Casamento da Rebeca e do Manel, 29 de Setembro de 2018
Marcos
3:31-35
«31 Nisto, chegaram sua mãe e seus irmãos e,
tendo ficado do lado de fora, mandaram chamá-lo [Jesus]. 32 Muita gente estava
assentada ao redor dele e lhe disseram: “Olha, tua mãe, teus irmãos e irmãs
estão lá fora à tua procura.” 33 Então, ele lhes respondeu, dizendo: “Quem é
minha mãe e meus irmãos?” 34 E, correndo o olhar pelos que estavam assentados
ao redor, disse: “Eis minha mãe e meus irmãos. 35 Portanto, qualquer que fizer
a vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã e mãe.”»
Estamos num
casamento e o texto bíblico que vos trago, pelo menos à primeira vista, não diz
nada sobre o assunto. Mas sendo um texto
que fala da família de Jesus, vamos esperar que possa falar também alguma coisa
acerca da família que nesta tarde a Rebeca e o Manuel passam a ser.
Quando este
episódio se deu, Jesus estava num momento especial da sua vida. Tinha começado
o seu ministério público há relativamente pouco tempo e a sua popularidade
estava a tornar-se, como agora se diz, viral. Os discursos que fazia e
sobretudo os milagres que realizava davam que falar na Galileia, a zona norte
de Israel de há dois mil anos. Antes de
Jesus chegar a um lugar, já esse lugar estava agitado por ele. Como
geralmente costuma acontecer com fenómenos de celebridade, abrem-se rapidamente
duas reacções: alegria e aceitação, e rejeição e antagonismo.
Neste caso, os adversários de Jesus tinham chegado a um
ponto de desamor tal que, como conta o início deste capítulo 3, já conspiravam
para matá-lo. E é preciso ter conta que eram adversários unidos numa
coligação abrangente e com grande competência – aquilo que planeavam tornava-se
o que provavelmente ia mesmo acontecer. Eram religiosos conservadores e
progressistas, fariseus e herodianos ou saduceus, que costumavam ser inimigos
uns dos outros mas que, desde a chegada de Jesus, tinham descoberto uma coisa
em comum: odiavam mais Jesus do que se odiavam uns aos outros. Por isso, tinham
arranjado maneira de trabalhar juntos a favor da morte dele. Não há nada como
um bom ódio em comum para juntar pessoas diferentes.
Criado um ambiente
destes, não seria de estranhar que à família de Jesus, a mãe dele e os seus
irmãos e irmãs, acabasse por chegar algum zunzum. O que é que se calcula que
uma família faça quando se sabe que um dos seus integrantes corre risco?
Naturalmente, que o defenda. E era isso que aqui estava a acontecer. Com todas as boas intenções, a mãe de Jesus
e seus irmãos e irmãs estavam a ir ter com Jesus como quem lhe quer dizer:
“acalma-te lá com o que andas a fazer porque se não ainda te magoas”.
A resposta de
Jesus parece um pouco torta e indicia algo como: deixem-me em paz porque a
minha verdadeira família é feita daqueles que fazem a vontade de Deus. Será que Jesus está a desprezar a
importância da família e do bem que geralmente ela nos quer? Gostava de
tentar responder e, a partir daí, inspirar todos nós aqui, principalmente a
Rebeca e o Manuel no dia em que se tornam uma família.
1. Jesus, parecendo que estava a tratar
mal a sua família, estava também a
ensinar que mais importante do que uma família evitar perigos aos seus membros,
é ela fazer a vontade de Deus. Rebeca e Manuel (e especialmente Manuel,
enquanto homem da família): é importante vocês lutarem para se livrarem um ao
outro de perigos, mas o mais perigoso é livrarem-se de cumprir a vontade de
Deus.
Hoje o que não
falta é famílias que vivem fechadas na sua própria segurança, tomando qualquer
princípio ou atitude que vá além da protecção física como um disparate. Rebeca
e Manuel: ter fé em Cristo é saber que
viver seguro não é necessariamente viver com Deus. Jesus não viveu seguro e
acabou executado numa cruz. Claro que todos aqui desejamos uma vida feliz para
vocês e, de preferência, livre de crucificações. Mas é preciso reafirmar que
uma vida verdadeiramente feliz é a que cumpre a vontade de Deus e não a que se
esgueira de tudo o que parece um problema. Tenham fé em Jesus! Sejam uma
família corajosa!
2. Jesus, parecendo que estava a tratar
mal a sua família, estava também a
ensinar que nenhuma família dura por fugir das dificuldades, mas por ter fé em
Deus. Rebeca e Manuel: há famílias que deixam de ser famílias até chegar
uma dificuldade maior, mas a família que vocês devem ser responde às
dificuldades, sejam elas maiores ou mais pequenas, com fé.
Hoje o que não
falta é famílias construídas sobre a ideia de que a felicidade é a ausência de
dificuldades, tomando a exposição a um sofrimento maior como uma prova de que o
prazo de validade dessa família já chegou ao fim. Rebeca e Manuel: se Jesus tomou um sofrimento tão grande
como a cruz para provar o seu amor por nós, olhem para os sofrimentos que vão
enfrentar com a mesma atitude: uma oportunidade para dependerem da graça de
Deus ao ponto de sofrerem um pelo outro por amor. Tenham fé em Jesus! Não
tenham medo de sofrer juntos porque Jesus vai estar convosco!
3. Jesus, parecendo que estava a tratar
mal a sua família, estava também a
ensinar que a família humana, num casamento entre um homem e uma mulher, é uma
ideia de Deus para vivermos como família dele, que é uma ideia ainda melhor.
Rebeca e Manuel: à medida que permanecerem juntos a partir da confiança que têm
em Deus, permanecerão também juntos do próprio Deus.
Hoje o que não
falta é famílias cuja união é só entre as pessoas que delas fazem parte,
perdendo a oportunidade de se unirem ao próprio Deus. Rebeca e Manuel: vai ser
óptimo vocês viverem em união um com o outro, mas, acreditem, ainda será melhor
viverem, através da vossa união, unidos com o próprio Deus. É quando estamos
unidos ao Criador que nós próprios somos feitos elo de ligação da criação de
muitos mais. Que vocês possam ficar em
comunhão com Deus de uma maneira que se amam ao ponto de se multiplicarem e de
expandir esse amor àqueles que Deus vos confiar, seja dentro das portas do
vosso lar, seja fora.
Que Deus vos
abençoe.