sábado, dezembro 31, 2016

O ABC de 2016 da Voz do Deserto

A de arrependimento - Ao contrário do que se julga, o arrependimento não é para acontecer uma vez na vida quando nos tornamos cristãos. O arrependimento é o que vai acontecendo também para que nos mantenhamos cristãos. Logo, é triste que pessoas tenham décadas de experiência cristã sem lhes ser reconhecido qualquer gesto concreto de arrependimento (e neste sentido, os protestantes não tendo a confissão auricular, deveriam insistir em manter práticas de confissão na sua devoção comum). Os cristãos precisam de assumir o arrependimento com alegria. Parece uma contradição, não parece - a ideia de que arrependimento e alegria combinam? Mas não é. Um dos versículos decorados na casa dos Cavacos é "Servi ao Senhor com temor, alegrai-vos nele com tremor" (Salmo 2:11). Deus nos ajude a ser uma família exuberante em paradoxos de alegria e arrependimento, júbilo e juízo.

B de baptismos - Este ano baptizei 4 pessoas (outras 5 foram baptizadas pelo Mark Bustrum). Duas dessas foram as minhas filhas, a Maria e a Marta. É para isto que Deus cá me pôs. Que alegria pode ser maior para mim?

C de carro - Não sou um homem de carros, antes pelo contrário. Para mim um carro é um meio de chegar de um lugar a outro. Isto significa que sou uma nulidade em relação a problemas de automóveis (até um furo que tive este ano acabou por ser o meu amigo Miguel Pinto a safar-me na fase mais crítica do processo). Surgiu nos últimos tempo um par de rapazes que é uma bênção para a Família Cavaco: o Hugo e o João, que se tornaram a nossa solução mecânica infalível. O Hugo, que é com quem falo mais, dá cabo de qualquer marido diante da sua esposa: imaginem uma pessoa que se licenciou em Filosofia e que, ainda assim, saber consertar viaturas, electricidade, canalização e qualquer outra coisa. Deus inunda-nos da sua graça também com pessoas assim, mesmo que sirvam para confirmar que, como marido, somos zeros de eficácia.

D de dor - Sou um ser humano tragicamente infantil. Raramente tenho experiências sérias de dor. Este ano, numa madrugada de Agosto senti uma dor no peito que me assustou ao ponto de acabar nas urgências com a Ana Rute. Aparentemente, nada era. Mas todo eu fui tremeliques no calor do acontecimento. Deus me dê forças para saber não perder a fé quando me sentir fraco.

E de esgoto - Sei que a imagem é exagerada mas as redes sociais frequentemente são esgotos a céu aberto tratados como se fossem praias. Deixei de ter amigos no Facebook há quase três anos, criando a página de perfil público para ir lá despejar os sermões e os textos do blogue. Isso quer dizer que, com raras excepções, deixei de ver o que as pessoas lá escrevem. A minha vida melhorou imensamente. Por exemplo, não vejo o que as pessoas da minha congregação escrevem, o que aumentou a liberdade dos meus sermões (ninguém vai pensar "esta é para mim" e posso dizer o que devo sem estar a pensa que alguém vai pensar "esta é para mim"). Mas ainda há pouco tempo um amigo chamou-me a atenção para um texto de um outro amigo que temos em comum e que era possível de ser lido por qualquer pessoa. Não resisti e fui lá espreitar (hoje, acho que não deveria ter ido). A coisa era uma vergonha que colocava em causa o bom nome de pessoas que não se podiam defender. No entanto, estava cheia de gente que estimo e respeito, chafurdando naquela lama como quem passa um dia de férias no litoral. Pensei: por que nos des-sensibilizámos ao ponto de preferirmos uma opinião imediata dita em tom porreirista à prudência de pensar duas vezes antes de dizer algo que condena quem não se pode defender? Se mais redes sociais quer dizer menos decência, vale a pena ter menos redes sociais.

F de filhos - Os nossos filhos fazem exames nacionais sozinhos por conta do ensino doméstico e safam-se; os nossos filhos começam a ir aos correios de bicicleta; os nossos filhos aprendem a desenhar caveiras com o pai; os nossos filhos sabem melhor os êxitos da rádio do que nós (e perdem algum gosto musical por conta disso); os nossos filhos gostam muito de ir à biblioteca (até porque o pouco computador que consomem é lá que consomem); os nossos filhos já não vêem só filmes de animação; os nossos filhos volta e meia têm dúvidas teológicas; os nossos filhos também nos entristecem e desobedecem; os nossos filhos aprendem a nadar; os nossos filhos são uma grande alegria.

G de gravata - Como já vos disse, o meu gosto em usar gravata aumenta. É certo que o facto de não ser obrigado a fazê-lo também pode ajudar. Mas o curioso é que quanto mais informal é a geração, menos tolerante se mostra para quem se apresenta de modo tido como mais formal. As pessoas tendem a assumir que a gravata se usa quando há um dever para tal maior do que a pessoa que a usa. Uma época supostamente mais livre de convenções deve reflectir sobre a possibilidade de as pessoas aderirem a convenções não por serem obrigadas mas por serem livres. A procura por alguma elegância é cada vez mais punk rock.

