sexta-feira, novembro 29, 2013

Hoje e amanhã
Esta semana a Time Out Lisboa disse que a Xungaria "é um divertimento de grupo". Concordaria. Mas diria que é mais. A nossa ética de festa é uma ética de trabalho. A alegria é disciplina em forma de motim. Será isto que tentaremos hoje no Mexefest e amanhã no Barreiro Rocks. Vamos a isso! (esta imagem, claro, é da Vera Marmelo)

quarta-feira, novembro 27, 2013

O elogio possível ao Maquiavelismo

[Na semana passada fui convidado a falar numa palestra acerca dos 500 anos de "O Príncipe" de Maquiavel. Como sou péssimo a recusar convites, atirei-me ao desafio sem qualquer experiência: li o livro e dei-me ao luxo de me juntar a pessoas que sabem muito. Foi uma grande oportunidade de aprender. Especialmente a intervenção do Professor Mário Avelar, que fazia parte da mesa, tranquilizou-me quando mencionou alguma necessidade de rever os clichés típicos acerca de Maquiavel. Quando li o texto seguinte, já não me sentia tão burro. Uns dias depois tropecei neste texto na Atlantic (clicar aqui), que sendo diferindo do meu raciocínio em algumas partes, noutras concorre para ele.]

Ser convidado a falar acerca de "O Príncipe" de Maquiavel num evento deste calibre só confirma que sou tratado muito melhor que mereço. E permitam-me a piada óbvia: sou recebido como um príncipe, de facto. Até porque a minha ignorância no assunto é enorme, só comparável ao meu descaramento de não ser capaz de resistir a juntar-me a estas pessoas que admiro para chapinhá-las com a minha falta de senso. Por isso agradeço ao João Caetano, que me convidou, e aos meus companheiros de mesa, antecipando um pedido prévio de misericórdia a eles e aos que me ouvem. Por cada século que a obra de Maquiavel comemora dêem-me um minuto de atenção.
No Domingo passado preguei o quinto de uma série de seis sermões contra a preguiça. Na Igreja Baptista que se reúne na Lapa, da qual faço parte, temos feito um esforço por detectarmos os nossos vícios com e a partir da Bíblia. Este é um exercício bem mais fácil do que aquele que pretende ginasticar as nossas virtudes. Mas, como cristãos, e sabendo que o poder para fazer o bem não é nosso mas do Espírito Santo, temos esperança e certeza no progresso da nossa santificação. Quando pregava contra a preguiça falei à igreja acerca da sua antepassada, a acédia. A acédia é a preguiça antes de ser secularizada. Uma sociedade desespiritualizada percebe a preguiça a partir da sua manifestação física. Numa definição possível e muito resumida, pessoas preguiçosas são aquelas cujo corpo é palco de pouco. Mas uma sociedade menos desespiritualizada preferia a definição de acédia porque a manifestação física era entendida a partir da sua origem espiritual. Ou seja, o pouco que as pessoas preguiçosas exibem no corpo provem do que lhes acontece na alma. A acédia estabelecia uma ligação directa entre a ausência de resultado e o estado do espírito. Por isso Tomás de Aquino opunha directamente o pecado da acédia à virtude da alegria que temos em Deus. Numa equação simples diríamos: o corpo não fará nada quando o coração estiver vazio. Sem prazer no Criador a única criação possível seria a tristeza. Por isso a acédia era uma preguiça necessariamente melancólica. Porque tudo era espiritual. Hoje olhamos para a preguiça de uma maneira demasiado pragmática: tornamos os preguiçosos em zombies, pessoas sem alma, porque nos concentramos sobretudo nas suas deficiências locomotivas. O que interessa é pô-los a mexer (e quem fala em preguiçosos pode aqui falar em deprimidos). Na Idade Média não era assim. As pessoas, por muito doentes que estivessem, ainda eram entendidas a partir da alma que tinham.
Por que razão dar esta volta e resumir o sermão de Domingo passado quando o objectivo é falar de Maquiavel? Por um lado, é certo, porque ainda não sei separar o púlpito da igreja dos outros púlpitos e porque também ainda não saber resistir a pregar àqueles que não me ouvem as pregações ao Domingo. Por outro, porque ao ler "O Príncipe" de Maquiavel me apercebi da proximidade que lhe tenho, sobretudo tendo em conta que o tempo em que viveu acreditava em coisas que eu, num tempo diferente, acredito também. O ponto essencial da minha apreciação sobre "O Príncipe" é dizer que Maquiavel poderá parecer estranho para quem olha para as questões do poder temporal subtraíndo-lhes a realidade do poder espiritual. Para quem não o faz, e mesmo que discorde de muitas linhas do escritor italiano, não o achará tão estranho assim. Colocando isto de outra maneira: há sentidos possíveis para um cristão se defender como maquiavélico numa cultura que faz deste adjectivo uma acusação.
