sexta-feira, janeiro 29, 2021

Cheguei hoje a uma certeza sobre tudo na minha vida

Se não puder ser mal entendido, não me interessa que gastem tempo comigo. Claro que esta conclusão está completamente dependente do facto de ser cristão. Posto isto, vou continuar a ouvir os blink 182.

quarta-feira, janeiro 27, 2021

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O sermão de Domingo passado, chamado "Ser Inclusivo Pede Coragem E Não Condescendência", pode ser ouvido aqui (e no Spotify).

terça-feira, janeiro 26, 2021

Manter os maus longe de nós é uma tragédia

quinta-feira, janeiro 21, 2021

Ricardo Araújo Pereira no "Odeio Artistas

Conheci o Ricardo Araújo Pereira por volta de 2003, creio. Houve um encontro no Teatro S. Luiz chamado “É a Cultura, Estúpido” e o pessoal dos blogues estava todo lá. Os blogues eram uma sensação meio subterrânea naquele tempo e, de cada vez que havia um pretexto para os bloggers se conhecerem, havia uma genuína excitação ainda que com a possibilidade de algum espírito de auto-congratulação à mistura. Lembro-me que nesse dia aproveitei para dizer ao Ricardo que o sketch “A Minha Vida Dava Um Filme Indiano”, que tinham feito no programa de TV “Perfeito Anormal”, era muito bom mesmo.

Em poucos anos o Ricardo e os Gato Fedorento crescerem para se tornarem as pessoas mais engraçadas de Portugal, com um impacto só comparável ao do Herman José décadas antes. Em particular o Ricardo, é provavelmente das pessoas mais merecidamente populares de Portugal. Eu, que “Odeio Artistas”, devo confessar que todos os excessos laudatórios me parecem justificados em relação ao Ricardo. Acho mesmo que ele é o maior artista português vivo, independentemente da piadinha fácil de ele ser muito alto (que não consegui evitar no podcast).

Na minha tese, o Ricardo Araújo Pereira é um artista inesperadamente protestante num país católico. A obsessão dele pela palavra explica que, da piada ao texto, tudo nele seja marcado por uma paixão pelos mundos mais inesperados que podem existir quando é o verbo que vai à frente. É verdade que a linguagem física dele é incrível mas diria que o triunfo maior é o do texto, colocado em jogo com uma exuberância muito rara por aqui.

Foi a primeira vez que me senti nervoso a gravar o podcast. Afinal, sendo muito fã e não tendo estado assim tantas vezes com o Ricardo, dei por mim a acusar pressão. Acho que se vai notar volta e meia que exagerei a tentar ser esperto e que não queria que a conversa acabasse, deslumbrado que estava. A grande razão para isso é que nos últimos anos os nossos miúdos descobriram o Gato Fedorento e, como eu, ficaram amarrados no Ricardo. Uma memória preciosa para mim é, quando estivemos nos Estados Unidos, assistirmos em família a alguns sketches no YouTube e chorarmos até às lágrimas. Esse choro era único porque se fazia de alegria e de tristeza por, estando longe de Portugal, nos desforrarmos lembrando que as palavras da nossa língua são o melhor país que alguma vez poderemos ter.

(Pode ser ouvido aqui no YouTube ou em qualquer outra plataforma digital.)

quarta-feira, janeiro 20, 2021

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O sermão de Domingo passado, chamado "Quando a ira dos outros manda em nós", pode ser ouvido aqui e no Spotify.

segunda-feira, janeiro 18, 2021

O futuro e a firmeza da fé

Aplacar o falso deus da irritação global

quinta-feira, janeiro 14, 2021

Compreender Cultos No Covid

É compreensível que para pouparmos palavras nos tenhamos habituado durante a pandemia a falar em celebrações religiosas/missas/serviços de culto online. O problema é que se abdicarmos de algum o rigor com os termos acabamos, bem intencionadamente, a tratar mal o assunto. Com tanta coisa a encerrar durante o último ano, a religião resistiu. A verdade é que os religiosos, fazendo por manter activo o seu credo durante esta crise, podem contribuir para confundi-lo com o que ele não é, se não se derem a algum trabalho de explicação. E não compreender a religião não faz bem nem a crentes nem a descrentes, seja em 2020, em 2021 ou noutro ano qualquer. Daí o esforço deste texto.