H de Hippotrip - Se ainda não foram ao Hippotrip, por favor arranjem maneira de ir. Se possível, tentem ir com o guia que é o Vasco. Tem muita graça e torna a viagem pela Lisboa seca (em terra) e pela Lisboa molhada (no rio) um verdadeiro acontecimento.

I de igreja - Uma das fraquezas dos protestantes é a eclesiologia. Com a ênfase acertada que damos ao facto de a salvação acontecer pessoa a pessoa, acabamos no entanto por dar frequentemente a ideia de que a igreja é um extra. A igreja não é um extra. A igreja é aquilo para o qual fomos salvos - a eternidade vai ser vivida em modo de igreja, a noiva de Cristo. A igreja é uma realidade universal com expressão local. Amo a igreja universal de Cristo como um todo, como amo a igreja local a qual pertenço que é a Igreja da Lapa. Não é uma dicotomia mas uma integração das duas. Amo os Domingos porque os Domingos são sagrados. Cada vez mais massacro a consciência do rebanho da Lapa por causa deste assunto da reunião dominical porque odeio o gnosticismo que nos faz ser pessoas que metem a fé a acontecer algures numa consciência que supostamente é mais importante do que hábitos comuns. Quando ouço o relativismo dos evangélicos falando com superioridade moral acerca de como estão acima de cumprirem rituais, juro que me dá vontade de ser católico romano e ir encharcar-me em missas diárias. Enquanto os evangélicos não forem consistentes com hábitos claros e palpáveis que são consequência da fé que têm, continuaremos a ser hologramas de gente. Eu não quero ser um holograma de gente e o amor pela igreja é o antídoto para esse mal.

J de Jesus - Tenho-me esforçado por memorizar partes da Bíblia porque isso faz-me ter viva a palavra dentro de mim e, consequentemente, amar mais Jesus. Acho que este é um bom incentivo para decorarmos partes da Bíblia: amar mais Jesus.

L de listas

Livros
- "Brand Luther" de Andrew Pettegree. Se não tivesse lido este livro fantástico, não teria escrito o meu próprio livro sobre Lutero. "Brand Luther" deveria ser lido por protestantes para perceberem melhor o impacto da Reforma na cultura ocidental, e por não-protestantes pela mesma razão.
- "Galileo's Middle Finger" de Alice Dreger. A política de revolução sexual não gosta das conclusões científicas sempre que as conclusões científicas não confirmam o que a política da revolução sexual deseja.
- "Road To Character" de David Brooks. E felizmente este livro foi traduzido para o português. É politicamente correcto dizer mal dos moralistas, como se nós tivéssemos muita gente a articular um discurso moralmente consistente. Mas um discurso moral é a nova rebeldia.
- "You Are What You Love" de James K. A. Smith. A fé pensa-se mas também de ser vivida em práticas diárias, que constituem uma verdadeira liturgia. Este livro tem exercido uma enorme influência em mim.
- "Hillbilly Elegy" de J. D. Vance. O livro-sensação americano vale a pena. É uma espécie de "Alentejo Prometido" mas com uma aplicação ao cenário eleitoral que se viveu nos Estados Unidos.
- "Alentejo Prometido" de Henrique Raposo. Grande pequeno livro. Este ano dediquei o meu disco "Bairro Janeiro" ao Henrique porque ele é das poucas pessoas no discurso público do nosso país que realmente me inspira. Ainda por cima, tenho a bênção de ser amigo dele. E provavelmente continuaremos a discordar muito, sobretudo quando o assunto é moral sexual (o Henrique tem uma antropologia neo-platónica típica de Século XX, onde a carne não chega a ter dimensão espiritual).
- "A Peculiar Glory" de John Piper. Piper está maduro e, como se espera de coisas maduras, feito para ser apreciado com calma e prazer prolongado. O modo como fala da confiança que devemos reconhecer na Bíblia é tocante.
- "The Songs Of Jesus" de Tim Keller. É um livro de leituras devocionais diárias que me acompanhou todo o ano. Coloca em simples aquilo que nos Salmos (e na escrita do Keller) é profundo. Recomendo vivamente.
- "Born To Run" de Bruce Springsteen. Ainda nem a metade cheguei e Springsteen não é escritor, mas isso não impede de sentirmos a mesma força trovejante dos discos nestas páginas.
- "Alice In Wonderland" de Lewis Carroll. Não é de 2016 (não é mesmo!) mas foi neste ano que o li e que por ele fiquei encantado.
- "Rosemary's Baby" de Ira Levin. Não é de 2016 mas foi neste ano que o li e que por ele fui divertidamente assustado.
- "To Kill A Mockingbird" de Harper Lee. Não é de 2016 mas foi neste ano que o li e nele tive o exemplo de um livro perfeito.