Não deixa de ser revelador que a cultura que no passado mais foi orientada pelo cristianismo seja aquela que hoje permite que ele exista desde que não ouse orientar alguém. Entendam-me: o mundo tem partes que proíbem pura e simplesmente que o cristianismo seja pregado. Mas essa proibição vem precisamente do facto dessas partes do mundo reconhecerem no cristianismo a sua presunção de orientar. Lá as religiões ainda são entendidas a partir do que procuram: dirigir para o que é espiritual. Nesta lógica, a permissão que o Ocidente ainda condescendentemente oferece ao cristianismo não é a de movimento mas de imobilização. Por isso se fala tanto de liberdade para a fé quando localizada no privado, porque o privado é a cela mais segura da política contemporânea. Não me entendam mal: como Baptista tenho muito orgulho em dizer que a denominação religiosa da qual faço parte defendeu há 400 anos aquilo que, por exemplo no nosso país, ainda muito timidamente é garantido pela lei - a separação real entre Igreja e o Estado. Mas essa separação, uma verdadeira conquista cívica da democracia, não é uma plataforma para dizer que a única coisa que há de governável entre os cidadãos é os corpos que eles têm. O facto das pessoas terem almas é o que continua a tornar difícil a política temporal. E o que faz de Maquiavel um exemplo de virtude muito maior que a multidão de filantropos materialistas.
As aparências iludem e creio que hoje o texto de "O Príncipe" não nos choca tanto pelo que mostra que o autor italiano pensava sobre a política. Choca-nos mais pelo que mostra que o autor italiano pensava sobre os homens. Nessa medida, a minha apreciação sobre esta obra é mais movida pelo que concordo antropologicamente com Maquiavel, e menos pelo que discordo politicamente dele. Usemos um exemplo da sua própria pena, no muito mencionado capítulo 17: "Daí se origina esta questão discutida: se melhor é ser amado que temido, e vice-versa. Responder-se-á que se queria ser uma e outra coisa; como, entretanto, é difícil reunir ao mesmo tempo as qualidades que levam àqueles resultados, muito mais seguro é ser temido que amado, quando seja obrigado a falhar numa das duas." Tendemos a escandalizar-nos pelo pragmatismo de Maquiavel. Afinal há aqui um governante que se projecta a partir da necessidade de desempenhar uma tarefa e não da resposta que essa tarefa provoca no coração dos que por ele são governados - ser temido é mais importante que ser amado. Devemos consequentemente perguntar por que razão nos escandalizamos tanto. Arrisco uma resposta, sob a eminência do simplismo possível: escandalizamo-nos que um homem olhe naturalmente para a manutenção do seu poder sobre os outros na medida em que ele considere esse poder necessário. Ou seja, a força de "O Príncipe" não está em mostrar-nos que os homens gostam de governar. A força de "O Príncipe" está em mostrar que os homens não gostam mas precisam de ser governados. Todos podemos concluir a primeira e somos uma cultura com facilidade em apontar excessos de autoridade. Já a segunda é contra o zeitgeist no nossos dias e somos uma cultura com dificuldade em reconhecer a necessidade de autoridade.
Não tenho a certeza que a contemporaneidade agarrou a distinção entre público e privado para se livrar da antiga, entre temporal e espiritual. Sinto, todavia, que muitas vezes me parece que sim, que há a presunção de fugir de um velho problema escolhendo um novo. Afinal, a partir do momento em que os homens se tornassem apenas produtos materiais poderia ser que o caminho de os governar se simplificasse. Nessa perspectiva a autoridade deixou de ser um bem em si mesmo, uma vez que homens sem alma deixam de poder ser classificados como bons ou maus e, portanto, deixa de se justificar a necessidade de serem governados. A autoridade passou então a ser um mal necessário e da ordem do que é prático - é exercida não porque é ontologicamente necessária mas porque ainda não se consegue viver melhor sem qualquer tipo de governo. Um cristão evangélico como eu tem nesta matéria o caminho mais facilitado: acredita que a autoridade é necessária primariamente porque é uma coisa boa, encontrada no próprio modo como Deus se relaciona amorosamente com as suas criaturas. A prova de que esta perspectiva não é nenhum atalho para totalitarismos é que, em último grau, a Bíblia coloca a lei dos homens dependente da lei de Deus (Actos 5:29). O cristianismo nunca apreciará o uso do poder simplesmente porque é necessário usá-lo mas apreciará o uso do poder quando esse poder for, de acordo com o carácter de Deus, bom.
Não tenho a pretensão de defender que, bem vistas as coisas, Maquiavel pode ser encontrado no Sermão da Montanha. Mas encontro-o com facilidade na antiga tradição cristã que não resolve o problema do poder temporal fugindo e gritando que ele não lhe diz respeito. Este tipo de manobra anarco-pacifista, tão cara hoje de pregadores de platitudes, insulta tanto a nossa inteligência quanto o nosso conhecimento do Passado. Jesus ter distinguido Deus de César (em Marcos 12:17) não separou os cristãos das suas autoridades civis (como é visível na Carta de Paulo aos Romanos, no capítulo 13, entre outros textos possíveis nas Escrituras). Mesmo quando não concordo com Maquiavel, concordo com o que o leva a escrever: é preciso exercer autoridade. Há na História uma linha notável de homens que por serem da piedade não tinham alternativa a serem também da polis. Pegamos na "Cidade de Deus" de Agostinho e no "Leviatã" de Hobbes, ou na obra que hoje lembramos de Maquiavel, e, amedrontados que estamos da autoridade, resumimo-los a manuais de real politik? Será de uma grande ironia que nós, os do desconforto com a palavra "espírito", tenhamos de conseguir lidar com estes homens apenas quando lhes roubamos a alma e os transformamos em proto-tecnocratas. Pelo modo como Maquiavel baseia os seus conselhos no facto de crer que os homens são maus por natureza, encontrei-lhe muito mais coração que nos bons de serviço que hoje nos cabem em sorte.

