quinta-feira, janeiro 16, 2025

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O sermão de Domingo passado, chamado "Multiplicar e não manter", pode ser ouvido aqui (ou no Spotify).

terça-feira, janeiro 14, 2025

Eu quero ser parte de uma igreja no fim do mundo

quinta-feira, janeiro 09, 2025

O ABC de 2024

 A de Atenas


Fui com a Rute a Atenas e, como aqui escrevi, é uma cidade inesquecível e maravilhosa.


B de Balcãs


Sim, alguns dos estereótipos dos filmes do Emir Kusturica confirmam-se mas o melhor é o que, indo além dos estereótipos, nos fascina naquele povo temperamental e tocante.


C de comboio


Uma boa parte da pouca paz de espírito que tenho deve-se ao tempo que gasto dentro de comboios. Neles leio mais, observo mais, isolo-me menos. É justo mencionar ainda o eléctrico que, frequentado entre Santos e o alto da Rua de São Domingos, alegra sempre os meus dias.


D de discos que me acompanharam (editados em 2024)


“Bright future” da Adrianne Lenker

“The great american bar scene” do Zach Bryan

“Romance” dos Fontaines D.C.

“Here in the pitch” da Jessica Pratt

“Wild God” do Nick Cave & the Bad Seeds

“Wall of eyes” dos The Smile

“Disco tinto” do Éme


E de Espanha


A Andaluzia é linda e os espanhóis conquistam cada vez mais espaço no meu coração.


F de filmes (que marcaram o meu ano independentemente de quando foram feitos)


“Paths of Glory” do Stanley Kubrick

“Speak no evil” de Christian Tafdrup

“As bestas” de Rodrigo Sorogoyen

“First Reformed” do Paul Schrader

“Fé não fingida” de Welligton Filho

“Retratos Fantasmas” do Kleber Mendonça Filho

“Soft & quiet” de Beth de Araújo

“I walked with a zombie” do Jacques Tourneur

“Mads” de David Moreau

“What’s eating Gilbert Grape?” de Lasse Halstrom


G de graça


Acreditar na graça é a convicção que mais despesa faz na minha vida.


H de homens ao meu lado


Neste ano chegou ao fim o tempo em que o Pastor Mark Bustrum serviu ao meu lado na Igreja da Lapa (a sua família regressou aos Estados Unidos depois de mais de 15 anos de trabalho missionário em Portugal). Faz-me muita falta. Permanece o Filipe Sousa como meu companheiro de Presbitério. Juntam-se a nós como candidatos a futuros pastores o Newton Rodrigues e o João Silva, já destacados na abertura de uma nova comunidade em Algés. Contar com estes homens é uma alegria.


I de iconoclasta conservador


Sou um iconoclasta conservador e eventualmente um conservador iconoclasta. Esta mistura é algo disfuncional, o que não deixa de sublinhar alguma verdade profunda acerca de quem sou.


J de jantar de Natal


Acho uma pena o Observador não fazer um jantar de Natal para os seus colunistas. Gostava mesmo.


K de kapa


O kapa é uma letra com muito pouco uso para um português rezingão como eu.


L de livros (que marcaram o meu ano sem serem editados nele)


“Helter Skelter” do Vincent Bugliosi

“Simulacros e simulações” do Jean Baudrillard

“O retrato de Dorian Gray” do Oscar Wilde

“Desculpem tocar no assunto” do Rubem Braga

“A ética protestante e o espírito do capitalismo” do Max Weber

“Depois de Deus” do Peter Sloterdijk

“A Village Life” da Louise Gluck

“Reading Genesis” da Marilynne Robinson

“Contos” de Tchékhov

“A herança perdida” do James Wood


M de mar


Em 2024 contei 130 vezes que mergulhei no mar (menos 11 do que no ano passado). Dá uma média de uma ida ao oceano a cada 2,8 dias.