Discos
- O disco homónimo dos Velhos. Cada vez me sinto mais a regressar à posição de partida, no que diz respeito à música feita em Portugal. Essa posição de partida é não gostar de quase nada. É certo que há o talento escorreito dos Capitão Fausto, mas os portugueses continuam a falar uma língua espiritualmente morta que não me interessa. O nosso problema continua a ser a ausência de mensagem e, por irónico que seja, ao menos no tempo em que se cantava em inglês as coisas eram mais coerentes na sua irrelevância literária. Os Velhos falam a minha língua, cantam sobre o que vale a pena cantar e tocam como esses assuntos devem ser tocados. As palavras que eles querem dizer são as que eles dizem mesmo e o barulho que fazem segue o que querem dizer. Que céu que o disco deles é! Só falha a canção que diz "dorme cá hoje" - que disparate fornicatório!
- "Vida Salgada" do Filipe Sambado. Em termos de recheio poético, o Sambado habita um mundo contrário ao meu: fala sobre relações sentimentais, libertinagem, droga e unhas pintadas. No entanto, faz essa música pagã com pinta e critério técnico inesperado (vai além dos filtros espaciais preguiçosos dos millenials). Há ainda uma canção verdadeiramente admirável chamada "Nó do peito".
- "Carga de Ombro" do Sami. Mesmo não sendo o meu disco preferido do Sami, é obviamente melhor do que qualquer outra coisa que por aí ande.
- "You Want It Darker" do Leonard Cohen. Num ano em que o Dylan fez um disco que nem quis ouvir (Bob, esquece homenagens ao Sinatra que isso não interessa a ninguém), o Cohen deixou-nos uma despedida maravilhosa.
- "Santa Monotonia" do Manel Ferreira. Daqui a uma década o Manel vai estar a fazer discos clássicos, oiçam o que vos digo.
- "Facing A Task Unfinished" de Keith and Kristyn Getty. Cada vez me reconcilio mais com a música de louvor (e ainda por cima vi-os ao vivo em Nova Iorque!).

Filmes (vi poucos deste ano)
- "Room" de Lenny Abrahamson
- "Sully" de Clint Eastwood
- "Don't Breathe" de Fede Alvarez

M de música - Este ano editei o disco "Bairro Janeiro". É dos discos que fiz, um dos meus preferidos. Passou muito despercebido, talvez porque não fui especialmente talentoso a fazê-lo ou talvez porque o meu tempo mediático já passou, entre outras razões possíveis. De qualquer modo, houve um núcleo duro que o ouviu com atenção e que gostou muito dele. Isso encorajou-me. Obrigado, ouvintes do "Bairro Janeiro"! Este ano também foi de poucas actuações, mas as poucas foram especiais (uma delas durou quase oito horas seguidas, e destacava ainda a participação no funeral muito bonito da Amor Fúria e o Magusto que se seguiu, que juntou quase todos os companheiros da FlorCaveira). Para o ano há mais, se Deus quiser!

N de Natal - À custa de um problema com o visto, o meu cunhado, o Tiago Nunes Oliveira, teve de passar o Natal connosco. Por causa disso, o Natal foi especialíssimo para nós e, como tenho dito aos miúdos, duvido que voltemos a ter um tão emocionante.

O de oceano - Este ano fui ao oceano 134 vezes, que dá uma média de um mergulho por cada 2,7 dias. Piorei bastante porque no ano passado fui 156 vezes. A ver se melhoro em 2017.

P de pirilau - Talvez uma das coisas mais importantes deste ano tenha sido uma derrota absolutamente inglória que foi a luta contra um cartaz desgraçado de uma peça de teatro de Oeiras. Recordam-se? Escrevi um texto puritano inflamado que em termos concretos deu em zero. Creio que boa parte da minha vocação cívica futura passa por textos puritanos inflamados que correm o risco de dar zero. Mas isso não me preocupa uma vez que o cristianismo está cheio de causas aparentemente perdidas - nós não trabalhamos para êxitos. Posto isto, passarei no entanto a referir-me a Oeiras como o Concelho do Pirilau (a peça em causa chamava-se "Conversas do Pirilau", sendo que a palavra "Pirilau" corrigia graficamente outra que começava por C - a revolução sexual é literariamente bestial, como dá para ver). Oeiras é o Concelho do Pirilau porque não se importou de se ilustrar de cima a baixo com um mau-gosto eticamente reprovável. O Município de Oeiras é do pirilau e é uma pena e uma vergonha para todos os que nele moram.

Q de quantidade de cabelo - Palavra de honra que o meu cabelo começa a diminuir sobretudo no meu hemisfério direito. Será que vai continuar assim? Tenho pena mas o que é que vou fazer? É aceitar e comportar-me de acordo com o facto de que a beleza não é um critério essencial para a nobreza de um homem (de facto, para mim nunca pôde ser).

R de Roma - Já terão lido o texto sobre Roma. Amei Roma e vou insistir para que todos que possam visitem Roma.

S de séries - A Carla Quevedo usa a expressão "chupa-vidas" para falar do Netflix. Em 2016 os Cavacos meteram-se com o Netflix e, felizmente!, ainda não sentiram a vida ser-lhes completamente chupada. Mas reconheço que já nos servimos de umas quantas séries com bom proveito. "Narcos", "Stranger Things", "Making a Murderer", "Black Mirror" (uma espécie de The Twilight Zone aplicado ao progresso tecnológico), "Designated Survivor" (não é tão bom como o "24" mas vê-se bem) e agora o "The Crown" (que estou a gostar muito). Até aqui era um resistente a séries, vendo apenas o "The Walking Dead" (que vale mais pelo meu amor aos zombies do que pela série, que cada vez é mais chata). Agora reconheço que o dispositivo das séries tem mais para dar do que julgava.

