O Abc de 2017 (!) da Voz do Deserto
Uma coisa que Deus me ensinou em 2018: preciso de mais tempo para fazer seja o que for. Logo, e apesar de esta lista já estar feita há um ano, só agora chega aqui. Até que ponto é que temos aqui um conceito interessante - esperar um ano até que algumas coisas que pensamos que devem ser ditas sejam ditas mesmo?
A - Ana Rute
O meu amor pela minha mulher continua a crescer. Chegámos aos quarenta anos.
B - Brasil
Neste ano ganhei uma espécie de dupla cidadania emocional. Já não consigo viver sem o Brasil.
C - Casa
Nunca tive tantas casas como em 2017. Foram muitas as pessoas que me receberam como família. Os Ferreiras em S. José dos Campos, os Reggianis em São Paulo, os Guedelhas em Fortaleza, os Krokers em Curitiba, os Catarinos em Londres, os Bustrums em Kelso, os Barfields em Federal Way, os Duartes no Silveiro, e tantos outros. O mundo é a minha casa graças a esta gente.
D - Discos
- "A Deeper Understanding" de The War On Drugs
- "Damn" de Kendrick Lamar
- "A Crow Looked at Me" de Mount Eerie
- "Common as Light and Love Are Red Valleys of Blood" de Sun Kil Moon
- "Big Bad Luv" de John Moreland
- "Goths" de Mountain Goats
- "The Visitor" de Neil Young
- "Troublemaker" dos Rancid
- "Worthy" de Beautiful Eulogy
- Homónimo de Luís Severo
- "Viva Fúria" de Manuel Fúria e os Náufragos
E - Examen
No geral, reajo contra a onda de um cristão evangélico fazer buffet de práticas religiosas que são estranhas à sua tradição. Estou a ler um livro escrito por um evangélico e ele recomenda esse tipo de self-service de tradições romanas e ortodoxas orientais e é insuportável. Uma tradição faz parte de um corpo mais abrangente, não se arranca assim sem mais nem menos para colorir aburguesadamente a vida devocional de um cristão evangélico do Século XXI. Tendo dito isto, devo ainda assim reconhecer a vantagem de conhecermos estas tradições e aprendermos, na medida do possível, com elas. O exercício do Examen, de Inácio de Loyola tornou-se útil para mim e para a Ana Rute, depois de termos sabido mais sobre ele a partir do livro "You Are What You Love" do James K. A. Smith, que estudámos no tempo de aconselhamento familiar da igreja.
F - Filhos
Há tanta coisa que gostaria de tomar nota acerca dos meus filhos e que não consigo. Por exemplo, no ano passado (2016) tive um texto no meu coração acerca da magia que era ouvir o Caleb ler as primeiras frases - magia pura (não o consegui escrever - estou cheio de textos no meu coração que não consigo escrever). Apreciei isso no quarto filho como não consegui apreciar nos outros três. Como os judeus sabiam das Escrituras, aprender a ler é a verdadeira maturidade. Os meus filhos são uma enorme alegria para mim.
G - Grandeza
Há uma grandeza nas pessoas que nos amam e nos acompanham que é uma verdadeira manifestação de que Cristo está connosco. Provavelmente em nenhum outro ano senti tanto o cuidados dos outros como em 2017. Da minha mulher, dos meus filhos, dos meus amigos, da minha Igreja, dos pastores que a servem comigo.