N de noivos


Acompanhar noivos na preparação para o casamento é muito bom. Este ano a Heloísa e o Raffael precisaram da ajuda da Igreja da Lapa para casarem em menos de três semanas, por conta das típicas complicações burocráticas que um casal estrangeiro enfrenta. A comunidade empenhou-se e fez acontecer, lembrando que uma história de amor pede mais do que um romance entre dois apaixonados—quanto mais o casamento precise do povo à volta dele, mais forte se torna para o futuro. Os divórcios também se explicam a partir da idealização do “amor e da cabana”.


O de “Os três não de Deus”


Escrevi um livro novo que será editado com este título. Ampliei um sermão que ganhou mais eco e que, de algum modo, resumiu alguns dos assuntos a que me tenho dedicado mais nos últimos anos. Assim muito rapidamente, propõe uma alternativa ao discurso de reencantamento do mundo que tem fascinado tantos cristãos ultimamente. Não, os cristãos não são chamados a vitórias culturais por conta de re-sobrenaturalizar o cosmos (apesar de eu não ser necessariamente contra quando isso acontece): os cristãos precisam, sim, de se satisfazerem na palavra, com todas as fomes provisórias que essa dieta ainda implica. Infelizmente, a edição será por enquanto exclusiva no Brasil.


P de política


Quem procurar um alfabeto diferente da política tem dificuldades em fazer-se entender. Essa é hoje uma das maiores tristezas, a da tentativa de monopólio que a ideologia tenta sobre as conversas do povo. A política é uma parte importante do que somos, claro. Mas a vida que há além dela é maior e mais promissora do que as divisões que ela tão eficazmente nos tem imposto.


Q de quarto de século


A FlorCaveira chega aos 25 anos. Apesar de ter começado em 1999, é só em 2025 que vamos celebrar-lhe condignamente esta data. Planeamos mais concertos, o primeiro festival no Brasil (em São Paulo, já a 7 e 8 de Março próximo), artistas da nova geração e os clássicos do costume. Juntem-se no próximo ano a esta(s) festa(s).


R de redes sociais


Mais um ano passa e em mais um ano lamento estar num tempo de omnipresença das redes sociais. Queria lá não estar mas ainda não me sinto forte a esse ponto. Por outro lado, seria injusto esquecer tantos encontros valiosos que nelas ganharam pretexto.


S de shows


Envaideço-me quando afirmo que ir a concertos hoje pouco me fascina. Creio que não ser atraído por espectáculos confirma o conservador iconoclasta ou o iconoclasta conservador que gosto de ser. Mas reconheço que três concertos este ano me marcaram: a Selma Uamusse no CCB, o Samuel Úria no São Luiz e o Nick Cave no Pavilhão Atlântico (este último ainda está muito comigo, já meses depois).


T de taxa de natalidade


2024 começou com uma história triste na Igreja da Lapa do bebé Josué que morreu no parto (escrevi sobre ela aqui). Interessa notar isso porque não vivemos no paraíso e até gerar vida pode significar gerar morte. Mas, graças a Deus, este ano foi cheio de crianças ao colo tornando o momento em que oramos por elas no serviço de culto algo  habitual. É fantástico quando uma Igreja nos dá o mundo ao contrário como solução para ele: num país em que as pessoas se multiplicam tão pouco por viverem com mentalidade de cativeiro, há espaços em que a fé se vê em bebés feitos.


U de Universidade


Este ano fui convidado pelo programa em Teoria da Literatura da Faculdade de Letras de Lisboa para uma conversa. Decidi-me pelo assunto de “Ensinar a Europa a pecar”. Gostei tanto que vou tentar tornar em livro a experiência.


V de vinte e dois anos de casamento


Num casamento, um ano não tem de ser igual ao outro. A Rute começou a acompanhar-me em mergulhos no mar além do Verão e tem vindo a ganhar o próprio ritmo dela. Curiosamente, passa mais tempo na água do que eu. Por esta não esperava. O melhor do casamento também é dar-nos muito além do que esperávamos. A pessoa com quem casei em 2002 já foi há muito ultrapassada por esta de 2024 (e espero que a Rute possa dizer o mesmo…).


