segunda-feira, maio 30, 2011

Os Velhos
Este é o disco. Esta é a banda. Isto é o que os National queriam ser: mediterrânicos, mexidos e, caramba, bonitos (o baterista Lucas é no momento a maior estampa da música nacional, rendendo o Filipe dos Pontos Negros). Apesar deste reconhecimento com algum homo-erotismo não se enganem que os Velhos não são para maricas (algumas críticas negativas que têm recebido são naturalmente um problema que os críticos maricas têm com rockers viris, esquecendo que se críticos maricas escrevem o que querem sobre rockers viris então os rockers viris podem fazer o que quiserem com os críticos maricas quando os encontrarem).
Os Velhos são a banda mais calvinista da vaga católica. Preto, branco, palavra, entrega. Não queres, não toques.

sexta-feira, maio 27, 2011

Para o sermão deste Domingo
Lidar com o pecado dos cristãos não pode ser gestão de relações públicas. Corresponde à visão que se tem da santidade de Deus e não da falibilidade do Homem. O Mundo não precisa de inocentes desculpados pela Igreja mas de pecadores justificados por Jesus.

quinta-feira, maio 26, 2011

quarta-feira, maio 25, 2011

Roçar a blasfémia
Mal do Cristianismo se tiver de pedir desculpas por cada maluquinho que se lembre de disparatar mais alto em nome da fé. Temos dois mil anos de predições de fim do mundo, entre outras febres devocionais. Olhos e coração sossegados na Palavra. Acreditar também é esperar e pensar. D.A. Carson diz que "usar pouco a cabeça não só é patético como roça a blasfémia".

terça-feira, maio 24, 2011

Dia de festa
Há dois tipos de pessoas: as que comemoram o aniversário do Bob Dylan e as outras. Posto isto, prosseguimos em clima de celebração enquanto pronunciamos se-ten-ta.
Imaginem o meu prazer ao dar os seguintes quatro minutos ao Mundo. Em breve vamos fazer questão de mostrar mais acerca deste encontro cósmico e a maneira selvagem como foi possível chegar a isto no ecrã.



Este ano é o das mixtapes. Esta é a terceira que ofereço por isso façam favor de sacar aqui este disco pequeno que anuncia o disco grande dos Lacraus que virá depois do Verão editado pela FlorCaveira. Ao mesmo tempo podem encomendar em prontosesinceros@gmail.com a versão física por dois euros e meio.



Como prova final de trabalho façam questão de visitar esta página para encomendar as t-shirts que o talento do Silas Ferreira produziu.
E por hoje chega.

segunda-feira, maio 23, 2011

Olha aí eu em cima do Miguel Sousa Tavares
À boleia de um convite generoso vou tentar contribuir para as "Estrelas da Campanha", iniciativa do Parlamento Global e da Sic. Vão seguindo a coisa.

sexta-feira, maio 20, 2011

Para este Domingo
A desobediência tem sempre o tamanho da escolha. A contrafacção de profetas era prática conhecida e por cada voz certa escolhida por Deus há uma errada escolhida pelos homens. Por isso sabemos que a substituição de Mestres diz mais sobre a ignorância dos alunos que da sabedoria da matéria dada.
Quantas vezes na própria vida dos crentes a opção por um novo Pastor ou por uma nova Igreja é o reflexo de um pecado praticado que se deseja perdoado à partida? Podem imaginar a ironia de, na curta vida da Igreja Baptista em SDB, recebermos pessoas motivadas por uma reputação de progressismo. O choque com a nossa rotina tradicional é um prazer que devo confessar. Um dos nossos ministérios nesta pequena cave é o da desilusão. Não nos procurem para encontrar uma profecia criativa que nós queremos ser tão intragáveis e previsíveis como os velhos profetas. Os novos profetas, que Deus manda calar por intermédio de Miquéias, penduram-se na presunção de originalidade apenas para desculpar os pecados da sua época. A esses a instrução é simples: silêncio.

quinta-feira, maio 19, 2011

O Blitz voltou-me a perguntar e eu voltei a responder (agora sobre três canções do Nevermind dos Nirvana)