H - Hip-hop xunga
Em 2017 descobri que o que a miudagem quer é hip-hop xunga. E a coisa revolucionária é que o hip-hop xunga se tornou a verdadeira música independente, ao mesmo tempo que se tornou a música mais popular. Ou seja, as velhas categorias foram dissolvidas: longe vão os tempos em que um músico dependia de algum tipo de reconhecimento por outras pessoas na chamada indústria musical para, a partir daí, tentar conquistar os ouvintes. O hip-hop xunga não precisa de qualquer legitimidade se não a da sua popularidade directa junto dos miúdos. Faz-se uma canção, uploada-se para o YouTube, manda-se as editoras, as rádios e a crítica para o raio que as parta, e siga. Como era de esperar, as editoras, as rádios e a crítica ainda tentam fazer parar o tempo, numa mistura de sindicalismo retrógrado que em Portugal confirma que somos um povo virado para o passado. O hip-hop xunga que anda aí a rebentar não é especialmente cativante a nível estético. Mas que traz uma espécie de revolução, traz.
I - Igreja
Amo a Igreja universal e amo a minha Igreja local. Foi um ano exigente, com as palavras mais severas que disse em dez anos de ministério pastoral. Mas foi também o ano mais produtivo. Ainda agora, há poucos dias no recital de Natal, e diante do serviço excelente de tantos, eu perguntava-me: "que igreja é esta?" E Deus respondia-me em silêncio: "é a de Jesus Cristo, Tiago, não a tua".
J - Jesus
Acho que fiquei demasiado melodramático em 2017. Por isso, sejam pacientes. O que tenho a dizer sobre Jesus é que, num momento especialmente difícil para mim, a minha oração foi para que sentisse a presença de Jesus comigo - sentir mesmo que naquele lugar e naquela hora Jesus estava ao meu lado. O que posso dizer é que tudo aquilo que no momento me fazia sentir mal continuou a fazer-me sentir mal - Deus não me respondeu à oração acabando com o meu sofrimento. Mas de um modo que nunca tinha sentido antes, senti-me a sofrer acompanhado por Jesus. Eu continuei mesmo à rasca mas Jesus estava comigo. Isso fez-me amá-lo mais. Hoje quando penso em Jesus lembro-me daquela hora e o sofrimento dela torna-se uma consolação.
K - Krokers
A mesa da família Kroker, a mesa da família Kroker. Um desejo cumprido e um desejo por cumprir. Estive lá mas a minha presença não significou que estivesse lá grande coisa - ficar doente numa casa que desejámos visitar é uma prova. Sou muito agradecido pela família Kroker, que também é a minha. Por outro lado, o Frederico e a Ana, amigos no Porto, chegaram-se à frente para que pudesse vir directo e mais cedo para Portugal - obrigado a vocês, queridos amigos!
L - Livros
Editados este ano:
- "The Benedict Option" de Rod Dreher
- "Ajudar a Cair" de Djaimilia Pereira de Almeida
- "Hoje Estarás Comigo no Paraíso" de Bruno Vieira Amaral
M - Mãos
Em 2017 foram-me dadas mãos de amigos que me ajudam no meu trabalho. Foram muitas mãos mesmo. Do presbitério e diaconia da Igreja da Lapa (Ricardo Oliveira, Filipe Sousa, Mark Bustrum, Sérgio e Fernanda Silva, Tiago e Eunice Ferreira, Manuel e Mariana Ferreira); do Pedro Martins e da Letras D'Ouro; de todo o pessoal da Vida Nova, minha editora literária no Brasil (Sérgio Moura, Celso Mastromouro, Jonathan Silveira, entre outros); do Seminário Martin Bucer (Tiago Santos); do Pedro Valente, meu agente musical; do Rui Portulez e do Francisco Vasconcelos da Valentim de Carvalho; e do Francisco José Viegas e da Quetzal.
N - Nuno e Sara
Minha irmã Sara e meu cunhado Nuno: não cheguei a arranjar palavras para vos agradecer o tempo na República Checa. Continuo a não ser capaz de o fazer decentemente. Tendo em conta a dimensão da gratidão, provavelmente só nos novos céus e na nova terra terei o vocabulário eficaz.