terça-feira, novembro 26, 2013

Ouvir
O oposto da preguiça não é o trabalho mas a alegria. Como encorajaríamos alguém para abandonar a preguiça? Dizendo que do lado oposto espera-o trabalho e esforço, é certo, mas que a coroa desse trabalho e esforço é a entrada no prazer de Deus.
O sermão de Domingo passado, o último da série contra a preguiça, aqui (clicar em cima de aqui).

segunda-feira, novembro 25, 2013

Surpreendido por Lewis, pela defesa, pela imaginação e pela alegria

[Ontem foi-me dada uma oportunidade de falar acerca de C.S. Lewis no Meeting de Lisboa no Campo Pequeno. O texto seguinte, que compreende partes de outros textos que já tinha escrito anteriormente, foi mais ou menos aquilo que partilhei.]

O meu primeiro encontro com C.S. Lewis não tem o charme das grandes aventuras. Não o descobri mas foi-me dado. O meu professor da Escola Bíblica Dominical da Igreja Baptista de Queluz era e é o admirador mais dedicado que conheço do escritor britânico. Chama-se Fernando Ascenso e arriscaria que todos os que o conhecem acabam por conhecer também o C.S. Lewis. Sem o Fernando não teria chegado a Lewis como cheguei, por isso o meu coração louva Deus mais intensamente porque quando recorda o génio de Clive Staples, recorda também o génio do Fernando. Diria que foi no início dos anos 90 que, após esta constante recomendação, acabei por finalmente ir directamente à sua obra. Não tenho a certeza mas creio que terá sido o "Cristianismo Puro e Simples" o primeiro livro de Lewis que li. A partir daí nunca mais parei.
Hoje é politicamente correcto dizer que um Deus que precisa de ser defendido é um Deus que não vale a pena defender. Há uns tempos li um livro particularmente irritante chamado “Religião Para Ateus” em que o autor, o estranhamente aclamado Alain Botton começava assim: "A pergunta mais desinteressante e inconsequente que se pode fazer sobre qualquer religião é se ela é ou não verdadeira." Este passo de alquimia é suposto superar a agressividade dos ateus populares até aqui, como Dawkins, Hitchens ou Harris. A nossa época, numa de suprimir os acalorados debates acerca da existência de Deus, sugere que o critério de verdade serve apenas para os desinteressantes. O ateísmo de homens como Botton pode dar-se ao luxo da gentileza porque é uma epifania secular em circuito interno. As pessoas que se colocam além de refutação não têm um problema com Deus porque estão demasiado ocupadas em ser Deus.
Por que trago este exemplo? Porque C. S. Lewis me ajudou a entender que vale a pena gastarmos a nossa inteligência com aquilo que a transcende. Por saber que o mais importante está acima de nós próprios é que Lewis defendia coisas. E defendia, sobretudo, a sua fé cristã. Hoje a apologia, e a apologética cristã em particular, é vista como um género literário pobre. A ironia é que defender alguma coisa só está disponível para os verdadeiramente humildes. Aqueles que estão genuinamente conquistados por algo que os transforma ao ponto de deixarem que aquilo que os junta ou separa dos outros seja a partir do que crêem e não a partir do que naturalmente são. Este elemento de defesa já o encontrávamos em Chesterton.
Chesterton chegou antes e fez primeiro muito daquilo que Lewis viria a fazer. Percebeu que os intelectuais sem fé também precisavam de missionários e que o caminho devia ser o da integridade lógica e o da criatividade literária. Por isso não haveria “The Abolition of Man” de Lewis sem o “Everlasting Man” de Chesterton, apenas para citar um dos exemplos mais óbvios. Mas também é verdade que Chesterton era linha avançada do exército enquanto Lewis é posto de comando. Quando Chesterton estralhaça a ilógica dos ateus transmite-nos mais prazer que responsabilidade e quase sentimos pena dos ímpios. Isso explica que Chesterton não precise de falar muito da Bíblia porque a incoerência dos irreligiosos basta-lhe. Mas Lewis vai mais fundo (ou não contrastasse o seu protestantismo com o catolicismo de Chesterton): o que escreve está ensopado na Palavra. Chesterton escreveu justíssimos clássicos (Orthodoxy, os Contos do Padre Brown, o incontornável The Man Who Was Thursday) e chegou a prever o futuro das inconsistências pós-modernas mas só Lewis seria capaz das Screwtape Letters.
Lewis sabia que defender o cristianismo é o respeito maior que podemos ter àqueles contra quem o defendemos. Para o cristão a a ética da amizade é a mesma ética do combate. Por isso somos chamados a amar os nossos inimigos. Somos chamados a amá-los e não a dizer que eles não existem. O maior problema de um cristianismo que dissolve a existência de inimigos é que dissolve a existência de si próprio também. Homens como Lewis recordam-nos que enquanto o cristianismo estiver a ser defendido por alguém é sinal que alguém ainda está a ser transformado pelo cristianismo. É revelador que o que saia deste compromisso com a defesa seja precisamente a garantia de uma maior racionalidade e respeito no debate cívico.
Claro que todos podemos lembrar facilmente casos de defesa do cristianismo que temos como constrangedores. Talvez por demonstrarem cronicamente a ausência daquilo que em Lewis havia em quantidade generosa: imaginação. Infelizmente não são poucos os que acham que a verdade é mais acerca dos limites que da liberdade. Quando os cristãos defendem o conceito de verdade enfatizando mais o limite que a liberdade talvez não mostrem grande prontidão mas, antes pelo contrário, preguiça. Porque as Escrituras são o registo do Deus que cria e que chama as criaturas a criar. Nesse sentido, a verdade pede todo o empenho da imaginação. Lewis é um exemplo perfeito disto. Se pensarmos na já referidas Screwtape Letters, encomendadas pelo Guardian numa periodicidade semanal em 1941, apercebemo-nos do feito: teologia profunda em formato digest de imprensa. Não é demais dizer que ninguém até hoje igualou Lewis na matéria.
Por último, e reconhecendo que pratico uma grande injustiça contra a memória de Lewis, concentrando-me apenas em três aspectos, gostaria de mencionar a questão do prazer. Hoje, quando se fala no ressurgimento do Calvinismo, um dos nomes mais citados neste ressurgimento é precisamente o de Lewis (que era Anglicano e nunca se assumiu como Calvinista). Uma frase central para compreendermos isto é a seguinte. "Parece-me que nosso Senhor acha os nossos desejos não muito fortes, mas muito fracos. Somos criaturas indiferentes, que brincam com a bebida, o sexo e a ambição, enquanto um prazer infinito nos é oferecido; como uma criança ignorante que deseja continuar a brincar na lama do bairro da lata, porque não imagina que lhe é oferecido um feriado na praia. Satisfazemo-nos com coisas pequenas demais." O Pastor Baptista John Piper prolonga este santo descaramento de, seguindo esta mesma ideia de Lewis e de muitos outros cristãos antes dele, cunhar o termo “hedonismo cristão”. O cristão não se diferencia primariamente pelo que, em comparação com os outros, deixa de fazer. O cristão diferencia-se primariamente pelo que, em comparação com os outros, já faz. E o que é o que o cristão já faz?
O cristão já experimenta aqui aquilo que espera depois da morte. Há um verso iluminado na canção “Império” do Samuel Úria que diz: "sei mais da eternidade que do amanhã". Esta frase recorda que o negócio do cristão não é conhecimento prévio de acontecimentos futuros. O cristão é chamado a viver o já transformado pela dinâmica do depois. O combustível dessa transformação é a fé, que o faz ser, acreditar e viver as circunstâncias normais da vida com as realidades da outra por vir. Isto, que posto assim pode soar meio esotérico, não produz pessoas com a cabeça nas nuvens mas cidadãos com os pés assentes na terra. Lewis, tal como Chesterton, era um homem que entendia esta desmedida de extraordinário com que é feito o comum. E isso via-se no elemento vibrante e tumultuoso da alegria. Apenas um homem destes poderia resumir a sua vida na ideia de ser surpreendido pela alegria. Que ela nos acompanhe, nesse mesmo ritmo inesperado de gratidão.