T de túmulos - Em bom rigor, pessoas cremadas não deixam túmulos. Mas não é esse o ponto. Muito se fala de quanta gente querida nos foi levada em 2016. Dessa lista custou-me a partida do Leonard Cohen, do Prince e do Alan Vega (dos Suicide), pessoas muito inspiradoras para mim. Mas já que falei em túmulos, era bom que todos deixassem túmulos (como é óbvio na tradição da cristandade, sou contra a cremação). Os túmulos fazem justiça como a cremação não, também porque um túmulo tem palavras, e a palavra é a origem da vida. Um túmulo aponta melhor o poder que susteve a vida que ali é assinalada, que é o poder da palavra com que Deus cria todas as coisas. Tenho de começar a pensar nas palavras para o meu túmulo (e agora uns quantos de vocês pensam: "palavras no túmulo? Depois acabas numa gaveta qualquer...").

U de unidade - É fácil dizer que a unidade é uma coisa boa e, sem dúvida, que é. Mas a unidade às vezes é mais uma meta do que um meio. Mais do que vivermos unidos, vivemos para que nos unamos, e isso custa. Este ano a igreja trouxe-me mais necessidades de viver o pastorado em união com os outros presbíteros. Por razões expectáveis e por outras, vi na prática quanto compensa o valor da unidade. A unidade é desafiadora porque não é um tractor a terraplanar as diferenças, antes pelo contrário. Mas a unidade também é a segurança de que o que nos une é mais importante ainda do que as diferenças. Para uma época como a nossa, tão hipnotizada pelo valor da autenticidade, é bom provar o sabor exigente da unidade.

V de vigilância - 2016 foi um ano em que pensei mais sobre a questão da vigilância espiritual. Vigiar, essa disciplina bíblica mal-afamada nos nossos dias, é viver com a consciência de um pecado que nos pertence mas que ainda não praticámos. Um cristão vigilante é um viajante no tempo: ele viaja até um futuro possível onde comete pecados terríveis, para regressando ao presente evitar que eles cheguem a acontecer. Um cristão vigilante simplificou agora porque complexificou lá à frente - não é uma disciplina para qualquer um. Deus me ajude.

X de x-acto - O x-acto é uma palavra portuguesa que existe mesmo e que começa por xis.

Z de Zaqueu - Zaqueu é um herói bíblico porque juntou o arrependimento (a primeira palavra desta lista) à acção (porque não há modo de o arrependimento existir sem acção). Zaqueu arrependeu-se do dinheiro que tinha roubado enquanto cobrador de impostos, e devolveu quatro vezes mais. Preciso de ser mais como Zaqueu: ser expansivo no arrependimento e ser expansivo na devolução. Orem por mim e pela minha família em 2017!


quarta-feira, dezembro 28, 2016

Um protestante saloio na cidade eterna

Queria escrever sobre a viagem que fiz com a Ana Rute a Roma um texto com cabeça, tronco e membros e não vou conseguir. Mas ainda que de modo atrapalhado, quero registar algumas impressões. Até porque Roma impressionou-me muito. A seguir a Lisboa, continuo a ter Nova Iorque como a minha cidade preferida, mas Roma passou a estar logo a seguir. Na prática, sou um saloio que gosta muito de quase todas as cidades que visita. Certo. Mas Roma, caramba!, Roma... As notas que se seguem são tão desarticuladas quanto sinceras.

Fomos a Roma porque o René Breuel nos convidou. O René e a Sarah são pais do Matteo e do Pietro e são uma família brasileira que se formou no Canadá e que abriu uma nova igreja evangélica em Roma. Já tenho falado deles porque eles são uma inspiração para a Família Cavaco e para a Igreja da Lapa. A Chiesa Evangelica de San Lorenzo está cheia de gente nova italiana, na sua maioria acabada de chegar pela primeira vez a uma comunidade cristã - estes nossos irmãos estão mesmo a evangelizar, não apenas a relocalizar crentes evangélicos.

Ficámos na casa da Família Breuel, no bairro Bologna. Logo à chegada dava para ver que a arquitectura romana é bem diferente da de Lisboa - é romana! Janelas altas, varandas, frisos e dizeres latinos nos edifícios. Os Breuels foram inexcedíveis. Os jantares foram deliciosos (fiquei fã de gnocchi!) e as conversas cheias. Conhecemos também outra família missionária brasileira - o Luiz Carlos Santos, a Sarah e a Ana Lídia. O Brasil é um país incrível em termos missionários: acredita-se e vive-se em conformidade com o que se acredita. Deixa-se um ambiente em que a religião ainda é natural e investe-se na Europa, terra cheia de complicaçõezinhas levantadas contra quem acredita. Orem pelos Breuels e pelos Santos e agradeçam pela bênção que é um país missionário como o Brasil.