O - Oceano
Fui ao oceano 107 vezes durante 2017. Dá uma média de um mergulho por cada 3,4 dias. Desde que ganhei este hábito, nunca fui tão pouco. Para isto contribuiu uma gripe do final do ano passado que me fez tossir durante mais de dois meses, o dengue que trouxe do Brasil, mais viagens do que o costume que me tiraram do mar português, entre outros aspectos. Para compensar, vi pela primeira vez o Oceano Pacífico - quando cheguei a casa da Vivian e do Jeff em Federal Way, perto de Seattle. É uma verdadeira beleza.
P - Punk Rock
Foi um ano de punk rock, com dois discos editados ("Arame Farpado no Paraíso" e "O Velho Arsenal dos Lacraus"). Sou grato ao Marcelo Costa, Bruno Capelas e ao site Scream & Yell pela parceria que tornou o segundo disco praticamente só ouvido por brasileiros. Como nos últimos anos parece ter-se tornado a regra, os meus discos regressam ao subterrâneo que lhes é natural. São pouco ouvidos e isso começa a tornar-se mais pacífico para mim (caramba, fiz quarenta anos e tenho de crescer). Deus tem-me retirado algum ressentimento e começa a pacificar-me com a ideia de fazer música para poucos. Sinto-me inspirado pelo Mark Kozelek que dropa discos ininterruptamente, focado sobretudo nas palavras. Acho que quero ser uma espécie de Mark Kozelek à portuguesa. Por outro lado, e graças à amizade do Jacinto Lucas Pires, foi-me dada a graça de ver um disco ressuscitado para um concerto humilde que pede por mais ressurreição futura (o "Bairro Janeiro"). Já agora, aproveito para dizer que ando noutras gravações que me parecem ser o que de melhor gravei nos últimos anos (como é que uma pessoa pode dizer isso acerca do que ela própria faz? - não sei, mas estou a ser sincero). Para concluir este ponto, posso dizer-vos que ando num plano de produção de discos de outras pessoas que vos vai dar coisas fantásticas (como o próximo do Lipe). Ah, e finalmente: vou ter um programa de rádio durante três meses na Antena 3 que começa já no próximo dia 7 de Janeiro.
Q - Queluz
Não é sobre Queluz mas sobre as minhas amigas do Liceu de Queluz. A Filipa, a Patrícia, a Marta e a Rita. A Marta e a Rita já não encontro há uns anos valentes. Mas este ano, por conta de todos termos chegado aos 40, pensei nestas amigas com saudade. A Filipa e a Patrícia são hoje amigas da Ana Rute, que é a maneira mais eficaz de serem minhas amigas. Quando as conheci, há mais de vinte anos, elas deram a volta à minha cabeça. Tinham estilo, graça, beleza e cultura de um modo que me fazia sentir deslumbrado e burro ao pé delas. E elas sempre me deram uma bola fantástica. Sou um fraco amigo destas minhas amigas, bem sei. Mas lembro-me delas e continuo a tê-las no meu coração.
R - Reforma Protestante
Foram 500 anos e os evangélicos mobilizaram-se. Sejamos sinceros: geralmente gostamos de nos lamentar mas o empenho da comunidade evangélica nesta celebração foi fantástico, indo do nível maior e institucional ao local. O Congresso em Lisboa no início de Novembro passado, por exemplo, foi impressionante.
S - Séries
Pela primeira vez, penso em filmes do ano e só me ocorrem séries. Essencialmente, o meu coração e o da Rute é do The Crown e dos The Americans, mas só foi realmente partido pelo Breaking Bad.
T - Tiago Branco
Amigo, we come such a long way e depois destes anos vales-me como poucos.
