O objectivo deste blogue sempre foi esbanjar a minha vida privada
Por uma questão de estilo, e alguma substância também, raro é falar dos problemas de rins dos meus filhos. E mais raro ainda é calar-me para dar espaço à minha mulher. Hoje faço uma excepção. Diz assim um post que ela escreveu ontem:

"Nunca tinha ido ao British Hospital. Não conto lá voltar. Duas horas depois de ter esperado, num ambiente particularmente confuso, chamam-nos.Como a pressa é inimiga da perfeição, para além de não acharem algálias do tamanho do meu filho, o frasco do líquido de contraste entornou-se.
No momento em que a médica pensa que finalmente vai acelerar o processo e iniciar aquela história, o meu filhinho (o meu pequenino Ratatui de cinco quilinhos) resolve encenar uma erecção. Uma platéia inteira à espera para o algaliar.
Há momentos em que uma mãe se orgulha."

Ah pois é.

Resssurrreição
Os cristãos deviam comemorar a Ressurreição com três esses e três erres.

Estar às 10 e 10 da manhã no carro
O trabalho de António Cartaxo com o "De olhos bem abertos" na Antena 2 é inestimável. Providencial para uma geração musicalmente nutrida no roque, esta breve lição de erudição. A sua convidativa catequese é um momento quotidiano obrigatório.

Colos tragicamente livres
Tradicionalmente os protestantes costumavam ouvir o sermão com a Bíblia ao colo. Como se fosse um gatinho. Com o advento das novas tecnologias muitos ecrãs audiovisuais projectam o texto sem que as pessoas necessitem da Palavra aberta. Perde-se o subtil ronronar da Escritura.

Alegria, metafísica e fornicação
Mencken diz que a América é a terra da alegria, a Alemanha da metafísica e a França da fornicação. O facto de Mencken ser um exagerado não nos deve distrair da sua pertinência qualificativa. Até porque não está propriamente alegre quando diz que a sua é a terra da alegria.

Batráquios digeridos
Esta rubrica serve para tornar público os sapos engolidos. Um exercício de crescimento espiritual aos olhos de todos.
O primeiro Batráquio Engolido é uma irrepreensível actuação de João Pedro Pais na Gala da TVI. Custa admitir mas foi roque. Suado, barulhento, excessivo. João Pedro Pais. Tal e qual.

Amanhã

Livros queimados
Há uma primeira queima de livros associada ao Cristianismo antes da Inquisição. Quando o Apóstolo Paulo viaja para Éfeso (actual Turquia) e lá prega o Evangelho muitos dos que se convertem eram feiticeiros que ao aceitar a fé juntam "os seus livros para os queimarem à frente de todos" (Actos 19:19). É verdade que foram os autores, arrependidos de um passado editorial concreto, a destruir a própria obra mas não há como contornar que o amor aos livros não é pregado por Jesus. Mais. No versículo seguinte diz que se calculou "o valor dos livros queimados em cinquenta mil moedas de prata". É muito dinheirinho, explica a Palavra.

Corações
"Try to be pure at heart, they arrest you for robbery" o bom Dylan em The Groom's Still Waiting At The Altar do mui subestimado Shot Of Love.

Honey Talks
Na Eslovénia os apicultores tinham por hábito desenhar nas colmeias para as abelhas reconhecerem os seus lugares. A Bedeteca, nos Olivais (ao lado da Quinta Pedagógica e perto do OlivaiShopping), apresenta uma exposição em que gente da BD se inspirou na velha tradição para desenhar coisas com muito balanço. Não se paga nada e vê-se num instante.

É tudo muito doce e poético.

O atraso europeu continua
Eu sabia que esta coisa dos Vampire Weekend ia acabar mal. Reparem que é o meu disco preferido número 9 do ano passado. Ano passado. Em número 8 vinha o Springsteen e em número 10 os Hives.
Deus sabe o quão divertido foi o meu verão ao som dos Vampire Weekend (a minha mais velha adora) e o jeito que me deu para me inspirar para o que gravava na altura. Mas haja calma.

Vão ouvir o último dos Dirtbombs, essa banda fantástica que criou a brilhante confissão: "I'm through with white girls". Também é africano que chegue.