É uma homenagem simples mas desde que regressámos de Roma não actualizei no telemóvel o local onde estou no GPS, o que significa que diariamente sou informado acerca da meteorologia no Monte Sacro, onde ficámos. Por exemplo, hoje estão lá oito graus e prevê-se uma semana solarenga até próxima segunda. O meu tempo no Monte Sacro chegou ao fim mas ficou comigo o tempo no Monte Sacro.

Roma é a anti-Nova Iorque na medida em que tudo está lá trancado. A glória romana é um facto consumado e não é preciso que o visitante a veja a acontecer porque ela já aconteceu. Onde Nova Iorque resulta, Roma pode emperrar porque o que havia para provar já foi provado. Quando os nossos triunfos são passados pode nascer uma vaidade particular, tão trágica quanto sublime. Por isto mesmo, disse a uns quantos amigos lá que os portugueses são como os italianos só que com baixa auto-estima. Como é que os romanos podem ter baixa auto-estima quando lhe foi dado o privilégio de serem mordomos de uma cidade daquelas? Diz-se que Portugal teve um império mas agora sei, comparando com Roma, que, quando muito, tivemos um imperiozito.

Os modos italianos são igualmente impressionantes. Em Portugal, uma pessoa zangada é uma pessoa que suscita preocupação ("passou-se...", dizemos muitas vezes). Em Roma, uma pessoa zanga-se por duas razões: por tudo e por nada. Zangar-se é apenas sinal de que se está vivo. As pessoas resmungam no metro e esbracejam no trânsito com uma descontracção tal que um português reavalia a separação que faz entre público e privado. É também por ter ido a Roma que entendi que Portugal não chega a ser um país - ficamo-nos por província latina. Somos demasiado pequenos e amarrados a uma vida pública que pressupõe que qualquer pessoa nos pode conhecer. A timidez portuguesa testemunha da nossa pequenez, do risco de qualquer disparate que façamos poder chegar ao conhecimento de todos. Numa cidade imperial como Roma é improvável que ascendamos acima de anonimato e, paradoxalmente, isso liberta-nos para que os nossos excessos possam ser bastante irrelevantes e por isso assumidos sem problemas. Num certo sentido, dar-se ao luxo de se zangar também pode ser um gesto de inteireza e até de alguma humildade (talvez por isto Deus zanga-se tanto nas Escrituras). Talvez os portugueses devessem começar a pensar nas maneiras certas de se zangarem em público.

Nunca me senti tão impressionado ao entrar num edifício feito por mãos humanas como me senti a entrar na Basílica de S. Pedro. A menos que tenha problemas futuros com a memória, não esquecerei o impacto. Não consigo descrevê-lo bem. Foi um misto de comoção com incapacidade. Comoção porque naquele lugar está tudo perfeito na lógica de construir uma casa para que quem nela entra dela queira fazer parte enquanto pequeníssima parte integrante. Incapacidade porque apesar de essa perfeição, o meu cristianismo não consegue fundamentar-se nessa maravilhosa imponência humana. Já repeti isto umas quantas vezes aos amigos com os quais falei sobre esta viagem: só não voltei católico romano de Roma porque, de facto, sou um protestante convicto. Não tem a ver com o catolicismo me ser indiferente, tem a ver com o catolicismo ser inconciliável comigo.

Vou tentar explicar melhor. Na base da beleza, Roma é inultrapassável. Esta é uma das coisas que gosto de dizer, sobretudo aos chico-espertos ressabiados que volta e meia passam pelas igrejas evangélicas. Estes chico-espertos ressabiados são aqueles que são provisoriamente evangélicos porque de momento é a igreja evangélica que aparentemente acolhe os seus caprichos. As igrejas evangélicas estão cheios de pessoas que julgam que são evangélicas porque usam as igrejas como depósito das suas vaidades pessoais. Esta malta mimada, colocada no colinho por igrejas ansiosas por crescer ou sobreviver, dirá cobras e lagartos da Igreja Católica Romana porque lá não teve o amparo que de momento recebe no protestantismo. Este fenómeno só é interrompido quando as pessoas se derem ao respeito e disserem a estes narcisistas: "pá, tu nãos és protestante, és apenas parvo! Desanda daqui para o diabo que te carregue!" Lutero sabia fazer isto muito bem mas nem tanto sabemos nós, protestantes de hoje. E o que é que isto tem a ver com Roma, perguntam vocês? Isto tem a ver com Roma porque um verdadeiro protestante pode ir a Roma sem birras ou ressentimentos, reconhecendo que o catolicismo é o melhor a juntar a beleza física à fé. Dou de barato que Roma é maravilhosa e que, se para mim a junção da fé à beleza física fosse um critério fundamental, imediatamente me tornaria católico romano.

Acontece que para mim, e de Bíblia aberta, sou educado a desconfiar da beleza física como critério fundamental da fé. Mais ainda, e providencialmente desperto pela ética judaica do Velho Testamento, sinto-me chamado a desconfiar da beleza física porque ela funciona bastantes vezes como armadilha para a verdadeira fé. Isto quer dizer que me armo em gnóstico e separo espírito do corpo? Não. Mas quer dizer que reconheço que o ímpeto de criar arte como representação do espiritual corre sempre o risco da idolatria. Entendamos que o bezerro de ouro não está na Bíblia para condenarmos o mau gosto dos judeus. O bezerro de ouro está na Bíblia para condenarmos a impaciência que habita em grande parte das maiores obras de arte, impaciência essa espicaçada para que tenhamos já aqui e agora e debaixo do nosso controlo a beleza que desejamos e que parece que Deus quer adiar.