U - Ungidos
Usei o U porque o P já foi usado e queria falar de pastores (e ungido é uma espécie de categoria de "super-guerreiro" para pastor"). Sou um pastor e tenho sido muito abençoado pela vida de outros pastores. Obrigado, cunhado do Mississipi! Obrigado, Lopes da Graça! Obrigado, Bueche Lopes! Obrigado, Mário Rui (por investires em tantos e em mim em particular!)! Obrigado, Ornellas! Obrigado, Figueiredo! Obrigado, João Martins! Obrigado, Luís de Matos! Obrigado, Chaveiro e Luvumba! Obrigado a todos no grupo do City To City reunido na Aliança Evangélica! Obrigado, Walter Wood! Obrigado, Martin de Jong! Obrigado, Felipe de Assis! Obrigado, Wilson! Obrigado, Gilson de S. José dos Campos! São muitos e não consigo agradecer a todos.
V - Viagens
Para quem não tem grande coragem para viajar, foram muitas viagens. Num espaço de um ano (e contando ainda com as do fim de 2016) foi: Nova Iorque, Roma, Nova Iorque outra vez, Brasil (S. José, S. Paulo, Fortaleza, Belo Horizonte, Curitiba), Londres, Praga (incluindo as cidades alemãs de Dresden e Wittenberg!), Swanwick (perto de Birmingham) e Seattle (Federal Way). Vinte e seis voos.
W - William Truax
É especial quando amigos de ecrã passam a ser amigos de abraço.
X - Xutos
Não quero exagerar em leituras simbólicas (e para mim é fácil), mas a morte do Zé Pedro apenas confirma uma coisa que é facto, por difícil que seja admitir. Em Portugal está morto. Nunca esteve muito vivo mas é pena vê-lo enterrado tão fundo.
Y - Yago Martins e Lisa
Yago e Isa: vocês não imaginam o alcance da vossa influência. A Igreja da Lapa e a Família Cavaco são mais abençoadas graças a vocês.
Z - Z-Boys
Os meus rapazes acompanham-me em skatadas. Para já, o Joaquim já consegue equilibrar-se bem em cima do skate. O Caleb ainda prefere a segurança da trotinete. O que interessa é que ainda há uns dias fomos de nossa casa (Oeiras, quase Carcavelos) a Paço de Arcos, sempre a surfar e a remar no asfalto como verdadeiros Z-boys.
Uma coisa que Deus me ensinou em 2018: preciso de mais tempo para fazer seja o que for. Logo, e apesar de esta lista já estar feita há um ano, só agora chega aqui. Até que ponto é que temos aqui um conceito interessante - esperar um ano até que algumas coisas que pensamos que devem ser ditas sejam ditas mesmo?
A - Ana Rute
O meu amor pela minha mulher continua a crescer. Chegámos aos quarenta anos.
B - Brasil
Neste ano ganhei uma espécie de dupla cidadania emocional. Já não consigo viver sem o Brasil.
C - Casa
Nunca tive tantas casas como em 2017. Foram muitas as pessoas que me receberam como família. Os Ferreiras em S. José dos Campos, os Reggianis em São Paulo, os Guedelhas em Fortaleza, os Krokers em Curitiba, os Catarinos em Londres, os Bustrums em Kelso, os Barfields em Federal Way, os Duartes no Silveiro, e tantos outros. O mundo é a minha casa graças a esta gente.
D - Discos
- "A Deeper Understanding" de The War On Drugs
- "Damn" de Kendrick Lamar
- "A Crow Looked at Me" de Mount Eerie
- "Common as Light and Love Are Red Valleys of Blood" de Sun Kil Moon
- "Big Bad Luv" de John Moreland
- "Goths" de Mountain Goats
- "The Visitor" de Neil Young
- "Troublemaker" dos Rancid
- "Worthy" de Beautiful Eulogy
- Homónimo de Luís Severo
- "Viva Fúria" de Manuel Fúria e os Náufragos
E - Examen
No geral, reajo contra a onda de um cristão evangélico fazer buffet de práticas religiosas que são estranhas à sua tradição. Estou a ler um livro escrito por um evangélico e ele recomenda esse tipo de self-service de tradições romanas e ortodoxas orientais e é insuportável. Uma tradição faz parte de um corpo mais abrangente, não se arranca assim sem mais nem menos para colorir aburguesadamente a vida devocional de um cristão evangélico do Século XXI. Tendo dito isto, devo ainda assim reconhecer a vantagem de conhecermos estas tradições e aprendermos, na medida do possível, com elas. O exercício do Examen, de Inácio de Loyola tornou-se útil para mim e para a Ana Rute, depois de termos sabido mais sobre ele a partir do livro "You Are What You Love" do James K. A. Smith, que estudámos no tempo de aconselhamento familiar da igreja.