sexta-feira, novembro 22, 2013

O nosso feliz Joaquim
Para comemorar o sexto aniversário do nosso Joaquim coloco aqui as palavras da minha mulher:

"Estava escondido na tua barriga" é a frase que o Joaquim usa para relembrar a história da chegada dele. Joaquim significa "o que Deus elevou", mas também poderia ser "o que Deus escondeu". Durante 12 semanas não demos por ele, e nasceu no dia a seguir à Marta fazer um ano. Deus mostrou-nos que no tempo dele não há precoce nem tardio. Há o tempo certo.

Acrescentaria apenas um detalhe acerca do Joaquim que diz muito sobre ele: sorriu logo no dia em que nasceu. Verdade, verdadinha. Sorriu logo no primeiro dia e em todos os outros continua a fazer do sorriso a sua característica mais espontânea.

 
O Rapaz do Sul do Céu Celebra C.S. Lewis


Então é assim:
- meio programa de rádio, meio mixtape, pose à U-Roy de luso-sound system manhoso
- algum hardcore/punk porque a imagem sacada aos Bad Brains não engana
- podres pérolas e baladas bêbadas
- amor eterno aos GNR, ao Lou Reed e aos Wu Tang Clan
- roubar comunistas para pôr as pessoas a orar
- levar emprestado do talento dos amigos (Úria, Pontos Negros, Martim, Alex D'Alva Teixeira)
- etc.