Não é o caso de eu não querer ser católico romano porque não quero Roma. Depois de lá ter estado, todo eu quero Roma! Eu não sou católico romano porque, querendo Roma, sei que tendo-a sou tentado a não precisar muito mais do que ela - este é para mim e para muitos o princípio da idolatria. Não é o caso de a idolatria romana não me custar por achar que ela é feia; a idolatria romana custa-me porque a acho maravilhosa! Um bom protestante regressa de Roma convicto do seu protestantismo precisamente pelo facto de ter desejado lá ficar. Um protestante que vai a Roma e se sente indiferente ou chocado pela beleza ou riqueza da cidade, não é um grande protestante - é apenas um palerma que ainda centra o seu cristianismo nas suas supostas qualidades pessoais, alegadamente superiores às qualidades de Roma. Protestante que é protestante, vai a Roma, quer lá ficar, quase chora na Basílica de S. Pedro, mas é salvo miraculosamente de se romanizar porque é recordado de que a palavra é que é a pedra mais firme, não o Pedro da imaginação latina. Eu não sou católico romano porque reconheço que se me derem a escolher entre Moisés na montanha e o bezerro no ouro, optarei lamentavelmente pelo segundo. Eu não sou católico romano porque, sabendo que o ouro é maravilhoso, o fundamental é a palavra. E, com todo o respeito e admiração e fascínio pelo catolicismo, e com todo o respeito e admiração pelos meus companheiros católicos, faço questão de continuar a afirmar que a pedra sobre a qual a Igreja foi fundada não foi um apóstolo humano mas a palavra que ele declarou. Eu sou protestante porque apesar de ser completamente susceptível à beleza, creio que a verdade demasiadas vezes esbarra de frente com ela. Eu sou protestante porque mesmo que Roma me dê tanta beleza, eu guio-me mais pelo grão de verdade que frequentemente a deita por terra. Eu sou protestante porque aceito que volta e meia a coisa funciona mesmo em termos de dicotomia: beleza e verdade. Não é sempre, mas é o número de vezes suficiente para não confiar em manifestações demasiado exuberantes do que é belo. É preciso amar Roma ao mesmo tempo que se lê a Carta aos Romanos.

Não é possível ir a Roma no mesmo ano em que escrevi um livro sobre Lutero e não sentir algo especial ao estar onde ele esteve, nos degraus trazidos supostamente do palácio de Pilatos, lugar de grande peregrinação já há 500 anos. Para um protestante, a travessia por Roma é também a da imaginação acerca dos pensamentos dos reformadores. O que será que para eles era insuportável? Por outro lado, o que é que nos pode parecer insuportável hoje e seria pacífico para os reformadores?

Se não contava com que a Catedral de S. Pedro fosse tão imponente, por outro não contava com a maior simplicidade da Capela Sistina. Não lhe retira qualquer beleza, é certo. Impressionou-me o painel do julgamento final, até porque descobri no canto inferior direito a figura mafarrica que serve de ilustração a uma capa dos Mão Morta. Impressionante - não há mesmo nada de novo debaixo do céu. Já me tinha esquecido da campanha que vestiu uma parte das figuras desse painel, supostamente para restituir alguma decência a um espaço de culto. É curioso também que os seguranças passem a vida a gritar silêncio aos turistas, que inevitavelmente não sabem apreciar semelhante espaço sem usar a voz. Sentar-se nos poucos lugares é difícil mas eu e a Ana Rute conseguimos uns bons momentos de contemplação reclinada.

Numas das salas anteriores à Capela, há um corredor que é um luxo, dividido entre painéis de toda a Itália e cenas bíblicas e históricas no tecto. Uma delas era a de Teodorico, o invasor bárbaro que saqueou Roma, a ser depositado no Inferno. Não quero ser sinistro mas esta humildade antiga agrada-me. Hoje estamos tão encantados connosco próprios que duvidamos da existência do Inferno (e o Papa Franciso ilustra bem este solnadismo teológico). Antigamente não só não havia dúvidas acerca da existência do Inferno, como as pessoas eram sérias ao ponto de unirem crimes a castigo. Se Teodorico se portou mesmo mal, então vai mesmo para o Inferno - pinte-se a coisa com talento e certeza teológica! Nós agora somos tão cheios de nuances que um tipo pode ser uma vergonha a vida inteira que, ainda assim, se lhe arranja um lugarzinho no céu. Este internamente celestial compulsivo retira-nos também a hipótese de qualquer arte que valha a pena.

Deixo-vos com uma imagem da Basílica de S. João, a que era a principal antes da de S. Pedro. Roma é especialista a colocar estátuas no topo dos edifício (uma coisa quase inexistente em Lisboa), criando um efeito impressionante de silhuetas humanas nos píncaros cidade. É esta a beleza também babélica (e babélica porque deseja as pessoas nos topos dos edifícios) que melhor retenho da cidade eterna.


terça-feira, dezembro 27, 2016

Ouvir

Os cristãos são chamados a ter comportamentos tão exagerados como os de mares arranjarem bocas e os rios mãos. Ser cristão é ser chamado a mais do que constatar - é ser chamado a celebrar. E celebrar não é uma coisa assim tão natural.