F - Filhos
Há tanta coisa que gostaria de tomar nota acerca dos meus filhos e que não consigo. Por exemplo, no ano passado (2016) tive um texto no meu coração acerca da magia que era ouvir o Caleb ler as primeiras frases - magia pura (não o consegui escrever - estou cheio de textos no meu coração que não consigo escrever). Apreciei isso no quarto filho como não consegui apreciar nos outros três. Como os judeus sabiam das Escrituras, aprender a ler é a verdadeira maturidade. Os meus filhos são uma enorme alegria para mim.
G - Grandeza
Há uma grandeza nas pessoas que nos amam e nos acompanham que é uma verdadeira manifestação de que Cristo está connosco. Provavelmente em nenhum outro ano senti tanto o cuidados dos outros como em 2017. Da minha mulher, dos meus filhos, dos meus amigos, da minha Igreja, dos pastores que a servem comigo.
H - Hip-hop xunga
Em 2017 descobri que o que a miudagem quer é hip-hop xunga. E a coisa revolucionária é que o hip-hop xunga se tornou a verdadeira música independente, ao mesmo tempo que se tornou a música mais popular. Ou seja, as velhas categorias foram dissolvidas: longe vão os tempos em que um músico dependia de algum tipo de reconhecimento por outras pessoas na chamada indústria musical para, a partir daí, tentar conquistar os ouvintes. O hip-hop xunga não precisa de qualquer legitimidade se não a da sua popularidade directa junto dos miúdos. Faz-se uma canção, uploada-se para o YouTube, manda-se as editoras, as rádios e a crítica para o raio que as parta, e siga. Como era de esperar, as editoras, as rádios e a crítica ainda tentam fazer parar o tempo, numa mistura de sindicalismo retrógrado que em Portugal confirma que somos um povo virado para o passado. O hip-hop xunga que anda aí a rebentar não é especialmente cativante a nível estético. Mas que traz uma espécie de revolução, traz.
I - Igreja
Amo a Igreja universal e amo a minha Igreja local. Foi um ano exigente, com as palavras mais severas que disse em dez anos de ministério pastoral. Mas foi também o ano mais produtivo. Ainda agora, há poucos dias no recital de Natal, e diante do serviço excelente de tantos, eu perguntava-me: "que igreja é esta?" E Deus respondia-me em silêncio: "é a de Jesus Cristo, Tiago, não a tua".
J - Jesus
Acho que fiquei demasiado melodramático em 2017. Por isso, sejam pacientes. O que tenho a dizer sobre Jesus é que, num momento especialmente difícil para mim, a minha oração foi para que sentisse a presença de Jesus comigo - sentir mesmo que naquele lugar e naquela hora Jesus estava ao meu lado. O que posso dizer é que tudo aquilo que no momento me fazia sentir mal continuou a fazer-me sentir mal - Deus não me respondeu à oração acabando com o meu sofrimento. Mas de um modo que nunca tinha sentido antes, senti-me a sofrer acompanhado por Jesus. Eu continuei mesmo à rasca mas Jesus estava comigo. Isso fez-me amá-lo mais. Hoje quando penso em Jesus lembro-me daquela hora e o sofrimento dela torna-se uma consolação.
