quinta-feira, janeiro 31, 2008

Hoje a Revista Atlântico que chegou às bancas
Não traz o meu texto habitual "Do Púlpito". Tento defender, com todo o pathos que a Providência permite ao Toshiba, as razões pelas quais "I Am Legend" foi o filme do ano passado.
And it goes something like this:

"Valeria a pena teorizar sobre o fascínio colectivo com a destruição de Nova Iorque. (...) Quanto tempo seria possível mantermo-nos assistindo à cidade que não dorme ser devastada por tsunamis, fuzilada por alienígenas e implodida por revolucionários sem que umas quantas alminhas no planeta arranjassem disposição e modo de concretizar as visões no ecrã? Não é necessário palmilhar a 5ª Avenida para compreender a pulsão de converter o deslumbramento de um pescoço esticado contemplando um arranha-céus em pés que calcam ruínas".

A sociedade portuguesa
Precisa de conhecer mais histórias sobre namoradas evangélicas.

quarta-feira, janeiro 30, 2008

O lagarto decepado
Dando corpo escrito à ira divina, explica Isaías: "o Senhor corta de Israel a cabeça e a cauda (...). O ancião, o homem de respeito, é a cabeça; o profeta que ensina a mentira é a cauda".

terça-feira, janeiro 29, 2008

No leitor de MP3
- Black Dice, o último. Um disco que mete a dançar através do ruído. A minha rara convivência com a música instrumental é proporcional à grande admiração que lhe guardo. Faz sentido que o Timbaland ande a ouvir este disco e some pontos com a certeira receita do "melhor que uma batida suja é uma batida suja com voz".
- Black Mountain, o último. Quem disse que as meninas não podiam gostar de Led Zeppelin (recebi algumas queixas a este respeito)? Não só gostam como se juntam a banda musculadamente psicadélicas para lhes conferir o toque da suavidade doméstica.
Lourenço
Se não feliz, seguramente abençoado.

segunda-feira, janeiro 28, 2008

Experiência
"I really have no experience," he began.
"No one has any experience," said the other, "of the Battle of Armageddon."


"The Man Who Was Thursday", G.K. Chesterton.

sexta-feira, janeiro 25, 2008

Já que se fala em música
Nas bancas
Hoje o Ípsilon do Público escreve sobre os Pontos Negros. Como sabem os Pontos Negros são uma banda da FlorCaveira que tem adoçado muitas bocas da crítica da praça (podem imaginar a minha apreensão ao ver algo do meu quintal elogiado pelo Nuno Galopim). O que é paradigmático é que os miúdos sucedam por domesticar a minha herança, uma lição que o Senhor tem usado para me obliterar as vaidades.
De qualquer modo o Público refere também o concerto da semana passada onde assomo de "barba descuidada, fato caindo sobre o corpo magro e (...) uma gravata finíssima adornando o torso" ensaiando "ao teclado um gospel bem afinado". Parece-me bem, obrigado.
The Gyft
O Jorge Cruz, que há 10 anos tinha os Superego, das poucas bandas que se abastardava aos olhos do mundo por falar em português (remember the portuguese nineties?) e hoje canta na novela Fascínios da TVI de cada vez que o Pedro Granger aparece, criou o seu blogue. Onde escreve coisas como: "Há qualquer coisa de perturbadoramente pacífico no Rio Tejo de madrugada (que me aparece à esquerda pela janela). É como se fosse piada essa notícia de que há mais de um milhão de pessoas aqui à sua volta".

quinta-feira, janeiro 24, 2008

A fé na esfera pública
Praia de Carcavelos, 10 da manhã.
- Vejo que lê a Bíblia.
- Vê bem.

quarta-feira, janeiro 23, 2008

Gostar de homens XXIII

Harvey Keitel.

terça-feira, janeiro 22, 2008

Um sopro providencial
É intrigante a capacidade de alguns artistas gravarem discos a meias com as suas esposas. O caso provavelmente mais célebre destas intromissões matrimoniais em objectos estéticos é o de Tom Waits. Conta a lenda que Kathleen Brennan o terá salvado da ruína alcoólica e aberto-lhe as portas de uma nova rotina placidamente rural. Até que ponto ela participa na composição das suas músicas é desconhecido. O que sabemos é que o seu nome aparece creditado em mais de metade da obra Waitsiana pós-enlace.
Isto à boleia do disco que ando a ouvir, de Avey Tare e Kría Brekkan (parece Brennan, engraçado) o casal formado pelo Animal Collective e pela ex-Múm. Uma preciosidade, quiçá com efeitos retroactivos de reabilitação do valor do casamento nos dias maus que correm.