Vejamos rapidamente aquilo que os cristãos acreditam que está a acontecer quando se juntam na sua cerimónia religiosa (o termo “cerimónia religiosa” é vago e irritante mas serve agora para o efeito). E, para que fique claro o que os cristãos acreditam que acontece quando celebram juntos, convém fazer uma distinção importante entre duas tradições históricas da cristandade: Católicos e Protestantes (os Ortodoxos estão fundamentalmente de acordo com os Católicos nesta questão). Católicos juntos têm uma missa. Protestantes juntos têm um serviço de culto (termo genérico tendo em conta a grande diversidade dentro do movimento Protestante onde, por exemplo, a palavra “missa” poderia ser usada por Luteranos).

Quando Católicos têm uma missa, o que de mais importante acontece é a convicção de que quando a Eucaristia é celebrada (a hóstia comida e o vinho bebido), Jesus Cristo está lá mesmo, fisicamente, no pão e no vinho (é isso que a transubstanciação sustenta). Os Católicos acreditam que de cada vez que se reúnem existe um milagre—um milagre mesmo, o fisicamente inexplicável a acontecer.

Quando os Protestantes cultuam (e uso o termo “Protestantes” quando podia usar o termo “Evangélicos”), Jesus Cristo não está lá milagrosamente transubstanciado no pão e no vinho (neste sentido, as celebrações Protestantes não garantem qualquer milagre—o que torna ainda mais irónico que num contexto Católico as pessoas se ofendam com Igrejas Evangélicas que publicitam a possibilidade de milagres quando a missa Católica sempre dependeu da certeza de um estar garantido). Ainda nesta medida, na celebração religiosa dos Protestantes a presença de Cristo é sobretudo garantida pela pregação da Bíblia porque, como explica o início do Génesis, é a palavra que dá origem às pessoas e não o contrário (não é a Igreja que garante o Verbo, Jesus, mas é o Verbo que garante a Igreja). Isto também significa que, comparado com a missa Católica, o culto Protestante não afirma o mesmo tipo de presença física de Jesus; mais até: o culto Protestante, ao mesmo tempo que afirma que Cristo está na Igreja, celebra também a ausência dele (intensificando a espera por um tempo que será muito superior a este por finalmente Cristo estar física e plenamente connosco). O culto Protestante tem um twist dançante entre presença e ausência de Jesus que torna o Protestantismo mais sensível a vias negativas—mas essa é outra conversa.

O que interessa sublinhar nestas diferenças é o seu consenso: para que Católicos e Protestantes adorem, é preciso presença. Mesmo que debatam os tipos de presença que Cristo pode ter quando os crentes se juntam, Católicos e Protestantes concordam que celebrá-lo implica um carácter físico nos crentes. Porquê? Católicos e Protestantes, ao acreditarem que Cristo ressuscitou, colocam numa realidade física o fundamento da sua adoração, realidade física essa visível no facto de Cristo estar na Igreja e isso convocar a que o crente esteja nela também (também foi nestes assuntos que Jesus andou ao tratar das dúvidas de um Tomé que, não estando fisicamente onde deveria ter estado, andou mais tempo convicto de que Cristo não tinha ressuscitado). Adorar mesmo é estar em carne e osso.

Sem querer apimentar estas linhas, mas tendo em conta que falamos da importância dos nossos corpos, não resisto a uma comparação: um cristão pode tanto ter uma missa ou um serviço de culto em forma online como uma pessoa qualquer pode fazer amor online. Tentar pode, mas suspeito que não é a mesma coisa. É por isso que o Cristianismo é uma fé mais obcecada pelo corpo do que pelas ideias. Ideias podem ser partilhadas à distância mas a fé tem de ser partilhada ao vivo. Escrevo enquanto cristão mas sei que outras confissões religiosas não-cristãs, não tendo o mesmo credo que eu, dependem também de um carácter físico para que as suas celebrações possam ser realmente vividas enquanto tal. Os crentes, independentemente da sua confissão, não estão a ser caprichosos quando procuram que os serviços religiosos se concretizem mesmo: é a própria natureza da celebração que o exige. Nesta medida, é preciso dizer sem equívoco que não existem cultos online; quando muito existe uma transmissão deles via internet.