K - Krokers
A mesa da família Kroker, a mesa da família Kroker. Um desejo cumprido e um desejo por cumprir. Estive lá mas a minha presença não significou que estivesse lá grande coisa - ficar doente numa casa que desejámos visitar é uma prova. Sou muito agradecido pela família Kroker, que também é a minha. Por outro lado, o Frederico e a Ana, amigos no Porto, chegaram-se à frente para que pudesse vir directo e mais cedo para Portugal - obrigado a vocês, queridos amigos!
L - Livros
Editados este ano:
- "The Benedict Option" de Rod Dreher
- "Ajudar a Cair" de Djaimilia Pereira de Almeida
- "Hoje Estarás Comigo no Paraíso" de Bruno Vieira Amaral
M - Mãos
Em 2017 foram-me dadas mãos de amigos que me ajudam no meu trabalho. Foram muitas mãos mesmo. Do presbitério e diaconia da Igreja da Lapa (Ricardo Oliveira, Filipe Sousa, Mark Bustrum, Sérgio e Fernanda Silva, Tiago e Eunice Ferreira, Manuel e Mariana Ferreira); do Pedro Martins e da Letras D'Ouro; de todo o pessoal da Vida Nova, minha editora literária no Brasil (Sérgio Moura, Celso Mastromouro, Jonathan Silveira, entre outros); do Seminário Martin Bucer (Tiago Santos); do Pedro Valente, meu agente musical; do Rui Portulez e do Francisco Vasconcelos da Valentim de Carvalho; e do Francisco José Viegas e da Quetzal.
N - Nuno e Sara
Minha irmã Sara e meu cunhado Nuno: não cheguei a arranjar palavras para vos agradecer o tempo na República Checa. Continuo a não ser capaz de o fazer decentemente. Tendo em conta a dimensão da gratidão, provavelmente só nos novos céus e na nova terra terei o vocabulário eficaz.
O - Oceano
Fui ao oceano 107 vezes durante 2017. Dá uma média de um mergulho por cada 3,4 dias. Desde que ganhei este hábito, nunca fui tão pouco. Para isto contribuiu uma gripe do final do ano passado que me fez tossir durante mais de dois meses, o dengue que trouxe do Brasil, mais viagens do que o costume que me tiraram do mar português, entre outros aspectos. Para compensar, vi pela primeira vez o Oceano Pacífico - quando cheguei a casa da Vivian e do Jeff em Federal Way, perto de Seattle. É uma verdadeira beleza.
P - Punk Rock
Foi um ano de punk rock, com dois discos editados ("Arame Farpado no Paraíso" e "O Velho Arsenal dos Lacraus"). Sou grato ao Marcelo Costa, Bruno Capelas e ao site Scream & Yell pela parceria que tornou o segundo disco praticamente só ouvido por brasileiros. Como nos últimos anos parece ter-se tornado a regra, os meus discos regressam ao subterrâneo que lhes é natural. São pouco ouvidos e isso começa a tornar-se mais pacífico para mim (caramba, fiz quarenta anos e tenho de crescer). Deus tem-me retirado algum ressentimento e começa a pacificar-me com a ideia de fazer música para poucos. Sinto-me inspirado pelo Mark Kozelek que dropa discos ininterruptamente, focado sobretudo nas palavras. Acho que quero ser uma espécie de Mark Kozelek à portuguesa. Por outro lado, e graças à amizade do Jacinto Lucas Pires, foi-me dada a graça de ver um disco ressuscitado para um concerto humilde que pede por mais ressurreição futura (o "Bairro Janeiro"). Já agora, aproveito para dizer que ando noutras gravações que me parecem ser o que de melhor gravei nos últimos anos (como é que uma pessoa pode dizer isso acerca do que ela própria faz? - não sei, mas estou a ser sincero). Para concluir este ponto, posso dizer-vos que ando num plano de produção de discos de outras pessoas que vos vai dar coisas fantásticas (como o próximo do Lipe). Ah, e finalmente: vou ter um programa de rádio durante três meses na Antena 3 que começa já no próximo dia 7 de Janeiro.