Haverá uma versão física que o que é artesanato vale mais a pena.
Ouçam, espalhem, leiam C.S. Lewis.
See ya in the pit!

quinta-feira, novembro 21, 2013

A nossa doce Marta
Para exprimir a alegria que tenho na nossa filha Marta, que faz hoje sete anos, partilho dois parágrafos do livro "Felizes Para Sempre, e outros equívocos acerca do casamento" que a mencionam.

Deixem-me contar uma conversa à mesa de jantar que aconteceu há semanas. A Marta, a nossa segunda menina, é um grande mistério para mim. Porque, ao contrário da Maria, do Joaquim e do Caleb, onde facilmente encontro padrões de comportamente que consigo associar aos meus, surpreende-me sempre como que se tivesse o seu próprio guião. A rigor, todos os filhos são assim. Mas provavelmente, e também dependendo das épocas, uns deixam-nos mais perplexos que outros. Resumindo muito, a nossa Marta tem por enquanto do Pai as sobrancelhas e pouco mais.

No seguimento do Catecismo que ensinamos aos nossos miúdos no culto doméstico, um período curto depois do jantar onde lemos a Bíblia, oramos e cantamos juntos, a Marta perguntou-me acerca da ressurreição. Porque andávamos a explicar as consequências que vêm do facto de Jesus não ter ficado na sua sepultura. Assuntos como a morte são comuns para famílias cristãs como a nossa até porque um Pastor trata de , entre outras coisas, funerais. Quando tentava explicar à nossa filha que não temos de ter medo da morte porque cremos na ressurreição, perguntei-lhe: “o que devemos fazer todos os dias logo ao acordar?” Ela, que já ouviu essa lição muitas vezes, respondeu prontamente: “agradermos a Deus por estarmos vivos mais um dia.” Disse-o com uma assertividade tal que me encheu de orgulho. Não tanto por demonstrar que sabe repetir o que aprende dos pais, mas mais pela espontaneidade que juntou uma peça a outra. A ressurreição tem a ver com esta vida também.

quarta-feira, novembro 20, 2013

Rui Rocker
Parece que todos já ouvimos esta história: planeamos fazer uma coisa que servirá para homenagear alguém que admiramos e, quando menos se espera, Deus chama essa pessoa. Acabo de saber da morte do Rui Ramos, para nós o Rui Rocker. E estou triste, claro.
Há uns meses, e planeando o disco que será o segundo volume da Xungaria no Céu, samplei o "Foi Portugal" dos Crise Total e meti-lhe uma letra por cima, no estilo hip-hop manhoso que me sai facilmente. Já tinha tudo pensado: contactar o Rui via Facebook (reencontrei-me com ele na rede social depois de anos sem o ver) e metê-lo a gravar umas guitarras em cima da amostra sacada. Ao mesmo tempo convidaria o Xico Punk (ficas a saber, Xico) para ele colocar em cima também mais umas vozes. Isto serviria para colocar de pé uma canção nova em cima de uma canção velha, prestando um louvor ao punk antigo, por oposição da perda do punk nos miúdos que dizem que cresceram nele. Se Deus permitir, assim farei. Mas já sem o Rui.
Não convivi muito com o Rui. Mas o que convivi foi marcante. Conheci o Rui por volta de 2005, quando comecei a tocar ao vivo "Tiago Guillul quer ser o leproso que agradece". Esse disco breve era uma espécie de regresso meu ao punk, depois da fase escanifobética dos fados. Estava ansioso para tocá-lo ao vivo. Num concerto excitante e inesquecivelmente decadente na casa ocupada de Mem Martins fiz-lhe chegar um exemplar e pouco tempo depois dávamos início a uma colaboração que nos levou a tocar duas vezes no Punkomchouriço, Festival que organizava no Algueirão, e umas quantas vezes juntos no Lótus Bar. O Rui apoiou-nos a "Religião e o Panque-Roque" quando não eram sensações de imprensa. E deu-nos sempre um exemplo de rock à séria (ele foi dos poucos que conheci que conseguia misturar bem atitude punk e habilidade técnica), de do it yourself consistente (organizando as suas cenas e chamando outros com as suas próprias cenas a juntarem-se à dele), e de amizade sincera (sabe quem nos viu a cantar ramonadas sobre a Bíblia no mesmo concerto em que Rolls Rockers ripavam forte e feio).
Duas coisas para terminar: Deus chama-nos quando quer e temos de estar preparados. Se Ele permitir, em breve farei a homenagem planeada ao Rui. Ficamos com saudades do Rocker.