Numa época em que pareceu mais prudente à maioria prescindir de adorar colectivamente, facilitámos o uso das tais expressões como “missas/serviços de culto/celebrações religiosas online”. O meu propósito neste texto não é questionar a prudência da interrupção passada, mas o modo como o uso irreflectido desta expressão alimenta um conceito errado que, em último grau, impede que crentes e descrentes se compreendam melhor em nova crise de encerramentos ou distanciamentos sociais. Parece-me um erro chegarmos a um ponto em que se pensa que a religião pode ser garantida da mesma maneira que o teletrabalho. Afinal, quando sentimos o prejuízo de a nossa liberdade poder ser legitimamente condicionada, é difícil resistir à tentação de limitar a liberdade do meu vizinho religioso de acordo com critérios não-religiosos. Ou seja, num Portugal em que mais de 70% da população, com viço variável é certo, se diz cristã, o modo como muitos escolherão honrar essa convicção não prescindindo das suas celebrações religiosas pode irritar todos os outros. O problema de equivaler ir à missa/ao culto com ir a um concerto ou outro evento cultural é optar, mesmo que inconscientemente, por ser indiferente a algo tão qualitativamente distinto para uma parte considerável do país que somos. 

Honestamente, acho que é inútil tentar convencer uma pessoa sem religião acerca da pertinência de manter as celebrações dela num quadro pandémico destes. No geral, crentes e descrentes discordarão com ou sem pandemia (aliás, crentes já discordam entre si quanto a isto). Mas não é propriamente isso que agora se insinua nas discussões de muita gente. O que está em causa não é tanto concordar se a religião se deve manifestar socialmente quando as distâncias importam (em último grau, essa deve ser uma decisão das autoridades, que, por exemplo, quando foi tomada há perto de um ano, foi prontamente cumprida por todas as comunidades religiosas); o que está em causa é mais se quando me manifesto socialmente uso a religião para criar mais distâncias ainda. Isto vai de crentes para descrentes, e de descrentes para crentes.

Os crentes devem estar prontos para a possibilidade de fechar a porta dos seus lugares de culto, como já aconteceu. Os crentes não devem usar a sua religião para se inconciliarem com quem não crê. Se os crentes, no entanto, não devem querer impôr o seu direito de culto independentemente do que ele pode provocar nos seus e nos outros, o mesmo se aplica a descrentes. Para os últimos gostaria que pudessem ser sensíveis a esta distinção: não crer em religião alguma é uma coisa; outra é não querer compreender aquilo que é específico nela e que, por muito que a cultura ocupe um lugar importante para tantos de nós, não é igual. O que está em causa é, pelo menos, tentar compreender e não necessariamente concordar. Compreender é provavelmente o melhor que conseguimos quando concordar, com ou sem pandemia, já nos parece impossível. Se medirmos as liberdades uns dos outros sem qualquer desejo de querer compreendê-los podemos ter a certeza que a crise de Covid irá muito além de quando já todos estivermos imunes a ele.

terça-feira, janeiro 12, 2021

"Engolidos Pela Palavra" no Efeito Prisma

Livro novo!

 Tenho um livro novo chamado “Arame Farpado no Paraíso” que já pode ser comprado em pré-venda na Amazon brasileira. Não consigo fugir ao que é provavelmente um cliché para quem quer vender alguma coisa: este livro é especial para mim. É mesmo.

Para quem gasta tempo comigo há mais, poderá ter memória que depois de ter estado no Brasil em 2017 escrevi uns textos sobre o assunto que publiquei no meu blogue, a Voz do Deserto. De lá para cá esses textos desenvolveram-se para algo muito mais abrangente e, creio, mais profundo. O “Arame Farpado no Paraíso” levanta voo desses textos para me expor como em nenhum livro antes me expus. Também por isto, o subtítulo é “O Brasil visto de fora e um pastor visto de dentro”.