Quando ouvi a "Lithium" já tinha consciência do fenómeno Nirvana. Curiosamente à primeira audição detestei a primeira canção que ouvi do disco, a incontornável "Smells Like Teen Spirit". Soou-me a berraria inconsequente e na altura eu tentava responder à ortodoxia do Metal (que apesar de barulhento impunha muitas restrições às liberdades do ruído).
A "Lithium" pareceu-me Beatles com uma parte de mosh, o que me atravessou como especialmente perigoso por juntar o bom comportamento melódico da música que os nossos pais ouviam com o abençoado disparate de adolescentes a saltarem para cima uns dos outros. Tornou-se a minha preferida. Imbatível. No imediato tentei fazer à guitarra uns cinco ou seis "Lithiums" meus. Do que me lembro, fui sempre mal-sucedido.

Aos 13 tinha começado a aprender a tocar guitarra e em Dezembro de 1992 o meu pai ofereceu-me no Natal um baixo eléctrico. Só descansei quando consegui, ao som da cópia do Nevermind em cassete, tocar o álbum todo. Foi uma conjugação cósmica perfeita porque ainda hoje me parece o disco ideal para quem pensa em ser baixista. Nos intervalos das lições privadas que me davam os professores Kurt, Chris e Dave atirava-me para cima do sofá a simular os mais elegantemente coreografados stage divings. Naturalmente o "Territorial Pissings" proporcionava-me os mergulhos com mais testosterona.

A "On A Plain" tem aquele ingrediente que faz do "Nevermind" um disco que suplanta o seu próprio fenómeno. Claro que está lá o grunge, o desprezo nineties pela maquilhagem oitentista, a auto-depreciação irritante do existencialismo pós-adolescente. Mas estão no Nevermind, e à boleia do "On A Plane" particularmente, as canções. Simples e desavergonhadamente melódicas (reparem como nunca se desdenha uma boa harmonica vocal). Junto-me ao cliché: é um disco perfeito e mudou a minha vida. Quando estou a dar o sermão na igreja ao Domingo de manhã faço por, entre os versículos da Bíblia, produzir com a minha voz um feedback de guitarra. Assim estreitinho e sereno. Mas vindo dos pedais do Kurt e da esperteza do Butch Vig.

quarta-feira, maio 18, 2011

A criminalização do triunfo
Terminei hoje a leitura do excelente "King's Cross" do Tim Keller (que a Newsweek gosta de chamar o C.S. Lewis do Século XXI - e os céus sabem de como precisamos de C.S. Lewises para o Século XXI). Keller sugere que vivemos numa das primeiras épocas que crê que um final feliz é a marca de uma arte inferior. Assim. Uma espécie de criminalização do triunfo.

terça-feira, maio 17, 2011

Na frente capilar
Pode ter sido inconsciente (não esqueçam que acabei de ler Freud há pouco tempo) mas tenho andado a ouvir os Misfits e acabei com um corte de cabelo tramado à dimensão daquela madeixa gótica a cair sobre o queixo. Já há uns anos que sou eu o meu próprio barbeiro e o prazer é a dimensão simultaneamente lúdica e experimental da coisa. Às vezes resulta logo, outras nem por isso. Claro que onde pensarei em punk outros verão um Vanilla Ice sem genica. Por outro lado a passagem bíblica de Miquéias deste Domingo falava de rapar a cabeça como símbolo de assumir a decadência. O que me leva a pensar que há muita pedagogia espiritual em fazer do nosso penteado um resultado da fé que temos.

sexta-feira, maio 13, 2011

Para o sermão deste Domingo
A cena da destruição de Samaria não difere muito de qualquer outra infidelidade conjugal surpreendida em flagrante. Há pessoas castigadas e mobília partida. Deus não suporta que o seu povo se entregue a outros amantes e o centro da idolatria é sempre um segundo enamoramento (daí que grande parte das nossas próprias idolatrias privadas comecem sob a aparência de um agradável romance e só tragicamente tarde demais entendemos que esse flirt com a felicidade era, no final de contas, a traição que consumámos em lençóis sentimentais - do charme à prostituição num piscar de olhos).