O sermão de Domingo passado, chamado "Líquidos a fazer coisas sólidas", pode ser ouvido aqui.

segunda-feira, dezembro 26, 2016

Silêncio sofrido

Em primeiro lugar, quero dizer-vos onde arranjei o livro "Silêncio" de Shusaku Endo. Foi no bazar da Igreja da Lapa, num sábado chuvoso de Dezembro com solarengas oportunidades de compra. Com dez euros apenas trouxe-o, mais três CDs (Madonna, Casa da Cidade e o último da Cristina Branco) e dois DVDs (Ensaio Sobre A Cegueira e Gangues De Nova Iorque). Quem diria que uma venda numa igreja protestante seria tão ecuménica em termos de bens de consumo?

Em segundo lugar, quero dizer-vos que "Silêncio" vai rebentar por conta do filme que está a estrear do Scorsese. Já folheei a reedição nas livrarias e, tendo em conta que o realizador foi ter com o Papa, tudo ao qual chamamos "actualidade religiosa" se dedicará a falar sobre a película. Apesar de "Silêncio" ter sido publicado em 1966, 2017 vai ser o seu grande ano.

Vamos ao livro propriamente dito. O melhor de "Silêncio" é a história. O relato é suficientemente emocionante para se aguentar por si. E aproveito esta afirmação para fazer um lamento: a coisa chata na maioria dos livros de agora é que eles deixaram de acreditar em histórias para suportá-las apenas na medida em que elas servem para acreditar que não há nenhuma história verdadeira a acontecer no mundo. Trocando isto por miúdos, diria que passámos a ser teleocépticos (descrentes de um sentido da existência), conformados com pseudonarrativas (apenas toleramos uma história que se submeta a valores supostamente mais altos que ela). É por isso que o cristianismo continuará a ser tão ameaçador quanto atraente - o cristianismo vê o Universo como uma grande história e isso hoje em dia é proibido pelo cinismo reinante. No caso de "Silêncio", o livro é aprovado na medida em que alegadamente critica a passividade divina diante do sofrimento humano. Mas o melhor de "Silêncio" não é o seu apuro teológico (nesse sentido, o livro é medíocre). O melhor de "Silêncio" é o seu apuro técnico, de saber colocar acção escrita de uma maneira irrepreensível.

A editora de "Silêncio" (que não me recordo agora qual é) coloca um slogan desastroso na contra-capa, dizendo que o livro é alguma coisa como "uma história contra o fanatismo". As pessoas que tiveram esta ideia devem perceber tanto de religião como eu percebo de bailado russo. Se o melhor de "Silêncio" for acerca do fanatismo, então é um livro falhado. E porquê?

Olhemos para a trama. Sebastião Rodrigues é um padre jesuíta português que segue clandestinamente para o Japão após a notícia das perseguições contra os cristãos se terem intensificado ao ponto de Ferreira, um clérigo que havia sido seu professor, ter apostatado. O que lhe vai acontecer fica para o leitor descobrir, mas posso adiantar que a história atravessa uma crise de fé no horizonte, tendo em destaque - voilá! - a questão de Deus se demonstrar silencioso perante o sofrimento dos que nele crêem. Mais ainda: a determinada altura Rodrigues pensa: "e, se por hipótese, Deus não existisse mesmo? Hipótese aterradora! Se Deus não existisse, como tudo se tornaria ridículo." E o ridículo aplicar-se-ia, é bom entender, ao martírio terrível dos cristãos japoneses que davam a vida pela sua fé. Segundo as agendas literárias, este é o grande assunto que torna "Silêncio" tão relevante: o sofrimento invalidar o sentido para a fé. É um erro.

"Silêncio" de Shusaku Endo não faz tremer a fé cristã à custa do silêncio de Deus porque o livro que melhor faz tremer a fé cristã à custa do silêncio de Deus é a própria Bíblia. É por isso que se torna irritante ler "Silêncio" sob o pretexto de abalar os fundamentos cristãos. Oh, santa ignorância. O livro que questiona os fundamentos cristãos é o livro que serve de próprio fundamento ao cristianismo, minha gente! E é pelo facto de ser a própria Bíblia que questiona o silêncio de Deus que não é nenhum outro livro escrito dois mil anos depois que vai fazer tremer a fé dos cristãos. Se alguém perder a fé por ler "Silêncio", é apenas sinal de que nunca a teve.

No Livro de Job, do Velho Testamento, Deus dá-nos um "Silêncio" muito mais potente quando decide aceitar uma aposta do Diabo, jogada nos termos do Diabo, para provar ao Diabo que a fidelidade humana se avalia onde? Precisamente no silêncio de Deus. E depois, já no Novo Testamento, essa história é re-editada em novos níveis de potência quando Jesus, ele mesmo o novo Job, sofre amargamente diante de um Deus a quem chama Pai, que tem o poder para parar aquela tragédia toda e que, no entanto, se remete ao silêncio para que seja feita, precisamente!, a vontade dele e não daquele que a sofre. Shusaku Endo sabe disto muito bem, até porque repetidamente cita a paixão de Jesus e até mesmo Job. Os leitores de Endo é que parecem ser lentos de memória.