Um texto antigo sobre "Vorazmente Teu" de C.S. Lewis
Quando os demónios ensinam
Li pela terceira vez as “Screwtape Letters” do C.S. Lewis (“Vorazmente Teu” na melhor edição em Português, da extinta editora Grifo - muito difícil de encontrar nas livrarias). Não dá para não voltar a celebrar. Que livro! Como não fazer de C.S. Lewis um génio e um santo?
É útil comparar Lewis com Chesterton. Chesterton chegou antes e fez primeiro muito daquilo que Lewis viria a fazer. Percebeu que os intelectuais sem fé também precisavam de missionários e que o caminho devia ser o da integridade lógica e o da criatividade literária. Por isso não haveria “The Abolition of Man” de Lewis sem o “Everlasting Man” de Chesterton, apenas para citar um dos exemplos mais óbvios. Mas também é verdade que Chesterton era linha avançada do exército enquanto Lewis é posto de comando. Quando Chesterton estralhaça a ilógica dos ateus transmite-nos mais prazer que responsabilidade e quase sentimos pena dos ímpios. Isso explica que Chesterton não precise de falar muito da Bíblia porque a incoerência dos irreligiosos basta-lhe. Mas Lewis vai mais fundo (ou não contrastasse o seu protestantismo com o catolicismo de Chesterton): o que escreve está ensopado na Palavra. Chesterton escreveu justíssimos clássicos (Orthodoxy, os Contos do Padre Brown, o incontornável The Man Who Was Thursday) e chegou a prever o futuro das inconsistências pós-modernas mas só Lewis seria capaz destas Screwtape Letters.
Um Demónio Veterano escreve cartas ao Demónio Principiante acerca da melhor maneira de atormentar um jovem da Inglaterra da Segunda Guerra Mundial. Além da força da ideia, a escrita é directa e cheia de humor e o ritmo habilíssimo e poupado (nunca lemos as cartas do Principiante). Lewis domina a técnica e desaçaima as ideias que correm livres. Na prática fala-se de tudo, do amor à política, da economia aos vícios, do casamento ao trabalho, de Deus e do Diabo. O extraordinário é que ao mesmo tempo que encanta pela graça Lewis endoutrina. Quantos livros criam fé em leitores que apenas lhes pegam por prazer? Por muito que perturbe alguns a ideia de uma discreta catequese literária a verdade é que se torna impossível não reconhecer às Screwtape Letters a matéria de que se faz as obras-primas. E talvez devamos aproveitar o embalo para recordar que o História da Literatura também se fez a pretexto do ensino da religião. O que seria o nosso Mundo sem, necessariamente, a Bíblia, as Confissões de Agostinho, A Suma de Tomás de Aquino, A Divina Comédia de Dante, O Paraíso Perdido de Milton ou o Temor e Tremor de Kierkegaard, apenas para citar alguns exemplos?
Os demónios convencem-nos de que, em todas as experiências que nos podem tornar mais felizes ou melhores, só os factos físicos são «reais», enquanto os elementos espirituais são «subjectivos».” Esta frase é um bom exemplo da substância das Screwtape Letters – para reconhecer a verdade mais profunda é preciso uma imaginação que a solte da sofisticação estéril do nosso pragmatismo actual. Ou seja, as aulas dos professores diplomados são insignificantes perante o que muda em nós quando lemos cartas entre seres alados. É quando a Academia perde a fé que os cristãos mais se divertem. Cada risada em “Vorazmente Teu” é chaga na carne do Diabo. O nosso credo também passa por aqui.


terça-feira, novembro 19, 2013

Como Deus nos deu o C.S. Lewis nós devemos dar coisas aos outros


Ouvir
Há uma tristeza que vem de Deus - uma tristeza que se tem porque Deus está connosco e não porque nos abandonou.
O sermão de Domingo passado aqui (clicar em cima de aqui).

segunda-feira, novembro 18, 2013

A Semana C.S. Lewis
Esta é uma semana especial: na Sexta-Feira a morte do C.S. Lewis faz 50 anos (no dia em que também morreu JFK e Aldous Huxley). Como Deus nos deu o C.S. Lewis nós devemos dar coisas aos outros. Esta semana vou comemorar a importância que o Lewis tem para mim recuperando algumas coisas que já escrevi sobre ele e, no própria dia da efeméride, oferecendo uma mixtape com canções minhas relativas aos 20 anos desde que comecei a fazer música (se calhar mereciam algo melhor, mas faz-se o que se pode).
Nesta semana especial, mais importante ainda é o facto da minha Marta e do meu Joaquim comemorem também os seus aniversários (tendo o Joaquim nascido no próprio dia 22, e recebendo de nós a mesma alcunha do Lewis, Jack). Na Quinta-Feira estarei a participar na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa numa palestra acerca de "O Príncipe" de Maquiavel (com José Eduardo Franco, Annabela Rita, José Tolentino de Mendonça, Mário Avelar e o Pedro Mexia) e no Domingo, no Campo Pequeno no Meeting de Lisboa com o tema "Sejam Razoáveis, Peçam o Impossível", estarei a participar numa palestra sobre o Lewis e o Chesterton com Zita Seabra e Marcos Sousa Guedes.
Vamos a isso!


sexta-feira, novembro 15, 2013

Para próximo Domingo
O sermão de próximo Domingo será o 5º dos "Seis Sermões Contra a Preguiça". Nos 4 anteriores já observámos o pecado da preguiça de perspectivas diferentes. Daqui a dois dias estaremos a pensar no modo como a preguiça se pode manifestar através da tristeza. Nessa medida, falaremos de depressão, ansiedade, e outro tipo de coisas que sentimos que nos paralisam a vontade. É um assunto sério e sensível porque muitos de nós não são preguiçosos simplesmente porque gostam de ronha mas porque há uma quebra profunda no nosso coração entre aquilo que desejávamos fazer e aquilo que efectivamente conseguimos fazer. Uma maneira de lidar com o problema será irmos a 2 Coríntios 7:9-10 e compreender a diferença entre a "tristeza segundo Deus" e a "tristeza do mundo". Este Domingo venham, os tristes das duas espécies e os outros!