quinta-feira, maio 12, 2011

Futuro
De há uns dias para cá andamos a ver o Conan, o Rapaz do Futuro. Sei que há um risco das minhas crianças crescerem como eu com uma obsessão por cenários pós-apocalípticos no ecrã. No entanto, o meu Joaquim de três anos pede sempre pelo "Marco do Futuro". A desesperada busca italiana pela mãe fala-lhe mais alto que os efeitos ecológicos desastrosos de uma crise política.
A Mãe e a Polis
De há uns dias para cá andamos a ver o Conan, o Rapaz do Futuro. Sei que há um risco das minhas crianças crescerem como eu com uma obsessão por cenários pós-apocalípticos no ecrã. No entanto, o meu Joaquim de três anos pede sempre pelo "Marco do Futuro". Parece que por enquanto a desesperada busca italiana pela mãe lhe fala mais alto que os efeitos ecológicos desastrosos de uma crise política.

quarta-feira, maio 11, 2011

Mês de Maio
Acabei de ler "A Interpretação dos Sonhos" do Freud. Foi a minha estreia. Ainda não sei bem que pensar sobre o inconsciente e essas coisas e a leitura não é particularmente divertida mas devo voltar ao Sigmund. Por outro lado comecei o "King's Cross" do Tim Keller onde a frase do dia foi: "The essence of other religions is advice; Christianity is essentially news". E o mês de Maio é dos meus preferidos. Vejam lá que hoje a minha criancinha mais pequena até faz um ano. Guincha mais que todos os outros mas é uma categoria de bebé.

segunda-feira, maio 09, 2011

Partiu para o Senhor o Pastor António Miguel Pires
Foi meu Pastor durante dois anos e meio, casou-me e foi meu Professor no Seminário Baptista. Era alguém que nos fazia acreditar sem pestanejar naquela passagem bíblica em que Jesus fala na possibilidade das pedras gritarem. O Pastor Tomi transformaria cinquenta azulejos num grupo de coristas afinados sem qualquer esforço. Quantas vezes não dei por mim a meio de tarefas que mal tinha processado mentalmente apenas porque o seu dom de mobilização era insuperável.
Deus chamou-o cedo e deixa-nos uma tarefa grande de consolar a família Pires, que amamos. À Bela, ao Jónatas, ao David e à Priscila um abraço de esperança. Os cristãos não morrem. Apenas adormecem durante um tempo. A Deus seja a Glória.

sexta-feira, maio 06, 2011

Para o sermão deste Domingo
Dois maiores riscos na hora de ler o Velho Testamento: fugir dele como se de um monstro da Antiguidade se tratasse e correr para ele como para uma sessão nocturna do último filme do Tarantino. As reacções ao Velho Testamento oscilam num pêndulo que rapidamente passa do total escândalo ético à desmaiada fascinação estética (o que só revela algumas das tentações mais imediatas para uma cultura atrapalhada na hora de unir a Verdade à Beleza).

quarta-feira, maio 04, 2011

Já está nas bancas a Ler de Maio



Contribuo com um texto sobre o segundo volume do "Jesus de Nazaré" de Joseph Ratzinger.

Ao dedicar à figura histórica de Cristo estes dois volumes Joseph Ratzinger testa também os efeitos das afirmações centrais do Cristianismo além do universo estritamente religioso. Até onde irá a fé no crucificado que ressuscita se não se assumir, afinal de contas, como um acto de resistência cultural? Qualquer reclamação só confirmará a vitalidade da proposta.

terça-feira, maio 03, 2011

Os anos que Maria vomitou
Quase sete da manhã quando a Maria, a minha filha mais velha, me acorda num disparo: "Papá, vou vomitar!" Não chegando a tempo de abrir a tampa da sanita houve a costumeira limpeza, sempre mais difícil quando se desperta ainda nos azulejos de uma casa-de-banho suja. Depois entalei a menina entre mim e a mãe na nossa cama, durante os dez minutos que tinha antes de sair para correr até à praia. Foi então que, recuperada do enjoo, se lembrou, com uma satisfação redobrada após dias a fio na contagem decrescente: "Papá, faço anos hoje!"
Não há grande moral nesta parábola manca se não a da felicidade. Uma felicidade absolutamente nova, quando há sete anos a experimentámos pela primeira vez.

segunda-feira, maio 02, 2011

América