segunda-feira, janeiro 21, 2008

Um estimado leitor
Pergunta-me: "acha mesmo desejável que Huckabee venha a ser o próximo presidente ianque ou tratou-se apenas de panque-roque?"
Ao contrário da maior parte da blogosfera que consulto, não tenho um candidato. Onde arranjaria a sabedoria, o tempo e a responsabilidade para alcançar semelhante convicção? Restam-me simpatias, impressões e deslumbramentos momentâneos (a democracia não é perfeita e a urna é um altar onde o Corpo de Cristo pode ganhar ranço).
Quanto a Huckabee, um gajo que me parece porreiríssimo a mim que estou do outro lado do mar, vale a pena salientar que:
- não é consensual à direita religiosa (condescendi no uso do termo, ok)
- ser pregador baptista e afirmar que colocaria os Rolling Stones a tocar na sua tomada de posse e ter o Chuck Norris como seu aglutinador popular podem ser reveladores de algo mais que humor pós-moderno (e o que é o voto em alguém senão um fantástico benefício da dúvida, pelo menos para aqueles que como eu permanecem longe de qualquer partido?)
- afirmar que Deus não pode oferecer-nos certezas individuais não é menos opressor que o seu oposto (no que diz respeito a ter garantido que a sua inesperada vitória havia sido oferta do Céu).
Ter Keith Richards e Billy Graham consagrando o novo Presidente da República é, no fim de contas, a minha maior ambição para estas eleições americanas.

sexta-feira, janeiro 18, 2008

Uma oportunidade
Deixem-me armar em Bibliotecário de Babel e defender a importância da Fnac no Jumbo da Amadora. Há Scrutons nas prateleiras de Filosofia, há mais Animal Collectives na música alternativa que no Colombo e Chiado, e até os CD-Rs são baratos. Briosamente juntar Fnac e Amadora na mesma frase sem qualquer ironia - uma bênção.

quinta-feira, janeiro 17, 2008

Comprem a Time Out que saiu ontem
Onde na página 35 escrevo sobre "O Ente Querido" de Evelyn Waugh, uma história em que "um inglês cínico com jeito para escrever (na Europa o cinismo acompanha a literacia) simpatiza com uma ingénua americana maquilhadora de cadáveres (na América a inocência acompanha a morbidez). Acresce que o inglês é preguiçoso (nada de novo, portanto) e a americana sensível (nada de novo, again)."
Curiosamente na página 58 o cartaz, referindo o concerto de hoje à noite, diz que faço "pop de baixa fidelidade, exultante e temente a Deus". É conferir logo.

quarta-feira, janeiro 16, 2008

Amanhã
No Music Box do Cais do Sodré faço a primeira parte dos Pontos Negros. Apareçam porque mediante seis euros de entrada têm direito ao meu novo disco.

terça-feira, janeiro 15, 2008

Hoje às 18.30h
Vou estar no Centro de Reflexão Cristã, no auditório do Centro Nacional de Cultura, falando sobre "Cristianismo em Rede - A Igreja na Net". Ao meu lado, a Ana Cláudia Vicente e o Carlos Cunha dirão coisas mais universais e acertadas. Cabe-me defender a honra protestante entre católicos.
A entrada é livre.

segunda-feira, janeiro 14, 2008

Agenda megalómana
Esta semana vai ser de convites. Uma palestra amanhã e um concerto na quinta. Sei que não devo abusar até porque sábado passado tive a Igreja Baptista de S. Domingos de Benfica cheia de amigos ilustres dos blogues. A vossa benevolência, portanto.