quinta-feira, novembro 14, 2013

Agostinho, mais uma vez
É apropriado: ontem comemorou-se o nascimento de Agostinho há 1569 anos e neste Verão li um pequeno volume de Jostein Gaarder chamado "A Vida É Breve". Jostein Gaarder é o autor do famoso "O Mundo de Sofia", que nunca li, e neste "A Vida É Breve" teve uma grande ideia: ficcionar uma carta da mulher com quem Agostinho teve um filho antes de se converter ao cristianismo. O livro é engenhoso porque passa por um escrito antigo e autêntico encontrado num alfarrabista de Buenos Aires. Ou seja, começamos a lê-lo eventualmente iludidos de estarmos mesmo a ler uma carta escrita pela mãe do filho de Agostinho. E é emocionante nesse sentido: rapidamente nos cativa para imaginarmos qual seria a perspectiva desta mulher que foi tão importante na vida de Agostinho, sendo mencionada nas suas "Confissões", mas não merecendo grande atenção na sua biografia. Poucas coisas nos abrem tanto o apetite pós-moderno como a amplificação de vozes que julgamos que foram injustamente suprimidas pela História. Gaarder foi habilidoso no conceito que contruiu para este livro.
Onde Gaarder perde a habilidade é precisamente na falta de unhas para tanger a guitarra que escolheu: para um bom romance histórico é preciso perceber de História. Nem todos podemos ser Umbertos Ecos. Desancar Agostinho do Séc. IV com palmadas do Século XXI é absurdo. Não que não seja possível a crítica contemporânea ao Passado (estávamos mal se não o fizéssemos). Simplesmente ela tem de ser feita com compreensão do contexto que visamos, sob pena de praticarmos o snobismo cronológico de que falava C. S. Lewis (o snobismo cronológico defende que o pensamento, a arte ou a ciência do Passado são inerentemente inferiores aos do Presente pela virtude das vantagens temporal da actualidade - vejam na Wikipedia). Mesmo que nunca consigamos despir-nos do tempo que vivemos, se vamos falar do tempo que não vivemos temos uma responsabilidade acrescida de trabalharmos para os entendermos além das assunções naturais ao tempo de agora. No fundo, o erro de Gaarder é comum à arrogância intelectual com que hoje se fala acerca dos antigos, arrogância essa que não provém de investigação mas de ignorância. Quando falamos acerca do Passado devíamos ter línguas menos soltas.
Gaarder, que dá à mãe do filho de Agostinho o nome de Flória (daí o Codex Floriae), torna-a uma personagem algo tonta. Para poder disferir um golpe no Pai da Igreja de trezentos e tal Gaarder mobiliza Flória como uma soldado do Maio de 68. Imaginem: é como se de repente ouvíssemos um discurso de um Filósofo Antigo interrompido pela Joana Amaral Dias. Sendo difícil dominar os sentimentos reais de uma personagem histórica sobre a qual nada conhecemos, é caricato transferir para ela os anseios da nossa época recente. Ora, "A Vida É Breve" constrói-se neste arame.
Por outro lado, Gaarder quer tanto emancipar a causa feminina que resvala para a pior misoginia: boa parte da carta de Flória é passada a dizer mal da sua sogra, Mónica (essa sim, privilegiada nas memórias reais de Agostinho nas suas "Confissões"). Ou seja, Gaarder procura tanto uma vitória das mulheres sobre os homens que acaba a sugerir retroactivamente uma catfight.
"A Vida É Breve" é uma leitura, como o título, breve e bastante inofensiva. Tem o mérito maior de nos levar mais uma vez a Agostinho, esse homem incrível que ainda hoje fundamenta alguns dos valores mais preciosos do Ocidente. Tem o problema grande de, ao querer ajustar contas contemporâneas com ele, descrever grosseiramente  o cristianismo no geral e o pensamento do Bispo de Hipona no particular. Claro que percebemos que o objectivo de Jostein Gaarder é, à sua maneira, escrever um elogio ao amor, resgatando uma das suas personagens esquecidas, a mãe do filho de Agostinho. Não é injusto que pensemos nela e que nos perguntemos o que seria feito de uma mulher que naquele tempo fosse deixada por aquelas razões. Até que ponto não poderia Agostinho ter-nos falado mais dela, de facto? Hoje seria natural e compreensível esperar nada menos que isso. O problema é que nenhum destes anseios alegadamente amorosos de agora pode redundar num golpe desferido à Igreja que a ignore no seu contexto passado. Nesse sentido, o amor de Gaarder parece ser essencialmente ódio ao cristianismo (e sobretudo à Igreja Católica Romana). É pena.


quarta-feira, novembro 13, 2013

Hipona
 

















Há 1659 anos nasceu este homem que amo: Agostinho.
Eu + Eu = Ninguém




Teledisco português do ano para uma canção do ano passado. Aprendam.