W de WhatsApp 


Ano após ano e não me livro deste dilema que é andar no WhatsApp. Em 2024 a consoada da família alargada da parte da minha mãe, os Oliveiras, sobreviveu ao seu próprio canal de WhatsApp. Foi uma verdadeira façanha porque hoje sabemos que o maior inventor desta aplicação foi o Diabo. A família Oliveira tem vivido décadas de paz, harmonia e festas natalícias previsíveis e agradáveis. Até o Inferno criar o WhatsApp e todo o excesso comunicativo sugerir debates, teimas e até ressentimentos que se ocultavam em épocas pré-digitais. O milagre do Natal da família Oliveira foi ter sobrevivido ao seu canal de WhatsApp.


X de xarope


A bebida intelectual preferida dos portugueses é o xarope. Somos um povo a livrar-se constantemente das pequenas gripes contra as quais nos medicamos. O maior problema da cultura portuguesa é a ausência completa de uma doençazinha genuína de que possa padecer. Os pensadores portugueses nascem tragicamente curados.


Y de you do you


Haverá maldição pior do que essa?


Z de zaragata


Mais de metade da nossa vida na internet é seguir a zaragata que se segue. Somos a geração Z de zaragata. A pessoa que quiser escapar dela será acusada de não ser suficientemente pessoa. O estupendo acesso à informação não nos tornou mais informados mas mais estúpidos. Um dia libertar-me-ei da internet e das desnecessárias zaragatas que ela impõe sobre nós.

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O sermão de Domingo passado, chamado "Um ano de águia", pode ser ouvido aqui (ou no Spotify).

segunda-feira, janeiro 06, 2025

O desespero de ter de acreditar em mim mesmo

terça-feira, dezembro 24, 2024

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O sermão de Domingo passado, chamado "O futuro que vem do rosto de Deus", pode ser ouvido aqui (ou no Spotify).

Não há nada pior do que ser saudável

quarta-feira, dezembro 11, 2024

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O sermão de Domingo passado, chamado "Advento rima com arrependimento", pode ser ouvido aqui (ou no Spotify).

segunda-feira, dezembro 09, 2024

Converter pessoas à força

terça-feira, dezembro 03, 2024

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O sermão de Domingo passado, chamado "Gente perdoada vive de cabeça erguida", pode ser ouvido aqui (ou no Spotify).

segunda-feira, dezembro 02, 2024

Perdão em vez de vergonha

terça-feira, novembro 26, 2024

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O sermão de Domingo passado, chamado "A melhor ciência é a paciência", pode ser ouvido aqui (ou no Spotify).

segunda-feira, novembro 25, 2024

Mais presença de Deus da circunstância menos desejada

quarta-feira, novembro 20, 2024

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O sermão de Domingo passado, chamado "Carteira vazio com coração de rico", pode ser ouvido aqui (ou no Spotify).

terça-feira, novembro 19, 2024

Dar mais do que se pensou dar

quarta-feira, novembro 06, 2024

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O sermão de Domingo passado, chamado "Chorar na festa do mundo", pode ser ouvido aqui (ou no Spotify).

segunda-feira, novembro 04, 2024

Não te poupes de admitir o mau que és

terça-feira, outubro 29, 2024

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O sermão de Domingo passado, chamado "A burrice de ser invejoso", pode ser ouvido aqui (ou no Spotify).

Uma boca descuidada descapitaliza o sangue de Jesus

sexta-feira, outubro 18, 2024

És a coisa mais triste que existe

Conheci o Francisco Mendes Moreira em frente ao jardim do Palácio do Beau Séjour, na Estrada de Benfica, aí por volta de 2010. Foi amor à primeira vista: além da figurona que ele tem, falou-me dos discos que na altura andávamos a gravar na FlorCaveira e na hora prometi-lhe mais uns quantos. Na altura eu trabalhava na Igreja Baptista de São Domingos de Benfica e era, por isso, vizinho dele durante o expediente—ele trabalhava no Gabinete de Estudos Olisiponenses.

Eu ia ao encontro do Francisco com discos da nossa editora de Religião & Punk Rock e ele oferecia-me livros de poesia que tinha escrito, junto com pequenas pinturas que também fazia. Era difícil entender onde terminava o talento e interesse dele, tendo em conta que eu gostava de tudo o que me passava para as mãos. Os poemas eram encadernados com impecável espírito do it yourself e os quadros rapidamente ocuparam espaços da nossa casa.

