se é para ir por esta última via, é natural que a nossa Constituição continue a servir mais de catálogo de fantasias que de instrumento para a realidade. É isso é pena.


(Fotografia sacada ao Observador)


quarta-feira, maio 11, 2016

Agenda

Eu sou mais contra o aborto que a favor da vida (não sei bem o que é que ser a favor da vida quer dizer), mas o essencial é ir no Sábado.


terça-feira, maio 10, 2016

Ouvir

A ênfase de Esdras é: não sejas ingénuo com a boa vontade dos outros. A ênfase dos evangelhos é: não sejas ingénuo com a tua boa vontade.

O sermão de Domingo passado, chamado "Filho, escolhe bem os teus amigos!", pode ser ouvido aqui.

sábado, maio 07, 2016

Porque hoje é Sábado


e vocês precisam arrebitar.

quarta-feira, maio 04, 2016

Minérios

O Sábado passado foi um dia bonito para mim. Não vou tentar descrever exaustivamente porquê - não saberia e não conseguiria. À boleia deste retrato da Vera Marmelo chamo a atenção apenas para duas coisas: o lugar e as pessoas.

Foi a quarta vez que toquei na Flur. Acho que à medida que a minha carreira musical progride (?), desaparecem os palcos. A razão óbvia é porque não há muita necessidade deles - o público é pequeno. Por outro lado, também tendo a sentir-me mais confortável em sítios que parecem não combinar imediatamente com música. Isto vem de longe. Recordo-me de os Ninivitas tocarem num café no Lavradio, por exemplo. No caso da Flur, o lugar até combina com música porque a Flur é uma loja de discos. Para mim, a Flur é a minha loja de música, não porque faça despesa lá (já não faço despesa considerável com discos há uns anos) mas porque a minha música e a dos meus amigos se sente em casa lá. Por outro lado, como não é uma casa de música ao vivo, tocar lá também é assumir o lado doméstico das minhas canções. O concerto de quase oito horas foi mais uma festa em casa onde os amigos iam chegando e cantando. Foi mesmo assim.

Por outro lado, as pessoas. As pessoas foram os amigos, como disse, e não só. Foram muitas crianças e uns quantos bebés (bebés com cerca de um mês foram pelo menos dois), em danças várias. As pessoas foram também os meus miúdos a apanhar quase a seca toda, com a minha mulher, e, representados pelo Joaquim, a assumirem o papel de instrumentistas. De há uns meses para cá comecei a dar aos meus filhos o suplício de ensaiarem em casa comigo. Tocam o violino e fazem percussão. Em duas canções o Joaquim tomou conta da bateria, como esta fotografia da Vera mostra. Nesta fotografia gosto também do efeito de via sinuosa até nós, esculpida no grupo de pessoas que assiste. É como se assistir a concertos na Flur envolvesse uma espécie de prospecção de minério.

Se querem ver mais retratos desta tarde, venham aqui ao blogue da Vera.



terça-feira, maio 03, 2016

Ouvir

Se não valorizares os pequenos começos, dificilmente ganharás uma grande adoração. A grande adoração vem de um história que amplia pequenos começos.

O sermão de Domingo passado, chamado "Pequenos começos para uma grande adoração", pode ser ouvido aqui.

segunda-feira, maio 02, 2016

O Bairro Janeiro no Público



Uma surpresa vinda do Brasil


O Yago Martins e o Felipe Cruz têm um programa no Youtube que mostra que a teologia só é chata para gente chata. E não é que dedicaram 17 minutos a falar sobre os meus Sermões Contra a Preguiça? É verdade. Verifiquem. Se não puderem ler o livro, ficam com o essencial dele neste vídeo.

Obrigado pela vossa generosidade, Yago e Filipe. Um abraço forte para vocês!