terça-feira, novembro 12, 2013

Ouvir
A preguiça é sinal de corrupção porque nos satisfazemos onde não devemos. Quando a satisfação está em outro lado que não em Deus, acabamos por dizer-lhe que Ele não nos chega e a não fazer o que Ele nos pede.
O sermão de Domingo passado, pregado pelo Pr. Jónatas Lopes, aqui (clicar em cima de aqui).

quarta-feira, novembro 06, 2013

E quem é que está hoje no Jornal Metro, quem é?

terça-feira, novembro 05, 2013

Ouvir
Quando somos preguiçosos ganhamos um dom terrível de vivermos por metade aquilo que Deus quer fazer em nós.
O sermão de Domingo passado aqui (clicar em cima de aqui).

segunda-feira, novembro 04, 2013

A Palavra que é para nós
Há dez, quinze anos talvez ninguém esperasse que o sermão voltasse em força. Nessa altura o ambiente evangélico parecia suportar que sermões continuassem a ser pregados na medida em que se flexibilizassem para uma forma menos sermónica. A própria palavra sermão estava no auge da sua impopularidade e o que interessava era "mensagens" que fizessem por diluir a distância entre quem falava e quem ouvia. A pregação da Palavra passava por uma fase de negação com todos os venenos que se destilam quando se reprime uma vocação.
Eis-nos em 2013, numa época que cada vez mais igrejas convidam visitas apresentando antecipadamente o tema do sermão, em que os Pastores pregam o mesmo sermão mais do que uma vez no mesmo Domingo, em que os sermões são descarregados na net como quem descarrega música. Nesse sentido, estes dias podem provar que não há conspiração contra a palavra escrita e pregada que não acabe no seu avesso: como diz Romanos 10:17, "a fé vem pelo ouvir" e os ouvidos das pessoas estão mais disponíveis do que julgávamos. Porque, como continua o texto bíblico, "o ouvir vem pela palavra de Cristo." Ou seja, no dia em que as igrejas deixarem de ter palavra para ser pregada é sinal que deixam de ter Espírito Santo. Porque a Bíblia explica que haverá quem ouça sempre que a acção de Cristo aconteça.
Este ressurgimento do sermão acontece porque a pregação expositiva da Palavra também ressurge. O cansaço com as pregações temáticas, com soluções semi-instantâneas para qualquer problema, deixou as comunidades com um conhecimento bíblico superficial e sedentas de aprenderem o que a Bíblia diz mesmo quando o que a Bíblia diz não é o que apetecia ouvir. O número de igrejas a estudar livros bíblicos por inteiro aumenta e o estudo sistemático e panorâmico também. Timothy Keller, talvez o pregador evangélico com o ministério mais reconhecido no meio não-evangélico, contribuiu mais uma vez para este momento feliz com o livro "Galatians For You".
Basicamente "Galatians For You" é um comentário à Carta aos Gálatas que se escreve não tanto para o debate teológico mas mais para o leitor comum. Por isso lê-o tão facilmente quem está habituado à análise da Bíblia como quem não está. Esta é uma das virtudes deste volume - lembrar que no cristianismo estudar a Palavra não é tarefa para uma elite iluminada mas para todos aqueles que crêem. Foi por trabalhos tão urgentes como este que se fez a Reforma Protestante. Qualquer pessoa pode tirar fruto de "Galatians For You".
A Carta aos Gálatas, escrita por Paulo, é um texto centrado no poder do evangelho, a mensagem de Cristo: "The gospel is not only the way to enter the kingdom; it is the way to live as part of the kingdom." Não nos relacionamos com Cristo apenas para dele sacarmos a salvação da nossa alma na eternidade. Precisamos de Cristo para vivermos a salvação da nossa alma deste lado da eternidade também. Logo, o evangelho não tem de ser pregado apenas para as pessoas que ainda não o aceitaram, antes tem de continuar a ser pregado também para as pessoas que já o aceitaram. E o que nos ensina esse evangelho? Que "estamos em Cristo" (Gálatas 2:17), "which means that I am as free from condemnation before God as if I had already died and been judged, as if I had payed the debt myself. And I am loved by God as if I had lived the life Christ lived." Apesar de sermos pecadores, somos justos porque a justiça de Cristo nos foi atribuída. "If we could save ourselves, Chrit's death is pointless.  If we realize we cannot save ourselves, Christ's death will mean everything to us. And we will spend the life that He has given us in joyful service of Him, bringing our whole lives into line with the gospel." Os cristãos vivem na linha não porque são naturalmente atinados mas porque são sobrenaturalmente corrigidos pela vida de Cristo.
"Galatians For You" é um livro excelente para todos os que querem fazer do estudo da Bíblia mais do que uma tendência passageira. Claro que celebramos o regresso do sermão, da pregação expositiva, do estudo sistemático e panorâmico da Escritura, entre outras espécies que até há pouco pareciam em vias de extinção. Mas vale a pena converter isto numa disciplina consistente de estudo pessoal da Palavra. Porque ela, como Keller aqui nos recorda, é para nós.


sexta-feira, novembro 01, 2013

O livro ainda não saiu mas a capa já é a do ano


















A partir da próxima semana há mais novidades desta aventura possível pelo empenho do Fernando Alvim e pelo talento do Pedro Lourenço.