sexta-feira, janeiro 11, 2008

E não se esqueçam
Da palestra amanhã.
Clássicos essenciais finalmente adquiridos
Comprei o 5º álbum dos Bon Jovi, "Keep the Faith". A partir daí para a frente já é uma outra coisa qualquer que não dá saúde a ninguém. Há momentos memoráveis: "Bed of Roses" (a segunda voz de Richie Sambora, a segunda voz de Richie Sambora) "In These Arms" e o roque escorreito de "I'll Sleep When I'm Dead". Mas também é verdade que este disco ficou mais conhecido pela mudança de penteado do Jon.
Aproveitei e aviei a dois euros e meio o "The Raw & the Cooked" dos Fine Young Cannibals que era uma falha na estante. E que grande rodela de pop r'n'b, meus senhores! Tem uma versão inesperada de "Ever Fallen In Love", dos Buzzcocks, que desconhecia. Nunca mais houve pretos britânicos tão frescos. She drives me crazêê.

quinta-feira, janeiro 10, 2008

Uma afinidade pessoal
Chamam a Žižek stand-up philosopher.
Giving fatherhood a bad name
Eduardo, já voltavas.
Caramba
Vasco, ainda agora regressaste a Lisboa e já escreves para o Metro?

A barba está boa mas ainda pode crescer mais.

quarta-feira, janeiro 09, 2008

Vinde ouvir

São dois oradores excepcionais. Os dois altos. Dois bloggers dotados. Um judeu de religião, outro nasalmente judeu de nome (his middle name is Isaac). Falando sobre o livro de Rute, uma pérola do Velho Testamento.
A Igreja Baptista de S. Domingos de Benfica é mesmo em frente ao Hospital da Cruz Vermelha Portuguesa, não leva muita gente sentada pois é uma tradicional toca protestante (os primeiros 30, 40 estão descansados) mas recebe todos de braços abertos.

terça-feira, janeiro 08, 2008

O Caso Huckabee
Pregador Baptista? Check. Tocar roque-enrole? Check. Uma irrefreável pulsão pelo Poder? Check.
Fui posto no lado errado do Atlântico.
Gostar de homens XXII

Donald Sutherland.

segunda-feira, janeiro 07, 2008

Novos blogues
Que devem ser lidos:
- Rua da Escola
- O Senhor Comentador.

sexta-feira, janeiro 04, 2008

Saiu ontem
A Revista Atlântico onde escrevo:

"A história da cristandade é também a reunião de melhores e piores tentativas de interpretar a Bíblia. O que nos deve sossegar. Mal seria se a memória do Cristianismo vivesse apenas de sucessos hermenêuticos. Só uma religião que mete as mãos na lama pode viver acima da suspeita. É isso que nos leva a desconfiar legitimamente de todos os que propõem uma vivência da fé anti-institucional, ansiosos por purificá-la de qualquer vestígio humano".

O texto fala do Bem na perspectiva do profeta Isaías, um tema manifestamente ignorado pela imprensa nacional.
Aguentar
Nos filmes quando se tem um acidente de viação há sempre uma música que resiste no rádio. Ontem, quando quebrei uma média interessante de 9 anos de carta com sinistralidade zero, a melodia que persistiu ao despiste e choque nos rails foi a dos Hives:
"Like a puppet on a string
You hold on tight
You hold on tight
Like a puppet on a string..."

quinta-feira, janeiro 03, 2008

Preocupante
Compro o "Erotica" da Madonna a um euro no Carrefour de Oeiras (estava marcado a dois) e quando em casa o ponho na aparelhagem a filha mais velha não só gosta como dança o tempo inteiro.

quarta-feira, janeiro 02, 2008

Durante 2007
Andei a gravar um disco que está prestes a sair (dia 17 de Janeiro, no concerto em que farei a primeira parte dos Pontos Negros, no Music Box). Será o quarto a solo.
Visitem o meu myspace e oiçam a cantiga "Beijas como uma freira" cujo refrão afirma:

Mano a mano medimos manias à maneira
Murmuras modelo em Madonna
Mas beijas como uma freira

Coisa frequente na vida: os iconoclastas prometem muito e depois é o que se vê.
Apoiem o metal nacional.

O desenhinho fui eu que fiz. É a minha própria mão esquerda (nós largos que conferem semelhança com manápula batráquia, aliança a bailar e as unhas nem são muito más). Tinha muito jeito para desenhar mãos no sétimo ano.