Sinto-me um pouco embaraçado: será que o mundo precisa de mais uma alminha que ao chegar aos 40 anos julga que por despejar-se em confissões chorosas vai iluminar os seus leitores com a centelha que supostamente encontrou para si? Pois. Duvido. Mas assumo que é deste princípio que parti para escrever e agora promover o livro: a surpresa que senti ao viver uma estação de trevas aumenta a minha vontade de ser testemunha.

“Arame Farpado no Paraíso” é um livro meio tragicómico. Por um lado, tenta fazer rir ao olhar para as coisas que nos são mais naturais e, por isso mesmo, tantas vezes ridículas sem que o concedamos. Por outro, tenta trazer o terror de volta para uma escrita dita mais religiosa, que perdeu capacidade persuasiva ao sugerir a ideia de que o crente vive melhor que o descrente (uma certa tese informal do livro é a oposta—a ideia de que cabe aos cristãos serem os profetas de uma escuridão que o mundo quer a todo o custo ilegalizar). É neste paradoxo que encontramos esperança: vivemos a morrer porque para ressuscitar Cristo precisou de atravessar o maior sofrimento de todos. Nada disto nega a alegria; só a intensifica.

Vou passar os próximos tempos a promover o “Arame Farpado no Paraíso”. Se Deus quiser, será uma oportunidade para ter boas conversas, entrevistas e outras iniciativas que, por força das circunstâncias actuais, serão sobretudo através da internet (se estão interessados em integrar o diálogo, estou disponível!). Vou regressar ao Brasil sem precisar de viajar. Não há por enquanto edição em Portugal, o que significa que para os que aqui estão a compra terá de ser em e-book. A publicação é da Mundo Cristão, casa que acolheu com muita generosidade e prontidão este livro. Para já, quer no Brasil quer em Portugal, podem adquiri-lo na pré-venda da Amazon brasileira. Vamos a isso!



segunda-feira, janeiro 11, 2021

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O sermão de ontem, chamado "Pior que o conflito é temê-lo", pode ser ouvido aqui (e no Spotify).

Why is sharing the gospel so hard in Europe today?

quinta-feira, janeiro 07, 2021

Novo episódio do "Odeio Artistas" com Manuel Fúria

 












Ui, eu e o Manel! Eu e o Manel é, como os miúdos dizem agora no dialecto, grande e velho bromance. O “Odeio Artistas” de hoje é especial porque é com ele e porque foi o primeiro a ser gravado. É mais caótico, como mais caótica pode ser uma conversa entre amigos a sério. Com o caos vem uma dose extra de divertimento, parece-me. Uma das coisas valiosas na minha amizade com o Manel é que ele é um amigo que está comigo num lugar que é difícil de ser partilhado: na descurtição. Desde 2007, quando nos conhecemos, que andamos juntos até quando as pessoas nos descurtem. Certamente já tiveram a sensação de terem amigos que, quando somos descurtidos, metem férias e nunca mais os vemos. A Bíblia chega ao ponto de sugerir algo parecido quando afirma que “em todo tempo ama o amigo, e na angústia se faz o irmão” (Provérbios 17:17). Creio que há proximidade entre sermos descurtidos e a angústia. Quando lá vamos parar e temos um amigo connosco, temos também um irmão. Isso é incrível. Manel always got my back! Vão ouvir a conversa do “Odeio Artistas” (em qualquer plataforma digital e aqui em baixo no YouTube).

segunda-feira, janeiro 04, 2021

Diz uau


Porque a palavra se fez pessoa mas não tomes a pessoa errada como a palavra.

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 O sermão de ontem, chamado "Sou Satisfeito Por Não Ser A Solução", pode ser ouvido aqui e no Spotify.

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 O sermão chamado "Quando Deus Diz "Faz" Maria "Faz" Diz" pode ser ouvido aqui ou no Spotify.