Q - Queluz
Não é sobre Queluz mas sobre as minhas amigas do Liceu de Queluz. A Filipa, a Patrícia, a Marta e a Rita. A Marta e a Rita já não encontro há uns anos valentes. Mas este ano, por conta de todos termos chegado aos 40, pensei nestas amigas com saudade. A Filipa e a Patrícia são hoje amigas da Ana Rute, que é a maneira mais eficaz de serem minhas amigas. Quando as conheci, há mais de vinte anos, elas deram a volta à minha cabeça. Tinham estilo, graça, beleza e cultura de um modo que me fazia sentir deslumbrado e burro ao pé delas. E elas sempre me deram uma bola fantástica. Sou um fraco amigo destas minhas amigas, bem sei. Mas lembro-me delas e continuo a tê-las no meu coração.
R - Reforma Protestante
Foram 500 anos e os evangélicos mobilizaram-se. Sejamos sinceros: geralmente gostamos de nos lamentar mas o empenho da comunidade evangélica nesta celebração foi fantástico, indo do nível maior e institucional ao local. O Congresso em Lisboa no início de Novembro passado, por exemplo, foi impressionante.
S - Séries
Pela primeira vez, penso em filmes do ano e só me ocorrem séries. Essencialmente, o meu coração e o da Rute é do The Crown e dos The Americans, mas só foi realmente partido pelo Breaking Bad.
T - Tiago Branco
Amigo, we come such a long way e depois destes anos vales-me como poucos.
U - Ungidos
Usei o U porque o P já foi usado e queria falar de pastores (e ungido é uma espécie de categoria de "super-guerreiro" para pastor"). Sou um pastor e tenho sido muito abençoado pela vida de outros pastores. Obrigado, cunhado do Mississipi! Obrigado, Lopes da Graça! Obrigado, Bueche Lopes! Obrigado, Mário Rui (por investires em tantos e em mim em particular!)! Obrigado, Ornellas! Obrigado, Figueiredo! Obrigado, João Martins! Obrigado, Luís de Matos! Obrigado, Chaveiro e Luvumba! Obrigado a todos no grupo do City To City reunido na Aliança Evangélica! Obrigado, Walter Wood! Obrigado, Martin de Jong! Obrigado, Felipe de Assis! Obrigado, Wilson! Obrigado, Gilson de S. José dos Campos! São muitos e não consigo agradecer a todos.
V - Viagens
Para quem não tem grande coragem para viajar, foram muitas viagens. Num espaço de um ano (e contando ainda com as do fim de 2016) foi: Nova Iorque, Roma, Nova Iorque outra vez, Brasil (S. José, S. Paulo, Fortaleza, Belo Horizonte, Curitiba), Londres, Praga (incluindo as cidades alemãs de Dresden e Wittenberg!), Swanwick (perto de Birmingham) e Seattle (Federal Way). Vinte e seis voos.
W - William Truax
É especial quando amigos de ecrã passam a ser amigos de abraço.
X - Xutos
Não quero exagerar em leituras simbólicas (e para mim é fácil), mas a morte do Zé Pedro apenas confirma uma coisa que é facto, por difícil que seja admitir. Em Portugal está morto. Nunca esteve muito vivo mas é pena vê-lo enterrado tão fundo.
Y - Yago Martins e Lisa
Yago e Isa: vocês não imaginam o alcance da vossa influência. A Igreja da Lapa e a Família Cavaco são mais abençoadas graças a vocês.
Z - Z-Boys
Os meus rapazes acompanham-me em skatadas. Para já, o Joaquim já consegue equilibrar-se bem em cima do skate. O Caleb ainda prefere a segurança da trotinete. O que interessa é que ainda há uns dias fomos de nossa casa (Oeiras, quase Carcavelos) a Paço de Arcos, sempre a surfar e a remar no asfalto como verdadeiros Z-boys.