Com o Francisco veio a Maria e vieram os meninos deles: em 2010 julgo que eram três mas depois ultrapassaram os nossos quatro. A minha amizade com o Francisco tornou-se a amizade dos Cavacos com os Moreiras. E a nossa casa naturalmente se tornou lugar dos poemas do Francisco, dos quadros do Francisco, do livro da Maria, e das carpintarias do Francisco (porque as manufacturas dele não paravam de se expandir). O nosso coração nunca mais se soltou dessa família linda e inacreditavelmente talentosa.

Quando o Francisco se dedicou a tempo inteiro à pintura, senti que eu tinha falhado. Explico: pensava em cravar-lhe uma capa para um disco há anos e nunca tinha chegado a fazê-lo. Agora que a obra dele era cada vez mais reconhecida, confesso que tive medo de passar pelo amigo impostor que se aproxima com pedidos apenas depois do reconhecimento público. Uma coisa podia redimir a minha falta de sentido de oportunidade: o próprio coração do Francisco.

Isto escrito assim parece quase um sermão, o que, juro, não é o meu objectivo. Mas a verdade é que quando admitimos o que desejamos junto de quem é generoso, ainda que nos timings típicos dos ardilosos, podemos obter a resposta própria de quem generoso é. Há uns meses pedi ao Francisco: “gravei um disco novo e sonho com ter a capa ilustrada por ti”. A resposta dele materializou-se na melhor capa que já tive.

Depois disso exagerei, claro. Cravei-o mais ainda: e se além da capa ele permitisse que o vídeo da primeira canção fosse ele no meio dos seus quadros? Sabia que ia ser o postal ilustrado mais bonito para a canção. Fui à casa da Família Moreira com o Joel Silva, a outra metade desta banda chamada A Cabeça de Diogo Alves, e o Newton Rodrigues, fotógrafo e diácono na Igreja da Lapa, captou a magia da oficina do Francisco. O resultado é o que vos mostro agora.

Depois de tantos anos a gravar discos, uns que parecem mais acessíveis do que outros, uns que parecem menos apressados do que outros, uns que parecem mais convencionais do que outros, faço por me render ao que se vai tornando evidente para mim: quero que as minhas palavras, quando usadas em música, sirvam para louvar o que amo. Também por causa disso, é um encontro precioso para mim que este disco novo, chamado “Ácido Prússico”, venha vestido assim pelo Francisco.


terça-feira, outubro 15, 2024

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O sermão de Domingo passado, chamado "Quem quer ser pobre?", pode ser ouvido aqui (ou no Spotify).

segunda-feira, outubro 14, 2024

É triste não precisar de Deus

terça-feira, outubro 08, 2024

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O sermão de Domingo passado, chamado "Saber calar", pode ser ouvido aqui (ou no Spotify).

segunda-feira, outubro 07, 2024

Ausência de acção divina

quarta-feira, outubro 02, 2024

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O modo como lidamos com o mal prova o bem do mundo novo

quinta-feira, setembro 26, 2024

Está na moda dizer mal dos evangélicos

quarta-feira, setembro 25, 2024

Queixo

 Uma das virtudes do The Bear é demonstrar o impacto que pode ter um homem de fraco queixo.

quinta-feira, setembro 19, 2024

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O sermão de Domingo passado, chamado "Desejar a Sofia", pode ser ouvido aqui (ou no Spotify).

terça-feira, setembro 17, 2024

Não te envergonhes de ser um mendigo

terça-feira, setembro 10, 2024

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O sermão de Domingo passado, chamado "Teste de personalidade", pode ser ouvido aqui (ou no Spotify).

segunda-feira, setembro 09, 2024

A tentação é o verdadeiro autoconhecimento

quarta-feira, setembro 04, 2024

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O sermão de Domingo passado, chamado "Saber falar", pode ser ouvido aqui (ou no Spotify).

segunda-feira, setembro 02, 2024

Língua de fogo ou fogo na língua?