O Pastor Evangélico que nos mandou para o Iraque
Não tem sido incomum apontar virtudes a McCain pelo facto de não fazer fretes à Direita Religiosa. Tendo uma família a defender, farei um esforço em entender que malefícios trouxe a Direita Religiosa à América durante as duas administrações Bush. Sustentaremos a inocência de associar a política dos últimos 8 anos à justificação confessional?
É mais simples insuflar quixotismo a um candidato republicano que após o desgaste natural de pertencer ao partido que ganhou as últimas eleições deve parecer o menos republicano dos republicanos. Desnecessário porque o velho John já tem currículo de sobra: o real Missing In Action, o Chuck Norris fora das telas.
No final o pudor europeu continua desesperado por heróis.

Gostar de homens XXIV

José Fidalgo.
Dêem-lhe tempo que este puto está-se a fazer. Com pronúncia à Cais do Sodré e tudo. E a barba ainda pode crescer mais um bocado.

Há algo de Jim Kaviezel, há algo de Cristo.

In a Chesterton mood again
Na Fnac do Chiado apanhei 4 volumes de ficção (é raríssimo encontrá-los). Entre muitos modos de nos encantarmos com o bom G.K. o que mais me absorve agora é a agilidade catequista das novelas. Não escrever teologia e ensiná-la com histórias inventadas. Fantástico.
Como estão no inglês nem sempre é fácil absorver com rapidez quem é quem. Uso o truque de desenhar as personagens à medida que são apresentadas.

Ser convencido II
É abusivo fazer de John Rambo uma fita de multiplicidades metafísicas (não vamos por aí) mas não há como mascarar que é riquíssima a questão de precisarmos de sermos convencidos para uma coisa que nos é (vá lá) inata.

Ser convencido
É sempre preciso convencer Jonh Rambo a matar. Depois até se safa bem na tarefa mas o momento persuasivo é fundamental. Desta vez é uma Elsa Raposo pré-Gonçalo Dinis, pré-aborto e pré-escola de surf. O Coronel Trautman foi substituído por uma loira evangélica.

Uma excepção
Não sou de me meter com estranhos mas ontem na Fnac quando observei que o rapaz à minha frente pagava o "Decline and Fall" do Evelyn Waugh não resisti em felicitá-lo.

Amanhã
Quarta-feira, 23 horas na Fábrica do Braço de Prata. Comigo estará o Jorge Cruz. Cinco euros de entrada com direito ao meu disco novo. Vinde todos.

Uma óbvia tragédia contemporânea
Tirando o Domingo, em que me encontro excepcionalmente vibrante por ir à igreja, a Segunda-Feira é o segundo melhor dia da semana. Ainda trago no rádio do carro os restos da dieta audiofónica restrita do Dia do Senhor e com frequência acontece ouvir uma mesma canção perto de uma dezena de vezes seguida. Nos últimos tempos tem sido o disco do Montreal Jubilation Gospel Choir. A moral da faixa que mais tenho ouvido é basicamente isto: "disse que não ia contar a ninguém mas não consigo ficar calado sobre o que o Senhor tem feito por mim". E, viariamente elevado, chego a Moscavide, estaciono a viatura e penso que a coisa mais difícil de dizer nestes dias é que Deus é bom. O que exprime uma óbvia tragédia contemporânea.

No leitor de MP3
- "Alphabetically Arranged" de Best Fwends, punk nintendo para a geração hiper-activa dos anos zeros. Os melhores momentos relembram a ludicidade aguda dos Beastie Boys.
- "Boxer" dos The National. Demasiado frio e caucasiano para mim. A ver se ouço melhor as letras já que todas as pessoas que respeito na blogosfera se derreteram em elogios no ano passado.

Povos escolhidos
Os protestantes evangélicos gostam dos judeus. Os judeus não gostam dos protestantes evangélicos mas gostam dos pretos. Por seu lado os pretos não gostam dos judeus. Algumas razões explicadas aqui.
Eu gosto muito dos judeus e dos pretos embora saiba que os judeus têm a mania e não lhes fica bem darem-se com evangélicos. Nisso os pretos não complicam. Frequentemente os pretos são evangélicos mas raramente judeus.

Não ponhas pó talco na minha quarta-feira de cinzas
O Padre António Vieira nasceu há 400 anos. Uma inspiração.
Vão ao meu myspace e ouçam a cantiga "Igrejas Cheias ao Domingo" que o cita (o bom Henrique Amaro tem-na passado na Portugália com alguma insistência).

Quadra
Qualquer cristão decente
esfrega as mãos de contente
quando se prevê temporal
para os dias de Carnaval.

A desflorestação em Isaías
"O resto das árvores da sua floresta será tão pouco que um menino saberá escrever o número delas" (Cap.10, vs.19).