O triunfo de Endo, como já disse, é mais técnico que teológico. O facto de o padre Sebastião Rodrigues ouvir tudo, dos zumbidos das moscas aos relinchos de cavalos à distância, quando de Deus ouve zero, é um dispositivo urdido com competência narrativa. O facto de o padre começar por de tudo fugir para, no fim, estar entregue a um castigo parado, é outro dos dispositivos urdidos com competência narrativa. O facto de o Japão ser descrito como um pântano espiritual que apodrece tudo à volta, até o próprio cristianismo, causando que o final seja uma triste japanização do herói (sorry for the spoiler), é mais um dos dispositivos urdidos com competência narrativa. Correndo o risco de estragar tudo o que disse até agora, o melhor que levo de "Silêncio" é ele fazer-me lembrar o ritmo do "First Blood" do Stallone e do "Apocalypto" do Mel Gibson. É uma leitura que nos agarra pelos colarinhos, sim senhor.

Para terminar, gostaria de incentivar todos a crescermos um bocadinho. Eu não gosto de sofrer e ninguém gosta de sofrer. Mas o Século XX ocidental não se descristianizou porque, subitamente!, descobriu que sofrer era contraditório com acreditar num Deus amoroso. Caramba, isto é mesmo sinal que temos os antigos como burros. Tim Keller ajuda-nos neste ponto, no seu último livro "Making Sense Of God", escrevendo: "apenas as sociedades seculares vêem o sofrimento como acidental ou sem sentido, apenas como uma interrupção ou destruição daquilo para o qual estamos a viver. (...) As sociedades ocidentais são talvez as piores sociedades na história a preparar as pessoas para o sofrimento e para a morte."

O nosso problema actual com o sofrimento não vem do facto de nós hoje sermos complexos onde os antigos eram simples. Antes pelo contrário. O nosso problema actual com o sofrimento vem do facto de nós termos esta vida como única - se alguma coisa a ameaça, está tudo consequentemente estragado. Mas para todas as outras culturas que não têm esta vida como única, o sofrimento pode ser uma oportunidade e até um aperfeiçoamento, uma vez que ele não destrói toda a vida que há para viver. Na prática, quem simplificou tudo demais talvez sejamos nós quando concebemos que apenas esta vida serve de lógica para toda a existência. O livro "Silêncio" pode ter muito impacto para uma cultura mono-existencial como a nossa. Para os antigos como Job, não é nada de novo.



sábado, dezembro 24, 2016

O chocolatinho no calendário do Advento hoje

É a segunda sessão das palestras do Pr. Tiago Nunes Oliveira na Igreja da Lapa sobre a humanidade de Cristo.

A Família Cavaco deseja-vos um Natal extravagantemente obcecado por Jesus Cristo!


sexta-feira, dezembro 23, 2016

Chocolatinho do Advento

Hoje é a primeira palestra que o Pastor Tiago Nunes Oliveira deu a semana passada na Igreja da Lapa.

quarta-feira, dezembro 21, 2016

O Alemão tá a bater forte!













Hoje o chocolatinho do calendário do advento

É o sermão que o Pr. Tiago Nunes Oliveira pregou no Domingo passado. Para breve vem a série de conferências que ele deu na semana passada.

terça-feira, dezembro 20, 2016

Outro chocolatinho no calendário

Esta conversa com o Adolfo Mesquita Nunes e o João Galamba no Fim-de-Semana Cheio na Lapa foi muito divertida. A imagem começa aos 28'30''. Insistam.

segunda-feira, dezembro 19, 2016

Nesta semana especial

Como aqueles calendários do Advento em que há chocolatinho para cada dia, nesta semana que antecede o Natal a Igreja da Lapa vai dando os registos de algumas das suas aventuras mais recentes. Neste caso, fica a conversa acerca da defesa da vida que juntou o João Miguel Tavares, o Henrique Raposo, o Pedro Gil e o Paulo Pedro Luvumba no Fim-de-Semana Cheio de Outubro passado.

quarta-feira, dezembro 14, 2016

Ouvir

A paciência faz parte do processo de celebrar a vinda de Jesus e de esperar pelo seu regresso.

O sermão de Domingo passado, pregado pelo Mark Bustrum, pode ser ouvido aqui.

segunda-feira, dezembro 12, 2016

O livro está a sair das prateleiras, meu povo!






quarta-feira, dezembro 07, 2016

Lutero a malhar forte e feio - comprem o livro, minha gente!









terça-feira, dezembro 06, 2016

Ouvir

O arrependimento é Jesus a ser o amor com que queremos amar e não conseguimos.

O sermão de Domingo passado, chamado “Pedras em trabalho de parto”, pode ser ouvido aqui.

sexta-feira, dezembro 02, 2016

Agora só dá Lutero - ou compram o livro ou endoidecem (vão à Wook e têm uma promoção onde recebem o "Ter Fé Na Cidade" como oferta)